quinta-feira, 10 de março de 2011

Capítulo 10

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 


Capítulo 10 – Um dia de caça e caçador...

"A natureza dos seres humanos é a mesma, são os seus hábitos que os mantém separados."
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26 de Janeiro de 2009 – Segunda

19h21min32seg - Allan ligou para Andrei.

- Andrei!
- Fala Allan!
- Rapaz...
- Que aflição é essa rapaz? Algum problema?
- Problemasso! Sabe a arcada dentária?
- Já tem o resultado?
- Não.
- Normal rapaz... Demora mesmo, ainda mais da altura que caiu! Afinal, despedaçou-a quase por completo.
- O problema Andrei... É que todos os dentes sumiram!
- Como?! Mas eu vi o pessoal recolhendo os dentes, pedaços da mandíbula...
- Eu também vi.
- Epochê meu amigo... Então o seu "SS" ligado à comunicação e à polícia não é tão absurda.
- Alguém não quer que a verdade apareça.
- Epochê meu amigo. Epoche!
- Sem dúvida esse alguém goza de acesso na SSP...
- Uma mente perturbada acima de qualquer suspeita...
- Um lobo em pele de cordeiro.
- Epoche meu amigo. Epoche!


19h29min – Andrei, atordoado, por alguns minutos, observou em silêncio a imagem noturna do edifício “Maria Feliciana”. Enquanto mergulhou na contemplação do prédio, balbuciou várias vezes, as seguintes palavras:

 - Sumiu... Sumiu... Como sumiu?... Sumiu a arcada... – longo silêncio – Como sumiu?

19h31min – Andrei olhou novamente a montagem que fez da palavra cruzada de cinco letras implícita na marquise do prédio. Na medida em que demorou na observação, sua respiração tornou-se mais espaçada e sua testa começou a ficar muito úmida de suor...

19h33min – O dono do “Bar do Meio”, assustado com a palidez de Andrei perguntou:

- Moço, está tudo bem?

19h33min12seg – Por não ter escutado a pergunta, Andrei continuou raciocinando em voz alta:

- Sumiu... Sumiu... – Deu uma longa pausa e se engasgou com a saliva diante da descoberta que acabara de fazer. Atônito, falou alto: - Não pode ser!

19h34min – O atendente do bar ficou balançou Andrei.

- Moço, o senhor está bem?

19h34min30seg – Andrei saiu do seu estado de transe.

- Estou bem, sim. – olhou novamente a montagem que tinha feito – Não pode ser!

19h34min44Seg – Andrei guardou seu notebbok no Bornal.

- Não pode ser o quê moço? – Indagou o dono do Bar.

19h35min – Andrei pagou a conta do lanche que tinha feito com “Boquinha” e saiu correndo em direção à esquina onde os moto-taxista costumam ficar.

19h35min45seg – Andrei se aproximou de “Boquinha” que conversava com o colega “Pepeu”.

- Está livre?
- Sim Patrão... Quer ir pra onde?
- Me deixe no IML...
- Morreu algum parente?
- Não... Não.
- Quer ir por onde?
- Pelo caminho mais rápido!

19h37min – “Boquinha”  ligou moto, Andrei subiu e seguiu viagem.

Vista aérea do Centro da cidade

Primeiro desceram a Rua Geru, em seguida passaram pela praça “General Valadão”, entraram à direita da Avenida Rio Branco (Andrei olhou a situação do antigo Terminal Hidroviário com dó). Após 13 (treze) esquinas, transitou pela Avenida Augusto Maynard, e depois de mais 5 (cindo) quadras, percorreu a Rua Itabaiana (em frente à Praça Tobias Barreto), e na esquina com a Rua Duque de Caxias, enquanto desembarcou e efetuou o pagamento, Andrei se despediu do moto-taxista e ligou para Allan...

19h48min – Moto-taxista foi embora e Lucas Andrei ficou sentado na escadaria do IML.

- Allan... Estou na porta.
- O quê?
- Estou aqui... Na frente do IML!

19h49min02seg – Allan Apareceu bastante suado.

- Ainda bem que você apareceu.
- E aí?
- As coisas estão ficando cada vez mais complicadas...
- Epoche!... E esta história do sumiço da Arcada dentária? Como foi isso?
- Pois é rapaz... Quando me despedi de você lá no restaurante, eu vinha direto pra cá... Mas no meio do caminho resolvi dar uma passadinha em casa pra tomar um banho rápido... E acabei cochilando... Um cochilo longo...
- Sim.. E aí?
- Pois é... Por volta das 17h fui convocado para comparecer com urgência na COGERP (Coordenadoria Geral de Perícia)... E lá fiquei sabendo do tal sumiço... E daquela hora até a pouco quando te liguei, foi uma correria danada: ligando e convocando todos que participaram da perícia...
- E o comprovante da custódia do material?
- Isto é que é estranho...
- Tem-se a custódia do material biológico, da roupa... Mas dos dentes não.
- Mas foi recolhido... Você viu... E eu vi.

Praça Tobias Barreto

- Pois é...
- Todos foram argüidos e ninguém sabe, ninguém viu... A minha sorte... Ou azar... Foi ter almoçado contigo... Senão também estaria na berlinda... Mas de qualquer forma... É a minha equipe e fico numa situação difícil...
- Epoche, meu amigo. Epoche!
- Segundo o Coordenador do COGERP, amanhã mesmo será dado procedimento para abertura de um inquérito administrativo...
-Epoche!
- Vou precisar de você mais do que nunca meu amigo... Não é mais um caso... De certa forma, agora minha carreira e da minha equipe está em jogo.
- Epoche...
- E você? Onde estava há esta hora?
- Fui conversar com um moto-taxista que trabalhou ontem à noite...
- Ele conhecia o morto? Já o tinha visto antes?
- Nem uma coisa nem outra...

20h18min – Andrei relatou toda a conversa que teve com o moto-taxista. (ver capítulo 05, conversa de Boquinha e Andrei às 18h10min)

Sede da SSP/SE

- Seria bom se houvesse mais testemunhas...
- Epoche... Mas não se preocupe quanto a isso.
- Por quê?
- Acredito que aos poucos aparecerão.
- Por que você diz isso?
- Epoche... Não está claro que alguém não está querendo que a verdade apareça?
- Sim.
- Epoche... E esta pessoa está ligada à comunicação e à polícia?
- Sim.
- E que esta pessoa tem influência suficiente para fazer sumir uma arcada dentária inteira de um morto? Portanto: conhece os trâmites legais, conhece a rotina investigativa e principalmente, goza de livre acesso à SSP?
- Sim... Tem lógica.
- Epoche! Então... Se há mais testemunhas, e não encontramos... É porque estão com medo. Mas existem meios delas aparecerem.
- Como?
- Recompensa, por exemplo.
- Se for para resolver este caso eu colaboro com até mil reais...
- Se for preciso eu também.
- Você já sabe o significado de todos os “SS”?
- Ainda não Allan... Mas acredito que estou na trilha certa.
- Tomara que você esteja no caminho certo meu amigo... Tomara!
- Epoche! Recapitulemos... Meu primeiro questionamento foi se ele pulou, se foi acidente, ou assassinado, lembra?
- Lembro... E eu disse que achava que era um simples suicídio... Mas agora não sei mais...
- Epoche, meu amigo. Ainda não posso dizer com certeza qual das três possibilidades foi o que realmente aconteceu... Mas... Independente de qual seja, há um ponto em comum para todas:
- Que ponto em comum?
- Epoche: Se ele foi assassinado, se suicidou, se caiu por acidente... Para qualquer situação dessa, há o fator comum de que alguém não quer que o morto seja identificado, bem como as circunstâncias que o levaram a ser morto, seja qual for a circunstância...
- Concordo.

- Epoche... E digo mais! Incluiria mais umas perguntas: Por que alguém não quer que o morto seja identificado? Por que alguém tão influente se preocuparia com um suicida? Será que ele sabia algum segredo? E se ele está morto não seria motivo de alívio?
- Ao não ser que aquela sua hipótese louca de que o morto tinha deixado um recado esteja certa...
- Epoche! Os fatos dizem isso.
- E o que o morto já te disse? – Sorriu Allan.
- Não muito... Mas ele já me disse que escolheu o prédio

Maria Feliciana, entre outros motivos que ainda não sei, por que o edifício tem o nome de uma pessoa diferente, muito alta, chegando a sofrer preconceitos com isso... E o primeiro “ss” se refere aos “Waffen-SS”, (de alta hierarquia e prestígio) que era um grupo de elite nazista, que exterminou pessoas consideradas diferentes... Que foram liderados por Himmler que foi diretor da Staatspolizei ou Gestapo (a polícia Secreta alemã), ou seja, era uma pessoa detentora de muitos segredos...
- E pelo que você disse, também foi envenenado.
- Epoche! Ele também me disse, quando marcou a mão direita com o símbolo que ele tem um segredo, pois entre os presos quando algo é escrito ou tatuado na mão, significa que algo importante merece registro, que não pode ser esquecido...
- Mas será que ele tinha a ficha suja?
- Acho que não... Do contrário... Por que alguém tão influente se incomodaria com um marginalzinho?
- Será que ele também era uma pessoa influente?
- Com certeza não... Mas tão certo quanto dois mais dois são quatro, tenho pra mim que ele também era diferente... Tinha uma visão de mundo diferente...
- Andrei... Você bateu o maior papo com esse morto hein?
- Com as evidências meu amigo... Com as evidências.
- Tudo bem. – Allan sorriu novamente. – Que mais?
- Bem... Encontrei uma importante pista no 27º andar...
- Que pista? Ninguém recolheu?
- Aquela pista – Andrei sorriu – Ninguém iria recolher... Quer dizer, só uma pessoa como eu...
- Como assim?
- Na verdade... Creio que foi mais um recado do nosso morto?
- Como?
- Epoche, meu amigo... Depois da mão direita... Onde estava a tatuagem mais próxima do “ss”?
- No coração...
- Epochê... Defina coração...
- Coração é o músculo que bombeia nosso sangue... Que nos matem vivos...
- Epoche! Mas como?
- Bombeando caramba!

20h29min – Andrei ficou rindo por alguns segundos.

- Do que você está rindo Andrei?
- Você deu a resposta mas não percebeu...
- O segredo do significado do “ss” do coração está no bombeamento do sangue.
- O meu sangue não é bombeado com um “ss”!
- É sim Allan... É sim.
- Andrei... Cuidado com estas conversas que você está tendo com o morto.
- Epoche meu amigo: SS – Septo de Sabatier.
- Speto de Sabatier?
- Epoche! Septo de Sabatier... Não lembra da biologia? Trata-se de uma barreira fisíca ventricular que impossibilita a mistura de sangue venoso com o arterial, dividindo o coração em duas cavidades, direita e esquerda...
- E tem algum recado nisso?
- Epochê meu amigo. O coração garante a vida por meio de uma circulação dupla...
- Duplicidade: Comunicação e polícia...Dupla personalidade...
- Epoche... Sem falar que o coração é associado à emoção.
- E como você chegou a esta conclusão?
- O recado que o morto deixou no 27º andar...
- A tal pista...
- Epoche.
- Que pista foi essa?
- Um cartaz do anúncio da banda cover "Lágrimas Psicodélicas", oriunda da Suécia. Conhecida como Crude SS.
- Hum... Começo a entender... Lágrima está ligada à emoção que simbolicamente está ligado ao coração.
- Epoche... Talvez haja questões sentimentais neste caso...
- Será?
- Epoche, meu amigo... Epoche...

20h36min – Um senhor barbudo surgiu ofegante e com pressa.

- Senhor Allan...

20h36min04seg – Allan levantou-se.

- Que foi Sivirino?

- Estão chamando o senhor lá no COGERPE, haverá outra reunião.
- Isto é ruim, não é? – Perguntou Andrei.
- Como você diz: Epoche. Deve ter surgido alguma novidade...
- Epoche... Não deve ser boa.
- Com certeza não. – Olhou para o senhor – Já estou indo Sivirino.
- Seu Allan... Mandaram eu voltar com o senhor.
- Tudo bem...
- Allan eu vou indo.
- Você está de carro?
- Não... Pegarei um táxi...
- E o seu carro?
- Está na revisão.

20h38min – Allan tirou uma chave do bolso e entregou a Andrei.

- Tome... Vá com o meu.

20h39min – Allan entrou no COGERP.

20h40min – Andrei ligou o GM/S10 Pickap prateado de Allan, engatou marcha ré... E saiu do IML.

Vista aérea Bairro São José

Assim que saiu do estacionamento, Andrei pôs-se de frente à Rua Duque de Caxias. Ainda na primeira marcha ligou o som e sintonizou uma rádio que tocava a nona sinfonia de Beethoven... Era providencial, pois musica erudita sempre ajudava seu raciocínio. Quando começou o famoso coro daquela sinfonia, Andrei olhou pra esquerda e viu a “Segunda Igreja Batista”,significava que ele estava cruzando a Rua Dom José Tomás.

20h44min - O coro recomeçou num tom mais forte, Andrei passou a segunda marcha, e a terceira quando passou pela pizzaria Peperoni. Ao avistar a “Secretaria Estadual de Administração, o SEAD,”, ligou a seta da direita. O velocímetro indicava cinqüenta quilômetros por hora, ele não tinha pressa. O único desejo dele era decifrar os enigmas. – Apesar de estar há mais de doze horas em ação, o detetive não sentia vontade de parar.

20h46minAndrei parou na esquina da Avenida Augusto Maynard. Em seguida, observou a padaria do canto esquerdo à sua frente... Não havia ninguém, ao contrário do que acontecia diuturnamente das seis às seis.

20h48minO locutor anunciou “Clair de Lune” de Chopin. Justamente no momento em que Andrei cruzou a Rua Campo do Brito... Um pouco a frente, à direita, avistou a cúpula do instituto Parreiras Horta. Seguindo, passou pela Secretaria Estadual de Cultura e a entrada principal do Estádio Lourival Batista... – Um espetáculo de construção. Como “Clair de Lune”. – Mesmo emocionado com aquela melodia que tanto adorava, Andrei não parou de repassar mentalmente todas as suas teorias relacionadas aos “ss” e aos últimos acontecimentos...

Biblioteca Epiphâneo Dórea

20h51min – Ainda na Rua Dr. Leonardo Leite, ao passar em frente à Biblioteca Epiphâneo Dórea, o detetive foi atingindo por um veículo Corola preto, com vidros tão escuros que não deu pra enxergar o interior do mesmo. Este investiu contra Andrei sucessivas vezes tentando tira-lo da pista.

- Meu Deus... Essa agora!

Andrei, pressentindo o perigo, acelerou e entrou na Rua Celso Oliva, Rua J. Santana, Av. Beira Mar, Avenida Anízio Azevedo... – foi quando recebeu mais uma pancada no fundo que fez o carro oscilar na pista, quase levando-o a perder o controle da direção, só não o fez porque reduziu a marcha, acelerou e recolocou a marcha anterior. – O Corola se aproximava cada vez mais. Tentando despistá-lo, Andrei entrou de vez na Rua Lagarto, Rua Campo do Brito, Rua Zaqueu Brandão – Foi quando os dois ficaram emparelhados e o vidro do banco do passageiro do Corola desceu, possibilitando a  Andrei ver uma pessoa de capuz apontando uma arma... Andrei freou bruscamente, e entrou na Avenida Edézio Vieira de Melo...

21h07min - O motorista do Corola deu um “cavalo de pau” e na altura da esquina da Avenida Edézio Vieira de Melo com Avenida Hermes Fontes já tinha alcançado Andrei atingindo o GM/S10 Pickap no fundo com tamanha violência que o carro deu um giro anti-horário bem no meio das avenidas e teve um dos pneus dianteiros travados. O motorista do Corola seguiu em frente, pois viu que dois carros se aproximavam em alta velocidade e iriam atingir a S10 que Andrei dirigia em cheio...

21h09min – Andrei, com o carro posicionado de forma perpendicular à Avenida Hermes Fontes e de frente pra Avenida Edézio Vieira de Melo, sentido leste; tentou tirar o cinto de segurança  para sair correndo, pois viu que dois autos viam em alta velocidade em sua direção... Mas não conseguiu.

 

21h09min15seg – O GM/S10 Pickap que Lucas Andrei dirigia foi atingido em cheio pela porta do passageiro o que provocou capotamento: O carro deu dois giros completos até parar enviesado, de cabeça pra baixo próximo ao canteiro da Avenida Hermes Fontes. Um dos veículos atropelou uma moça que atravessava naquele instante. – O outro entrou num estabelecimento comercial no início da Avenida Edézio Vieira de Melo.



21h10min – Preso às ferragens... Andrei repetiu para si mesmo: Cinco letras... Cinco letras... Dente tem cinco letras. Den-te...

21h10min10seg – Andrei desmaiou.


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