segunda-feira, 28 de março de 2011

Capítulo 18

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 


Capítulo 18 – Escrevendo Certo Por Linhas Tortas...

"Quem come da árvore do conhecimento, sempre acaba expulso de algum paraíso."
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20 de Setembro de 1998 – Domingo


 
00h32min12seg – Após ouvir um segundo “Eu te amo” do recente namorado, que se despedia após uma noite de muita dança, música e brigadeiros na festa de aniversário de uma prima, uma jovem de 19 anos avistou sobre o ombro do seu amor, (quase perdendo a visão graças a orelha grande do amado) um fusquinha que seguiu em alta velocidade, sem diminuir, parando somente quando colidiu com uma grande e grossa barreira de concreto que havia no rotatória do Orlando Dantas.

- Meeeeeuuu Deeeeeuuuuuuuuuuuuuusss!
- Que foi?
- Você não ouviu? – A garota perguntou chorando muito.
- Ouvi. Aonde foi?
- Lá na rotatória. – Disse apontando na direção do fusquinha que tinha se imobilizado há pelo menos duzentos metros. – Uma pessoa foi jogada pra fora do carro!
- Faz o seguinte: Chame seu pai, seu irmão... Sei lá... E mande ligar pro Bombeiro... Diga que eu estou lá na rotatória... Vou ver se alguém se feriu.
- Certo.


00h33min21seg – O rapaz deixou a casa da namorada e seguiu correndo com certa dificuldade, pois tinha dançado e bebido muito durante a festa de aniversário.

00h34min55seg – Ao aproximar-se de Guilherme, percebeu que a coxa esquerda sangrava muito por causa da barra de ferro que se encontrava espetada.

00h34min59seg – O rapaz percebeu que o cunhado vinha em sua direção. Atrás dele, alguns curiosos.

- Moço... O senhor está bem? Tinha mais alguém com o senhor?

“Por estar em transe devido a forte dor que estava sentindo, Guilherme não escutou o rapaz nem percebeu a aproximação de curiosos. Ele apenas olhava o céu.”
00h35min – Guilherme olhando a lua pensou:
“Bem que eu sabia que essa lua não seria um bom sinal”

00h36min – Ao lado de Guilherme, o cunhado do rapaz, fez menção de tentar removê-lo.

- Você é louco?
- Que foi?
- Não se pode mexer nele!
- E ele vai ficar assim?
- Já chamaram o Bombeiro?
- Sim...
- Então vamos esperar. – Voltando-se mais uma vez para Guilherme – Moço, tinha alguém com o Senhor?... Está me ouvindo?
 
00h36min – Guilherme, em plena madrugada, na rotatória do bairro Orlando Dantas... Perdeu os sentidos... Não sentia mais nada. Nem ouvia.

00h37min – O rapaz olhou para o Fusca que estava um pouco adiante e viu a figura de uma pessoa saindo de dentro do veículo carregando uma coisa, pela sombra do objeto deduziu que era o toca-fitas. Estava certo.

- Leu... – Falou para o cunhado - Faz o seguinte, vai lá pro carro e tome conta... Não deixe ninguém se aproximar, senão vão furtar tudo que tiver lá dentro.
- E você?
- Eu fico aqui... O bombeiro já deve estar chegando.

00h39min27seg – A ambulância do bombeiro chegou. Uma viatura da polícia militar, também. A esta altura, muitos curiosos já estavam ao redor de Guilherme.



00h41min01seg – Guilherme fechou os olhos... E desmaiou.

00h41min25seg – Guilherme despertou, sentou-se no chão da rotatória...

00h41min27seg – Viu a barra de ferro atravessando sua coxa, tentou tirar, mas sua mão, como num show de mágica, atravessou a mesma...

00h41min35seg – Um bombeiro começou a serrar a barra de ferro...

00h41min39seg – Guilherme olhou ao redor e viu que a quantidade de pessoas curiosas não parava de aumentar.

Aos poucos a visão de Guilherme ficou cada vez mais fosca, e lentamente deixou de ouvir os cochichos, o som da ambulância e a solicitação de um policial que pedia para todos se afastarem.


 


0041min57seg – Mesmo estranhando a experiência, Guilherme se levantou e não conseguiu ver seu corpo, pois o bombeiro que serrava a barra de ferro tapava sua visão.

- Está tudo bem Guilherme. – Disse Hélio em pensamento.

00h42min01seg – Guilherme olhou pra trás e viu seu amigo-irmão.


-
Hélio?
- Sou eu mesmo;
- Mas como?... Eu morri?
- Não... Apenas se desmembrou do seu corpo.
- E agora?
- Deus é quem sabe, meu irmão.
- Você morreu sim. – Disse num sorriso assustador “Du”, espírito obsessor de Maria Geeda.

00h42min18seg – Guilherme virou para o lado esquerdo e viu de onde vinha a voz que interrompeu sua conversa.

- Você mor-reu meu jovem. Mor-reu... Está mortinho da Silva. – Disse “Du”.
- Mas como? Não é possível! Eu estou vivo! Sou jovem.
- Você morreu! Morreu!... E agora vai pro inferno. – “Du’’ Sorriu.
- Quem é você?
- Duarte... Mas me chame de “Du’’. – Disse de forma irônica.

00h43min03seg – Elda, mentora espiritual de Hélio surgiu irradiando uma forte luz impregnada de amor.

- Não dê ouvidos a ele Guilherme.
- Quem são vocês?! – Indagou Guilherme muito nervoso.
- Somos seus amigos.
- Mentira! – Interrompeu “Du”... Eu sou seu amigo.

00h44min06seg – Elda encarou “Du’’ e emitindo pensamentos positivos começou a dizer:

- Irmão... Não alimenta seu ódio...
- Você diz isso porque não sabe o que ele fez a mim e a Geeda.
- Sei sim irmão.
- Então você sabe que ele não é inocente... Que ele me fez muito mal. A mim e a Geeda.
- Por isso mesmo que eu digo irmão... Não alimente o ódio, esse sentimento só te faz piorar. O que aconteceu, aconteceu. Foi em outra encarnação... Noutra realidade. E ele não lembra de nada.
- É muito conveniente não lembrar de nada.
- Irmão... Um dia você entenderá... Mas te peço, em nome de Deus... Da Lei do amor... Reze.
- Rezar? Por causa dele estou sozinho... Mas vou me vingar!... Ele vai pagar por tudo que fez a mim e a Geeda!
- Irmão... Reze...
- Me deixe em paz! – Gritou “Du’’.
- Moça... – Interviu Hélio – Não ta vendo que esse é cabeça dura?... Talvez não seja melhor desistir?
- Ele é filho de Deus... Na hora certa entenderá tudo. Assim como você também entenderá.
- E tem o que entender da minha morte? Eu sofri um acidente... Um acidente provocado.
- No momento certo... Todos vocês entenderão o que a vida quer lhes ensinar com os acontecimentos de ontem... E os acontecimentos de hoje.
- Eita papo chato! – “Du” Gritou mais uma vez.
- Irmão... Pro seu próprio bem. Aceite nossa ajuda... Você tem muito a aprender. Confie em Deus! Confie... Em Deus!
- Ah! Ah! Ah! – “Du” sorriu muito alto.

00h49min – Elda começou a orar em silêncio pela alma de “Du’’, que desde que se tornou obsessor de Maria Geeda, há muito tempo só alimentava ódio e rancor. Fazendo uma maldade atrás de outra.

“Senhor, meu Deus, te peço humildemente que lance um olhar de bondade a este irmão de espírito imperfeito, que ainda está na treva da ignorância e que vos desconhece. Irmãos de luz, ajudai-me a fazê-lo compreender que, induzindo Maria Geeda ao mal, obsedando-a e atormentando Guilherme e tantos outros... Que ele prolonga os seus próprios sofrimentos... Irmão... Ouça esta prece... Entenda que desejamos te fazer o bem... Embora faças o mal.”

00h52min – Após a oração, Hélio experimentou uma sensação de bem-estar que nunca tinha sentido. Nem nos passes. Nem quando acompanhava sua mãe nos dias em que ela saía para distribuir sopa aos mendigos que adormeciam em frente ao mercado central. Era maravilhosamente indescritível. Porém, se para ele a sensação era boa. Para “Du’’ era uma luz que lhe causava muito desconforto e medo, por isso, um pouco antes do término da oração tratou de juntar-se novamente à Geeda, pois pela vibração dos pensamentos dela percebeu que a mesma estava planejando mais alguma malvadeza, e ele queria estar perto para auxiliar no que pudesse.

2h04min33seg – Guilherme voltou ao seu corpo quando a ambulância do bombeiro  acabava de chegar ao Hospital João Alves Filho. Entretanto, continuou inconsciente.

 

2h28min – No H.J.F., na UTI, sedado, Guilherme repousava.

2h28min03seg – A poucos metros dali, Dona Stéphanie iniciou mais uma seqüência de preces. Era a quarta seguida.

A irmã mais nova de Dona Stéphanie, a seu pedido, ficou tomando conta do caçula de Guilherme. O jovem tinha ficado muito nervoso por não estar acostumado com a de mora do irmão, pois o mesmo sempre avisava se percebesse que algo poderia atrasá-lo diante do horário costumeiro de chegada. Naquele dia, ele não ligou. E ainda não tinha chegado. Graças ao carinho da sua “babá”, o garoto adormeceu.

2h31min – Guilherme começou a reviver a cena do acidente e delirando começou a falar repetidas vezes:

- Geeda... Geeda... Geeda...

2h37min – Dona Stéphanie, quando se preparava para rezar mais uma vez, foi interrompida.


- A senhora é mãe do rapaz acidentado?
- Não. Sou madrinha.
- Como é o nome da senhora?
- Stéphanie. E do senhor?
- Dr. Evalberto.
- Como ele está?
- Muito mal.
- Mal como?
- Ele teve uma hemorragia interna devido a pancada do acidente, e perdeu muito sangue. Dificilmente vai sobreviver.
- O que eu posso fazer, doutor?
- Rezar... E se preparar pra despedida.
- Eu não paro de rezar doutor.
- Continue...

2h39min – O médico deu meia volta, mas ao lembrar-se de algo que estava faltando, indagou:

- Dona Stéphanie, a senhora conhece alguma Geeda?
- Sim... Qual o problema?
- Nenhum... Creio.
- Que foi?
- Ele não pára de falar o nome dela. Ele diz sem parar: Geeda... Geeda... Geeda...
- Meu Deus...
- Dona Stéphanie, posso sugerir uma coisa?
- Claro Doutor.
- Olha, eu tenho 23 anos de profissão... E se tem uma coisa que aprendi é que o amor tem poderes inimagináveis... E se seu afilhado está pronunciando o nome dela em seus últimos momentos, acho que seria providencial que ela fosse chamada.
- Será difícil doutor.
- Dona Stéphanie, considere como último desejo do seu afilhado.
- Essa visita vai ajudá-lo?
- É incerto... Mas às vezes acontece.
- Tudo bem... Vou chamá-la.

2h55min – Guilherme prosseguiu com seus delírios.

- Geeda... Geeda... Geeda...
 
3h45min – Na casa de Maria Geeda Petrúcia Leal, o telefone começou a tocar.


 

3h46min – Dona Márcia, mãe de Geeda, atendeu ao telefone muito irritada.

- Alô!... Quem?... Quando?... A que horas?... Sim... Sim... Como foi?... E como ele está?



3h47min15seg – Renato acordou e curioso em saber com quem sua tia falava àquela hora da noite, se aproximou da mesma e permaneceu em silêncio.

- Aonde foi?... Tinha alguém com ele?... Está vivo?... Que hospital?... Sei... Sei... Se der eu vou.
- Que foi tia? Algum problema?
- Sim... O Guilherme.
- Que tem ele?
- Sofreu um acidente.
- E o que Dona Stéphanie quer?
- Ela disse que Guilherme não pára de falar o nome de Geeda. Diz que repete sem parar.
- Não sabia que ele gostava tanto dela assim.
- Nem eu.
- Ela acha que ele está querendo falar com ela... Uma despedida.
- E a senhora vai contar pra Geeda?
- Não sei.

3h50min – Geeda entrou de repente na sala, e pegou Dona Márcia e Renato de surpresa.

- Contar pra Geeda o quê?
- Nada minha filha... Deixa pra lá. – Falou Dona Márcia.
- Agora estou curiosa!...
- É melhor contar tia.
- Também acho... A senhora sabe o quanto sou curiosa e não vou sossegar enquanto não souber o que está se passando.


3h52min – Dona Márcia olhou para Renato que sinalizou para ela falar.

- É Guilherme...
- O que tem ele?
- Ele sofreu um acidente.
- Um acidente?


 

3h52min39seg – Geeda começou a chorar e a se tremer.

- Meu Deus... Como?
- Um acidente de carro. – Renato explicou de forma rápida.

3h52min41seg – Geeda iniciou uma seqüência de choro.

- Ele vai morrer mãe?
- O médico disse que possivelmente sim. E a qualquer momento.


3h53min – Geeda desmaiou.



3h53min13seg – Renato segurou a prima desfalecida.

­- Ta vendo Tia? Geeda é muito sensível. Não agüenta essas coisas.
- É... Você acha que devemos leva-la para UTI do João Alves?
- É decisão dela... Mas sabe como é... Último desejo de morto se cumpre na íntegra.
- É... E talvez ele esteja arrependido dos maus tratos e esteja procurando pedir perdão.
- Acho meio difícil – Disse Dona Márcia.


 


3h57min – Depois de muito chorar, Geeda, foi deitar-se em seu quarto e como sempre gostava de fazer, ficou contemplando suas estrelas florescentes, coladas no teto do seu quarto, que ficavam iluminadas no escuro. Estrelas que a acompanhavam desde criança.

3h59min – De olho específico na “estrela Dalva”, ela pensou:

“O universo está conspirando ao meu favor” – Sorriu.

4h15min – Geeda voltou pra sala, estava um pouco arrumada. Ela pôs uma roupa totalmente escura.

- Quando vocês não quiserem que eu saiba de algo... Falem baixo. E a respeito de Guilherme... Se o último desejo dele é me ver... Eu irei.


4h19min09seg – No Hospital João Alves, Guilherme sentia mais febre, e permaneceu o resto da madrugadada, delirando sem parar.

- Geeda... Geeda... Geeda...


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Quer saber como foi a conversa de Maria Geeda com Guilherme? Quer saber se Guilherme se lembra das circunstâncias que provocaram o acidente? Quer saber como Maria Geeda conseguiu sair de casa sem ser vista pela sua mãe e seu primo? Quer saber sobre os eventos da outra encarnação que desencadearam os dramas de Guilherme, Hélio, Dona Stéphanie e a própria Geeda? Quer saber se a mentora espiritual de Hélio vai conseguiu modificar o comportamento de “Du’, espírito obsessor de Geeda? Quer saber se Guilherme conseguirá sobreviver ao acidente? Quer saber sobre os próximos passos no plano vingança de Maria Geeda? Quer saber qual a grande revelação que o detetive Lucas Andrei fará em plena madrugada Aracajuana, no edifício Maria Feliciana? Quer saber sobre a conclusão da polícia sobre o assassinato de um paciente no HJF, e de que forma isto influenciará o rumo das investigações? Quer saber como andam as investigações do sumiço da arcada dentária? Quer saber quem é o próximo namorado (vítima) de Maria Geeda Petrúcia Leal, e qual o papel do mesmo na segunda etapa do seu plano de vingança?... Então confira estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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