quinta-feira, 10 de março de 2011

Capítulo 09

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 

Capítulo 09 – Os fins justificam os meios...

"Nada acontece sem suficiente razão." - Leibniz
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21h57min – Hélio chegou em sua casa.

Geeda, apesar do tempo inteiro ter lançado um olhar meigo e apaixonado, estava impaciente. Tal nervosismo se dava principalmente por dois motivos: Um, ela odiava andar de ônibus. Dois, também detestava atrasos. E a espera do ônibus atrasou um pouco o andamento dos seus planos... Mas tudo bem, ela apenas adiantaria o seu ataque...

21h57min37seg – Hélio pegou uma porção de chaves, e por causa da escuridão à porta da sua residência, encontrou um pouco de dificuldade para entrar.

Hélio morava na Avenida canal quatro do Bairro Augusto Franco. Casa número 77. Ele adorava aquele lugar. Só não gostava da mania que a lâmpada do poste que ficava em frente a sua casa, tinha de queimar.

21h59min07seg – Hélio conseguiu abrir a porta.

- Meu herói! – brincou Geeda, falando de forma muito dengosa e abraçando Hélio por trás.

Hélio, por ser cavalheiro, abriu a porta e ficou parado esperando-a passar. Ela por sua vez, não passou de imediato, colocou-se na frente do mesmo, e o encarou por alguns minutos com seu olhar poderoso. Hélio sentiu um arrepio na alma. Incomodado perguntou:

- Que foi?
- Nada... Só estou olhando o homem que amo.
- Isso não é uma olhada... Isto é uma secada.
- Boboca... – Mais uma vez Geeda deu língua fazendo fita.

22h00min – Hélio abriu a porta ainda mais.

- E então? Vai entrar ou não?
- Que pressa... – Fingindo aborrecida.

22h00min17seg – Os dois entraram.

- Não é pressa. Você sabe que horas são?
- Não estou entendo esta sua pressa... O que você está querendo comigo?
- Eu?!

22h01min – Geeda abraçou Hélio, enlaçando-o com os dois braços pelo pescoço.

- Sim você...
- Geeda – Hélio a pegou pela cintura – Não sei se você se lembra... Foi você que me procurou e foi você que pediu para vir à minha casa.
- Eu sei disso seu bobo...
- E Então?

22h02min – Geeda abaixou a cabeça de forma melancólica, e deixou algumas lágrimas escorrerem.


- Desculpa... Você sabe como sou romântica... Por um breve momento quis acreditar que você me procurou e disse que me amava...
- É Geeda... As coisas nem sempre saem como gostaríamos...
- Comigo não!... – Geeda deu um beijo cinematográfico em Hélio – Eu não sou passiva na administração do meu tempo.
- O que você quer dizer com isso? – Hélio se desvencilhou de Geeda – Quer dizer que as coisas sempre saem como você quer?

22h02min27seg - Embora em pensamento tenha dito: Claro né Seu idiota!; Geeda abriu a boca e o que se ouviu foi:

- Meu amor... Seria muita pretensão minha né? – Mas o fato é: eu te amo!...  E quando se ama, como o amo... O universo conspira a favor...

22h 07min – Hélio foi pra cozinha e pegou um copo d’ água. Geeda sentou-se no sofá da sala.

Enquanto bebia um copo com água falou:

- Geeda... Não acha que deveria ligar pra sua mãe... Pra avisar onde está? Que não vai demorar?
- Vou fazer isso...
- Legal... Enquanto você liga vou tomar um banho rápido... Afinal, hoje fiquei o dia inteiro na rua...
- certo.

22h10min – Hélio foi rapidamente para o seu quarto, separou uma bermuda e uma camisa e dirigiu-se ao banheiro.

22h11min - Assim que ouviu o barulho da água do chuveiro, Maria Geeda encostou-se na parede que dava acesso à cozinha, e que ficava ao lado do corredor principal da casa. Em pé, ela começou a falar como se estivesse ao telefone:

- Alô?!... Mãe?... Sou eu... Sim... Sim... To bem mãe... Olha... Já estou aqui, viu?... Preocupa-se não... Beijos...

Mesmo cantarolando enquanto passava sabão no corpo, Hélio ainda conseguiu ouvir a conversa. Pra ele foi estranho ter sido tão rápida. Também não entendeu o fato da mãe de Geeda não ter protestado, de não reclamar o fato dela esta àquela hora na casa dele.

A circunstância era realmente de se estranhar... Mas Hélio não quis perguntar. Pensou que, como Geeda era muito sensível, poderia ofendê-la. Preferiu deixar para outra oportunidade.

O que ele não sabia... É que na realidade, na tarde daquele dia, Geeda disse a mãe que iria ao shopping Riomar, e que de lá iria para casa de Raíssa (sua melhor amiga e prima), onde passaria a noite, pois segundo ela, precisava espairecer, desabafar... Esta informação, somente três pessoas naquela noite Aracajuana sabiam: Dona Márcia, Geeda e Raíssa, que ficou de sobre aviso caso alguém ligasse perguntando por ela.


22h16min – Geeda ligou o som... Sintonizou algumas emissoras e parou em uma que tocava “Como eu quero” de Leoni, que àquela época estava lançando um álbum acústico com Leo Jaime. Ela amava Leoni... Era fã número um. Pra ela.... Aquela música, naquela circunstância... E pra o que ela tinha em mente, era providencial, era um presente... Então ela sorriu como o fez, quando soube que foi aprovada no vestibular da UFS para Letras Português...

Após bisbilhotar todos os cd’ s e livros que havia na estante da sala de Hélio, Geeda abriu a sacola que estava usando naquele dia, e tirou um item muito especial...

22h20min – Hélio saiu do quarto penteando o cabelo, e assim que entrou na sala derrubou o pente, tamanho foi susto que levou...


Maria Geeda Petrúcia Leal... Estava sentada de forma invertida numa cadeira com assento acolchoado, com encosto de palha que tinha pequenos furos... Por sinal, esta cadeira era o xodó da mãe de Hélio... Até aí tudo bem, o que chocou Hélio foi o fato dela estar semi-nua... Usando um chapéu de sertanejo, sem sutien, com o bico dos seios passando pela palha do encosto da mesma... E com uma minúscula saia que exibia suas coxas grossas... Pra completar, pela cruzada de perna que ela deu... Acompanhado de um sorriso bem sacana... Hélio percebeu que Geeda também estava sem calcinha...

- Geeda... Você enlouqueceu?
- Sim... Há muito tempo... Por você!

22h21min – Geeda se levantou bem devagar, e penetrando com seu olhar a alma de Hélio, que a esta altura estava com o coração quase saindo pela boca, caminhou muito, mas muito devagar, na direção do mesmo...

- Geeda...
- Não fala nada...
- Geeda... Por que esta fixação por esta fantasia de Cowgirl?
- Digamos – Deu língua de forma charmosa, ao mesmo tempo em que, com a ponta dos dois dedos indicadores, beliscou o bico dos seios, passou a língua em sentido anti-horário em torno dos lábios e mais uma vez, lançou um olhar penetrante para Hélio – Que gosto de domar quem eu amo...
- Geeda... Eu não gosto de te vir com esta fantasia de Cowgirl, você fica muito vulgar, oferecida...
- A intenção é essa... – Geeda deu uma rasteira acompanhada de um forte empurrão em Hélio, que acabou caindo no tapete da sala, que ironicamente estava escrito... “Bem vindo”... – A intenção é me oferecer a você...
- Geeda...

22h26min – O locutor da rádio anunciou que a programação estava fazendo uma homenagem a Leoni, e portanto, haveria uma hora das suas melhores canções...

Ao ouvir o anúncio, Geeda deu um sorriso quase orgástico... Tudo estava indo muito bem.

22h27min – Geeda deitou-se de frente sobre o corpo de Hélio, e permaneceu durante alguns minutos fitando-o sem fazer absolutamente nada... Quer dizer... Ela ficou se divertindo com a respiração ofegante do rapaz.

- Geeda... O que você quer de mim?
- Quero brincar...
- Brincar?
- Isso... E se você for um bom menino – Deu um beijo tipo selinho – Vai ganhar presente.
- Que porcaria de brincadeira é essa Geeda?
- Vou te fazer umas perguntas... Não pense... Só responda...
- E que tipo de presente vou ganhar?
- Pra começar uma massagem com a ponta dos meus dedos ao longo dos seus nervos capilares que só eu sei fazer...
- Hum... Parece interessante... – Hélio fez menção de se levantar, mas foi impedido pro Geeda que o segurou – Caraíba...
- Que foi meu lindo?
- Você precisa ir... Sua mãe deve estar preocupada...
- Não se preocupe... – Geeda pôs as pontas dos dedos da mão esquerda e direita, no rosto de Hélio, sendo que os dedos indicadores ficaram nas têmporas e os midinhos na ponta do queixo, e começou a fazer levíssimas pressões – Relaxe... Eu disse pra minha mãe que estava na casa de Raíssa... Ela está despreocupada... Relaxe...
- Mas você não ligou dizendo que estava aqui?
- Eu já disse boboca – Geeda debruçou-se sobre Hélio e passou a ponta da língua na orelha esquerda, dando curtos beijos... Ao mesmo tempo ela pegou a mão direita do mesmo e o fez toca-la entre os seios... – Veja como está meu coração...
- Geeda... Você é louca...
- Louca por você meu lindo...
- E Então? – Geeda ficou massageando a cabeça, a nuca... Prosseguindo até os pés de Hélio – Quer que eu pare? Que vá embora
- Não... Não quero.
- O que você quer?
- O que você quiser.
- O que eu quiser?
- Sim.
- Tudo.
- Pra sua sorte... meu amor – Deu um beijo longo que deixou Hélio sem ar – Pra sua sorte, eu só quero te fazer uma perguntinhas...
- Pergunte...
- Lembre-se: Se você for um bom menino, ganhará presentes!
- Pergunte o que quiser...
- Então ta.

22h32min – Geeda levantou-se e ficou com as pernas abertas, entre os ombros de Hélio. Do chão, Hélio contemplava a visão de ralos pelos escuros por sob a saia...

- Posso perguntar?
- Pode.
- O que você conversou com Guilherme no dia do Pré-caju?
- O quê? – Disse Hélio surpreso – Você só pode estar brincando...
- Se você não disser... Paro a brincadeira e vou embora... – Geeda começou a dançar a som da música “Fixação” que tocava... Ela rebolou muito, de forma lenta e sensual, sempre fitando os olhos de Hélio que não resistiu... – Você quer que eu vá embora?
- Não, não quero.
- O que você quer? – perguntou Geeda descendo até ficar de cócoras e subir imediatamente.
- Quero que você fique.
- Então ta... – Passou a mão no cabelo - Vai me responder?
- O que você quer saber?
- Quero saber... Geeda desceu lentamente – Tudo – Deitou-se de frente – Tudo – Beijou o pescoço – Tudo que vocês conversaram naquela noite – Deu um selinho e deixou sua orelha a poucos centímetros da boca de Hélio – Conta, tudo... Conta assim... Ao pé do meu ouvido. – Nesta altura Geeda fazia movimentos circulares e lentos ao longo do abdômen e virilha do pobre rapaz... Num ritmo lento e preciso.
  
22h39min – Hélio começou a contar o diálogo que manteve com Guilherme às 20h10min do dia 06 de fevereiro daquele mesmo ano (ver capítulo 04). Para cada detalhe contado, Geeda deu um beijo e um carinho diferenciado.

- E por fim... Guilherme disse que apesar de tudo eu poderia me sentir à vontade para visita-lo quando quisesse.

22h45min – Geeda, em pé, ficou de costas e falou praticamente sussurrando:

- Como meu amor foi um bom menino... Vai ganhar um bônus.

Ao ver Geeda de Costas Hélio, não segurando a curiosidade perguntou:

- Maria esse sinal em suas costas, é um sete?
- Não... Não é.
- Veja direito.
- Não sei... E do jeito que você me deixou... Fica difícil raciocinar – Disse Hélio ofegante.
- Bem... Minha mãe sempre disse, e quem já viu... que é o cruzeiro do sul.
- Realmente... Parece... Também... Em meio a esta via Láctea de sardas espalhadas pelo corpo só poderia né? – Brincou, mas deixou passar um leve aborrecimento.
- É impressão minha – Geeda virou de frente, ajoelhou-se e deu mais um beijo – ou meu amor ficou com ciuminho?
- Não... Não fiquei não.
- Acho que ficou sim...
- Impressão sua.
- Ficou sim – Disse de forma muito dengosa – Qual foi o problema? Não gostou quando eu disse que outros viram o “cruzeiro do sul”?
- Deixa pra lá...
- Boboca... – Geeda deu língua novamente, com seu charme peculiar, levantou-se, pôs-se novamente de costas e iniciou um strip-tease. – Se você for um bom menino, e responder mais umas perguntas, vai ganhar mais presentes.
- Mais perguntas? Mas eu te disse tudo que eu conversei com Guilherme naquela noite? E além do mais... Não estou gostando desta história de você ficar fazendo perguntas sobre seu ex... Sem falar que o cara é meu amigo... Mesmo que ele não considere mais...

22h59min – Geeda, totalmente nua, deitou-se ao lado de Hélio. Num gesto rápido, o fez rolar deixando-o com a barriga voltada pra baixo, e sentou-se sobre o bumbum do mesmo... Iniciando uma seqüência de beijos ao longo do pescoço.

­- Seu boboca... Eu não estou contigo?... É só uma brincadeira!
- Não estou gostando desta brincadeira...

23h04min – Geeda, com uma habilidade manual típica de ilusionistas de renome como David Cooperfield,  num gesto rápido, abaixou o feixe da bermuda de Hélio, e lentamente posicionou-se atrás do mesmo arrastando-a, e deixando-o apenas de cueca.

23h04min37seg – Geeda virou Hélio de frente e ficou massageando seu abdome. De joelhos, na altura da cintura, perguntou:
 
- Quer que eu pare?
- Não... – Disse Hélio ofegante.
- Então responda minhas perguntas sem pensar.
- Certo.
- Promete que será um bom menino?
- Sim.
- Fale-me sobre o acidente que matou os pais de Guilherme.
- Mas por quê?
- Quer que eu pare?
- Não. Não pare.


Por meio de uma tortura psicológica de natureza sexual, Maria Geeda obteve informações a respeito do trágico acidente que vitimou os pais de Guilherme, que  sempre recusou-se a dar detalhes. Ela soube mais sobre o único irmão do mesmo, coisas como: data de nascimento, sobre gostos esportivos, músicas que apreciava, colégio que estudava, preferências musicais e cinematográficas, etc. Ou seja, tudo que Hélio conhecia sobre a intimidade da família do amigo, já que praticamente, nunca lhe foi revelado.

23h41min – Muito excitado, ainda de cueca, Hélio puxou Geeda com força e disse:

- Não agüentou mais Geeda!...

23h41min – Geeda deu um forte empurrão em Hélio, levantou-se, e afastantado-se, recolheu-se no sofá abraçando as próprias pernas. Chorando muito, começou a falar em soluços:

- Ta vendo como você é?
- Eu? Eu o quê...
- Você estragou tudo...
- Estraguei o quê?
- Estávamos num clima gostoso...
- Sim estávamos...
- E você só pensa em sexo...
- Mas Geeda...
- Este é o meu mal...
- Mas o que eu fiz Geeda?...
- Hélio... Eu só queria brincar...
- Mas Geeda... Eu sou homem!
- E eu sou romântica!
 

23h45min – Geeda iniciou uma seqüência de choro que só cessou quando Hélio se vestiu, pôs-se de joelhos ao lado do encosto do sofá e fez carinho na mesma. Nesta posição Hélio adormeceu e Geeda fingiu que dormia, esperando o momento oportuno de agir.

23h45min07seg – A globo começou a exibir mais um capítulo da mini-série “Egraçadinha”...


02h57min – Geeda, de forma bem cuidadosa, tirou a mão de Hélio que estava sobre sua cabeça e levantou-se com muito cuidado para não acorda-lo. Dirigiu-se até a sacola verde...

Dentro daquela sacola, havia os meios necessários para ela dar fim à primeira etapa do seu plano de vingança.


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“Segundo a numerologia, o aspecto negativo do número sete, é que a pessoa regida por este número tende a se tornar séria demais e isolada. Seu temperamento pode tornar-se insensível e cairá em objetivos mesquinhos que não levarão em conta os desejos e necessidades das outras pessoas. Será repudiada por alguns e temida por outros.” – Graciela Skilton in “Numerologia: O futuro e a personalidade através dos números”

Por mera coincidência numérica... Às sete horas da manhã do dia 07 de Maio de 1977, nasceu em Aracaju-Sergipe: Maria Geeda Petrúcia Leal.... Pura coincidência... Será?

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Quer saber o que havia dentro da sacola? Quer saber por que Geeda esperou Hélio adormecer? Quer saber o porquê do interrogatório? Quer saber como os significados do número sete têm marcado a vida dela? Quer saber se a simbologia deste número tem relação com o caso do suposto suicídio? Quer saber como terminou a primeira etapa do plano de vingança de Maria Geeda Petrúcia Leal? Quer saber os próximos passos do detetive Lucas Andrei e do seu amigo Allan?... Então confira estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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