terça-feira, 19 de julho de 2011

Capítulo 54

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!





Capítulo 54 – Código e Promessa... Parte 02
 "Controle o seu destino ou alguém o controlará." – Jack Welch


09 de Maio de 1995 - Terça

Lembranças de Adriano...

05h05min10seg – Na mansão do “Sindicato”... Diante do jardim de pilares hexagonais, Adriano teve a última conversa com o Pai.

Sentado numa cadeira de rodas posicionada ao lado de um banco de concreto com um tabuleiro de xadrez gravado, exatamente como na réplica menor daquele jardim em Aracaju, o pai de Adriano contemplou o crepúsculo... Ele sabia que era a última vez que faria isso.

 

05h05min13seg – Adriano, visivelmente cansado, aproximou-se do Pai, um dos mais velhos e respeitados “Patési” do sindicato, fez o cumprimento secreto e indagou:

- O Senhor me chamou?
- Sim.
- Aonde você estava?
- Em Brasília.
- Fazendo?
- Dando aula de “Leitura facial”... Mas o Senhor certamente já sabe...
- Claro que sei...
- Meu velho pai não perdeu a mania de joguinhos psicológicos...
- Graças a eles você é o Adriano Kelsen.
- Sem dúvida... Mas vamos ao que interessa... Por que o Senhor me chamou?
- Estou morrendo... É terminal.
- Não precisava dizer... É visível.
- Vejo que está mais lógico e objetivo do que nunca.
- Graças ao meu querido “Velho Patési”.


05h09min29seg – O pai de Adriano, num gesto autoritário que lhe era peculiar, ergueu a mão perfurada com a agulha que conduzia o soro fisiológico suspenso numa haste acoplada à cadeira de rodas e chamou o filho para ficar mais próximo.

05h09min35seg – Adriano deu um passo a frente, e seguindo a ordem gestual do pai, sentou-se num banco de concreto.

05h09min39seg – O pai de Adriano tirou o anel hexagonal de prata e entregou ao filho, pondo-o na palma da mão.

- Não entendi... O Senhor disse que eu mudaria de posto daqui a cinco anos... E que seria suplente... Por que está me entregando o anel “Patési”?


- Eu menti... Melhor “omiti” informações... Era necessário.
- E?
- Na cerimônia desse ano, não haverá suplência... Você, meu filho, assumirá o posto de Patési e nossa linhagem não será mais suplente.
- Por quê?
- O meu antecessor, não deixou herdeiros... E conforme a lei que você bem conhece, com a minha morte... Você fará a “substituição”.
- Entendo... Mas por que está me entregando agora? A cerimônia do novo “Patési” não seria daqui a cinco anos?

05h12min12seg – O pai de Adriano girou a cadeira de rodas na direção do sol, e dando um longo suspiro falou:

- Chegou a minha hora... Sinto meu corpo morrendo.
- Então o Senhor já providenciou a substituição?
- Sim... Mas o Zigurate acontecerá apenas com meu corpo... Vou iniciar o procedimento dois do Zigurate assim que terminarmos nossa conversa (ver 03h10min35seg – capítulo 53)... E antes que você pergunte o porquê, só posso adiantar que as respostas lhe seguirão... Essa carcaça (olhou o próprio corpo) pode atrapalhar o andamento do ritual... E sua missão é de extrema importância para sofrer qualquer interferência... Mesmo que seja minha.
- Missão?... Como assim?
- Filho... Como te disse... As respostas chegarão até você... Por hora, só interessa que saibas: O “Zigurate” será iniciado amanhã às 17h30min12seg.
- Mas por que amanhã?
- Verbrennt mich!
- Hum... 10 de Maio de 1933 e 1940?
 
05h18min30seg – O pai de Adriano encarou-o orgulhoso e disse:

- Você é meu filho... E está mais preparado do que nunca!
- Mais alguma coisa?
- Como você sabe, não posso te dar as instruções se você não repetir diante de mim e testemunhas os 12 mandamentos.
- Claro.

05h18min45seg – O velho “Patési”, com o mesmo gesto manual que tinha feito para o filho se aproximar, solicitou a presença de três homens que trajavam uma toga de cor anil.

05h18min49seg – Os três homens tomaram posição. Um ficou ao lado direito do velho “Patési” e outro à esquerda. O terceiro, logo atrás de Adriano que ao sentir a mão do pai e das testemunhas sobre a cabeça virou-se para a direção do nascimento do sol e declamou as 12 regras daquela sociedade Secreta:

- Regra nº 1: Amai o criador acima de todas as coisas! – Conforme falava, Adriano dava uma pausa aguardando a repetição de todos.

- Regra nº 2: Video Et Taceo – Veja, conheça, obedeça, mas nunca diga nada!

- Regra nº 3: Avwvmía – Trabalhe pela Supremacia da consciência e anonimato dos artífices.

- Regra nº 4: Dedicatione – Dedica vossa vida inteira à busca do TT e LS, pois é mais importante que a própria vida!

- Regra nº 5: Patientia – Sede paciente, enérgico, preciso, silencioso e perfeito!

- Regra nº 6: Protectione – Guardai-vos dos impostores, dos charlatões e dos ignorantes.

- Regra nº 7: Veritate – Vivei em adoração constante à Suprema Verdade.

- Regra nº 8: Germanitate – Sede justo, fiel e caritativo para com todos os irmãos!

- Regra nº 9: Conoscenza – Estudai toda fonte de conhecimento.

- Regra nº 10: Significatione – Esforçai-vos para compreender o seu oculto significado.

- Regra nº 11: Theioapxía – Sempre agir de acordo com a nobre consciência.

- Regra nº 12: Geheimnis – Sob nenhuma circunstância compartilhe o conhecimento com os ignorantes... Seria uma coisa temerosa, que desequilibraria o todo universo.

 

05h27min31seg – Após o pronunciamento das 12 regras, os três homens se recolheram e novamente Adriano e o pai ficaram sozinhos no jardim hexagonal.

- E agora?
- Quero que você me faça uma promessa... Quero que me prometa uma coisa... Por mim... Pelo sindicato.
- Qual é a promessa?
- Quero que me prometa que vai recuperar o “Livro dos Sumerianos”.
- O senhor está falando do lendário “Livro dos Sumerianos”?
- Sim.
- Ainda existe?
- Sim... E eu sei o paradeiro.

05h27min31seg – Agachado diante do velho “Patési”, muito surpreso, Adriano perguntou:

- E por que eu?
- Por que é o meu segredo... Nem mesmo o “Sindicato” sabe... E quero que você o recupere... Se fizer isso você realizará meu sonho: estará apto a se tornar “Lugal” e futuramente o SS – Supremo Sacerdote.
- Hum... Interessante.
- Quero que você realize meu sonho de ascensão... E quero que me prometa que vai cumprir o que não consegui... Prometa que vai recupera o livro!
- Meu filho... Nunca confie esse segredo a ninguém... Faça o que fizer, faça sozinho... Sem nenhum auxiliar... Será duro...
- Não tenho medo... – dando um leve sorriso Adriano pensa em voz alta – Isso me faz lembrar de uma frase que ouvi do mestre.
- Que frase?
- Certa vez ele me disse que um “Patési” nunca deve ter medo, pois tudo que me foi ensinado seria usado um dia”...
- Ele estava certo.
- Sanggiga... – Disse Adriano reverenciando o pai.
- Nibiru Kiengi... – Respondeu o velho Patési, oferecendo as mãos para Adriano segurar.




05h27min31seg – Empolgado com o desafio que o destino lhe guardava, Adriano segurou as duas mãos do velho “Patési” e encarando-o disse:

- Não se preocupe pai... Por mim... Pelo senhor... Pelo sindicato... Por nossa honra... Vou cumprir a promessa!
- Faça o que for preciso meu filho... Mesmo que custe a sua vida ou dos seus homens... Mesmo que seja necessário quebrar o acordo...
- Que acordo?

05h23min04seg – Cada Lugal retomou a posição devida e fez o mesmo gesto do Sumo Sacerdote.


05h23min06seg – Assim que o último Lugal terminou a reverência ao mural, um serviçal aproximou-se de Adriano com uma réplica do lendário “Livro dos Sumerianos”.
 

05h23min07seg – Adriano pôs a mão sobre aquele símbolo que representava um sinal de respeito aos antepassados.

05h23mmin09seg - Fez-se um completo silêncio.

05h23min45seg – Adriano iniciou o ritual do juramento “Patési”:



- Eu... Adriano Kelsen... Legítimo herdeiro da sucessão Patési... Juro, pela minha vida, pela minha honra e a dos filhos dos meus filhos, planejar, organizar, racionalizar e dirigir nossos sagrados e milenares propósitos para nos fortalecer em nossa busca pelo TT , o LS e o encontro com a Suprema Verdade! Juro ser fiel aos preceitos da honra e da ciência, me comprometo a estar presente aqui  e em todo lugar, fazendo a parte que me couber do melhor modo que sei, sem limites nem condições, sempre paciente, enérgico, preciso, silencioso e perfeito! Juro que a partir de hoje e sempre, assumo o compromisso de exercer meu posto de “Patési” com dignidade, amor e orgulho... Nunca perdendo a garra, e sempre respeitar e seguir as 12 regras imutáveis e eternas, assim como nossos códigos... Juro ser um “Patési” que honrará a nossa missão, caminhando com a originalidade dos antigos, a racionalidade dos modernos e os questionamentos dos contemporâneos... Juro aplicar tudo que me foi ensinado para cumprir nossa sagrada missão, mesmo à custa da minha própria vida... Juro cumprir a promessa e as instruções confiadas a mim pelo meu “Patési” anterior... Juro ser um “Patési” leal, escravo da excelência... Enquanto respirar... Enquanto houver sangue pulsando em minhas veias!... - Sanggiga...  E-te-me-nan-Ki... Nibiru Kiengi... - E-te-me-nan-Ki

05h27min22seg – Mais uma vez, a exceção de Adriano, todos repetiram o mantra.

05h29min31seg - A cerimônia do Zigurate estava encerrada.

05h29min35seg – Os Lugal e o Sumo Sacerdote pegaram o caixão e saíram em silêncio. O único que permaneceu foi Adriano.

05h30min01seg – Conforme a tradição, após a nomeação, o novo “Patési” deveria permanecer na sala hexagonal, completamente isolado do mundo, sob uma fraca luz anil, durante as próximas doze horas...

Assim Adriano permaneceu...

Fim do Micro flashback...

07 de Novembro de 1998 – Sábado (Ver capítulo 44)
 


00h39min40seg – Geeda aproximou-se, de joelhos até o namorado e sentou-se no colo.

- Você não confia em mim meu anjo lindo?
- Confiança tem um preço... Sabia?
- E qual o seu preço? O que tenho que fazer?

00h40min23seg – Adriano Kelsen emergiu para a realidade daquele momento decisivo com Maria Geeda Petrúcia Leal...


CONTINUA...





10 de Maio de 1995 – Quarta – 05h21min38seg

Adriano despertou das lembranças que tiveram com pai no dia anterior.


05h22min01seg  - Todos que ostentavam o posto de Lugal cantaram o mantra do “Zigurate” seis vezes seguidas:

- Sanggiga...
- E-te-me-nan-Ki
- Nibiru Kiengi...
- E-te-me-nan-Ki

05h23min01seg – Terminada a leitura das doze regras imutáveis e eternas, o Sumo Sacerdote virou-se para o exótico mural  e ajoelhou-se...

 

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