quarta-feira, 27 de julho de 2011

Capítulo 60

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!








Capítulo 60 – Acerto de Contas... Parte 03

"No passado está a história do futuro." – Juan Donoso Cortés---------------------------------------------------------------------------


07 de Novembro de 1998 – Sábado

21h54min03seg – Dois e Adriano entram no túnel principal que dava acesso ao 7QHX - Sétimo Quadrante Hexagonal. Oito e Nove os esperava.

21h54min04seg – Adriano olhou para Dois e perguntou:

- Tem mais alguma coisa que você quer me falar?
- Por hora não Chefe... O amiguinho da mocinha está em casa desacordado, Três já devolveu o carro... Foi discreto... Não o viram... A mãe da mocinha está de plantão e o primo dela está dormindo em frente à TV... Pra todos os efeitos ela está na festa à fantasia...
- Bom.
- Posso ser útil em mais alguma coisa Chefe?

21h55min11seg – Adriano parou por um breve momento e disse:

- Almeida...
- Chefe... Não é contra a regra chamar um subordinado pelo nome?
- Sim... Mas além de subordinado você é meu amigo, não é Dois?... Digo... Almeida...
- Sim... Senhor... Mas...
- Almeida... Relaxe... Só estamos nós dois... E te chamei pelo nome somente para que lhe fique bem claro: Quando cumprirmos nossa missão... E o meu plano se concretizar por completo... O céu será o limite!... E se você continuar sendo leal... Me acompanhará.
- Sempre poderá contar comigo Chefe!


21h56min29seg – Adriano deu um sorriso nostálgico... E retomou a caminhada em direção ao 7QHx. A frase do Dois lhe trouxera lembranças antigas... Do dia em que teve a última conversa com o antecessor Patési: Seu pai.

09 de Maio de 1995 - Terça

Lembranças de Adriano...

05h05min10seg – Na mansão do “Sindicato”... Diante do jardim de pilares hexagonais, Adriano teve a última conversa com o Pai. (Ver Capítulo 54)


05h27min31seg – Após o pronunciamento das 12 regras, os três homens se recolheram e novamente Adriano e o pai ficaram sozinhos no jardim hexagonal.

- E agora?
- Quero que você me faça uma promessa... Quero que me prometa uma coisa... Por mim... Pelo sindicato.
- Qual é a promessa?
- Quero que me prometa que vai recuperar o “Livro dos Sumerianos”?
- O senhor está falando do lendário “Livro dos Sumerianos”?
- Sim.
- Ainda existe?
- Sim... E eu sei o paradeiro.

05h27min31seg – Empolgado com o desafio que o destino lhe guardava, Adriano levantou, segurou as duas mãos do velho “Patési” e encarando-o disse:

- Não se preocupe pai... Por mim... Pelo senhor... Pelo sindicato... Por nossa honra... Vou cumprir a promessa!
- Faça o que for preciso meu filho... Mesmo que custe a sua vida ou dos seus homens... Mesmo que seja necessário quebrar um acordo que fiz com um velho amigo... Há muito... Muito tempo.
- Que acordo?

05h28min17seg – O velho “Patési” lançou um olhar para o Homem que se encontrava ao lado direito. Este tirou do bolso uma caixa de madeira que continha peças para jogar Xadrez.

05h28min19seg – O homem começou a arrumar as peças que estavam inscritas no banco em que estavam sentados.

- O Senhor ainda lembra? – Perguntou Adriano emocionado.
- Claro... Meu garoto prodígio mostrou interesse pelo xadrez logo cedo.
- Faz anos...
- Realmente.

05h28min21seg – O auxiliar aprontou as peças e se afastou.

05h29min23seg – O velho “Patési” sinalizou para que os três auxiliares se afastassem o máximo possível... Ele queria privacidade total para poder revelar ao filho um segredo que guardou por décadas, e que não poderia acompanhá-lo ao túmulo.

- O Senhor Começa.
- Não... Hoje é a sua vez.

05h29min27seg – Adriano pegou um peão e fez a primeira jogada: Peão Branco-Rei casa quatro, que foi prontamente respondida com Peão Preto-Rei casa cinco.
 
- Filho... Olhe pra mim.
- Pode falar.
- O que vou te dizer... Nem mesmo o “Sindicato” sabe.
- Por quê?
- Adriano... Mesmo sendo um “Patési”... Qualquer “irmão” nos mataria para conhecer esse segredo... Eu o guardei por que esperei o dia em que você estivesse pronto para abrilhantar o meu nome... A minha memória... E te dar meios de ser o primeiro “Patési” a se tornar “Lugal”... Ou por que não?... Sumo Sacerdote.
- É... A situação do meu velho pai está mais grave do que eu pensava...
- Não seja irônico! Não estou senil! Ouça bem...

05h29min35seg – O idoso “Patési” olhou para os lados para ver se tinham privacidade suficiente para falar.

- Tinha quase a sua idade... Nove anos mais velho. Eu era suplente “Patési”... De status “Dois”...
- Sei disso pai... Consta nos velhos relatórios... Ele se matou... E como não tinha herdeiros, o senhor assumiu o posto de nº 1... E eu... E toda nossa geração será suplente até o fim dos tempos se um de nós não for promovido à outra condição...
- Pior... Se... Por um acaso... Aparecer algum herdeiro do “Patési” original voltaremos ao posto anterior.
- Mas isso não é possível... Após cinco anos de buscas... Não acharam nada... Além do mais, aquele “Patési” abdicou de todas as honras da nossa organização e deixou por escrito que não tinha herdeiros...
- Foi... Isso mesmo... Era parte do acordo.

05h33min40seg – O ancião prosseguiu com o Xadrez: Cf3, Cf6, d4, exd4, Cxd4.
 
- É a segunda vez que o Senhor usou essa palavra... Que acordo foi esse?
- Adriano... Lembre-se: Guarde o segredo que vou te contar... Proteja-o como um guerreiro que protege o coração da lança... Se você seguir meus conselhos, seu destino será se tornar um “Lugal” e depois “Supremo Sacerdote”.
- Pode confiar meu pai... Honrarei seu nome.
- Nunca... Nunca confie esse segredo a ninguém... Ninguém... Fui claro?
- Entendi.
- E quando digo a ninguém... Estou me referindo a todos os seus auxiliares, inclusive o mais próximo... Tudo que estiver relacionado a esse plano e a esse “acordo”, deverá ser feito única e exclusivamente por você... Compreendeu?
- Sim.
- Como te disse... Será duro.
- Não tenho medo... E serei digno da missão.
- Não tenho dúvida...
 
05h38min01sg – O pai de Adriano conferiu mais uma vez se estavam isolados dos demais e começou a falar:
 

- Filho... O “Patési” original era um amigo de infância... Nossos pais foram os fundadores da Secção Sergipe da nossa “organização”... Há alguns anos atrás, depois de concluirmos uma tarefa encomendada pelo “Supremo Sacerdote” fomos comemorar numa festinha particular regada a Whisky e garotas... Num dado momento, completamente bêbedo... O nº 1 me revelou que tinha encontrado o “Livro dos Sumerianos”...
- O Senhor chegou a vê-lo?
- Não.
- Ele ao menos disse aonde estava?
- Não... Ele disse que estava farto da vida de “Patési” e que não queria que seus filhos seguissem tal destino. Queria afastá-los completamente... E usaria a revelação do paradeiro do “Livro dos Sumerianos” como barganha para sair ileso e garantir a proteção da família...
- Mas... Não morreram num acidente? E depois ele se matou?
- Adriano... Ele se matou porque fui visitá-lo no hospital e contei que ninguém tinha sobrevivido... Depois que ele começou a chorar e a repetir que queria morrer... Tirei do bolso uma pílula de cianeto e ofereci...
- Começo a entender... O Senhor certamente provocou o acidente?
- Correto... E na realidade somente a esposa morreu, os filhos sobreviveram.
- E porque o Senhor não os matou?
- Por causa do acordo... E da Roda de Samsara.
- Na mesma noite em que ele me revelou ter a posse do “Livro dos Sumerianos” fizemos um acordo, quando ele renunciasse, escreveria uma carta de próprio punho sugerindo que eu e meus descendentes fôssemos teu substituto direto. Em troca eu queimaria os dados de todos os descendentes dele... Ele queria se afastar totalmente do “Sindicato”... Ocultando os seus herdeiros... Eu garantiria nossa permanência como nº 1.
- Mas o Senhor não quis arriscar que ele voltasse atrás e providenciou o “acidente” com a esposa e os filhos dele...
- Isso.

05h38min01seg – Adriano tomou posse do Bispo e pôs na casa d2.
 
- Só não estou entendendo esta história da “Roda de Samsara”... E por que, se o Senhor sabe a identidade e o endereço dos herdeiros do “Patési” original, por que ainda não os matou?
- Na noite em que me foi revelada a existência do “Livro dos Sumerianos” perguntei ao meu querido amigo aonde estava e ele, caindo de bêbedo, fez um sinal apontando pra cabeça... E me disse que sempre carregava o segredo com ele.
- O Senhor estava presente quando ele tomou a pílula de Cianeto?
- Sim... Ele escreveu de próprio punho a recomendação para que eu e meus descendentes assumíssemos o seu posto e tomou a pílula... Em poucos segundos ele já estava morto...
- E então? O Senhor o revistou? Descobriu o segredo?
- Sim e não.
- Sim e não?

05h43min51seg – O velho Patési pegou um bispo, pôs na casa a5 e anunciou um xeque.

- Ele não disse que sempre carregava o segredo com ele? Mentiu? – Indagou Adriano.
- Em parte... Depois de revistar todo o local e o corpo... Não vi nada.
- Mas isso ainda não explica por que o Senhor não matou os filhos dele.
- O fato é... Adriano... Meu herdeiro... Depois de muito pensar encontrei a chave do enigma: Meu amigo sempre apontava pra cabeça quando eu perguntava o local em que estava guardado o livro, por isso, ainda no hospital observei atentamente o crânio dele e vi uma tatuagem... A Roda de Samsara.
- E daí?
- Meu filho... A “Roda de Samsara” tem muitos significados: Nas tradições filosóficas da Índia, Hinduísmo, Budismo e Jainismo está relacionado ao ciclo da morte e renascimento... Para linha “Vendantista” a transmigração da alma, ou “Samsara” pode ser feito do passado para o presente ou futuro... O Ciclo pode se deslocar para qualquer posição na espiral do tempo... Mas o principal significado é que graças a “Roda de Samsara” a consciência morre para despertar em seguida em momentos de atenção, compreensão e lucidez.
- Já ouvi falar... Mas o que significa precisamente em relação a esse caso?
- Significa que seguindo a arte dos Sumerianos e os preceitos da “Roda de Samsara” ele deu um jeito para contar um segredo usando a própria morte como ponto de partida... Como instrumento de comunicação...
- Começo a entender... O Senhor acredita que ele deve ter espalhado alguns sinais para se comunicar com um dos filhos, mesmo depois de morto e fazer a tal revelação?
- Isso... O no momento certo, quando um dos seus filhos estiverem com a devida atenção, compreensão e lucidez serão capazes de ler os sinais que ele deixou. É um código familiar, com certeza ele ensinou, mesmo que indiretamente, para um dos filhos... Precisamos descobrir qual... E como?
- Entendo... Apesar de não querer mais vínculo com o Sindicato... Ele quis assegurar que o “Livro dos Sumerianos” não caísse em mãos erradas.
- Isso meu filho... Vejo que você será um “Patési” melhor que eu...
- Foi por isso que o Senhor antecipou o “Zigurate”?
- Sim... Um dos netos do meu querido amigo Perseu... Está atingindo a maioridade, e deve ter acumulado conhecimento suficiente para enxergar os sinais deixados pelo avô... Aposto minhas fichas no mais novo. Já temos uma pessoa infiltrada... Mas quero que você assuma esta missão, descubra o segredo, tome posse do “Livro dos Sumerianos” e exija a sua promoção a “Lugal”.
- Será feito!
- Não falhe Adriano... A nossa honra depende disso!

06h02min13seg -  Adriano pegou uma torre, moveu para posição d8 e dando um xeque-mate falou:

- Eu só entro num jogo pra ganhar.


Fim das lembranças de Adriano...

07 de Novembro de 1998 – Sábado

22h31min49seg – Dois e Adriano chegaram ao 7QHx.

 

22h31min50seg – Nove entregou uma pasta para Adriano e disse:

- O relatório Chefe... Também a ficha completa da mocinha...

22h31min52seg – Adriano entregou ao Dois. Conferiu se Maria Geeda estava bem amarrada na cadeira de rodas... Pulso, braços, pernas... Tudo estava bem seguro. As agulhas da seringa estavam bem posicionadas, qualquer gesto de Geeda causaria uma penetração... Os eletrodos estavam devidamente mergulhados na bacia com água e próximos aos pés.

22h31min57seg – Adriano posicionou-se atrás de um grande painel que ligaria um circuito e acordaria Maria Geeda Petrúcia Leal com um grande choque elétrico.

22h31min59seg – O jovem enxadrista fez menção de ligar o painel mas parou repentinamente e disse:
 
- Deixe-me a sós!
- Como Chefe? – Perguntou o Dois, acompanhado do olhar de estranhamento do Nove e Oito.
- Meu assunto com essa mocinha é pessoal... E nosso assunto é particular.
- Mas chefe... Isso nunca aconteceu...
- O resultado do meu plano também não... Os fins justificam os meios!
- Claro Chefe... – Ponderou Dois que sinalizou para os outros também saírem.

22h32min15seg – Dois, Nove e Oito saíram e lacraram a sala de interrogatórios. Ninguém teria acesso nas próximos horas, pois só poderia ser aberta por dentro.

22h33min19seg – Adriano Kelsen ligou o painel e regulou a voltagem para o ponto máximo.

22h33min20seg – Apertou o botão.

22h33min21seg – Uma forte carga elétrica percorreu os fios que seguiam para a bacia logo abaixo dos pés de Geeda, ligando-se aos Dedões...

22h33min22seg – Maria Geeda Petrúcia Leal acordou sentindo algo que nunca sentira na vida, seus músculos se contraindo violentamente diante dos sucessivos choques que estava recebendo.

22h33min23seg – Desesperada Maria Geeda começou a gritar e a se mexer, mas por estar muito bem amarrada não conseguiu.

- Aaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
- Pode gritar à vontade meu amor... Estamos a sessenta metros abaixo do solo. E ninguém vai te ouvir...

22h33min29seg – Adriano apertou o botão e mais uma vez Geeda gritou.

- Aaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
- Você não usou e abusou de mim na canoa?
- Aaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! – Nova descarga
- Agora é a minha vez...



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