sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Capítulo 75

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!


Capítulo 75 – Caminhos Cruzados...  Parte 01 
Últimos capítulos da novela on-line “Menina Veneno”

"Nenhuma decisão pode ser tomada sem que se leve em conta o mundo
não apenas como ele é, mas como ele virá a ser." – Isaac Azimov

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29 de Janeiro de 2009 – Quinta

 

02h50min12seg – Rodovia José Sarney... Sergipe.

 

Há poucos metros do Farol, dois homens, um de cada lado, prenderam Lucas Andrei que estava de joelhos,  olhos vendados, amarrado e inconsciente.

 

02h50min55seg – “Dois” sinalizou para “Três” e “Sete” que daria mais um golpe.

02h51min17seg – O ombro do detetive foi segurado com força para mantê-lo de joelhos e imóvel.

02h51min21seg – “Dois” ergueu a mão direita, concentrou toda a energia corporal e deu um forte tapa no rosto de Lucas Andrei fazendo-o acordar.
  
02h51min29seg – “Dois” agachou-se, tirou uma lanterna do bolso, afastou o pano que cobria os olhos do detetive e ligou há poucos centímetros, impossibilitando-o de ver qualquer coisa ao redor.

 

- O que vocês querem de mim?
- Não acredito que uma pessoa tão famosa pela inteligência não suspeite.

02h51min31seg – Lucas Andrei deu um leve sorriso, quase imperceptível, mas suficiente para irritar “Dois” e gerar mais uma agressão.

02h51min38seg – “Dois” deu mais um tapa e bradou:

- Está achando engraçado detetive?

02h51min40seg – Silêncio...

02h51min43seg – “Dois” continuou...

- Que tal deixar a brincadeira mais interessante?... Levantem-no! -

02h51min47seg – “Três” e “Sete” o ergueram.

02h51min53seg – “Dois” tirou um canivete do bolso e esfregou a lâmina no rosto de Andrei.

- Sabe o que vou fazer com isso?

02h52mi49seg – Ao sentir a lâmina afiada passando em sua face, Lucas Andrei repetiu num sussurro praticamente inaudível:

- Acabou... Morri.

02h53min01seg – Em seguida recebeu mais um tapa que o deixou atordoado e sentindo forte ardência no rosto.

 


02h53min13seg – Um “Corolla” preto se aproximou.

02h53min15seg – O condutor acionou luz alta na direção dos quatro homens que estavam no meio do asfalto.




02h53min17seg – “Dois” olhou pra trás.

02h53min19seg – O farol do “Corolla” piscou duas vezes de forma breve.

- Cuidem do detetivezinho... Venho já.

02h53min22seg – Percebendo que a venda estava frouxa, Andrei tentou visualizar o rosto dos mal feitores, mas foi em vão. Só conseguiu enxergar um imenso clarão.





02h53min25seg – “Dois” aproximou-se do “Corolla” e ao abrir a porta traseira-direita um homem alto e magro desceu fazendo uma pergunta em tom autoritário:

 
- Ele já falou?
- Não.
- Adriano sabe o paradeiro?
- Não... Fizemos o que o Senhor mandou... Até onde ele sabe, o detetivezinho sofreu um acidente depois da perseguição e seguiu a pé em destino desconhecido.
- Ótimo... Adriano é muito esperto.

02h54min12seg – O homem enigmático puxou “Dois” pelo pescoço e falou de forma ameaçadora:

- Se Adriano suspeitar... Sus-pei-tar... Ouviu bem? Que houve essa reunião... Todos vocês serão eliminados! Entendeu?
- Sim!
- Ótimo.

02h55min15seg – O passageiro misterioso desceu do Corolla e caminhou na direção dos demais.

02h55min19seg – Lucas Andrei ergueu a cabeça pra tentar identificar o indivíduo que tinha acabado de chegar, mas foi surpreendido com mais um tapa ao pé do ouvido que o deixou quase surdo durante alguns segundos.

Enquanto ouviu um zumbido por causa da pancada que tinha acabado de receber, sentiu grande calor e tontura causada pela luz intensa no rosto. O detetive pressentiu que estava próximo da morte como nunca estivera antes... E instintivamente repetiu:

- Acabou... Morri.

 

02h59min33seg – Lucas Andrei cuspiu sangue e ao levar um chute do “Dois” na altura do estômago, teve um flash-back  mental dos últimos momentos que vivera até encontrar-se naquela situação crítica...

Lembrou-se do momento no qual se despediu de Dona Stéphanie depois de uma conversa bastante esclarecedora.

Breve flash-back, 3h14min atrás...

28 de Janeiro de 2009 – Quarta – 21h45min08seg




Diante de uma casa de cor verde clara, número 555, situada na Rua Sergipe do Bairro Siqueira Campos... Um jovem com pouco mais de 30 anos e uma Senhora de aparência muito simpática conversavam em tom de despedida:

- Lamento não ter sido de grande ajuda.
- Pelo contrário Dona Stéphanie... A Sra. não tem noção do quanto me ajudou.



21h47min01seg – Ao observar o poste que ficava em frente à residência, Andrei percebeu que a luz estava queimada e aquele trecho da Rua estava imerso na escuridão.

- Dona Stéphanie... Acho melhor a Sra. entrar... Está escuro.
- Venha mais vezes Sr. Andrei... Se precisar de alguma coisa... Qualquer coisa... Venha sempre que quiser.
- Obrigado Dona Stéphanie.

21h50min04seg – Deu um abraço em Andrei e entrou.

21h50min09seg – Lucas Andrei caminhou na direção do veículo, mas antes de sair da calçada ouviu um barulho de algo que tinha caído.

21hh50min11seg – Olhou pra trás e viu que a porta estava fechada e a luz apagada, pois cumprindo o que tinha anunciado durante a longa conversa, Dona Stéphanie tinha se recolhido para dormir.

21h50min16seg – Andrei encontrou próximo à janela da casa um velho jornal enrolado protegido por um plástico.

 

 

21h50min17seg – O detetive olhou pra janela e por um momento teve a sensação de que alguém no interior do quarto o observava.


“Impossível... Estou vendo coisa! Delirando... Dona Stéphanie foi bem clara... Guilherme, irmão de Basílio contraíra Esclerose Lateral Amiotrófica depois de um acidente que sofrera há alguns anos... Quem tem E.L.A. jamais ficaria espionando numa janela... Tampouco jogaria um jornal... Epoche... Epoche... Este caso está ficando cada vez mais complicado.”




21h54min01seg – Andrei entrou no veículo Astra cedido por Sócrates, assessor de comunicação da SSP, e ao ligar a luz interna ficou intrigado.


21h54min05seg – Tirou o jornal de dentro do saco plástico e leu a matéria principal:

“Aracaju-Sergipe - 17 de Setembro de 1998... Jovem morre em explosão no Bairro Augusto Franco!” (Ver 4h47min do capítulo 12)

21h55min12seg – Após ler a reportagem Lucas Andrei refletiu:





Hélio era filho de Dona Stéphanie e melhor amigo de Guilherme, que é o irmão mais velho de Basílio... Epoche!... Pela reportagem Hélio foi vítima de um acidente comum com bujão de gás... Muito corriqueiro... E o que isso tem a ver com o suposto suicídio?... 

21h55min18seg – Enquanto racionava o detetive dobrou o jornal com o intuito de guardá-lo e juntar às outras pistas, entretanto percebeu que junto às bordas haviam estranhas inscrições:



L.L. 19:35
L.L. 14:42

21h56min01seg – Depois de muita reflexão, Andrei refletiu:

De onde veio esse jornal?... Epoche... Quando eu penso que resolvi um problema... Aparece mais!
 


Continua...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Capítulo 74

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!


Capítulo 74 – Identidade...  Última Parte
 Lucas Andrei descobre o nome do morto

Último capítulo da temporada – 5 de 5

"A verdade é inconvertível, a malícia pode atacá-la, a ignorância pode zombar dela,
mas no fim; lá está ela." – Winston Churchill
 
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28 de Janeiro de 2009 – Quarta

09h04min02seg – Eufórico o detetive repetiu várias vezes para si mesmo:

- Como não pensei nisso antes? Como não pensei nisso antes meu Deus!


09h05min11seg – Assim que entrou no veículo que lhe fora cedido, tratou imediatamente de fazer uma ligação:

- Alô!... Lúcio?... Tá podendo falar agora?... Isso... Lucas Andrei... É faz tempo... É... Vamos marcar sim... Epoche!... Mas me diga... To precisando de um favorzinho seu... Pra ontem... Se você conseguir ficarei muito grato... É simples... Mas preciso falar contigo pessoalmente... Você vai à federação hoje?... Que horas?... Dá pra ser mais cedo não?... E na hora do almoço, você pode? Se for o caso vou até onde você estiver... Tem certeza que não precisa? Pra mim não custa nada, afinal eu sou o interessado não é verdade?... Epoche! Combinado... Às treze horas na frente do Cotinguiba... Estarei lá... Obrigado amigo. Até mais!





09h08min29 – Lucas Andrei ligou o carro, entrou na Rua Estância e enquanto dirigia pensou:

 “Uma da tarde... Bem que poderia ser mais cedo... Mas estou próximo de solucionar o mistério... Vale à pena esperar. Tenho que fazer hora... Já sei! Vou ao “João Alves” saber do médico como Allan está e depois vou tentar descansar.

09h23min01seg – O detetive chegou ao HJF.

09h23min02seg – Na frente da UTI e próximo à maca em que Allan repousava, Lucas Andrei abordou o médico com uma pergunta:

- Doutor... O estado de Allan é grave?
- Quem é Allan?
- O Perito que foi baleado... Fui eu quem o trouxe.
- Ah... Sim... Lembrei. Desculpa... Você é o famoso detetive Lucas Andrei, não é?
- Epoche.
- É que atendo milhares de pessoas e aí fica difícil memorizar o rosto e nome de todo mundo...
- Tudo bem. Mas Dr. O caso é grave?

09h24min34seg – O médico indicou um banco que estava vazio para sentarem.
 

- O paciente sofreu um pneumotórax traumático.
- É grave?
- Por sorte ele foi atendido logo, mas mesmo assim detectei que a distância entre o pulmão e a parede torácica foi maior que três centímetros e isso agravou a situação dele.
- Como assim?
- O paciente ainda apresenta forte dor torácica, tosse, respiração dificultosa e curta, agitação e aceleração dos batimentos cardíacos... Ele teve muita sorte, pois deu tempo de impedirmos o deslocamento do coração.
- Ele vai sobreviver?
- Creio que sim... Mas vai precisar de muito repouso.

09h31min45seg – Lucas Andrei se despediu do médico. Deu uma olhada no leito do amigo que no momento dormia, e saiu do hospital.

09h35min22seg – No estacionamento do HJAF o detetive decidiu retornar ao restaurante “Mister Kilo” do amigo Hugo, que no momento era a única pessoa em que ele poderia confiar.



12h50min56seg – Após o almoço e um rápido cochilo, Andrei encaminhou-se para o Contiguiba para encontrar o Presidente da Federação Sergipana de Xadrez.


13h10min03seg – Lúcio, Presidente da FESEX, cumprimentou o amigo Lucas Andrei e perguntou:
 
- Que desespero é esse rapaz? Vim o mais rápido que pude.
- Desculpa rapaz... Sei que é muito ocupado... Mas é urgente. Questão de vida e morte.
- Se é tão grave assim... Diga lá... O que manda?
- Gostaria de dar uma olhada na ficha de sócios.
- Algum nome específico?
- Epoche!
- Tenho a impressão de que a pessoa que disputou comigo a final de 2007 está envolvida num crime que estou investigando.
- Sério?!
- Epoche.
- Bom saber... Por que tomarei providências.
- Se minha suspeita se confirmar amigo, acredito que você não poderá fazer nada não.
- Por quê?
- Por que a pessoa que estou procurando... Possivelmente está morta.
- Caramba... Vamos ver logo isso!


13h39min57seg – Lúcio localizou a classificação geral do campeonato de 2007, junto à ficha havia um recorte de jornal que anunciava:


“JOVEM DE 17 ANOS VENCE FAMOSO DETETIVE
 NA FINAL DO “ABSOLUTO” DE XADREZ EDIÇÃO 2007”


- Cérbero... Muito talentoso esse rapaz.
- Epoche. Eu me lembro... Mas tinha um olhar triste... Às vezes dava a impressão que era autista... Tímido, desligado.
- Tímido, desligado ou autista... Te venceu. – Lúcio brincou.
- Epoche!... Agora me lembro... Ele me enganou... – sorriu. – Começou com a “Sempre-Viva”, mas no meio-jogo inverteu e foi para “Imortal” de Anderssen... Aí me confundiu.
- Dufresne com Kieseritzky... Um gênio... Que só poderia ser vencido por outro gênio no ano seguinte.
- Verdade... A revanche! Acredita que eu tinha esquecido?... O menino estava tão distraído, com a cabeça longe do jogo que nem conto essa vitória.
- Contando ou não você teve a sua revanche... E pelo que lembro até ficou alguns minutos conversando com ele... O que foi um milagre, por que nunca o vi trocar mais de duas palavras com ninguém.
- Epoche! Posso ver a ficha dele?
 

13h46min19seg – Lúcio sorriu e abrindo um armário cheio de pastas disse:

- Só se for agora!

13h48min55seg – Andrei recebeu a ficha de Cérbero e sorrindo falou:

- Eu sabia que não seria tão fácil.
- Que foi? – Lúcio se aproximou.
- Ih... Não tem a foto.
- Epoche... Não poderia ter caído?
- Não... Esse rapaz era muito introspectivo... Lembra que ele não quis tirar foto após a partida?
- Epoche!

13h49min04seg – Lúcio viu dois pedaços de papel sobre os pés de Andrei.

- Andrei... Acho que você deixou cair algo.

13h49min07seg – O detetive entregou a pasta do Cérbero que não continha nenhuma informação além do nome, e pegou um pedaço de algo que era claramente parte do rótulo de algum produto: Uma grande letra “G” de cor laranja; além de mais um fragmento do criptograma.
 

- Devo ter deixado cair.
- De onde? Da ficha de Cérbero? Nunca vi.
- Deve ter posto sem que ninguém percebesse.
- Não sei como... Só quem tem a chave do arquivou sou eu e o vice-presidente, e não acredito que ele tinha dado acesso a Cérbero.
- É possível que não... O fato é: de algum jeito esses papéis chegaram aqui.
- Veja: Nesse papel com símbolos tem a marca de algo.
- Epoche... Arranje-me um lápis, por favor.

13h50min25seg – Lucas Andrei pegou o lápis, rabiscou levemente sobre a marca apontada pelo amigo e teve uma grata surpresa:

- Parece uma seqüência numérica.
- Epoche! Um número de telefone.






13h50min39seg – Andrei agradeceu a ajuda de Lúcio e se despediu.

13h51min43seg – Dentro do veículo Astra que estava sob a sua posse, Andrei pegou o celular e digitou os números que surgiram no sétimo fragmento do criptograma após os rabiscos.

13h51min01seg – Clicou em “Ligar”, do outro lado ouviu-se um toque, mas não foi atendido.

13h51min09seg – Fez-se uma segunda tentativa.

13h51min21seg – Terceira...

13h51min30seg – Lucas Andrei inspirou meio impaciente e balbuciou:

“Só mais uma vez...”

13h51min35seg – A ligação foi atendida.

- Alô!... – Disse uma voz masculina.

13h51min36seg – Sem saber o que dizer o detetive permaneceu mudo.

13h51min39seg – Ligou novamente.

13h51min45seg – Atenderam.

- Alô!... Vai falar ou não vai?

13h51min48seg – Quase num susto falou com medo de cessar a comunicação:

- Cérbero me deu esse número.

13h51min58seg – A voz masculina fez uma breve pausa e em seguida disparou:
 
- Vá ao laboratório do “Guaramix” e procure Hipólito... Diga que Cérbero o mandou.
- O “G” do rótulo... Epoche! - Pensou.

13h52min01seg – Bateram o telefone.

13h52min03seg – O detetive iniciou uma nova seqüência de ligações, mas não foi atendido.





13h54min06seg – Lucas Andrei deu partida e pensou em voz alta:

“Procurar Hipólito... Dizer que Cérbero mandou. Hipólito... Cérbero... Ambos relacionados com a mitologia de Héracles. Hipólito... vem de Hipólita... Rainha das Amazonas, a oitava tarefa de Héracles... Atender o capricho da mimada filha de Euristeu que queria o cinto precioso da rainha das Amazonas... Mais uma vez a figura de uma mulher neste mistério... Époche! E Cérbero... A décima segunda e última tarefa de Héracles, ele desceu aos infernos para conhecer a verdade... Epoche... Mais um recado do morto... Que recado?... Algo me diz que ele não me trouxe aqui apenas para pegar o pedaço do criptograma e do rótulo, nem pegar o endereço da próxima parada... Algo me diz que tem algo mais... Héracles realizou doze tarefas... Doze... E ele só me chamou a atenção pra duas. A oitava e a décima segunda... Deve ter algum significado... Epoche que tem!”

14h09min42seg – O detetive tirou a chave e fez uma nova ligação.

- Alô... Gostaria de falar com Sócrates... Isso... O Assessor de Comunicação... Sim... Espero.

14h09min53seg – Sócrates atendeu:

 
 - Algum problema Andrei?
- Não Sócrates.
- Que aconteceu?
- Você falou sério quando me ofereceu ajuda sem a intervenção do Dr. Uziel?
- Sim. Em que posso ajudar?
- Gostaria que você rastreasse um número pra mim, pode ser?
- Claro... Um momento... Pode falar!



14h13min18seg – Sócrates anotou o número e usando os contatos que possuía em pouco tempo descobriu o endereço.

14h18min54seg – Impaciente o detetive aumentou o tom da voz:

- Sócrates! E aí?
- Desculpa a demora Andrei... É que não sei como te dizer.
- O que? Não conseguiu localizar o endereço?
- Antes não tivesse achado.
- Por quê?
- O número que você me passou é do “orelhão” daqui da SSP.
- O que fica na frente? Na recepção?
- Isso... Andrei, não sou nenhum gênio como você, mas deduzo que a pessoa que atendeu o número é a mesma que sumiu com a arcada dentária e com as fotos da perícia, correto?
- Epoche... Preciso desligar.

14h25min50seg – Lucas Andrei ligou o carro, mas ficou alguns minutos parado, raciocinando.

“Quando eu penso que as coisas estão clareando o danado do morto complica mais... Se ele confiou o recado na pista para alguém... E se esse alguém é a mesma pessoa que sumiu com as fotos e a arcada dentária, só pode significar uma coisa: Um agente duplo, que conhecia o morto e também trabalhava para a Sociedade que o levou à morte... Deus do céu... Mas isso ainda não explica porque ele só chamou a atenção de duas das doze tarefas de Héracles...”

14h27min01seg – O detetive ligou o veículo.

- Deixe fazer uma visita ao laboratório do “Guaramix”... Quem sabe minhas idéias esclareçam no caminho.

15h45min03seg – Depois de pesquisar na lista telefônica e procurar o endereço, Lucas Andrei chegou ao local indicado.

- Eu gostaria de falar com Hipólito. – Disse apertando o interfone.
- Quem gostaria? – Respondeu uma voz feminina.
- Diga que é um amigo de Cérbero.

15h49min28seg – O interfone tocou:
 
- Senhor? Ainda está aí?
- Epoche.
- Como?
- Sim... Moça... Pois não.
- Por favor, aguarde o Sr Hipólito disse que está indo ao seu encontro, ta?

15h50min37seg – Um rapaz de aparência cansada surgiu estendendo a mão:

- Foi o Senhor que disse ser amigo de Cérbero?
- Isso mesmo.
- Não sei se poderei ajudá-lo.
- Por que não?
- Aqui não tem nenhum funcionário que se chame Cérbero.
- Certeza?
- Absoluta.

15h51min09seg – Lucas Andrei refletiu:

- E Héracles?
- Quase.
- Quase? Como assim quase?
- Lamento... Não posso dizer.
- É uma espécie de senha?
- É possível.
- Peraí... Deixe-me pensar... A senha não seria: Héracles812?
- Correto! Uma pessoa que devo a minha vida pediu-me para só informar o nome se alguém viesse a mando de Cérbero e dissesse essa senha.
- Cara estranho não?
- Também acho, mas salvou a minha vida.
- Mesmo?
- Isso... Mas outra hora eu conto, estou no meio da produção.
- Sim... Hipólito, não é?
- Correto.
- Quem foi que lhe passou esses dados?
- Ele não está... Viajou há quase quinze dias, é o nosso Supervisor de Segurança, o nome dele é Basílio.
- Basílio?
- Isso... Basílio.
- Epoche! Basílides... – Lucas Andrei se lembrou da pista relacionada à “Basílides.” (ver 18h23min49seg capítulo 30)
- Não Senhor... Basílio.
- Desculpa... Pensei alto... O nome dele era Basílio, correto?
- Isso. Inclusive ele também mandou te entregar esta chave.

15h58min52seg – Hipólito tirou uma chave que continha a logomarca dos Correios e entregou ao detetive.

15h58min58seg – Andrei leu uma pequena inscrição na chave: “AIMAROT”

- AIMAROT...
- O Senhor sabe do que se trata?
- Ainda não.
- Sr. Andrei... Lamento, mas como disse, estou no meio da produção e preciso entrar.
- Desculpa... Só mais uma coisa: O Senhor por acaso não teria o endereço dele não?
- Não... Basílio trabalha conosco há pouco mais de sete meses, e não é que ele ainda está devendo os dados e fotos?
- Isso é comum?
- Claro que não!... Mas como disse, devo minha vida a ele, por isso relevei... Mas eu disse que assim que voltasse da viagem deveria me entregar... Ele concordou.
- Entendo.

16h05min33seg – Lucas Andrei partiu em alta velocidade à agência central dos “Correios”, localizado na Rua Laranjeiras, no bairro Centro.

16h48min01seg – A moça do balcão de informações solucionou uma parte do mistério: Aquela chave pertencia a uma caixa postal, entretanto só poderia ser aberta com uma senha numérica.

16h52min29seg – O detetive encarou o teclado que havia ao lado da caixa postal e digitou 812, mas não funcionou.

16h52min41seg – Desanimado por ainda não ter decodificado a sigla “AIMAROT” pensou em ligar para Sócrates e fazer outra consulta, mas não precisou pois ao lembrar da exposição que visitara logo cedo no Memorial do Tribunal de Justiça de Sergipe teve um insight:

Teclou: 1-5-0-8-1-9-4-2... Correspondente a data em que o submarino U-507 atacou navios no litoral sergipano. (Ver capítulo 67)

16h52min48seg – Lucas Andrei introduziu a chave que tinha recebido há algumas horas numa gaveta metálica indicado pela funcionária e abriu.

- Epoche!



16h53min00seg – O detetive extraiu dois objetos enigmáticos:

Uma foto antiga do Presidente Getúlio Vargas que tinha a inscrição: 812

Um pequeno exemplar, do tipo de bolso, do Novo Testamento.

16h55min02seg – Exausto Andrei sentou-se no chão, mas foi interrompido pela funcionária que o acompanhava.

- Senhor... Vamos fechar.
- Tudo bem.

16h56min15seg – Desanimado, voltou para o carro.





16h56min19seg – Ligou o rádio e sintonizou uma emissora de repertório exclusivo de música clássica, e ao ouvir “Bachianas nº 5” de Villa Lobos, encarou a foto de Getúlio e o “Novo Testamento”, concluiu:


- Vejamos... Basílio deu o nome... Mas não mostrou o rosto nem deu o endereço... Só me deu a certeza que me conhecia... Que disputamos um campeonato de xadrez... E ele me venceu... Mas porque não consigo me lembrar do rosto dele meu Deus?...

17h00min01seg – Influenciado pela emoção que sempre sentia ao ouvir as Bachianas, o detetive folheou o índice dos livros que compunham o “Novo Testamento” e aos prantos começou a pensar em voz alta:

- Epoche! Epoche! Como não pensei nisso antes? O morto quer dizer que realmente ele me escolheu e o porquê... Indicou-me que Basílio e Lucas estavam juntos em 2007, no torneio Absoluto. Chamou minha atenção para o número 8 e o número 12... Epoche! Lucas... Capítulo 8, Versículo oito ao doze.

17h03min44seg – Com os olhos lacrimejando devido à certeza que todo o estresse estava chegando ao fim, Lucas Andrei leu as palavras sagradas, que tinha alguns trechos sublinhados à lápis:

 
“8 – E outra caiu em boa terra, e, nascida, produziu fruto, a cento por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 9E os seus discípulos o interrogaram dizendo: Que parábola é esta? 10 – E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam. 11 – Esta é, pois a parábola: A semente é a palavra de Deus. 12 – E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a palavra, para que não se salvem crendo; ”

17h08min22seg – Lucas Andrei encarou a foto de Getúlio Vargas e sorriu:

- Epoche! Basílio + Getúlio Vargas... Só pode ser um endereço: Avenida Basílio Rocha no Bairro Getúlio Vargas... Epoche! E como ele me trouxe à Rua Laranjeiras por causa dos Correios, só pode ser na esquina com Laranjeiras... Epoche! Próximo destino!

17h20min11seg – Ao chegar no local o detetive fez uma busca minuciosa por pistas e encontrou um bloco oco na calçada da referida esquina, dentro havia um pequeno caixote de formato hexagonal idêntico ao que encontrara colado junto à estátua do Senador Sergipano Olímpio Campos. (Ver 04h23min19seg do Capítulo 71)


17h21min56seg – Lucas Andrei abriu o caixote e deparou-se com mais uma pista misteriosa:
 
 O Mapa de Sergipe em cor anil e com o número 555 inscrito no centro.

18h07min02seg – Depois de muitas deduções o detetive concluiu:

- Epoche! A Avenida Basílio Rocha intercepta a Rua Sergipe... 555 só pode ser um número residencial.

18h39min12seg – Lucas Andrei estacionou o veículo Astra de cor prata em frente à residência de número 555 na Rua Sergipe, no bairro Siqueira Campos, e começou a rir ao perceber que descobrira mais um SS – Sergipe – Siqueira.



- Epoche! Deu trabalho... Mas acho que localizei o seu esconderijo.

18h40min08seg – O detetive bateu palmas.

18h40min21seg – Ouvia uma voz de mulher:

- Já vai! Já vai!

18h40min25seg – A porta se abriu e Andrei visualizou uma senhora de aparência bondosa e simpática.

- Boa noite... Em que posso ajudar?

18h40min27seg – Andrei estendeu a mão e cumprimentando falou:

- O Senhor Basílio mora aqui?
- Não moço...
- Poxa... Que pena.

18h40min29seg – Decepcionado o detetive deu meia volta e fez menção de ir embora, mas foi interrompido pela senhora que perguntou:






- Qual o nome do Senhor?
- Lucas Andrei.
- Moço... Aqui não mora nenhum Basílio, mas mora o irmão dele... Mas receio que ele não poderá ajudar.
- Por que não?
- É uma longa história moço.
- Dona... Eu adoro ouvir histórias... E tenho algum tempo.
- Então vamos entrando...
- Qual o nome da senhora mesmo?
- Stéphanie.





FIM DA TERCEIRA TEMPORADA DA SUA NOVELA ON-LINE “MENINA VENENO”