segunda-feira, 21 de março de 2011

Capítulo 15

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 


Capítulo 15 – Se Conselho Fosse Bom...

"Meu Deus, se errarmos, faz-nos querer mudar; se tivermos razão,
 dai-nos força para vivermos com isso." (Reverendo Peter Marshall)
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19 de Setembro de 1998 – Sábado
 
20h47min – Ao lado de um Fusquinha de cor laranja, debaixo de um poste cuja iluminação era inconstante (piscava o tempo inteiro), Guilherme observava logo à frente, em silêncio, há pelo menos quarenta minutos, uma casa de cor azul clara, número 77, situada na Avenida canal quatro do Bairro Augusto Franco. Era a casa do seu melhor amigo Hélio, que tinha falecido há três dias atrás. A dor estava bem viva.

20h47min09seg – A luz do poste apagou novamente. Da mesma forma que fez na última vez que Guilherme esteve ali. Naquela ocasião, estava muito transtornado e foi convidado a se retirar do velório do amigo.


                                             Pequeno Flash-back

16 de Setembro de 1998

22h52min – Dona Stéphanie foi conversar com Guilherme.

- Gui... Não tenho nada contra você. Você é um ótimo rapaz e era o melhor amigo do meu filho... Mas por favor... Saia um pouco...
- Mas Dona Stéphanie...
- Por favor, meu filho...
- Tudo bem Dona Stéphanie... Tudo bem.
- Meu filho... Posso te dar um conselho?
- Claro Dona Stéphanie.
- Meu filho... Seja qual for o motivo que te faz ter tanta mágoa desta moça... Esqueça...
- Ela fez várias perversidades... E como não bastasse, ainda me traiu.
- Seja o que for, meu filho... Esqueça.
- Mas eu não tenho mágoa... Nem raiva.
- Meu filho... Esqueça...
- Dona Stéphanie... Essa moça é fingida... Com seu jeitinho de moça meiga e indefesa, ela faz barbaridades e sempre acha que está certa... É incapaz de pedir desculpas... É manipuladora...
- Meu filho... Como te disse... Pro seu próprio bem... Esqueça... Se ela é problemática como você diz, reze por ela... Só isso.
- Dona Stéphanie...
- Meu filho... Faça o que digo: esqueça.
- Tudo bem, Dona Stéphanie... Vou seguir seu conselho.
- Faça isso. Olha... Te aguardo no enterro ta? – A mãe de Hélio o abraçou e deu um beijo na testa.

                                                   Fim do Flashback

19 de Setembro de 1998 – Sábado



 

20h51min – Guilherme bateu na porta. Dona Stéphanie atendeu e ficou surpresa diante da visita inesperada:

- Gui?!
- Boa noite, Dona Stéphanie.

20h51min18seg – Dona Stéphanie deu um forte abraço em Guilherme que não agüentou e começou a chorar.

 

- Ô Gui...
- Desculpa não ter ido ao enterro. – Disse aos prantos.
- Se preocupa não... Eu sei que Hélio era um irmão pra você... – Ao se dar conta que estavam na porta convidou Guilherme para entrar.

20h52min02seg – Guilherme e Dona Stéphanie entraram.

 

Assim que entrou, Guilherme sentou-se no sofá em frente à estante. Logo na entrada da sala havia um jarro com a popular planta: “comigo ninguém pode”, era o primeiro sinal do forte misticismo que havia naquela casa. Outro sinal eram os livros espíritas em destaque na estante: “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “O livro dos Espíritos”, “Nosso Lar” e tantos outros. Era graças a esta formação espírita que Dona Stéphanie encarava a perda do filho de forma serena, apesar de sentir muita saudade. Guilherme a admirava muito.

20h53min25seg – Dona Stéphanie sentou na cadeira que era o seu xodó, que tinha assento acolchoado e encosto de palha com pequenos furos.


 
- Meu filho... Percebo que você ainda está transtornado.
- Sim... Um pouco.
- E não é apenas pela morte de Hélio.
- Não.
- É por causa de Geeda, não é?
- Sim... Um pouco.
- Meu filho... Faça o que eu te disse: esqueça-a.
- Dona Stéphanie...


 
20h54min06seg – Guilherme travou, em pensamento, questionou:

“Como vou dizer que suspeito que Geeda, de alguma forma, matou Hélio?

20h54min17seg – De frente para a mãe do amigo, apenas disse:

- A questão não é de ordem sentimental. Geeda é o tipo de pessoa que quando você conhece o que realmente existe por trás da máscara de mulher cuja fidelidade está acima de tudo, que se diz romântica o tempo inteiro, que se auto-proclama como mulher pra casar... Quando se percebe que tudo é uma interpretação, uma farsa... Quando isso acontece... Naturalmente a gente a esquece... E a gente agradece a Deus por ter nos aberto os olhos e ter nos dado força para tirar uma pessoa assim da nossa vida. Quando terminei com ela... Fiz de forma consciente, pensada... E não me arrependo de forma nenhuma.
- Você está sendo sincero consigo mesmo, meu filho?
- Claro... Dona Stéphanie... Mesmo ela tendo me traído, não tenho mágoa... Quando eu terminei com Maria Geeda, eu não deixei uma namorada... Eu deixei um problema... E graças a isso reencontrei minha paz de espírito... E talvez seja por isso que eu ainda esteja vivo.

20h56min28seg – Inquieto, Guilherme cogitou:

“Falo ou não falo da minha suspeita?”... “Eu poderia estar morto como Hélio”

20h59min – Após refletir sobre as declarações de Guilherme, Dona Stéphanie falou:

 - Não exagere Gui.
- É sério Dona Stéphanie...
- O que é sério?
- A senhora me conhece desde criança, eu e Hélio fomos praticamente criados juntos...
- Sim... Me deram um trabalho... – Dona Stéphanie sorriu de forma nostálgica.
- Então... E pela criação que tive com meus pais... E baseado em tudo que a senhora também me ensinou, sabe que não minto.
- Claro meu filho.
- Dona Stéphanie... A senhora não achou estranha a forma como Hélio morreu?
- Gui... Não nos cabe julgar as formas de passagem para o mundo espiritual.
- Eu não estou falando de aceitação da perda, Dona Stéphanie. Estou falando de crime.
- Crime?
- Sim... Crime. Tenho a forte impressão de que Hélio foi assassinado.

21h04min – Dona Stéphanie levantou-se, aproximou-se de Guilherme e começou a acariciar sua cabeça.

- Meu filho... Você não está bem.
- Estou sim, Dona Stéphanie. Tenho a forte impressão de que ele foi assassinado.
- E por que você não disse a polícia?
- Porque ainda não tenho provas.
- Meu filho... Esqueça isso.
- Esquecer?
- Sim meu filho. A perícia esteve aqui, comprovaram que houve uma explosão de gás, que o mesmo tinha sido esquecido aberto... Que Hélio teve sérias queimaduras... Que teve sintomas de Botulismo – Começaram a descer algumas lágrimas que Dona Stéphanie tentou conter.
- E se ele foi assassinado?
- Se isso tivesse acontecido... Os bons espíritos e a Lei de Deus tomariam providências. Guilherme, a Lei de Deus... Do amor, é perfeita!... E sempre caminha no sentido da justiça... O melhor que você tem a fazer é cuidar do seu lado espiritual, da sua vida, pois quem interfere no destino dos outros, nunca descobrirá o seu.
- Dona Stéphanie... A senhora não quer saber de quem desconfio?
- Meu filho... Cometer injustiças é pior do que sofrê-las. Prefiro não saber, para não cair na armadilha de pré-julgamentos. Além do mais, toda espécie de coisas acontece para ajudar aquilo que, de outro modo, nunca teria acontecido. Ou seja, se houver algum responsável, que não acredito, o universo conspirará a favor da justiça.
- Tudo bem, Dona Stéphanie... Respeitarei a vontade da senhora.
- Meu filho... Seja qual for a sua decisão, não faça por mim, nem por Hélio, faça por você! Além do mais... Se existe uma pessoa responsável pela morte do meu filho... Que enganou a todos... E continua enganando, como você acredita... Pense que se pode enganar a alguns o tempo todo e a todos por algum tempo, mas não se pode enganar a todos o tempo todo.
- Entendo Dona Stéphanie... E me respeitando a vontade da senhora de não querer saber de quem desconfio, te prometo uma coisa, e farei isso por mim, para não permitir que outros tenham o mesmo fim do meu amigo-irmão Hélio:  Eu ficarei de olho nesta pessoa... Para inclusive, ela não tentar nada contra a senhora.
- Meu filho... Não se preocupe com isso, os bons espíritos cuidarão do nosso bem estar. Preocupe-se com seu futuro, não faça de sua vida um rascunho, pois você pode não ter tempo para passá-lo a limpo.
- Dona Stéphanie...

- Meu filho... O mais essencial é cuidar da alma... Que tal você ir comigo à próxima reunião lá no centro?
- Dona Stéphanie, a senhora sabe que não acredito nestas coisas...
- Gui... “estas coisas” existem queira você acredite ou não.
- É... De repente eu vou algum dia.
- Vá sim... E lá você poderá fazer o mais recomendado: Rezar pela pessoa que você suspeita sobre a morte de Hélio... E rezar por Geeda.
- Dona Stéphanie... Sobre Geeda, não me interesso pelo que ela faz, pensa ou deixe de fazer... Minha
preocupação é com o que ela pode fazer contra as pessoas que eu conheço que ainda estão ligados a ela.
- Guilherme... – Dona Stéphanie sorriu – Eu percebi que a Geeda, apesar de ter 21 anos, é uma menina grande, uma adolescente mimada... E isso ficou claro no dia em  que visitei a mãe dela pra assegurar que Hélio não a intoxicou de propósito quando os dois saíram juntos (ver capítulo 12, 3h22min01seg)... Mas daí a dizer que ela pode fazer mal a outras pessoas... Me soa como exagero.


21h35min – Dona Stéphanie sorriu, dirigiu-se à cozinha, fatiou um bolo de banana, colocou um refrigerante e servindo Guilherme disse:
 

- Meu filho...
É preciso ter confiança na capacidade que cada pessoa tem de ensinar a si mesma.
- Adoraria que isso acontecesse Dona Stéphanie... Para o bem das próximas vítimas de quem suspeito.
- Meu filho... Posso te pedir uma coisa?
- Claro, Dona Stéphanie... Qualquer coisa!
- Você me acompanha ao centro espírita semana que vem?
- Claro.
- Vai ser bom pra você.
- Eu sei que a senhora quer o meu bem.

21h48min – Dona Stéphanie e Guilherme se abraçaram, e emocionados começaram a chorar.

21h48min53seg – O celular de Guilherme tocou.

- Alô!?
- Preciso falar com você.
- Quem é?
- Seu boboca... Você sabe quem é! – Guilherme reconheceu a voz de Geeda.
- O que você quer comigo?
- Vá para o bar em que você costumava se reunir com Hélio para conversar, no final de linha.
- Quando?
- Agora.
- Agora?
- Agora! Você vai?

21h51min – Guilherme parou para pensar: “O que será que Geeda quer comigo? Será que ela está com peso na consciência e vai confessar os crimes? Daquela louca tudo é possível...

- E então? Vai ou não vai?
- Tudo bem Guilherme? Algum problema? – Perguntou Dona Stéphanie, preocupada com a cara assustada do rapaz.
- Vai ou não vai? É do seu interesse...
- Tudo bem Guilherme? Algum problema? – Dona Stéphanie perguntou novamente.
- Nenhum problema – Disse olhando para Dona Stéphanie – Em seguida voltou-se ao celular: - Vou sim... Daqui há 15, 20 minutos estarei lá. – Guilherme desligou.

21h58min – Com pressa, Guilherme dirigiu-se à porta.
 
- Tem certeza que quer ir mesmo?
- Sim Dona Stéphanie... E olha: Semana que vem passo aqui para irmos ao centro, ta?
- Vou esperar – Dona Stéphanie olhou para um Fusquinha de cor laranja, que estava estacionado ao lado do poste (de luz apagada) em frente à sua casa. – Você ainda está com seu Fusquinha né?
- Pois é... Ele conhece muitas histórias minhas e de Hélio.
- Não quero nem saber... – Disse Dona Stéphanie com um sorriso choroso e dando um forte abraço em Hélio.

22h02min14seg – Quando ia dar partida para ir ao encontro, o celular tocou novamente:

- Cadê você?!
- É você Geeda?
- Claro? Pensou que era quem?
- Já estou a caminho. 
 

22h03min - Guilherme olhou pro céu e viu que era noite de lua cheia. - “Lua cheia... sinal que não vem boa coisa... – Pensou.” Em seguida deu partida e saiu com seu Fusquinha. Enquanto dirigia não parava de se perguntar: “O que Maria Geeda poderia querer conversar com ele após tanto tempo?”
 



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 Quer saber o que Maria Geeda tinha de tão urgente para tratar com Guilherme? Quer saber o que Guilherme fez após o encontro? Quer saber sobre os acontecimentos que marcaram a noite de Allan e Andrei durante o black-out que enfrentaram no Hospital João Alves Filho? Quer saber se Guilherme vai conseguir obter pistas sobre a morte do amigo? Quer saber sobre os próximos passos no plano vingança de Maria Geeda? Quer saber sobre a grande descoberta que fez Lucas Andrei ter uma nova perspectiva sobre o caso do suposto suicídio do edifício Maria Feliciana? Quer saber se Allan e Andrei conseguirão sair ilesos? Quer saber como andam as investigações do sumiço da arcada dentária? Quer saber que malvadezas, dissimulações, e torturas psicológicas, Maria Geeda Petrúcia Leal planeja pra sua próxima vítima?... Então confira estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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