Capítulo 69

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!

Capítulo 69 – Livro dos Sumerianos... Parte 03

"O tempo é justiceiro e sempre volta a por tudo no seu devido lugar." – Voltaire
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17 de Agosto de 1942 - Segunda

09h01min48seg - Aos vinte e seis anos de idade, o novo nº 1 do sindicato, Perseu, legítimo herdeiro Patési, deixou a vergonha de lado e chorou.

09h24min37seg – O avião Teco-Teco pousou no aeroclube de Aracaju.

09h24min41seg – O Patési desceu e teve um susto ao ver que “Lugal Nordeste” o esperava num Chevrolet Coupe 1942 de cor prata.

09h25min12seg – Após o cumprimento secreto, Lugal sinalizou para os dois homens que o acompanhava que iria no banco traseiro com Patési.

09h26min13seg – O motor de seis cilindros e três velocidades do “Coupe 1942” roncou e partiu.

 

- Então?

- Mestre... Vimos uma cena muito triste: Centenas de cadáveres... Ao longo da Praia do Saco... Alguns estavam irreconhecíveis... Misturados com os restos das embarcações. Antes de voltar vi que alguns foram fotografados e enterrados em valas rasas.

- Algum sobrevivente?

- Sim... O médico disse que encontrou dois, ele prestou socorro. Um morreu e outro foi levado pelos pescadores pra Estância, no hospital Amparo de Maria.

09h29min01seg – Lugal Nordeste coçou o bigode e olhando muito desconfiado para o número 1 de Sergipe perguntou:

 

- Antes de morrer o homem falou a causa do naufrágio?

- Sim... Foi um ataque ao Baependy... E pelo rádio consegui ouvir que  “Araraquara” e “Aníbal Benévolo” também foram afundados... Foi um submarino alemão.

- Claro que foi! Pruefer avisou para Oswaldo Aranha: “... Um rompimento de relações significaria, indubitavelmente, o estado de guerra latente...”

- O que faremos?

- Primeiro: Peça ao irmão Caffery que avise a célula americana que um dos nossos foi vitimado. Segundo: Quero um irmão nas buscas da praia e outro no hospital Amparo de Maria interrogando e revistando os sobreviventes.

- E quanto a mim?

- Você não viu nenhum vestígio do nº 2?

- Não.

- E o livro?

- Também não.

09h47min02seg – Lançando um olhar carregado de raiva o Lugal bradou:

- O Dois deve ter tomado alguma medida para proteger o Livro.

- E se não deu tempo?

- Me admira você me perguntar isso... Patési!

- Desculpa Mestre.

- Ele sabia que não poderia falhar... Que se ele morresse, alguém da família seria penalizado! Tenho certeza que estava consciente... Que sabia o peso da responsabilidade!... A importância da missão.

09h52min33seg – Para mostrar profundo respeito quanto aos pensamentos do mestre, o Patési fez uma saudação:

 - Sanggiga...

- E-te-me-nan-Ki – Respondeu o Lugal.

10h10min25seg – O Chevrolet Coupe 1942 parou em frente ao “Palácio do Governo”, abriu a porta e disse:

- Procure descansar... Terei algumas reuniões ao longo do dia... Talvez viaje ao Rio... Do jeito que as coisas andam daqui pra amanhã deve haver uma reunião com todos os líderes “Sumerianos”... Fique de prontidão... De qualquer forma... Esteja na mansão às sete da manhã!

- Sim Mestre Lugal.

- Até lá.

- Sanggiga...

- E-te-me-nan-Ki.

10h13min57seg – O motorista olhou pelo retrovisor.

- Quando o destino chefe?

- Minha casa... Como o Mestre disse: preciso descansar... Tive emoções demais hoje.

- Como o Sr desejar.

10h14min02seg – O Lugal Nordeste se reuniu com o Interventor Federal.

10h15min03seg – A caminho do lar, Perseu refletiu:

“Tenho que dar um jeito de ainda hoje pegar o Livro... À noite irei.”

10h15min09seg – O jovem Patési encarou o anel que herdou do pai e pensou:

“Sua morte não foi em vão... O Senhor não falhou... Eu juro... Pai.”

UM NECESSÁRIO SALTO NO TEMPO...

 

29 de Agosto de 1950 - Terça

17h44min22seg – Avenida Ivo do Prado

Em campanha pelas eleições presidenciais de 03 de outubro daquele ano, o senador Getúlio Vargas chegou à residência da filha do amigo e também senador Augusto Maynard, onde ficou hospedado, depois de uma longa comitiva que tinha partido do campo aéreo, cuja chegada foi testemunhada por mais de sessenta mil pessoas.

20h55min33seg – Praça Fausto Cardoso

Getúlio Vargas encerrou um brilhante discurso que enalteceu a sociedade sergipana e retornou com as mais importantes lideranças da época para a residência no qual estava hospedado para desfrutar do banquete que tinha sido organizado em sua homenagem.

20h56min01seg – Enquanto aplaudiu Getúlio em uníssono com a multidão empolgada com o discurso excepcional, Perseu cutucou seu fiel amigo Alcides Manfred (pai de Adriano Kelsen) e perguntou:

- Você vai para o jantar dos Maynard?

- Não... Estou cansado.

- Também quem mandou você homenagear o senador sendo chofer?... Eu sabia que não iria agüentar... Afinal não temos mais quinze anos.

- Realmente... Eu não deveria. Mas porque a pergunta?

- Eu não vou... Viajo amanhã.

- Pra onde?

- Vou pro Rio. Terei uma audiência com o Sumo Sacerdote... Mas antes de partir gostaria de me despedir da cidade... Dar um volta... Conversar.

- Viaja com quem?

- Minha esposa e meus dois filhos.

- Então é algo de muita importância, não é?

- Sim... Muita.

- Pode me dizer?

- Não... Amigo... Pra sua segurança, não.

- Mas eu não sou seu melhor amigo Perseu?

- É... Desculpe-me, não posso dizer.

20h58min01seg – Alcides olhou o amigo desconfiado e pensou: “Será que o boato de que um irmão encontrou o Livro dos Sumerianos entre os náufragos da Praia do Saco e o escondeu é verdade?... Será que foi Perseu? Se for, descubro.”

- Perseu... Você é meu amigo... Melhor: Um irmão! Acha que vou te deixar sair de Sergipe sem uma despedida à sua altura?

- Ih... O que você pretende Alcides?... Quando você olha sim é porque não está com boas idéias.

- Há uma nova “Casa” na cidade... Com lindas pequenas... Eu te levo.

- Alcides Manfred, meu amigo... Sou um homem casado...

- Deixe de besteira homem... É uma despedida... Em nome dos velhos tempos!

20h59min10seg – Perseu abraçou Alcides e falou:

- Vamos sim... Mas não demorarei... Certo?

- Como o amigo desejar.

 

21h02min04seg – Alcides dirigiu-se a um Ford Custon 1950 de cor marrom, abriu a porta e disse:

 - O que foi Perseu? – Sorriu – Confie em mim.

- Não estou brincando Alcides... Não posso demorar.

- Entendi.

21h02min19seg – Alcides deu a partida, engatou a marcha e enquanto dirigiu fez algumas reflexões:

“Meu Deus... Será que eu tirei a sorte grande? Será que vou ter a oportunidade de deixar de ser suplente Patési?... E uma vez Patési me tornar Lugal?... Calma Alcides... Primeiro confirme... Mas seria tão bom... Tomara meu Deus.”

21h07min31seg – Batendo no ombro do amigo Perseu, sorriu e pensou:

“Meu amigo... Ainda hoje você me conta por que vai fazer essa viagem urgente com sua mulher e seus dois filhos... E se você realmente tiver o Livro dos Sumerianos... Vai me entregar... Ah! Vai sim... Por bem... Ou por mal.”

CONTINUA...