quarta-feira, 16 de março de 2011

Capítulo 13

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 


Capítulo 13 – Piorando o que já estava péssimo...
Início da segunda etapa da vingança de Maria Geeda
"Coragem é resistência ao medo, domínio do medo, e não ausência do medo." -  Mark Twain
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26 de Janeiro de 2009 – Segunda

21h09min – Andrei, com o carro posicionado de forma perpendicular à Avenida Hermes Fontes e de frente pra Avenida Edézio Vieira de Melo, sentido leste; tentou tirar o cinto de segurança para sair correndo, pois viu que dois autos vinham em alta velocidade em sua direção... Mas não conseguiu.
 

21h09min15seg – O GM/S10 Pick up que Lucas Andrei dirigia foi atingido em cheio pela porta do passageiro, o que provocou capotamento: O carro deu dois giros completos até parar enviesado, de cabeça pra baixo próximo ao canteiro da Avenida Hermes Fontes. Um dos veículos atropelou uma moça que atravessava naquele instante. – O outro entrou num estabelecimento comercial no início da Avenida Edézio Vieira de Melo.




21h10min – Preso às ferragens... Andrei repetiu para si mesmo: Cinco letras... Cinco letras... Dente tem cinco letras. Den-te...

21h10min10seg – Andrei desmaiou.

21h11min – Allan olhou para o relógio e constatou que estava na reunião há pelo menos 22 minutos, e havia pouco avanço.


A sala do coordenador do COGERP era pequena. E naquele dia, àquela hora da noite, pela primeira vez ele se reunia com a alta cúpula da SSP. Além do diretor da Coordenadoria Geral de Perícias, o diretor do Instituto de Criminalística, do Instituto Médico Legal, Instituto de Pesquisas Forense e do Instituto de Identificação, também se fazia presente o Assessor de Comunicação da SSP que estava representando o secretário. E Allan, que não quis sentar, pois se sentia muito desconfortável por estar na berlinda.

21h13min – Dr. Uziel Corrêa, diretor do COGERP, virou-se para Allan e perguntou:

- Allan, - tentando permanecer calmo – Como isso foi acontecer? Como... Uma arcada dentária... Sumiu... Assim... Do nada?
- É o que pretendo descobrir.

- Acho que todos nós. – Dr. Uziel falou dirigindo-se a todos.
- Dr. Uziel... – Allan virou-se para os demais presentes – Garanto que todo o procedimento foi seguido: Haviam dois peritos oficiais, eu e Félix, e ao meu pedido, um detetive portador de nível superior e com devida habilitação técnica.
- Você está falando do Lucas Andrei, não é?
- Não é aquele famoso detetive que sempre investiga casos aparentemente solucionados? E sempre encontra culpados inimagináveis? – Perguntou o diretor do IML.
- Pois é... Eu não sei como você consegue ser amigo desse rapaz Allan... Por causa dele muito dos nossos colegas sofreram inquérito administrativo por suspeita de prevaricação, negligência ou até condescendência criminosa. – Desdenhou Dr. Uziel.
- Com todo respeito, Dr., a amizade que tenho com Lucas Andrei está acima da sua função e das conseqüências do seu trabalho... É praticamente um irmão pra mim. Além do mais... Ele é o mais competente detetive com quem já tive contato... E não falo por amizade... A história dele fala por si.
- Não foi ele que... – Ironizou o diretor da Criminalística – Andou levantando uma teoria louca de que o morto não se suicidou? De que há uma “conspiração” em torno da morte do mesmo?
- Isso é verdade, Allan? – Perguntou irritado o Dr. Uziel.
- É.
- E quando você iria me contar? – Dr. Uziel deu um soco na mesa.
- Quando ele concluísse e colhesse todas as evidências.

- Mas esse não é o seu trabalho e do Félix? – Dr. Uziel pegou no Código Procesual Penal, folheou algumas páginas e começou a ler – “ CPP, Artigo 160: Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.” – Agora vem a melhor parte, sorriu de forma irônica – “Parágrafo único: O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo se prorrogado, em casos excepcionais a requerimento dos peritos”- Dez dias... Vai dar tempo Allan?
- Espero que sim.
- Não quer aproveitar que estamos todos reunidos e pedir logo a prorrogação?

- Não Senhor... Só se realmente for necessário.
- Espero que não seja. Além do mais, não quero que a investigação siga a linha do seu amigo.
- Por que não, Senhor?
- Porque simplesmente alguém pulou do Maria Feliciana, teve uma morte triste... Violenta... Suicidou-se!

21h38min - Allan, dando um quase que imperceptível sorriso começou a falar:
 


- CPP, artigo 162, parágrafo único: “Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante”.
- Vejo que estudou diretinho Allan. – Brincou o Dr. Uziel.
- Eu não vejo nenhuma circunstância relevante.
- O sumiço da arcada, não é relevante?
- Pra mim é questão de incompetência, negligência... Ou condescendência.
- Andrei sugeriu que o morto também foi envenenado...
- Não me interessa, Allan! – Gritou o Dr. Uziel. – Enquanto você... Você! Não me aparecer com provas conclusivas, não me venha com presunções do seu amigo Lucas Andrei.
- Dr., Andrei tem apresentado fortes indícios...
- Presunção!
- Allan – novamente dando um leve sorriso – CPP, artigo 239: “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outras ou outras circunstâncias”.
- Eu não estou vendo nenhuma circunstância nesse caso que não me leve à conclusão de suicídio.(Provocou o diretor do IML.)
- Senhores... O morto tinha dois “ss” tatuados no dorso da mão direita, no coração e nos dois pés.
- Um doido! Um doido que aproveitou o clima de pré-caju para pular... Do prédio. Um doido suicida! – Argumentou o Dr. Uziel.

21h51min – Todos na sala riram, menos Allan.


- Allan, será aberto um inquérito administrativo. Você continuará no caso, por enquanto, pois  consta a assinatura de Félix na custódia das provas... Então ele, e os outros serão afastados. É brincadeira!... – dirigindo-se aos diretores – Já não basta ter menos de dez peritos para atender todo o Estado, agora vou perder dois por causa de um doido que pulou do Maria Feliciana... Pode? – Virou-se para Allan – Outra coisa, ouça menos seu amigo... Ele está pondo caraminhola demais em sua cabeça.



22h22min – Muito sério Allan, mais uma vez citou o CPP:

- CPP, artigo 180: “Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos
- Parabéns Allan – Dr. Uziel bateu palmas e foi acompanhado. – Bem que já tinham me dito que você é uma enciclopédia jurídica ambulante... Estou impressionado, parabéns... Mas só me responda uma pergunta, pode ser?
- Quantas perguntas quiser doutor.
- Obrigado... Mas no momento só me interessa uma: - Você pretende divergir de Félix?
- Se as evidências me levarem a isso... Sim.

22h26min – O telefone de Allan toca.

 - Ainda mais essa!
- Desculpa. – Allan fez menção de desligar o aparelho.
- Não... Não... Não desligue... Pode ser a tal nova evidência que você está esperando.

22h26min12seg – Allan pôs o celular no ouvido.

- A reunião está encerrada! – Dr. Uziel,  gestualmente, fez sinal para Sócrates Contento da Silva (Assessor de comunicação da SSP), que se manteve em silêncio durante todo o tempo, mas fazendo anotações, para ficar.

22h26min15seg – Allan ouve em seu fone uma voz muito calma, grossa e ameaçadora:



“Seu amigo foi silenciado... o próximo pode ser você!” – Desligaram.

- Algum problema Allan?
- Não... Posso ir?
- Pode.



22h27min – Allan, antes de fechar a porta é chamado pelo Dr. Uziel.

- Allan...
- Pois não?
- Não piore o que já está péssimo... Ok?
- oK.

22h28min – Dr. Uziel e Sócrates começaram uma conversa que prosseguiu até as duas horas da manhã, sobre instruções do que seria ou não passado à imprensa.


22h28min – Allan fechou o portão da COGERP, e enquanto caminhou para a Rua Duque de Caxias, esquina com Rua Itabaiana, local em que havia uma viatura disponível, pegou o telefone, e antes de digitar alguns números, recebeu outra ligação...

- Allan?...
- Pois não.
- Allan... Não está conhecendo a voz não?

Apesar de ter a impressão de já ter ouvido aquelas voz com leve sotaque carioca, Allan não se lembrou de imediato da identidade de quem estava do outro lado da linha.

- Allan... Sou eu... Sargento Victor.
- Victor!... Quanto tempo? Está por onde?
- Na Companhia de Trânsito.
- Fala... O que você manda?
- Allan... Você tem um GM/S10 Pick up?
- Tenho sim... O que teve?
- Ele foi roubado, ou algo parecido?
- Não. Emprestei a um amigo... O que teve?
- Seu carro está aqui na Avenida Hermes Fontes com Edézio Vieira de Melo. De cabeça para baixo... Houve um acidente.
- E o meu amigo? Está bem?
- Todos os envolvidos foram encaminhados para o Hospital João Alves.
- Valeu Victor... Você ligou na hora certa!
- Não há de quê.
- Victor... Posso te pedir um favor?
- Claro!
- Veja os procedimentos... Não posso passar por aí... Vou ver como está o meu amigo...
- Tudo bem... Tomarei as providências e depois te ligo.
- Valeu!


22h40min – Allan deu partida na viatura. Em marcha ré, dirigiu para Rua Itabaiana. Em frente às escadarias da SSP, engatou a primeira, pôs um discreto giroflex na extremidade do teto do lado do motorista, e pisou no pedal do acelerador até encosta-lo no piso do auto.

22h41min29seg – Numa arrancada brusca, queimando pneu, Allan seguiu pela Rua Itabaiana, entrou subitamente à esquerda da Avenida Barão de Maruim, passou pela praça da Bandeira, pegou a Avenida Desembargador Maynard, Tancredo Neves, fez o retorno.

 
22h44min03seg - Quando já estava em frente ao Hospital João Alves Filho, deu uma volta por trás do local e parou onde as ambulâncias normalmente estacionavam. Uma estava saindo. E outra tinha acabado de chegar.

22h44min35seg – A porta da ambulância que acabara de chegar abriu. Dois enfermeiros saíram de dentro, e numa correria entraram no hospital. Apesar da rapidez Allan visualizou uma mulher na maca. Se Andrei estava lá, deveria estar na UTI ou coisa parecida.

22h47min – Depois que a moça registrou a chegada da acidentada, Allan perguntou:

- Com licença... Boa noite.
- Boa noite.
- Moça... Chegou algum acidentado?
- A todo instante moço.
- De trânsito...
- A todo instante moço.
- De um acidente que ocorreu na Avenida Hermes Fontes.
- Um momento, por favor...

22h49min – A recepcionista pegou num caderno tipo Ata.

- Bem... Tem o Senhor Marcos Rodrigo... E o Senhor Antônio Pinto.
- Não tem nenhum Lucas Andrei?
- Não Senhor.
- Tem certeza?
- Abosoluta senhor... Se tivesse chegado algum Lucas Andrei, eu teria anotado.

22h50min – Assustado, Allan pôs a mão na cabeça, arregalou os olhos e em voz alta pensou:






- Meu Deus!... Andrei Sumiu!









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Quer saber o que fizeram com Andrei? Se o seqüestraram ou realmente “silenciaram” o famoso detetive? Quer saber as medidas que Allan tomará para encontrar o amigo? Quer saber o que Maria Geeda pretende fazer após a conclusão da primeira etapa do seu plano de vingança? Quer saber o que Guilherme vai fazer para tentar esclarecer a  morte do amigo? Quer saber porque Maria Geeda Petrúcia Leal resolveu mudar o visual e entrar numa fase gótica? Quer saber quem será a próxima vítima?... Então confira estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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