quinta-feira, 3 de março de 2011

Capítulo 04

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 
 
 
Capítulo 04 – Traçando planos: Assim caminha a humanidade


"Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem." - Friedrich Nietzsche 

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Hotel Jean Genet - Capital Inicial – CD “Atrás dos olhos” de 1998

Composição: Dinho Ouro Preto & Alvin L



Pérolas falsa

Um casaco de pele de Rato

Ela corre pra se proteger

Da chuva ácida

No centésimo andar

Alguém esperava

Mas a carne é mais fraca

Que o medo

E ela amava o perigo

Na entrada um aviso dizia:

"Bem vindo ao hotel Jean Genet"

Conheça o inferno

Sem ter que morrer
99 canais de TV


Todos fora do ar
5 estrelas
Trazidas de outro sistema solar
Luxo e desgosto



Esperando por vocêE nem é preciso saber

Quem foi Jean Genet

Padres, drogas

E Nossa Senhora dos crimes perfeitos

Não cansam de lembrar:

Você sempre pode sair

Você sempre pode voltar

Mas quem passou por aqui

Leva uma tatuagem na alma



 23 de Janeiro de 1998 – Sexta

Eis um dia que tinha tudo para ser como outro qualquer, mas alguns acontecimentos o tornaram inesquecível...


Na catedral metropolitana de Aracaju, católicos comemoraram os cinquenta anos de Dom Luciano Cabral Duarte. Em bares da cidade, alguns proprietários de veículos lamentaram os prejuízos causados pela chuva que atingiu a cidade na manhã do dia anterior, que alagou avenidas como a Av. Carlos Firpo, Airton Teles e Simeão Sobral.

Naquela mesma noite, pessoas românticas e as que se diziam românticas, se emocionaram com o filme que estava em cartaz no shopping “Rio Mar” – “Titanic”, com Leonardo Dicaprio e Kate Winslet. Outros curtiram mais uma aventura de 007 em “O mundo não é o bastante”...

Aquela sexta feira também foi um dia de dor de cabeça, de acontecimentos desagradáveis... Pelo menos para Bil Clinton que era ameaçado de “impeachment” por causa de uma aventura amorosa com sua colega de trabalho – Mônica S. Lewinsk de apenas 24 anos. Aqui em Aracaju, por um motivo um pouco parecido... Maria Geeda Petrúcia Leal também teve dor de cabeça, contrariedade.


22h12min01seg – Silêncio

  - Guilherme... Você tem certeza?
- Tenho.
- Você podia dizer tudo... Tudo... Mas não tinha o direito de dizer aquela frase!

22h26min


  
Geeda sentou-se num banco da Colina Santo Antônio. Não queria demorar. Só queria respirar um pouco. Não queria que os vizinhos a vissem chorando. Ela só permitia ser vista chorando quando sabia que poderia tirar algum proveito da piedade dos outros, mas infelizmente, no instante em que ela chegou não havia platéia. Até isso estava dando errado naquele dia... Ela estava chorando... E de graça.


22h26min33seg


Até aquele momento Geeda não entendia como um homem em sã consciência poderia ser capaz de dizer não para ela? Como? Como um homem poderia rejeitar uma linda baixinha de sardas com cara de meiga e doce? Que lhe dedicara lindos poemas e acrósticos...-  e há tempos que ela não escrevia...- Que acabara de passar na UFS com “Letras – Português”? Como? Ela não entendia!


Até aquela data, ela sempre descartava os homens ao seu bel prazer quando eles não eram mais interessantes para ela, quando perdiam a utilidade. Mas Guilherme era diferente... Ele que dizia tanto amá-la... A dispensou... Como? Ela não entendia... Afinal, ela estava acostumada a desde criança ter todas as suas vontades e caprichos atendidos pela família e pretendentes, e não foram poucos. E acostumada aos mimos, ela acabou cultivando para si uma espécie de mantra... Uma frase que se repetia em seu consciente-subconsciente: “Ninguém diz não a Maria Geeda e sai impune”. Ela não aceitaria... Ela iria se vingar!... Levasse o tempo que levasse... Custasse o que custasse!
  

22h57min – Geeda abre a porta de casa.
 
 
 

Em 1998, Maria Geeda morava na rua do Carmo, situada atrás da “Escola Estadual de primeiro Grau 17 de março”.Naquele dia, àquela hora, não havia ninguém na casa dela, pois seu primo, que fora criado como irmão, e sua mãe, não estavam.  Tinham viajado para Propriá para visitarem sua tia-avó que tinha quebrado a bacia numa queda enquanto se banhava.


22h57min12seg

 

Enquanto girava a chave, Geeda chorava muito, lágrimas desciam como cachoeira... Ela começou a chorar assim que viu os pés da vizinha à esquerda da residência, xeretando, ela sabia que a mesma espalharia que ela chegou em casa chorando “desesperadamente”... E isto poderia ser útil mais tarde... Por isso, fingia estar com dificuldade para abrir a porta.

Engraçado... Ela até tinha esquecido que naquela noite dormiria sozinha... Até pensou em chamar Guilherme para acompanhá-la, mas jamais poderia ter esperado o rumo dos acontecimentos.


22h57min43seg

Maria Geeda não estava chateada com o término do namoro... ela só não estava gostando da experiência de pela primeira vez na vida ser rejeitada... De alguém não fazer o que ela quer... De algo não sair como ela planejou.

22h58min02seg

Geeda entra. Ao mesmo tempo em que a porta foi trancada, e Geeda constatou que  estava sozinha em seu lar, que todos realmente viajaram... Sabendo disto, num passe de mágica as lágrimas pararam de jorrar... Ela passou as mãos no rosto para enxugá-lo, abriu um sorriso e pensou:

“É hora de traçar um plano de vingança...” Mas primeiro vou tomar um banho.


 23h00min


 Geeda vê um bilhete na mesa da cozinha, que dizia:
 “Querida Sardinha”... - apelido de criança que Geeda odeia – não esqueça de dar banho e comida ao cachorro.
Ao ler o bilhete ela sorriu... Um sorriso, que pelo menos a mim, deixaria preocupado... Geeda, na frente das pessoas era muito amorosa com os animais... Mas quando estava sozinha...


 23h00h17seg

“Obediente” como era, ligou o som baixinho e pôs sintonizou uma rádio FM. Na hora passava a música “Hotel Jean Genet– do álbum que Capital Inicial, sua banda preferida, tinha acabado de lançar e foi para o quarto da mãe, local em que o Poodle ficava preso quando não havia ninguém.

Ela pegou a torneira, ligou ao máximo e despojou toda a torrente na cara e no focinho do cachorro que sua mãe lhe dera como presente de aniversário. Ela o chamava carinhosamente de "Mozinho". O cachorro ao vê-la se tremeu todo... Dona Márcia, mãe de Geeda dizia: -  Viu como o cachorro é doido pela “Sardinha”? É só vê-la que se treme todo de alegria...

É... Somente Geeda e o cachorro sabiam que o tremor não era de alegria. Mas de algumas judiações como dar choque, espalhar formigas em cima do pelo, areia nos olhos... Etc.


23h02min45seg


 Geeda coloca ração para o poodle, mas junto coloca um pouco de pimenta. Mais uma vez ela sorri, desta vez por estar se sentindo melhor.


23h10min

Geeda canta e dança a música Hotel Jean Genet”... Seu humor estava voltando, pois enquanto judiava o cachorrinho veio em sua mente a forma ideal para se vingar de Guilherme... Seria demorada, poderia levar anos... Mas o arrasaria completamente. Ela estava determinada a traçar o plano nos mínimos detalhes para tudo sair conforme o seu desejo de vingança, conforme a sua vontade... Afinal, quem mandou ele dizer aquelas coisas... Quem mandou dizer aquela frase?


23h29min


Geeda sai do banho e vê em cima da cômoda os sessenta reais que há tempos estava pedindo para sua mãe para comprar o bloco “Gula-Gula”  para o Pré-caju em fevereiro, nos dias 06 com Ricardo Chaves, 07 com Nando Borges e 08 com Gera Samba!... Como era bom ser mimada! – Ela sorriu... Um sorriso quase orgástico.


23h31min

Enquanto penteava o cabelo no quarto da mãe, ela avistou um “caderno de TV” de um jornal jogado em cima do travesseiro da cama de Dona Márcia. Assim como sua genitora,  ela adorava ler o resumo do capítulo do dia... Como estava calma e com a moral levantada, Geeda começou a leitura:

Resumo “Anjo Mau” capítulo do dia 23/01/1998


Bruno manda Tereza continuar fingindo que está com amnésia. Vivian não aceita atender ao pedido da amiga e explica que está muito magoada por causa da agressão que sofreu...


23h35min

 Ao se lembrar do plano de vingança Geeda dá um novo sorriso.


23h35min05seg

Geeda olha para relógio e pensa:

Já está na hora de ligar para minha prima... É... Já está na hora!... Quem está desesperada liga tarde... E como é o que quero que ela pense... Vou ligar!


23h37min

Do outro lado da linha Raíssa, prima e melhor amiga de Maria Geeda, dá um bocejo por estar acordando de um sono de anjo, e leva alguns minutos para perceber que Geeda estava chorando sem parar... Assim que percebeu levou um susto.

 

- Geeda, você está chorando?
- Raí... Terminei com Guilherme.
- Sério? Por causa daquela bobagem?
- Pois é... – soluça em tom crescente.
- Deixa pra lá... Uma hora vocês voltam...
- Não há como... Eu não ia terminar... Mas ele foi perverso e me disse coisas horríveis.
- Ô minha prima... Não fique assim. Não tem aquele seu colega de trabalho que estava pintando um clima? Fica com ele!
- Mas é amigo dele.
- Faça o que for melhor pra você!


23h40min – Geeda chora ao telefone, a prima apenas ouve.

23h41min até 23h55min – Geeda chora, chora, chora, tem falta de ar... Chora, e chora!


23h56min

- Prima, me dê o número de Guilherme vá... Eu vou ligar pr’ aquele desgraçado! A melhor coisa que você fez em sua vida foi terminar com ele... Aquele desgraçado não tinha o direito de te deixar assim!...


23h56min31seg

Se Raíssa, do outro lado da linha, pudesse ver o brilho no olhar de Geeda, apesar da mesma chorar, chorar e chorar ficaria surpresa... Chocada. Ela sorria com os olhos, apesar de estar chorando desesperadamente.


Geeda estava satisfeita, pois o plano começava a tomar forma... Sua vingança começava a tomar vida.


00h10min - 24 de Janeiro de 1998 – Sábado


Deitada em sua cama, Geeda encarava sua constelação de plástico florescente que há tantos anos a ajudava pensar, aprofundava detalhes e passos a seguir em seu plano... Estava muito concentrada, feliz, sorrindo... Que não viu que na televisão do seu quarto que estava sintonizada na globo, começava no “Campeões de bilheteria” um filme que ela tinha se planejado para ver: “Assim caminha a humanidade”... Seus pensamentos estavam voltados para o caminho da sua vingança.


 02h10min


 Começava na globo, no “Corujão”, o filme “Um farsante em Paris”. Maria Geeda Petrúcia Leal dormia.

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09h12min – 30 de janeiro de 1998 – Sexta

Após uma semana contando sua versão dos fatos e chorando repetidas e repedidas vezes, mesmo quando não queria, mas o fazia porque o plano exigia... Fazer o quê... Geeda chegou à conclusão que já era hora de sair da toca. E o convite do seu amigo poeta Walter foi mais que oportuno.

Uma pausa para Walter...

Walter era amigo de infância de Geeda. Ela o conheceu ainda no ginásio e fizeram o primeiro e o segundo grau no colégio Gelicon, situado na Rua Ceroa da Mota bairro 18 do forte. Eles nunca tiveram nada fora amizade. Ela não se sentia atraído por ele. Mas ela mantinha a amizade por ele massagear seu ego com poemas de amor, fazer suas vontades e ter o agradável costume de ser sua companhia em cinema ou shows quando não estava a fim de sair para “pegação”. Era muito útil. Era seu amigo.
 
- Maria... Já está mais do que na hora de você reagir.
- É Walter, talvez você esteja certo...
- Façamos o seguinte: Você já viu o Titanic? 

Apesar de ter visto com Guilherme no dia da estréia, Geeda respondeu:

 - Não... Não vi... – Começa a chorar... – E eu pedi tanto a Gui para ver.
- Pois então... Anime-se, não era pra ser...
- Pois é... Não era pra ser...
- Maria... Você verá este filme comigo... E eu não aceito uma não como resposta.
- Mas Walter... O que vão dizer? Só tem uma semana que terminei com Walter...
- Não se preocupe com o vão dizer... Pense em você!
- Não sei...
- Se você não quer ser vista podemos ir à última sessão.
- É... Pode ser...

09h18min

Geeda se despediu e mais uma sorriu satisfeita, pois induziu Walter a fazer exatamente o que ela queria. Era tão bom conseguir o que queria... Ela adorava... Sempre era motivo para um sorriso gostoso.

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 31 de fevereiro de 1998 – Sábado

Dia em que Maria Geeda “conhece” o seu “segundo” namorado... O dia em que ela sobe mais um degrau do seu meticuloso plano de vingança.

13h32min

Maria Geeda se recolhe em seu quarto para escolher a roupa com que iria sair. Não podia ser uma vestimenta qualquer. Ela tinha a obrigação de estar mais linda, cheirosa e irresistível do que nunca!Era de extrema importância para o seu plano.

Enquanto tomava banho, escolhia a roupa e se perfumava, como um flashback, na mente de Geeda se repetia uma das últimas conversas que tivera com Guilherme:

 18h07min - 20 de janeiro de 1998 – Terça feira

- Má...
- Oi Gui...
- Você já ouviu falar da “Feira de filhotes” que haverá até o dia 10 de fevereiro no estacionamento do shopping “Rio Mar”? Dizem que vai ter pôneis, diversos cães, animais exóticos como esquilos japoneses e marrecos da Mongólia!
- Não...
- Quem me chamou foi o meu amigo Hélio...Lembra dele?
- Aquele feioso orelhudo? Que dança de forma ridícula?
- Não fale assim. Já te disse que ninguém tem o direito de julgar ninguém... Tampouco de se colocar num pedestal para chamar os outros de ridículos...

- Ah! – Exclamou Geeda aborrecida.
- Vai fechar a cara por causa desta bobagem é?

Geeda permaneceu em silêncio.

- Você é quem sabe... Eu só queria dizer que ele me chamou para ir com ele nesta feira, só que no dia 01, que é aniversário dele, e ele adora animais, só que eu não poderei ir por que vou acompanhar meu irmão numa viagem para o Espírito Santo.
- Pra onde você vai mesmo?
- Para “Santa Tereza”, haverá um “Encontro nacional de corais” por lá.
- Você realmente tem que ir?
- Você sabe que meu irmão é menor, que ele só tem a mim... E é muito importante para ele.
- Então vá.
- Má... Você vai continuar com essa cara?
- É a que tenho.
- Olha... Eu sei que você está doidinha pra puxar uma discussão... Que você como sempre faz, está jogando uma sementinha pra eu brigar contigo e depois reverter as coisas para me fazer sentir culpado... Mas estou vacinado.
- Eu não estou dizendo nada...
- Disse “vá”.
- Sim... Vá... Mas agüente as conseqüências.
- Má... Eu não vou fazer o seu jogo... Desista... Eu não vou brigar com você.
- Além do mais... Apesar de amar feiras desse tipo eu não vou porque não suporto o seu amigo e você sabe disso!
- ok... Faça como quiser...

31 de Janeiro de 1998 – Sábado

15h28min

Após rodar e segurar a ânsia de vômito, reunir forças para manter o sorriso altivo e convincente de que estava adorando estar naquele local sob aquelas circunstâncias, finalmente Maria avistou Hélio... Ele, por sorte, não a tinha visto... Então ela tratou de providenciar uma fisionomia deprimida... Foi tiro e queda... Hélio aproximou-se.

- Geeda... Você está bem?
- Você não soube?
- Sim... Soube.
- Tudo bem... Afinal o mundo não para porque estamos com o coração despedaçado, não é?
- É...
- Mas que surpresa... Jamais eu poderia imaginar que te encontraria por aqui.
- Mas eu falei com Gui para te avisar pois ele uma vez me disse que você gosta...
- Eu não gosto de animais... Eu amo...
- Ok... Ama... Ele não disse com esta ênfase. – sorri.
- É... – Geeda olha no fundo dos olhos de Hélio e dá um sorriso tímido.
- Mas ele não te disse... Avisei pra ele umas duas vezes.
- Ele não avisou...
- Não entendo.
-  Talvez não tenha avisado por causa de ciúmes.
- Não creio.
- Cíume sim... Pois comentei algumas vezes que te achava lindo, que adorava seu jeito.
- Foi?
- Mas isto não tem nada demais né? – Ficando corada.
- Não... Não tem.

Ao fim daquele dia Geeda e Hélio se beijaram. Três dias depois começaram a namorar.

 01 de fevereiro de 1998 – Domingo

 02h30min

Enquanto Maria Geeda dormia feliz da vida por conseguir iniciar a primeira etapa do seu plano de vingança em tão pouco tempo, em sua Tv, que estava sintonizada na globo, no “Corujão 2” passava o filme “Queimando-se lentamente”...

Era o que estava para acontecer com Hélio....

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