terça-feira, 15 de março de 2011

Capítulo 12

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 



Capítulo 12 – Não dê mel aos bebês...
Fim da primeira etapa da vingança de Maria Geeda
"Dizem que a vingança é doce, à abelha custa-lhe a vida." – Carmem Sylva
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16 de Setembro de 1998 – Quarta

02h57min – Geeda, de forma bem cuidadosa, tirou a mão de Hélio que estava sobre sua cabeça e levantou-se com muito cuidado para não acordá-lo. Dirigiu-se até a sacola verde...

Dentro daquela sacola, havia os meios necessários para ela dar fim à primeira etapa do seu plano de vingança.

02h58min24seg – Com a sacola em mãos, Geeda deu mais uma olhada para o sofá e viu que Hélio curtia um sono profundo.

02h59min – Geeda dirigiu-se a cozinha, colocou a sacola em cima da mesa, e tirou um frasco com palmito, uma bolsa de supermercado com três folhas de alface, e um frasco de Patê de fígado em conserva.

Perfeccionista que era, retirou mais alguns itens que iriam garantir o sucesso dos seus planos: Cinco pequenos pedaços de “Papel de tornassol” (na verdade, muito provavelmente, ela iria usar apenas três, mas por via das dúvidas, levou um pouco mais.), por último, dois materiais muito importantes: um frasco de vidro com mel caseiro e uma pequena ampola contendo amostra de Clostridium botulinum.

Uma segunda pausa para Maria Geeda Petrúcia Leal...

Geeda, apesar de ser perdidamente apaixonada pela língua portuguesa (tanto que estava cursando o segundo período de letras-português na Universidade Federal de Sergipe), já em 1998, no vigor dos seus 21 anos, detinha um conhecimento razoável de Patologia clínica que herdou da sua mãe que era enfermeira por profissão e nutricionista por hobby. E um vasto aprendizado de química, herdado do seu pai que era Engenheiro Químico e farmacêutico. Ela conviveu pouco com o mesmo que morreu vítima de uma explosão de caldeira numa grande indústria.

Graças ao que aprendeu com seu pai, com Dona Márcia, e ao que estudou sozinha, Maria Geeda sabia, por exemplo, que existia uma forma de intoxicação alimentar rara, mas potencialmente fatal, causada por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, presente no solo e em alimentos contaminados e mal conservados. Essa intoxicação era conhecida como Botulismo.

Clostridium Botulinum
Ela sabia, que o Botulismo é uma doença mortal, que ocorre no mundo todo, e em geral devido ao uso indevido de conservas caseiras para os alimentos; que no Brasil, nos últimos anos, tinham sido registrados casos em conserva de palmito, torta de frango, patê de fígado e tofu em conserva (importação da China, clandestina). E que
o Clostridium botulinum, era um bacilo Gram positivo, que se desenvolve em meio com baixa concentração de oxigênio (anaeróbio), produtor de esporos, encontrado com freqüência no solo, em legumes, verduras, frutas, fezes humanas e excrementos animais. Estes anaeróbios para desenvolverem a toxina necessitam de pH básico ou próximo do neutro.

Geeda conhecia o fato de que a toxina tinha ação neurotrópica (ação no sistema nervoso), e era a única que era letal por ingestão, comportando-se como um verdadeiro veneno biológico. Sabia que a toxina era destruída à temperatura de 65 a 80º C por 30 minutos ou à 100 º C por 5 minutos. E principalmente, que o os sintomas aparecem entre 2 horas a cerca de cinco dias, em período médio de 12 a 36 horas,  e que são descritos 7 (sete) tipos de Clostridium botulinum (de A a G) os quais se distinguem pelas características antigênicas das neurotoxinas que produzem. Portanto, devido a tal variedade, era muito difícil aplicar-se um soro antibotulínico (heterólogo) específico.
Ela sabia que o Botulismo era uma doença que se caracteriza por paralisia muscular e morte por parada respiratória.
Maria Geeda Petrúcia Leal, às 3h15min do dia 16 de Setembro de 1998, aplicou tudo o que tinha aprendido, ao longo dos anos, sobre aquela doença em particular.

 
3h15min – Geeda, dispôs num prato de porcelana dois pequenos pedaços de palmito, e ajeitou três folhas de alface. Rasgou metade do “Papel de tornassol” e mergulhou no líquido do frasco que continha o Palmito... em poucos minutos obteve uma coloração azul, o que a fez sorrir, pois significava que o meio estava básico ou neutro... ou seja, havia grande possibilidade da presença da toxina que provoca o Botulismo.


3h15min49seg – Geeda, pegou a ampola que continha Clostridium botulinum e ingetou no frasco de mel que estava guardado em sua casa, à condições ambiente, há pelo menos sete meses... Esperando aquela oportunidade.

Patê de fígado
3h16min – Geeda abriu o frasco que continha o patê de fígado e mergulhou outro papel de tornassol, e mais uma vez, para sua felicidade, obteve a coloração azul. Contente, ela sorriu.

3h16min29seg – Geeda pôs no prato duas porções do patê de fígado. Em seguida, vestiu um par de luvas cirúrgica.

3h19min – Geeda, segurando o prato que preparou, sentou na beira do sofá que Hélio dormia e o acordou:

 - Acorda meu amor!

3h19min03seg – Hélio despertou.

- Ãhn?...
- Veja só o que eu fiz para meu amor lindo, lindo... – Disse Geeda com muito dengo.
- Como? – Ainda atordoado, Hélio sentou-se no sofá e esfregou os olhos.
- Veja só o que fiz para meu amorzinho...
- O que fiz para merecer tanto carinho?
- Nasceu... é muito lindo, lindo, lindo... Que eu amo, muito, muito, muito. – Disse Geeda ainda mais dengosa. – Seja um bom menino e coma tudinho.
- Você sabia que adoro palmito?
- Sabia...
- Como?
- Seu amigo Guilherme deixou escapar uma vez... disse que não entendia como alguém no mundo poderia gostar de palmito, ainda mais com patê de fígado.
- É... – sorriu Hélio – Ele sempre implicava comigo.
- Mas chega de conversa... – Geeda deu um beijo na testa e na orelha direita de Hélio -  ... Pois ainda tenho mais umas supresas para meu amor.
- Então tá... Serei um bom menino.

3h22min01seg - Enquanto o namorado comia palmito com salada e patê de fígado, Geeda fez um flashback mental  e relembrou o dia 07 de fevereiro (ver capítulo 06), sábado, quando Dona Stéphanie, mãe de Hélio, esteve em sua casa e conversou com sua mãe:

- Dona Márcia... Eu não sei bem o que aconteceu ontem... mas de qualquer forma, quero pedir desculpas pelo meu filho, ele chegou em casa arrasado.
- Ele fez muito mal a Geeda... Sabe... Ela é uma menina frágil... que precisa de cuidados... não pode ser levada por atos irresponsáveis!
- Dona Márcia... Eu entendo a raiva da senhora... Não vim justificar os atos do meu filho, nem discutir quem está certo ou errado... Nem dizer que um ou outro está mentindo...
- Minha filha nunca mente!
- Dona Márcia... Eu não vim descutir isso... O que passou, passou.
- O que a senhora deseja então dona Stéphanie?
- Só vim esclarecer um fato pra senhora: Garanto que meu filho jamais intoxicaria sua filha de propósito... Ele sabe o quanto é ruim intoxicação. Sabe... A senhora conhece o perigo de mel para bebês?
- Claro que sei... Sou mãe... E sei criar meus filhos... – Dona Márcia começou a chorar – Tanto que Maria, minha única filha, está aí cheia de saúde!
- Então Dona Márcia... Assim como os bebês que têm o intestino imaturo e portanto, quando ingerem mel tendem a produzir a toxina do Botulismo no ambiente intestinal... Hélio tem uma doença rara que o deixa sensível ao mel tal qual um bebê...
- Sério?
- Pois é... Ele também é alérgico... e nunca intoxicaria ninguém de propósito... Ele sabe o perigo... O quanto é ruim... Ele sente na própria pele. É por isso que se ele soubesse que Geeda era sensível jamais entregaria o bobó de camarão pra ela...
- Ele sabe que tem esta doença?
- Não sabe a gravidade... Pra ele é uma simples alergia.
- Mas a senhora não tem receio que ele consuma mel por aí?
- Não... Desde criança o informei que ele era alérgico e faria muito mal a ele.... Até hoje ele nunca me desobedeceu...
- Desculpa Dona Stéphanie...
- Não precisa pedir desculpas... – Dona Stéphanie mudou de assunto – Cadê Geeda?
- Está dormindo, chegamos do hospital e foi direto pra cama.

Geeda não estava dormindo. Encostada na porta do seu quarto, que estava um pouco aberta, ela conseguiu ouvir toda a conversa. E ciente daquela valiosa informação, ela sorriu.

3h44min – Geeda ao perceber que Hélio terminou de se alimentar, e que tinha comido tudo, pegou o prato e levou à pia da cozinha, voltando em seguida com o frasco de mel.



- Agora meu amor vai continuar do jeito que está... Sentadinho no sofá que eu vou cuidar do meu amor...
- Maria... Por que você está de luva?
- Para te proporcionar novas sensações.
- É?...
- É!
- E o que devo fazer?



3h45min – Em silêncio, Geeda abaixou mais uma vez a bermuda de Hélio, dessa vez, junto com a cueca... O namorado, mesmo resistindo um pouco, acabou permitindo.

- Relaxe meu amor...
- E é né?... Dá última vez você teve uma crise de choro dizendo que só queria brincar... (ver capítulo 09 – 23h41min)
- Prometo... Que ainda quero brincar... Mas uma brincadeira diferente.
- Brincar...
- Sim... Bincar de fazer você sentir prazer.
- É?
- É... Você deixa? – Geeda deu um beijo na boca de Hélio, que de tão intenso o deixou sem ar.

3h47min06seg – Geeda começou a despejar mel em torno do umbigo e do sexo de Hélio, mas ao derramar na boca tentou fazê-lo ingerir, e encontrou resistência do mesmo.


- Eu não posso...
- Não pode o quê?
- Não posso ingerir mel.
- Sou alérgico...
- Meu namorado é um bebezinho é? – debochou com certo dengo.
- Sou apenas alérgico.
- Quem disse?
- Minha mãe.
- “Não dê mel aos bebês” – Falou Geeda em tom de deboche.
- Não brinque com isso!
- Pôxa meu amor... – Geeda pingou algumas gotas de mel no bico do seio esquerdo e dirigiu-o à boca do namorado. – Tenho tantos planos pra nós, esta noite.
- Geeda, não posso.
- Meu amor... Um pouquinho de mel não faz mal a ninguém...
- Mas eu sou alérgico Maria... E costumo ouvir minha mãe.
- Sim... Mesmo sendo alérgico... Um pouquinho de nada não vai te fazer mal.
- Mas Maria...

3h50min – Geeda ficou em pé no sofá, ainda nua, e deu uma pequena amostra do que tinha aprendido nas aulas de Dança do ventre que tivera há quantro anos trás.

- Não sabia que conhecia a Dança do Ventre...
- Você é o primeiro que me vê dançar... – Mentalmente, Geeda contabilizou oito até aquela data. – E não é só isso que sei fazer...
- Que mais o meu amor saber fazer?
- Só mostro se meu bebê ingerir um pouco de mel... E se masturbar enquanto danço.
- Não posso Maria... E seu eu passar mal?
- Não seja boboca... Além do mais... Se você for um bom menino... Te farei um serviço completo.
- Completo?
- Sim... Completo.



4h01min – Maria Geeda fez uma sessão muito particular de dança, acompanhada de algumas técnicas de massagem que aprendera com um namoradinho sansei que tivera na adolescência.

- Meu amor...
- Deixa rolar meu bebê...
- Meeeeuuuuu aaaaaamooorrrrrrrrrrrrrr


4h02min – Hélio atingiu o orgasmo apenas com as massagens e se tocando.

Todos temos um ponto fraco, ninguém é perfeito. Maria Geeda recorreu a massagem por um simples motivo: Ela não gostava de praticar o ato sexual, sentia dores, desconforto... Era insensível, frígida. E por, dificilmente, proporcionar prazer com o ato em si, quase sempre ela recorria a massagens e jogos eróticos ou de sedução. Ela não  sabia sentir amor, entregar-se... Taí uma circunstância em que Maria Geeda não conseguia disfarçar quem realmente era:

 “Ela sente tudo de todas as maneiras, tem todas as opiniões, é sincera contradizendo-se a cada minuto, desagrada a si própria pela plena liberalidade do espírito... e ama as pessoas... como ama os objetos” - “A passagem das horas” de Fernando Pessoa sob o heterônimo Álvaro de Campos.

4h03min - Ao perbeceber que o namorado estava todo melecado de mel e sêmen, Geeda o mandou ficar na mesma posição.

- Mas Geeda... Eu preciso de um banho.
- Seja um bom menino...
- O que você vai fazer Geeda?
- A brincadeira está apenas começando...
- Geeda... Mas eu estou todo grudento.
- Não importa meu lindo... Eu gosto assim. Agora seja um bom menino e fique de olhos fechados.
- Por quanto tempo?
- O tempo que eu quiser.
- Mas rapaz... Tu é manipuladora 24 horas por dia é? – brincou Hélio.
- Boboca! – Geeda deu língua com sua forma sensual e peculiar. – Vai ou não vai fechar os olhos? Se não for... vou embora.
- Não precisa me chantagear meu amor.

4h05min – Hélio fechou os olhos. De forma muito lenta, Maria Geeda, pegou um lenço e um pequenino frasco com éter.

4h05min14seg – Geeda mergulhou o lenço no éter e posicionou-se atrás do namorado que continuava de olhos fechados. E iniciou todos os passos que foram meticulosamente planejados há sete meses atrás:


4h05min32seg – Tapou o nariz e a boca de Hélio com o lenço, e em poucos segundos Hélio desmaiou.

4h05min45seg – Guardou o lenço na bolsa. Em seguida, pegou outro frasco que continha um soro-anti botulínico e ingeriu, pois não queria correr o risco de infecção, apesar do seu contato ter sido apenas com o mel, e nos seios.

4h06min25seg – Injetou por baixo da unha do dedão do pé direito do namorado o restinho de Clostridium botulinum que tinha na ampola. Era só para garantir.



4h06min49seg – Procurou na estante da casa do namorado algum filme pornô para deixar rolando no vídeo-cassete... Não encontrou nenhum. Em contra partida, achou o filme nacional baseado na obra de Nelson Rodrigues – “Bonitinha, mas ordinária!”... Que acabou servindo para o seu propósito. Em seqüência, retirou da bolsa duas revistas playboy, e pôs uma aberta sobre a barriga de Hélio e outra no chão à cabeceira do sofá.

4h07min33seg – Limpou os locais onde poderiam encontrar suas impressões digitais.

4h08min – Recolheu uma amostra de mel e sêmen, e pôs num frasco de exame clínico. Aquilo seria guardado em seu baú de pertences e lembranças de provas de amor dos seus inúmeros ex-namorados.

4h09min – Maria Geeda Petrúcia Leal se vestiu, foi até a cozinha, abriu a tampa do forno, deixou vazando gás, e desligou o contador de energia. Em seguida, tomando muito cuidado, assim como chegou, saiu da casa de Hélio sem ser vista.

4h46min55seg – Geeda, chegou no final do linha do Augusto Franco, e de lá ligou do orelhão pra casa de Hélio. Deu três toques. No terceiro toque Hélio atendeu. Ela desligou.

4h47min – Hélio, por estar com o nariz ainda impregnado com forte cheiro de éter, não sentiu o cheiro do gás que estava vazando há algum tempo. Ao colocar o telefone no gancho, tirou a bermuda por completo, e nu, dirigiu-se ao interruptor da sala... Como a luz não foi acesa, foi a cozinha, e mais uma vez apertou o interruptor. Como não teve êxito, concluiu que tinha faltado energia... Por isso, pegou um fósforo e com o intuito de procurar alguma vela, acendeu.

4h48min08seg – Uma forte explosão atirou Hélio longe, que desmaiou e ficou com gravíssimas queimaduras.

Geeda tinha providenciado a explosão, porque também sabia que feridas expostas aceleram o processo do envenenamento por botulismo. Graças a todas providências, no máximo em dois dias Hélio estaria morto.

4h49min23seg – Geeda deu uma última conferida na bolsa, e sorriu muito feliz pois tudo que tinha levado estava lá... Para todos os efeitos, ela não estivera na casa de Hélio... Não havia nenhum vestígio da sua passagem.

4h50min – Maria Geeda, do mesmo orelhão, ligou para chamar um táxi. E enquanto o mesmo não vinha, sentada no ponto do final de linha, ela fez um flashback mental da noite em que fez o seu plano de vingança. (ver capítulo 04)

Flashback noite em que elaborou seu plano de vingança

23 de Janeiro de 1998 – Sexta
23h10min

Geeda cantou e dança a música Hotel Jean Genet”... Seu humor estava voltando, pois enquanto judiava o cachorrinho veio em sua mente a forma ideal para se vingar de Guilherme...
Seria demorada, poderia levar anos... Mas o arrasaria completamente. Ela estava determinada a traçar o plano nos mínimos detalhes para tudo sair conforme o seu desejo de vingança, conforme a sua vontade... Afinal, quem mandou ele dizer aquelas coisas... Quem mandou dizer aquela frase?

23h11min – Geeda pegou em seu inseparável bloco de notas e começou a escrever por meio de símbolos que somente ela entendia:

PLANO DE VINGANÇA  - ETAPA UM:


a) Convencer a todos que eu, Maria Geeda, terminei com Guilherme. E fazer com que todos acreditem que ele me maltratou, difamou... Ou seja, pintá-lo como demônio.
b) Seduzir melhor amigo de Guilherme e namorá-lo.
c) Descobrir todos os segredos de Guilherme por meio do seu amigo. Promover uma discussão entre os dois. Criar uma situação em que o mesmo me veja com seu amigo.
d) Desestabilizar Hélio emocionalmente para ficar vulnerável e com sentimento de culpa. Terminar e pedir pra voltar, no mínimo sete meses depois.

e) Pesquisar pontos fracos de Hélio: alergias, doenças que já teve, etc.
f) Livrar-me de Hélio... Morte por envenenamento. (Substância a escolher)
g) Ir ao enterro de Hélio e provocar, sutilmente, o Guilherme para deixá-lo descontrolado. Manter amizade com mãe de Hélio.

Fim do flashback

16 de Setembro de 1998 – Quarta

4h58min – Chegou o táxi.

5h29min – Graças ao trânsito livre, Maria Geeda chegou na Rua do Carmo, Bairro Santo Antônio, em seu querido lar, bem antes do que tinha planejado.  Ela estava muito feliz por que daria pra cochilar um pouco antes de acompanhar a mãe até a “Associação Brasileira de Enfermagem”/Seção Sergipe, que estaria realizando naquela data e no dia seguinte, inscrições para selecionar profissionais de enfermagem que desejassem trabalhar nas unidades de saúde da Prefeitura Municipal de Aracaju. Afinal, sua mãe a tinha feito prometer que a acompanharia. E ela acompanhou.

17 de Setembro de 1998 – Quinta

9h53min – No hospital João Alves um médico comunicou a Dona Stéphanie:

- Dona Stéphanie... Seu filho acabou de falecer vítima de parada respiratória.
- Mas como?
- Ele sofreu graves queimaduras que agravaram seu estado.
- Como assim?
-Detectamos que ele consumiu mel estragado... E teve intoxicação botulínica.
- Ele era alérgico a mel.
- Ele sabia?
- Sim...
- Acontece... É... (O vizinho que socorreu Hélio, informou que o mesmo foi encontrado nu, com mel espalhado pelo corpo, com revistas pornográficas e vendo um filme “quente”. O médico não quis chocar Dona Stéphanie com detalhes da orgia solitária que acreditava que o jovem rapaz tinha feito: Se lambuzado de mel e ingerido, e se masturbado vendo o filme... E depois se descuidado com o gás vazando que provocou a explosão.) - Eu sinto muito Dona Stéphanie.
- Tudo bem.

9h55min – Dona Stéphanie se recolheu no canto da recepção do hospital e começou a rezar pela alma do filho.


Fim do flashback mental que Geeda teve, durante velório de Hélio.

17 de Setembro de 1998 - Quinta

23h05min – Enquanto lavou os olhos, o rosto, e tirou um estojo de maquiagem da bolsa para fazer o retoque...

- Maria minha filha... – Dona Márcia bateu na porta.
- Estou bem mãe.  – Geeda pôs o rosto pra fora. – Já vou sair. Está tudo bem. – Fechou a porta novamente.

23h09min – Geeda retocou a maquiagem.

Enquanto se contemplava, se viu usando um colar com um grande crucifixo, com muita sombra nos olhos, cabelos muito negros, uma tatuagem de borboleta na nuca, vestido longo chegando aos pés... Ela entraria numa fase gótica. Ela mudaria radicalmente o visual. Era o primeiro passo para a segunda etapa do seu plano de vingança.  
 
23h11min – Geeda deu uma última olhada no espelho e sorriu como se tivesse ganho uma medalha de ouro em algum olimpíada.

23h11min35seg – Geeda ouviu novamente sua mãe batendo na porta. Ela pediu mais um tempinho.

23h12min17seg – Após alguns segundos de concentração, Maria Geeda Petrúcia Leal saiu aos prantos... Com os olhos borrados de tanto chorar.

- Mãe... Quero ir embora.
- Tudo bem minha filha.
- Mas antes vou me despedir de Hélio.

23h13min55seg – Geeda se debruçou sobre o caixão e deu um beijo na boca de Hélio. E chorou por mais algum tempo, sendo consolada pelo primo.

23h15min – Um pouco mais calma, mas ainda abatida, soluçando, Maria Geeda abraçou a mãe de Hélio. E chorou por longos minutos. Ninguém no velório conteve a emoção.

- Dona Stéphanie...
- Não diga nada minha filha...
- Eu preciso dizer...


- Não precisa dizer, minha filha... Dá pra ver o quanto você o amava.
- Ele foi o amor da minha vida – Disse Geeda aos prantos.
- Tudo bem, minha filha...
- Dona Stéphanie – (apesar de estar muito irritada por ter ouvido três vezes seguidas uma expressão que sempre a tirava do sério – “minha filha”, os anos de experiência de fingimento, não permitiram ninguém perceber que ela tinha a frase: “Pare de me chamar de minha filha sua ridícula!” – entalada na garganta.) – A senhora... Não é apenas minha sogra... Independente da morte do meu grande amor... É o que Hélio foi e sempre será, saiba que sempre a terei como minha segunda mãe... Como minha amiga.



23h25min – Abraçadas, Dona Stéphanie e Maria Geeda choraram juntas.


FIM DA PRIMEIRA TEMPORADA DA SUA NOVELA ON-LINE “MENINA VENENO”

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Quer saber qual é a segunda etapa do plano de vingança de Maria Geeda? Quer saber sobre o estado de saúde Lucas Andrei? Quer saber sobre o destino de Guilherme após a morte do amigo? Quer saber como andam as investigações do sumiço da arcada dentária e do suposto suicídio do edifício “Maria Feliciana”? Quer saber como será a fase gótica de Maria Geeda, e qual será a sua próxima vítima? Quer saber por que o detetive Lucas Andrei ficou repetindo: Den-te... Den-te logo após o acidente que sofreu?... Então confira estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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