sexta-feira, 4 de março de 2011

Capítulo 05

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 


Capítulo 05 – Mergulhando num mar de segredos

 "Mesmo a mulher mais sincera esconde algum segredo no fundo do seu coração." - Immanuel Kant
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26 de Janeiro de 2009 – Segunda

11h41min – Allan sinaliza para um garçom para trazer a conta

- Andrei... Sei que você é bom... Mas este caso é muito louco.
- Não diria isto.
- O que você acha então?
- Diria que... Sem dúvida cada “ss” aponta a razão para o pulo, o assassinato ou acidente... Indica qual foi a última mensagem do nosso morto... E principalmente: porque estou aqui.

11h57min – Allan e Andrei conversam na frente do restaurante.

- Andrei... Continuo achando que desta vez você está viajando na maionese.
- Epoche! Meu amigo! Epoche! Temos um fato: apareceu um morto no edifício “Maria Feliciana”...
- Certo.
- Ele pulou? Foi assassinado? Caiu por acidente?
- Não posso dizer...
- Por que escolheu o “Maria Feliciana”? Por que à noite? Por que, (embora você ache uma afirmação precipitada) ele pulou, provavelmente, do 12º andar? Por que “tateou” os “esses” na mão direita, no coração e nos dois pés? Por que ele escalou no cabo do pára-raios? Por que estava envenenado? Ou por que alguém o envenenaria? Sem falar em como ele conseguiu ter acesso ao teto e não ser visto? Se é que não foi visto...
- Muitas perguntas... Perguntas que talvez não tenham respostas.
- Epoche! Meu amigo. Epoche! As respostas são difíceis... Mas estão lá... Na lógica dos fatos, das escolhas do morto... E em suas “tatuagens " com esse... E eu vou descobrir!
- Ta... Tudo bem. Vou ao IML ver se há alguma novidade.

11h57min42seg – Allan estende a mão para se despedir.

No instante em que ambos estavam com as mãos estendidas para o cumprimento, um rapaz de camisa branca, usando um bornal marrom, boné, ouvindo mp3 player, esbarra no ombro esquerdo de Andrei. Imediatamente o rapaz pediu desculpas. Entretanto, ao mesmo tempo em que ouve as desculpas, Andrei segurou o rapaz pelo pulso direito, o torceu, e pôs a mão no bolso direito do mesmo que usava uma calça de moletom muito folgada e retirou uma carteira... (era a de Andrei), dando em seqüência um forte empurrão.

- Que foi moço? – Reclamou o rapaz!
- Você sabe...
- Eu não fiz nada!
- Que foi Andrei? – Pergunta Allan investindo contra o rapaz, mas desiste ao perceber o sinal de Andrei para não intervir.
- Olha rapaz... Pra sua sorte, hoje tenho muita coisa pra fazer... Pode ir embora, não vai acontecer nada contigo hoje... Hoje.

11h58min – Rapaz vai embora


- Grande Andrei... Continua rápido hein?
- Que nada... Estou um pouco enferrujado.
- Imagine se não estivesse! – Estende a mão para Andrei  e o cumprimenta. – Estou indo amigo, qualquer coisa me liga.
- Ok. Vou dar umas voltas para pensar um pouco.
- Certo. Como quiser.


11h59min – Andrei caminha...
Vista aérea do caminha percorrido por Andrei ao dar uma volta no quarteirão.



Lucas Andrei, assim que se despediu do amigo deu uma volta em torno do edifício “Estado de Sergipe”, começando pela Rua Geru com a de Itabaianinha, desceu até a praça “General Valadão” e voltou até a esquina da av. Carlos Firpo, retornando até a extremidade da entrada do edifício e parou, ficando quieto por alguns segundos até ser abordado por um moto-taxista.




12h00min04seg – Moto-taxista aborda Andrei.

- Vai querer uma moto moço?
- Por enquanto não... Mas vocês ficam aqui até que horas?
- Eu... Da minha parte... Fico até umas seis da noite.
- Tem alguém aqui que trabalha à noite?
- Tem três... São doidos... Do jeito que as coisas estão, né?
- É...
Local em que Andrei conversou com moto-taxista.
- Mas o senhor pode vir de noite que eles sempre estão aqui.
- Todos os dias?
- Sim... Só não vêm em caso de doença... Falando em doença... O Senhor soube do coitado que pulou aí do Maria Feliciana.
- Não... Quando foi isso?
- Parece que foi hoje de manhã cedinho.
- Você viu alguma coisa?
- Não. Não vi. - Disse se benzendo. – Deus me livre!
- Por que você disse isso? – Sorri.
- Não gosto destas coisas de morte.
- Epoche!... Sabe se alguém viu alguma coisa estranha?
- Que eu saiba não... Por aqui passa muita gente sabe?
- Epoche!... De fato seria difícil notar alguma coisa.
- Pois é...
- Ontem à noite seus três amigos trabalharam?
- Ontem? – Pensa um pouco e pergunta a um outro moto-taxista que empurra sua moto, desligada, em contramão pela Geru para pegar um passageiro na av. Carlos Firpo. – Mosquito!... Pepeu, Fofão e Boquinha vieram ontem?
- Ontem só veio Boquinha. – Simultaneamente respondeu o moto-taxista que empurrava sua moto e outros dois que ouviram a pergunta feita aos gritos.
- Então moço... Ontem só veio o Boquinha.
- Boquinha, né?
- Isso... Mas olha, não o chame assim não porque ele não gosta. O nome dele é Manoel.
- Certo. Ele vai trabalhar hoje?
- Sim. Ele não é de faltar.
- Então mais tarde eu venho... Obrigado amigo... Manoel né?
- Isso. Manoel.

12h02min – Andrei entra no edifício.


Andrei conversou com um moreno que estava na recepção... O mesmo perguntou para onde ele iria, ele se identificou.

- O senhor me desculpe... É que hoje isto aqui está muito movimentado.
- Natural.
- Pois é... Esperam as coisas acontecerem.
- Por que o senhor está dizendo isto?
- Eu não estou dizendo nada. Não sei de nada. Não vi nada.
- Tudo bem. Entendi.
- O Senhor vai subir?
- Por quê? Tem algum problema?
- Pro senhor não... O senhor é autoridade... Mas sabe como é... O cara se suicidou... E dizem que nestes casos o espírito da pessoa fica revivendo o sofrimento por horas.
- Não acredito nestas coisas.
- Não é preciso que o senhor acredite para que elas existam.
- Epoche! Posso subir?
- Claro... Mas se eu fosse o senhor pedia proteção mesmo não acreditando.
- Obrigado pela preocupação amigo... No momento eu preciso é de luz nas idéias.
- Bom trabalho Senhor. Que Deus o proteja!

12h05min – Andrei chega à escada do térreo e inicia degrau a degrau uma seqüência de dedução lógica.

Enquanto sobe, Andrei fala consigo mesmo, discute hipóteses do caso investigado.
 

 - Epoche! Vamos lá Lucas Andrei... Bote esta cabecinha pra funcionar! O que você sabe? Ah! Sim... Pela tradição das tatuagens, inscrições na mão direita são mensagens, registros que não podem se apagar com o tempo. Então... O ponto de partida do nosso enigma é a mão direita... Hum... Certo. Você viu também que os soldados da “ss” faziam uma pequena inscrição com símbolo “ss” na mão direita... Então não há dúvida de que este é o nosso primeiro “ss”... Mas por quê? Qual a relação? Vamos Andrei... Você vai descobrir!

12h06min – Andrei recolhe com uma pequena espátula que sempre trazia guardada na bolsa do seu notebook.

Andrei raspa uma pequena amostra do que parecia ser uma grossa camada de saliva. Se desse tempo, ainda naquele dia levaria para a Universidade Federal de Sergipe. (Claro que a perícia já tinha recolhido algumas amostras, mas Andrei tinha a mania de mesmo assim recolher alguns materiais no local dos crimes em que trabalhava.) Coloca numa bolsa fina de plástico que estava no bolso traseiro, e guarda num compartimento do bornal para o notebook.

12h07min11seg – Andrei prossegue subindo as escadas.

- Vamos aos fatos: 1 – Himmler liderou a Waffen-SS e a Gestapo (polícia secreta alemã)... Ou seja, conhecia muitos segredos. 2- Atingiu o auge do seu poder após algumas mortes que aconteceram à noite... Na conhecida “Noite das facas longas”. 3 – Era candidato a suceder Hitler como Führer da Alemanha. 4 – Tentou buscar a paz com o Reino Unido e os Estados Unidos da América. 5 – Foi decretado traidor e destituído de todos os seus títulos e cargos. 6 – Se envenenou com cianeto quando foi preso e antes de ser interrogado. 7 - Foi declarado criminoso de guerra. – Himmler perdeu a fé na vitória...

12h15min – Andrei, do 4º andar, pega um elevador e para no 27º andar.

Tabela lógica 01
 
No 27º andar, Lucas Andrei sobe a escada que dá acesso a 28º andar, senta-se no sofá de três lugares, e com seu notebook traça possíveis ligações entre “Himmler” e o “Morto do MF”.

13h21min – Andrei pega o celular.

- Allan?...

No IML Allan atende, iniciando uma conversa esclarecedora.

- Fala Andrei... Suponho que tem novidades!
- Epoche! Meu amigo! Epoche!
- Pois então me diga.
- Eu achei o caminho a seguir. Por hora, parece que o morto quis dizer que sabia um grande segredo... Pois o chefe da “ss” também era chefe da Gestapo, polícia secreta alemã... Sabia muitos segredos. Tanto Himmler quanto nosso morto tiveram uma noite em suas vidas que o destacaram... Que os fizeram ser notícia.
- Ok. Que mais?
- Bem... Algo me diz que outro ponto em comum dos dois é a traição... Himmler foi
Considerado traidor. O nosso morto ou traiu ou foi traído.
- Pra ter se suicidado deve ter sido a primeira opção.
- Epoche! Também acho.
- Que mais?
- Himmler perdeu a fé na sua vitória... Acho que o nosso morto também.
- Concordo.
- Ambos lutaram uma guerra... O nosso morto travou uma guerra psicológica pois uma das divisões “ss” a “Totenkopf” era conhecida como “Cabeça da morte” ou crânio...
- Certo... Andrei... Trocando em miúdos... O que significa tudo isso?
- Bem... Mais do que nunca não há como dizer se ele realmente cometeu suicídio.
- E?
- Epoche!... Posso afirmar pelos fatos que ele realmente estava sob forte pressão... E travou uma luta psicológica com uma pessoa muito manipuladora, que goza de respeito e admiração da sociedade, que guarda “um grande segredo” certamente uma personalidade maquiavélica que tal qual os nazista se acha melhor que os outros... e que há algum tempo vem fazendo o mal sem ser descoberta.
- Se ele descobriu tudo isto? Por que ele não denunciou ao invés de se matar?
- Ele perdeu a fé no sistema...
- Como assim?
- Ele não cria na vitória... Com certeza é uma pessoa influente, e ele seria desacreditado.
- Então é melhor a gente deixar quieto...
- Epoche! Meu amigo. Claro que não. É aí que entro...
- Como assim?
-  Nosso morto já deve ter ouvido falar sobre mim... E se deixou uma série de rastros... É porque ele acreditava que eu poderia ser capaz de mostrar ao mundo este mente diabólica que se esconde em pele de cordeiro...
- Rapaz... Se eu fosse você eu ficava quieto.
- Epoche! Meu amigo! Quieto o quê? Agora é que eu vou até o fundo mesmo!
- Andrei...
- Não adianta Allan... Eu só faço serviço completo... Não vou desistir.
- Não... Não é isso. Sei que você é cabeça dura.
- Então?
- Você já parou pra pensar que a solução pode ser mais simples que isso?
- Como assim?
- “SS” pode ser uma simples palavra.
- Como por exemplo?

13h26min – Allan começa a sorrir e fala em tom de brincadeira.

- SS – de Silvio Santos... – Dá uma grande gargalhada. Andrei permanece sério.

- Hum... Pode ser também... Pelo menos um dos “SS”.
- Não me diga que você vai levar isto a sério?
- Por que não? Silvio Santos é um comunicador, não é?
- Sim.
- E o que há no teto do edifício Maria Feliciana?
- Muitas antenas!
- Isso. Antenas para rádio-comunicação que são usadas pela polícia.
- Certo.
- Pense: E se esta pessoa “manipuladora” que procuramos  estiver relacionada com comunicação e polícia, ao mesmo tempo?

- Será?

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 Quer saber qual o significado dos outros “esses”? Quer saber como foi a conversa de Lucas Andrei com o moto-taxista que trabalhou na noite do suposto suicídio? Quer saber como foi o namoro de Maria Geeda e Hélio? Quer saber como e porque eles terminaram? E qual a relação deste evento com o morto do edifício Maria Feliciana? Que saber as novas descobertas e deduções do detetive Lucas Andrei?... Então confira estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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