sábado, 5 de março de 2011

Capítulo 06

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 

Capítulo 06 – Um pequeno preço...
  
"O Ser Humano que a dor não educou será sempre uma criança.” – Niccolo Tomamaseo
-----------------------------------------------------------------------------------

06 de Fevereiro de 1998 – Sexta

O seis de Fevereiro de 1998 foi um dia repleto de acontecimentos memoráveis para nossa querida Aracaju, tanto no aspecto público, para a população em geral, como no íntimo, para alguns.

No âmbito público, podemos destacar a visita do então Presidente da República excelentíssimo Sr. Fernando Henrique Cardoso.

Naquele dia a cidade estava em clima de Pré-caju... Era uma edição muito especial da festa, pois o trajeto tinha sido aumentado. E como não se pode agradar Gregos e Troianos, uns gostaram, outros não.

No Shopping Rio mar estava em cartaz o filme: “George – O Rei da Floresta”. Naquela tarde de sexta feira, a Globo exibiu o filme: “A princesa e o Plebeu”.

Na esfera de acontecimentos íntimos, a “princesa” Geeda (como ela se julgava) e o plebeu Hélio (como ela o via), tiveram momentos decisivos no relacionamento, apesar do mesmo ter começado a poucos dias.

21h51min – Zona Oeste
 
No Hospital João Alves Filho, uma clientela fora do normal tinha acabado de chegar. Vários veículos da imprensa Sergipana amontoaram-se no estacionamento do hospital. E alguns homens de terno tomaram posições estratégicas. Em poucos minutos, uma maca com uma paciente passou em alta velocidade em direção à urgência. A moça era Carla Perez que tinha passado mal ainda em cima do trio. Por mais que tivessem tentado abafar, a notícia foi manchete nos principais jornais do dia seguinte.

21h51min – Zona Sul

No Hospital São Lucas, outra moça deu entrada na urgência. Esta, porém, veio acompanhada de uma pessoa só. Tratava-se de Maria Geeda com seu recente namorado Hélio. Ela tinha abusado da bebida, excedeu no consumo de “nevada” e “ice”... E pra completar, teve um ataque alérgico.

22h01min

Dona Márcia, mãe  de Geeda, acompanhada de Renato, seu sobrinho criado como filho, chegaram ao Hospital.

- O que aconteceu Hélio? – Perguntou Dona Márcia.
- Não sei...
- Como não sabe? – Indagou Renato.
- Estávamos curtindo a festa numa boa... Normal... Sem problema nenhum.
- O que você fez meu filho?
- O que eu fiz? Nada... Nós dançamos, bebemos... Depois ela quis fazer um lanche, eu comprei... Depois ela passou mal... Teve uma crise, peguei um táxi, liguei pra vocês e vim... Foi isso.
- Esta história esta muito estranha. – Comentou Renato.
- Estranha ou não foi isso que aconteceu.
- O que vocês beberam meu filho?
- Bem... Eu bebi refrigerante, pois como a senhora sabe não bebo cerveja... Ela, no entanto, bebeu “nevada”, uns dois copos, e uns cinco “ices”.
- Impossível! Ela não bebe!
- Eu também fiquei surpreso... Mas como ela pediu e ela é adulta, comprei.
- Não foi você que a forçou beber não rapaz? – Interviu Renato em tom ameaçador.
- Como? Você está louco?
- Calma Renatinho. Calma. – Afastou o sobrinho. – Voltando-se para Hélio. – Meu filho, pode falar a verdade... Precisamos saber da verdade para contar ao médico, se você mentir, pode colocar a vida dela em risco sabia?
- Eu não estou mentindo Dona Márcia... Eu juro!
- É meu filho... Está difícil de acreditar. Geeda é um anjo... E ela jamais beberia.
- Mas ela bebeu... E tenho certeza que ela vai confirmar depois.
- É... E me diga, o que vocês lancharam?
- Bem... Eu comi um espetinho de frango, Maria no entanto, encasquetou que queria por que queria comer um bobó de camarão, até fui contra por não achar prudente... Afinal a gente não tem garantia de como essas comidas são preparadas né?


22h06min

Renato muito nervoso investiu contra Hélio, encostando-o na parede.

- Seu mentiroso! Maria é alérgica a camarão, e ela sabe disso! Sabe que não pode comer... E jamais comeria de propósito sabendo que passaria mal!
- Me desculpe Renato... Mas foi o que aconteceu.
- Meu filho... Ela jamais faria isso!
- Gente... Eu não estou mentindo! Vocês vão ver... Quando ela acordar e estiver bem, ela vai confirmar tudo!

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Uma pequena viagem no tempo.


 

19h30min – Portão de entrada do Pré-caju, revista.

No principal portão de acesso, havia dois policiais em cada extremidade. O casal Geeda e Hélio que iriam desfrutar da primeira festa juntos, escolheram o portão esquerdo. Geeda que estava fantasiada de Cowgirl, com uma minúscula saia, ao dar um sorriso insinuante para o policial, foi dispensada da revista... E ficou aguardando Hélio ser liberado.

19h30min12seg – Geeda, muito carinhosamente, ofereceu a mão direita ao namorado. Os dois caminharam em meio à folia.

- Ainda bem que não me revistaram.
- Por quê? Você está armada? Aonde você escondeu o 38? – Perguntou Hélio em tom de brincadeira.

Geeda fez um charme que lhe é peculiar: deu a língua, de forma rápida, parando a mesma entre os dentes.

- Seu boboca... Eu não tenho 38.
- Ufa!... Ainda bem.
- Mas tenho uma canivete... – Disse de forma dengosa.
- O quê? Você está brincando né?
- Não. – Disse dando um sorriso inocente.
- E se te pegassem na revista menina?
- Simples... Eu diria que era sua... Que estava guardando pra você. – Sorriu e deu um beijo tipo selinho.
- Você só pode estar brincando... – Hélio disse olhando nos olhos de Geeda – Se for verdade nunca mais faça isso, certo?

Geeda sorriu, e novamente deu a língua com o mesmo jeito charmoso.

- Boboca! – Deu um abraço e um beijo.

20h00min

Passou o primeiro trio – O de Ricardo Chaves.

20h03min

Geeda estava no meio da Pipoca. No auge da muvuca, avistou à sua frente um rapaz que achou muito atraente, e entre um pulo e outro, ao som do trio elétrico, lançou olhares para o cidadão que após certo tempo percebeu, tratando de devolver os olhares na mesma intensidade. Hélio por estar atrás dela, cuidando da segurança da amada namorada, não viu.


20h07min

Homem que estava trocando olhares com Geeda fez menção de se dirigir até ela, porém ao perceber tal intenção, a mesma deu um giro de 180º graus, ficou de frente para o seu amado namorado, Hélio, o abraçou forte, e deu um verdadeiro beijo de cinema.

20h07min09seg

Homem desistiu de abordar Geeda e seguiu atrás do trio.

20h08min

Assim que cessou a seqüência de beijos cinematográficos, tanto o olhar de Geeda quanto o de Hélio se cruzaram com o de Guilherme, que estava parado na frente dos dois observado calado. Apesar da altura dos acordes de Ricardo Chaves, parecia que naquele momento preponderava um imenso silêncio.

20h08min17seg

Geeda, Hélio e Guilherme se encararam muito sérios. Geeda sabendo que Hélio não perceberia, deu um sorriso discreto, porém maquiavélico para Guilherme - o sorriso de “Cintra” que ele conhecia muito bem.

20h08min22seg

Guilherme puxou Hélio pelo braço. Geeda começou a gritar.

- Polícia! Polícia!Polícia!
- Maria... Para com isso! É Guilherme não está vendo?
- Por isso mesmo. Ele vai fazer algo contra você.
- Ele pode estar magoado... Mas nos conhecemos há muito tempo...
- Não vá com ele Hélio... Eu te peço...
- Nós só vamos conversar Maria... Só isso.

20h08min59seg

Guilherme voltou-se para Maria e falou muito sério:

- Maria, não precisa fazer cena, eu não vou brigar... Nenhuma mulher merece que um homem se suje por besteira, muito menos você!

20h09min01seg

Maria como um passe de mágica começou a chorar.

- Guilherme... Se você quer brigar... Desabafar... Xingar... Faça comigo!

20h10min

Guilherme e Hélio foram para um canto isolado para conversar.

- Guilherme... Eu sei que você deve estar P... Da vida comigo... E com toda razão!
- Estou magoado sim Hélio... E apesar de gostar muito de você, de te conhecer a tanto tempo é difícil pra mim...
- Eu entendo.
- Mas apesar disso, eu me preocupo com você... Mesmo me magoando você não merece passar pelo que eu passei.
- Esqueça isso rapaz.
- Eu já esqueci Hélio... Mas apesar de estar magoado contigo... Por desencargo de consciência não posso deixar de te aconselhar.
- Certo... Se isso vai te fazer bem... Pode dizer, mas com uma condição:
- Condição? O conselho será bom pra você... Eu não tenho mais nada a ver... Eu escolhi sair da vida dela.
- Não foi o que ela disse.
- Não me interessa o que ela disse, pensa ou deixa de pensar...
- Se você vai começar a agredi-la Hélio, vou-me embora...
- Tudo bem Hélio... Já vi que não adianta. Só te digo o seguinte: Abra os olhos, esta mulher não é o que parece ser... Por trás do seu jeito meigo, sensível, humilde, de “mocinha romântica”, “fiel”...” ideal pra casar”... Existe uma mulher maquiavélica, de gênio forte e manipuladora.
- Guilherme... Me desculpe, mas se a conversa vai continuar neste rumo, não tenho condições... Tenho certeza que você entende.
- Entendo... Te desejo boa sorte e muita paz de espírito... Você vai precisar!
- Valeu meu velho.
- Apesar de estar magoado Hélio, ainda te quero bem... Mas enquanto você estiver com esta criatura evitarei freqüentar os mesmos lugares para não ter o desprazer de estragar o meu dia... Mas fique à vontade para me visitar quando quiser.

20h35min

Hélio e Guilherme cumprimentaram-se com aperto de mãos.

Quase que no mesmo instante que os dois “ex” amigos se despediam. Maria Geeda dispensava um rapaz que estava curtindo o som do trio elétrico, digamos... muito colado às costas dela, bem no instante em que o mesmo se aventurou a passar a mão em suas coxas... (Era por isso que ela gostava de sair com saia em festas daquele tipo).

20h36min – Geeda recebe Hélio com cara de poucos amigos e chorando.

Quem pudesse ler, naquele exato momento, os pensamentos de Maria Geeda Petrúcia Leal, leria a seguinte frase: - Frouxo! Frouxo! Frouxo!

- Você viu as coisas horríveis que seu amigo me disse? – Aumentou o choro – E não foi nem metade do que ouvi no dia em que terminei com ele.
- Ele disse que foi ele...
- Ele sempre vai dizer isso... Mais chorosa – Você vai defender ele é? Pode ir! Você me deixou aqui sozinha sabendo que estava chorando...
- Ô meu amor...
- Eu sabia que esse dia iria chegar... Mas eu não estava preparada. Eu não deveria gostar de você... Mas eu não escolhi. – Disse abraçando e chorando no ombro de Hélio.
- Ô meu amor... Já passou... Ele só queria conversar.
- E vocês conversaram o que?
- Melhor deixar pra lá.
- Não vai me dizer não é?
- Melhor não... Esqueça...
- Vai ficar de segredinho com ele é?
- Não é segredo... Outro dia quem sabe te digo.
- Se você me amasse, você diria.
- Eu te amo. E um relato de conversa não prova isso, prova.
- Não... – Disse Geeda contrariada.

20h40min – No SBT, em “Tela de Sucessos” começou o filme “Vencer ou Morrer”. Ali, em pleno Pré-caju, Maria Geeda Petrúcia Leal, iniciou um filme de mesmo nome.


- Amor... Seu eu pedir uma coisa você me dá?
- Depende.
- Depende é? - Perguntou roçando os lábios nas bochechas, testa e orelha esquerda de Hélio.
- Assim é covardia. – Sorriu. – Diga o seu desejo.
- Eu queria uma nevada de morango, você pega pra mim?
- Mas eu não bebo amor... E não gostaria que você bebesse.
- Deixe de ser chato – Deu língua de forma dengosa. – É só hoje.
- Só uma? Certo?
- Se é uma só tudo bem.
- Ah! Também vou querer um bobó de camarão caprichado.
- Mas meu amor... Depois você me chama de chato... Você sabe como foi preparado este bobó... Sabe quantos casos há por dia de intoxicação alimentar?
- O que não mata engorda meu filho... – Disse sorrindo.
- Amor... Deixa pra outro dia.
- Não! Hoje eu quero tudo que tenho direito... Quero minha nevada e o meu bobó... E se você trouxer vai ganhar muitos, muitos, muitos beijinhos de uma moça que te ama muito, muito, muito. – Disse cheia de dengo.
 
53min depois...

Desde a primeira nevada, Geeda ingeriu mais duas, e cinco “ices”. Todos com protesto de Hélio que se recusou a comprar. Ela aborrecida, comprou e bebeu fazendo birra típica de criança... A última frase que ela disse antes de desmaiar foi:

- Agora é que eu vou beber mesmo!

21h33min – Hélio segurou Geeda nos braços e saiu correndo para um táxi que estava a poucos metros.

Fim da viagem no Tempo.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

22h06min - Hospital São Lucas.

Renato muito nervoso investiu contra Hélio, encostando-o na parede.

- Seu mentiroso... Maria é alérgica a camarão, ela sabe disso! Sabe que não pode comer... E jamais comeria de propósito sabendo que passaria mal!
- Me desculpe Renato... Mas foi o que aconteceu.
- Meu filho... Ela jamais faria isso. – Diz paciente, Dona Márcia.

22h11min – Apareceu médico que atendeu Geeda
 

- Quem é da família de Maria Geeda Prússia Leal?
- Eu sou a mãe!
- Ela está bem... Devidamente medicada.
- Ela está bem mesmo doutor – Perguntou Hélio aflito.
- Sim... Esta fora de perigo.
- Posso vê-la? – Perguntou Dona Márcia.
- Pode... Mas somente um, pois ela precisa descansar.
- Certo doutor... Prometo que não vou demorar. – Meninos volto já. Se comportem!


22h12min

Hélio sentou-se preocupado. Enquanto rezou foi fuzilado com a raiva de Renato que não acreditou em sua versão.

- Renato... Eu não sabia que ela era alérgica.
- Certo... Certo. – Balbuciou descrente.
- Ela bebeu contra a minha vontade.
- Certo...

22h15min – Dona Márcia voltou e partiu pra cima de Hélio.

- Rapaz... Sua história não bateu!
- Mas eu falei a verdade Dona Márcia!
- Minha filha não mente rapaz... E se ela disse que você a forçou beber e comer o bobó... Pra mim é o que aconteceu.

Renato deu um empurrão em Hélio que não reagiu, mas mesmo assim, ambos foram abordados pelos seguranças.

- Eu queria vê-la... Ela deve estar confusa.
- Fiquei longe da minha filha...
- Dona Márcia.

Médico interviu.

- Meu filho, vá pra casa... Ela é mãe, o outro é primo... Estão todos com os nervos à flor da pele.
- Eu só queria vê-la doutor.
- Deixa pra outra hora quando todos estiveram mais calmos.
- Eu só queria vê-la...

22h18min – Médico acompanhou Hélio até a saída do Hospital

Muito transtornado Hélio pegou um táxi e foi pra casa. Justamente há três minutos atrás, às 22h15min, começou no globo em “Sessão de Gala” o filme “Armadilha Fatal”... Seria bom que ele visse, pois sem saber também estava numa armadilha.

22h22min
 
No leito do Hospital São Lucas, deitada na maca, ainda sob efeito dos medicamentos Maria Geeda chorou e sorriu ao mesmo tempo... Afinal o plano seguia em frente.

Ela sentia muita dor... Mas para realizar o seu plano de vingança, parar no hospital era um pequeno preço.





-----------------------------------------------------------------------------------

Quer saber como foi o encontro de Hélio com Maria Geeda assim que ela teve alta? Quer saber o final da primeira etapa do plano de vingança de Maria Geeda? Quer saber como foi a conversa de Lucas Andrei com o moto-taxista que trabalhou na noite do suposto suicídio? E qual a relação deste evento com o morto do edifício Maria Feliciana? Que saber as novas descobertas e deduções do detetive Lucas Andrei?... Então confira estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

Nenhum comentário:

Postar um comentário