segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Capítulo 68

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!


Capítulo 68 – Livro dos Sumerianos... Parte 02  

"De certo ponto adiante não há mais retorno.
Esse é o ponto que deve ser alcançado." – Franz Kafka

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17 de Agosto de 1942 - Segunda

08h31min24seg – Preocupado com a possibilidade de ser descoberto ou molhar com pingos de suor a inestimável relíquia que fora motivo de guerras e buscas incansáveis ao longo dos séculos, o Patési correu para abrigar-se sob um coqueiro...

08h31min26seg – Conferiu a geografia.

Era um local afastado. Por sorte a notícia do náufrago ainda não tinha corrido o mundo... Apesar disso já era possível ver um ou dois ribeirinhos ao longe. Sob forte adrenalina, o Chefe local do SS mergulhou em suas memórias... Na adolescência, aos quinze anos de idade, quando tinha começado o treinamento no “Sindicato”.


Breve Flash-Back do “Patesi” –

12 de Outubro de 1931 – Segunda

19h15min27seg – Há 709 metros acima do nível do mar, no topo do morro do corcovado, no Rio de Janeiro, foi inaugurada a estátua do Cristo Redentor.

 

19h15min27seg – Há 351 metros de altitude e pouco mais de 110 Km de Aracaju, na biblioteca da “mansão hexagonal” situada numa fazenda do Sertão Sergipano, Perseu que era o legítimo herdeiro Patési, recebeu o último aviso do bibliotecário:

- Sr. Perseu... O que está lendo?

19h16min07seg – Perseu mostrou a capa, tratava-se do “Código Ur-Nammu” (leitura obrigatória para os jovens daquela sociedade secreta).
 
- Senhor... Lamento interromper tão agradável leitura, mas gostaria de lembrá-lo que tão logo amanheça terás treinamento de enigmas e criptogramas...
- Estou lembrado irmão.
- O Sr. Perseu vai precisar da mente descansada.
- Sei o quanto é importante... Dê-me dez minutos... Se passar, pode apagar a luz que saberei do que se trata e tratarei de me recolher.
- Como desejar Sr. Perseu.

19h19min52seg – O bibliotecário despediu-se e saiu.

19h27min38seg – Perseu, legítimo herdeiro Patési (amigo de infância do pai de Adriano), terminou a leitura de mais um capítulo daquela que era uma das suas obras preferidas.

19h27min41seg – Perseu levantou-se e viu uma folha de papel sobre os próprios pés...

19h27min45seg – Começou a ler e teve um susto: Era uma carta de próprio punho escrita pelo pai, datada de 01 de Março de 1923:


Hoje... Aos 73 anos de idade, faleceu o maior tradutor e jurista de todos os tempos: o esposo da Prima Augustinha, meu amigo irmão Rui Barbosa.
Fui visitá-lo em seu leito de morte porque o sindicato suspeita que o Dr. Rui tem a posse ou conhece a localização do Livro dos Sumerianos... Suspeitam até que o “Código do Advogado” foi feito sob influência do livro sagrado, e que o Dr. traduziu boa parte dele.
O fato é que depois do amigo se despedir do médico com uma frase que jamais esquecerei: “Doutor, não há mais o que fazer.” Fiquei a sós com o amigo, mas infelizmente, a paralisia bulbar só o deixou sussurrar “Salvador... Sé...” – O provável esconderijo da relíquia...
São 21 horas... Relatei o fato ao Lugal Sudeste que também está aqui em Petrópolis, mas algo me diz que ele não acreditou...
Acho que sofrerei algum “acidente” por ter falhado... E o sindicato não aceita falhas.
Perseu... Hoje você tem sete anos e não entenderia nada do que eu precisava te contar... Mas tomei providencias para que um dia essa carta chegue até você para que possa encontrar o livro e dar um jeito de sair do sindicato... Você é inteligente, sei que vai conseguir!... Faça qualquer coisa... Mas se falhar e se não houver alternativa – SAMSARA aos meus netos!
LEMBRE-SE


19h29min12seg - Perseu terminou a leitura chorando muito.

19h29min15seg – Apagaram a luz da biblioteca.

19h29min16seg – O jovem “Patési” tratou de esconder a carta no bolso da bermuda e enquanto caminhou para os seus aposentos, refletiu:

“Quem será que guardou isso por tantos anos? Papai não conseguiu terminar a carta... Por quê? – Lembrou-se de quando aos sete anos recebera a notícia de que o pai tinha sofrido um acidente, uma queda de cavalo quando voltava de uma visita que fizera a um amigo... Tudo estava ficando claro.”



19h40min50seg – Perseu enrolou-se e antes de dormir cerrou os olhos e jurou para si mesmo que atenderia ao pedido do amado pai.

Fim do Flashback

 17 de Agosto de 1942 - Segunda

08h46min11seg – O Patési começou a chorar. Estava muito emocionado por ter finalmente encontrado o livro mencionado na carta do pai... Finalmente ele poderia cumprir o juramento.

08h46min12seg – O motor do teco-teco roncou fazendo o jovem Chefe do Sindicato despertar das lembranças.

 

“Não posso ser visto com esse livro... Que faço?... Que faço?”

08h46min20seg – Observou o coqueiro no qual se protegia do sol, cravou a lâmina de um canivete na raiz, cobriu com algumas folhas e decidiu:

“Já sei!... Vou enterrar aqui... À noite eu volto para buscá-lo e arranjar outro esconderijo...”

08h49min38seg – Durante a decolagem com destino a Aracaju, o médico que acompanhava o piloto perguntou:

- Encontrou o que procurava?
- Infelizmente não.
- E demorou tanto.
- Meu chefe é muito exigente e não tolera falhas.
- Hum... Tudo bem. Nós vamos abastecer e daqui a no máximo duas horas retornamos... Quer vir conosco?
- Receio que não poderei... Tenho que fazer um relatório da minha busca o quanto antes... Como disse, meu chefe é muito exigente.
- Entendo.

08h55min07seg – Quando o avião estava há cerca de 300 metros de altura, o jovem “Patési” pensou:

“Com certeza o Lugal vai mandar fazer buscas no local e revistar vivos e mortos... Mesmo que eu diga que não encontrei nada, não vai acreditar... Hoje mesmo voltarei, e esconderei num lugar seguro... De um jeito que somente um dos meus descendentes possa encontrar... Eu juro... Pai.”

 
09h01min44seg – Ao perceber que o passageiro misterioso estava chorando o piloto sinalizou para o amigo médico e comentou:

- Não tenha vergonha de chorar rapaz... O que vimos hoje... Foi uma tragédia... Muito triste.
- De fato... Muito triste.

09h01min48seg - Aos vinte e seis anos de idade, o novo nº 1 do sindicato, Perseu, legítimo herdeiro Patési, deixou a vergonha de lado e chorou.




CONTINUA...

   

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