terça-feira, 1 de março de 2011

Capítulo 02

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 
 



Capítulo 02 – Um sorriso misterioso

  “Um sorriso é mais perigoso que a ponta de uma lança...” – Autor desconhecido.


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No Siqueira Campos, "Seu José" abre um novo comércio,
(e revisa seus documentos).
Na 13 de Julho, Eva desenha o Mirante...
(E contempla o passeio de crianças, adultos e velhos).
Na Soledade, dona Maria coleciona traumas, sofrimentos, complexos.
(E pede a Deus esperança).
Na Atalaia, Luizinho com sua maconha... é viajante.
(E diz aos quatros cantos que conhece seus direitos).
No Santa Lúcia, Amanda jura amor eterno.
(E abre uma conta conjunta com seu amor, pro casório).
No Centro da Cidade, Érick colide com dois carros no mesmo instante.
(E dá uma carteirada dizendo que não errou, mesmo falando ao celular).
No Lot. Sta Madalena, Priscila pergunta a mãe se tem comida...
(E a mãe deixa de comer para alimentar a filha).
No Jardim Centenário, Rodrigo estuda para o Vestibular.
(Apagando escritos e borrões nos livros que lhe foram doados).
No Lot. São Francisco, mais um Zé perde a vida...
(Por ter reagido ao roubo de um celular).
Na Jetimana, idosas saem para rezar...
(Enquanto alguns jovens seguem para o cabaré).


Na Cidade Nova, Nagib analisa questões filosóficas...
(Enquanto marginais correm da polícia)
Na Palestina, Ricardo desmonta um rádio...
(Para um dia ter a sua “ELETRÔNICA”).
No Miramar, Luciana ouve fofocas.
(Para espalhar discórdia).
No João Paulo II, Marta suspira por um homem casado.
(Só para mostrar pra vizinha que é desejada mesmo sendo senhora).

No Veneza, amigos relembram a infância.
(Para fortalecer a amizade).
No Dom. Pedro 1, desconhecidos brigam no bar.
(Para não pagar a conta).
No Lourival Batista, o guri brinca de "manja"...
(Para aproveitar que não está na escola).
No Tiradentes, casais saem pra namorar.
(Para fugir da solidão e ser feliz).
No Novo Paraíso, Alex faz a primeira comunhão.
(Para aprender algo de bom e ajudar o próximo).
No Conjunto dos  Bancários, Fernando xinga o pai.
(Para reafirmar que odeia o sistema).
No Pereira Lobo, Robson morre numa explosão.
(Por não ouvir a esposa “chata” que avisou que o gás estava vazando).
No Getúlio Vargas, Manoel anda pelo canal e cai.
(De tão bêbedo, angustiado e deprimido por perder o emprego).

No Cirurgia, Vanessa espera notícias da tia hospitalizada.
(Para ter a oportunidade de dizer o quanto a ama).
No São José, colegas planejam um assalto.
(Estimulados pela impunidade).
No Castelo Branco, saboreiam sorvete de mangaba.
(Para tornar um dia simples, num dia inesquecível).
No Jabotiana, Valéria sonha alto.
(Para ter motivação para seguir adiante, e superar obstáculos).
No Jardim Baiano, Arthur chora com o nascimento do filho.
(Para agradecer a continuidade da sua prole).
No Médice, Fernanda instala o novo fogão.
(Para cuidar da nova família).
No Ponto Novo, Cortes contabiliza orçamento e prejuízo.
(Para viver com dignidade a vida adulta).
No Tramandaí, Ana cuida da saúde do irmão.
(Porque sabe que têm um laço eterno).



No Salgado Filho, Gusmão diz que odeia a mãe, mas quer uma TV moderna.
(E vira mais um membro desordeiro de torcida organizada para desorganizar tudo).
No Jardim Alvorada, Vinícius agradece a Deus por estar vivo.
(Pois sua fé em Deus e nos pastor curou seu câncer).
No Res. Beira Rio, Júlia instala mais uma cerca elétrica.
(Para dificultar um pouquinho mais o próximo assalto).
Na Coroa do Meio, um corpo é jogado no rio.
(Para calar a boca de quem andava investigando o que não poderia ser investigado).
No Jardins, mais um playboy age de forma perversa.
(Para mostrar que está acima do bem e do mal).


No Jd. Atlântico, amigos dançam quadrilha.
(Para fortalecer o nosso folclore).
No Santa Tereza, bêbedos contam piada.
(Para passar o tempo).
No Santa Maria, a fome arrasa mais uma família.
(Pois o vereador prometeu assistência... e não deu).
No Aeroporto, mais um turista tem a carteira roubada.
(Porque acreditou na propaganda da TV que dizia que sua segurança estava garantida).


No Morro do Urubu, Alexandre contempla a paisagem.
(Para ver em cada relevo a presença de Deus).
No 18 do Forte, Júnior estuda para o concurso.
(Para ajudar o crescimento dos seus).
No Santos Dumont, mais um pobre é atropelado e faz a viagem.
(Porque ninguém testemunhou contra o bêbedo que tinha sido parado na blitz... e foi liberado).
No Costa Nova, Ícaro pede aos céus paz e amor no futuro.
(Para que os homens aprendam a viver).



E tantos outros eventos na cidade...
A cada segundo, sintetizando inúmeras histórias...
Cada um com sua sina...

Cada um com a sua preocupação!




22h10min – 10 de Fevereiro de 2009 - Terça


Como em todos os dias, mil acontecimentos movimentavam a cidade nos quatro pontos cardeais: Pessoas eram assaltadas, pessoas eram iludidas com promessas de amor, outras eram traídas, outras se apaixonavam, outras simplesmente sorriam...

Entre as que sorriam, uma pessoa sorria de forma especial... Diferente. Este sorriso se encontrava na avenida Rio de Janeiro, próximo a “Escola Normal”, no  condomínio de casas -  Residencial “Vivendas do Amanhecer 5”, na casa de número 10, branca, no terceiro quarto. Este era distinto dos demais por ter um adesivo de “Bob Esponja” colado na porta. Aparentemente era um quarto como outro qualquer: mas com um detalhe bem significativo: o guarda-roupa de seis portas, a escrivaninha,  a televisão (que naquela hora exibia o curta metragem: “A casa da bruxa Soledad”), o dvd, a cama de solteiro e até o note-book que sempre ficava em cima da mesma, eram todos de cor branca... No teto, outro item importante: uma pequena constelação de plástico florescente que Maria Geeda Petrúcia Leal ganhou ainda criança... Naquele instante ela encarava a sua querida constelação e sorria feliz da vida... Um sorriso esperado há muito tempo... Ela estava muitíssimo feliz!


Uma pausa para Maria Geeda...


Em termos físicos, Maria Geeda, bela morena baixinha e de sardas, se parecia muito com a atriz norte americana “Jenifer Conelly”, e trazia em seu corpo um detalhe muito peculiar: uma tatuagem natural (marca de nascença), a inscrição do cruzeiro do sul na base da coluna, quase adentrado a região glútea. Apesar do nome essencialmente hebraico, sua árvore genealógica apresentava uma longínqua relação libanesa e alemã. Em termos de personalidade, não ousarei descrever Maria Geeda, apesar dela ter uma predileção de sempre estar se definindo em termos de gostos, de personalidade e de moral... Por exemplo: ela adora repetir aos quatro cantos que é uma mulher pra casar, que é romântica, que é fiel... é o que ela diz... é o seu marketing pessoal.         

Entretanto, se tem uma coisa que é marcante em Maria Geeda é o seu sorriso que sempre pode ser visto em todas as fotos que tira, mesmo triste, e no seu perfil do orkut... Não é um sorriso comum. É um sorriso altivo como o de “Cintra” de Érico Veríssimo em “Olhai os lírios dos Campos” que olhava as pessoas como se elas existissem para servi-la e andava como se passasse por cima de um tapete de seres humanos... E quantos aos “seres humanos” que ousam dividir o ar que ela respira, ela costuma tratá-los como Nora de Harold Hobbins no livro “Escândalo da sociedade”... Mas de todas estas comparações... A mais fiel talvez seja um verso do poema “A passagem das horas” de Fernando Pessoa sob o heterônimo Álvaro de Campos:

“Ela sente tudo de todas as maneiras, tem todas as opiniões, é sincera contradizendo-se a cada minuto, desagrada a si própria pela plena liberalidade do espírito... e ama as pessoas... como ama os objetos”


22h30min – 10 de Fevereiro de 2009 - Terça


Bem... Como disse antes, Maria Geeda encarava a sua querida constelação e sorria feliz da vida... Um sorriso esperado há muito tempo... Ela estava muitíssimo feliz!



É complicado dizer o motivo de tamanha felicidade... E o que havia por trás daquele sorriso... Para você entender, amigo internauta, te convido a fazer uma viagem no tempo, e acompanhar 11 anos da fascinante história de vida de Maria Geeda até os dias de hoje.

Nosso ponto de partida será o dia 23 de Janeiro de 1998.
Preste atenção em tudo, pois só assim será possível entender o que há por trás dos  sorrisos de Maria Geeda Petrúcua Leal.




Era uma vez... Há onze anos atrás...


 
21h45min – 23 de Janeiro de 1998 – Sexta



A academia “Olimpo Sergipano”, que era localizada na Avenida João Ribeiro, no Bairro Santo Antônio, era muito bem freqüentada. Quase todos os dias estava cheia. Não era à-toa, pois o dono e principal instrutor era Guilherme Theodoro, carinhosamente chamado pelos amigos de Guilherme ou Gui.

Naquela noite de sexta feira, enquanto pessoas suavam se exercitando em esteiras, bicicletas ou pulavam com a ginástica aeróbica. Num cantinho reservado, numa sala com acesso restrito a funcionários, um casal discutia...

Se um transeunte que estivesse naquele momento no ponto de ônibus, do outro lado da avenida, que ficava em frente à janela daquela sala, prestasse atenção nos gestos, perceberia que a conversa tinha momentos calorosos e alguns de calmaria. Esse mesmo transeunte que acompanhasse os momentos em que o homem levantava, punha as mãos no rosto, chorava, se tremia... Ficaria atônito ao ver a postura imparcial da garota em frente ao rapaz que não parava de gesticular. Ele ficaria surpreso pois dificilmente viria aquilo em uma mulher... Parecia uma Cleópatra com a cabeça erguida olhando um súdito do alto do seu trono... Por prestar muita atenção ao casal que discutia, este transeunte com certeza perderia o ônibus que estivesse esperando... Foi o que aconteceu.


22h11min – 23 de Janeiro de 1998 – Sexta

Um casal discute na academia “Olimpo Sergipano”.

- Pronto. – Fala um homem musculoso, é Guilherme, com um choro entalado na garganta. – É isso.

22h11min35seg – Toca um telefone

- Oi... Sou eu... Não está conseguindo dormir?... Faz o seguinte: pegue a bíblia, leia o salmo 91 com muita fé até eu chegar tá? Não vou demorar... Prometo.
- Quem era Guilherme?
- Como quem era? Você sabe quem era!
- Não... Não sei, não fui eu que atendi o telefone!.
- Olha Geeda, não adianta querer arranjar um pretexto para justificar os seus atos e pousar de vítima como você sempre faz... Estamos juntos há dois anos e meio, sem falar que você já foi minha funcionária... E convive comigo desde que meus pais estavam vivos. Você sabe que era meu irmão!... Que eu cuido dele... Que até hoje ele sente falta dos nossos pais... Que ele não se recuperou do acidente... Você sabe que ele sempre liga pra cá pra saber se estou bem... Se já estou indo pra casa... Que ele só tem a mim neste mundo... Não venha com seus artifícios... Não cola mais... Como disse... Acabou!

22h19min01seg – Silêncio


- Guilherme... Você tem certeza?
- Tenho.
- Você podia dizer tudo... Tudo... Mas não tinha o direito de dizer aquela frase!

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Quer saber por que o sorriso de Maria Geeda está relacionado com eventos que aconteceram ao longo de onze anos? Quer saber qual foi a frase que Guilherme disse a Maria Geeda que mudou radicalmente o rumo da sua vida? E o que ela fez para ele ficar com os nervos à flor da pele? Quer saber como andam as investigações do corpo que foi encontrado no Edifício “Maria Feliciana”?... E qual a relação do morto com Maria Geeda? Então confira estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES:

 

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