segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Capítulo 107

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!

 


Capítulo 107 – Gritando em Silêncio...  Parte 01
Falta 06 capítulos para o final da novela on-line “Menina Veneno”

"O destino, como os autores, não anuncia as peripécias nem o desfecho.” – Machado de Assis
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Paz no Matadouro - Capital Inicial – CD “Atrás dos olhos” de 1998
Composição: Fe Lemos/ Marcelo Laurent


Estou certo
De que nada sei
Tampouco perto
De onde nasci
De resto é
Tanto pó
Na frente
Do meu nariz
Peque o caminho mais longo entre dois pontos
Alcance com seus dedos os botões corretos
Indique com os olhos, mas não fale nada
Faz o que veio fazer, e siga em paz...

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Aracaju-SE, Bairro Siqueira Campos, residência nº 555

09 DE FEVEREIRO DE 2009


  

 

02h30min15seg – Dona Stéphanie se remexe na cama num sono profundo.

02h30min17seg – Guilherme está deitado, mas não consegue dormir.

02h30min19seg – A luz do abajur foi acesa.  


Graças a alguns espelhos dispostos nas paredes laterais do quarto para que pudesse, mesmo impossibilitado por causa da doença, visualizar tudo o que acontecia ao redor, Guilherme constatou a presença de alguém, que pra ele se tratava da própria encarnação da maldade humana: Ele viu Maria Geeda Petrúcia Leal.



02h30min45seg – Tentou gritar, mas assim como tem feito há cerca de 12 anos, o corpo não obedeceu... Ele arregalou os olhos e gritou em silêncio.

 


02h31min02seg – Ficou ainda mais aterrorizado ao se dar conta de que perto da janela do quarto havia um homem com cara de poucos amigos, segurando uma lanterna na mão esquerda, uma pistola nove mm na direita e com mais outra presa na cintura. Era Adriano Kelsen que fez questão de acompanhar Geeda naquela visita.

02h31min36seg – Maria Geeda puxou um pequeno banco de madeira de formato hexagonal, uma das poucas heranças deixadas pelo velho Perseu, sentou-se ao lado do seu ex namorado e acariciando a testa começou a falar:

- Lembra de mim?... Lembra do que falei na última vez em que nos falamos? Gui... Meu amor lindo... Eu queria que você vivesse até hoje... Pra ouvir o que tenho a lhe dizer... – Beijou a testa - Definitivamente, você não deveria ter dito aquela frase!


Um Rápido e necessário Flash Back

20 DE SETEMBRO DE 1998


Domingo – Hospital de Urgência de Sergipe

5h31min25seg – Geeda enxugou as lágrimas com o lençol da maca em que Guilherme estava deitado.

- Meu amor... Eu não queria te matar... Mas quem mandou você desconfiar da minha participação na morte de Hélio? (ver capítulo 11, 22h49min13seg)... A culpa é sua!

5h31min29seg – O monitor cardíaco de Guilherme mostrou que o coração de Guilherme estava muito agoniado.

 
 - Meu lindo... Do fundo do meu coração vou rezar pra você não morrer... – Deu um discreto sorriso – Você tem que está vivo para ver e provar a conclusão do meu plano de vingança... Você vai sofrer... so-frer... – Tremendo e derramando algumas lágrimas Geeda recomeçou a alisar os cabelos de Guilherme... – Você não pode morrer... – Geeda de repente ficou muito séria. – Você não vê que seria fácil te matar aqui? Enquanto eu te acaricio... Eu poderia colocar uma luva cirúrgica de forma discreta e espalhar na ponta dos dedos mecotoxina tricoteceno ou diisopropilaminoetil-metilfosfonotiolato... – Geeda sorri - Complicado o nome né? - Geeda soltou mais uma lágrima. – O que importa, é que te acariciando e tendo espalhado nos dedos essas substâncias com uma luva... Eu te envenenaria... – Geeda sorriu tremendo a ponta dos lábios. – E ninguém veria... Poderia fazer o mesmo te cumprimentando com um aperto de mãos... Ou simplesmente esbarrando contigo e topando em seus ombros... Ninguém saberia... Eu poderia te envenenar apenas tocando a sua pele, Gui... Mas eu não quero... Eu só queria te assustar... – Ficou taciturna – Você tem que viver pra sofrer com minha vingança! Você tem que viver!


Fim do Flash Back

09 DE FEVEREIRO DE 2009


Quarto de Guilherme – Segunda Feira


02h31min39seg – Ao penetrar o olhar frio de Maria Geeda que lhe dava um carinho na testa, Guilherme teve um Dèjá Vu dos eventos que aconteceram em sua encarnação anterior... Vagas lembranças do período em que permaneceu em estado de Coma: (ver capítulo 72)


DÉJÀ VU DO PERÍODO DO COMA...

 
Guilherme viu-se numa espécie de sala de projeção. Uma sala idêntica a tantas outras que tinha ido... Salvo por um detalhe: Só existia uma poltrona. Era um cinema para uma pessoa só.

- Caramba! Noutros tempos eu pensaria que enlouqueci... Nem vou perguntar como chegamos aqui porque sei que com toda a limitação da minha cultura intelectual jamais entenderia.
- Há tempo pra tudo... Gui vou deixá-lo a sós com sua mentora.
- Espere Hélio, vou contigo.
- Vocês me deixarão aqui sozinho?
- Meu filho, este “cinema” só tem uma poltrona por que o que “filme” exibido só diz respeito a você...
- É a última lição que Hélio falou?
- Isso.

Elda e Hélio deram mais um abraço fraternal em Guilherme e se despediram.


Assim que ficou só, Guilherme sentou-se na poltrona que flutuava diante da imensa tela.

Imediatamente um filme começou a ser exibido... “A última encarnação”.

Depois de horas vendo cenas da sua última encarnação, Guilherme começou a chorar.

“Agora eu entendo...” – Pensou.

FIM DO DÉJÀ VU


UM BREVE SALTO NO FUTURO...
ENTENDENDO O SIGNIFICADO DO SORRISO DE GEEDA

10 DE FEVEREIRO DE 2009




22h29min02seg – Maria Geeda pegou o celular que estava vibrando para que a mãe o primo não soubesse que estava acordada e atendeu a ligação.

 22h29min05seg – Sem dizer uma palavra ouviu com muita atenção o que lhe era dito:

- Sou eu... Serei rápido e só direi uma vez. Tenho sua atenção?
- Sim. – Disse Geeda num suspiro quase inaudível.
- Guilherme está morto... E Adriano não vai te incomodar mais.
- E o detetive?
- Também não... Você está livre!
- Obrigada.

22h29min40seg – A ligação foi encerrada. 


22h30min01seg – Maria Geeda teve vontade de pular de alegria, de comemorar sua vitória... Mas se conformou em mergulhar seus pensamentos na sua querida constelação florescente. (ver 22h30min01seg do capítulo 02).

Ela sorria feliz da vida... Um sorriso esperado há muito tempo.



MAIS UM RÁPIDO FLASH BACK...
UMA RÁPIDA VIAGEM NO TEMPO... ALGUNS DIAS ATRÁS.
O DIA DO PULO DE BASÍLIO DO EDIFÍCIO MARIA FELICIANA...

Aracaju-SE, Centro Histórico, teto do Edifício “Maria Feliciana”.

25 DE JANEIRO DE 2009



 
Depois do Bloco “Caranguejo Elétrico”, o “Cerveja & Coco”, com Ivete Sangalo, agitava a noite Aracajuana na altura da Avenida Francisco Porto. Enquanto os foliões da pipoca e do bloco se despediam da maior prévia carnavalesca do Brasil, há poucos quilômetros dali, no coração do centro da cidade, no Edifício Estado de Sergipe, conhecido popularmente como “Maria Feliciana”, um desconhecido se despedia da vida...

26 DE JANEIRO DE 2009

02h30min54seg – Um estranho “objeto” caiu do alto do edifício.

 

02h34min12seg –  Segunda - Basílio deu seu último suspiro.

CINCO MINUTOS DEPOIS.

ARACAJU-SE, Sétimo Quadrante Hexagonal da Sede dos Sumerianos

 

2h39min03seg – Adriano Kelsen ligou pra Geeda e assim que completou a chamada informou:
 
- Basílio está morto.
- Ele pulou?
- Pulou.
- Certeza?
- Por quê? Pensou que não faria?
- Pensei.
- Estamos quites?
- Só queria mais um favorzinho... É possível?
- O que seria?
- Preciso me encontrar com Gui.
- Pra quê?
- Coisa minha.
- Não... Não vou perder isso por nada... Se você quer minha ajuda... Terá que ser com minha presença... E não esqueça de levar o mapa!
- Não tenho escolha né?
- Não.
- Tudo bem chefinho... Quando será?
- Assim que o inquérito policial for encerrado.
- Posso pedir só mais uma coisinha? Está ligada a visita.
- Pode... Sua sorte é que sou curioso.
- Gostaria que nossa visita a Gui fosse na hora da morte de Basílio.
- Hum... Tudo bem... Será por volta das 2h30min... Entrarei em contato.

DIAS DEPOIS...

09 DE FEVEREIRO DE 2009


2h00min03seg – Adriano Kelsen ligou pra Geeda:

- Estou na esquina do seu condomínio... Se arrume e venha pra cá... Vamos visitar Guilherme.
- Estou indo.

MEIA HORA DEPOIS...
ADRIANO KELSEN E MARIA GEEDA SE INFILTRARAM NO QUARTO DE GUILHERME


02h31min36seg – Maria Geeda puxou um pequeno banco de madeira de formato hexagonal, uma das poucas heranças deixadas pelo velho Perseu, sentou-se ao lado do seu ex namorado e acariciando a testa começou a falar:

- Lembra de mim?... Lembra do que falei na última vez em que nos falamos? Gui... Meu amor lindo... Eu queria que você vivesse até hoje... Pra ouvir o que tenho a lhe dizer... – Beijou a testa - Definitivamente, você não deveria ter dito aquela frase!  

02h33min01seg –  Geeda iniciou uma tortura psicológica:

 
- Meu amor lindo... Eu conheço esse olhar acusador... É o mesmo que você me lançou no velório de Hélio... O que você disse mesmo? Ah... Sim... Você disse que não sabia como eu tinha feito, mas sabia que a morte do seu amiguinho tinha dedo meu (ver 22h49min13seg do capítulo 11)... Não é que você estava certo? Fui eu mesma... Planejei tudo... Pena que você não pode falar... Deve estar me chamando de assassina, né? Como quando fui lhe visitar no hospital (ver 5h29min14seg do capítulo 22)... É Gui... Meu amor lindo... Não esqueci. Você me chamou de cínica e depois disse a sua querida madrinha idiota que quando falava meu nome durante seus delírios na verdade estava falando o nome de quem provocou seu acidente... De quem tentou te matar... Me chamou de assassina... Aquilo me magou sabia?... Eu tenho sentimentos Gui... Se não tivesse, não te deixaria viver por mais 10 anos... Também poderia me livrar da sua madrinhazinha só pra te magoar... Mas sabe por que não fiz? Por que eu sabia que se quisesse te atingir... Deveria lhe privar do que você mais amava: Seu irmãozinho... Sabia que tive um relacionamento com ele?... É Gui.. Pode esbugalhar os olhos o quanto quiser...  Veja...


02h34min12seg –  Maria Geeda tirou da bolsa algumas fotos em que aparecia aos beijos e abraçada com Basílio numa improvisada lua de mel de 4 dias em Natal há pouco mais de um mês.

- Tá vendo o olhar apaixonado de Basílio? É... E você que nunca quis nos apresentar... Hein Gui... Pois é... Namorei você, Hélio... E agora seu irmão... Mas essa não é a única notícia desagradável que tenho pra te dar... Sabe, eu fiz seu irmãozinho fazer uma coisa pra mim... E olha só... Não é que ele fez?... Fez mais cedo do que esperava... Mas isso não foi pra ele... Nem pra você. Dele já me livrei...

02h34min12seg –  Guilherme que mentalmente não parava de gritar: ASSASSINA, ASSASSINA... Verteu sucessivas gotas de lágrimas.

 
- Desculpa Gui... Meu amor lindo... Não deveria ter lhe dado essa notícia assim... Mas foi o que aconteceu: Sou irmãozinho querido... Morreu. E sabe de quem é a culpa. Sua. Única e exclusivamente sua.

02h40min56seg –  Adriano viu um sinal de “Dois” pela janela. Significava que algo estava errado e eles precisavam sair dali.

- Maria... Precisamos ir... Acabe logo com essa tortura... Faça seja lá o que for que você veio fazer e vamos embora.

02h42min33seg –  Chorando muito e de forma dengosa, Geeda pediu:

- Pode me dar só mais alguns minutos... Por favor... É muito importante... Eu esperei dez anos por isso... Significa muito pra mim.


02h42min40seg –  O Patési balançou a cabeça e disse:

- Você tem um minuto.
- Obrigada.

02h44min25seg – Num silêncio perturbador, Geeda encarou Guilherme, alisou a cabeça mais uma vez e deu um longo beijo na boca.

02h45min01seg –   Geeda parou de beijar, pegou uma seringa da bolsa e enquanto injetava um líquido falou ao pé do ouvido.

- Dendroaspis polylepsis... Já ou viu falar? Estou injetando o veneno diluído deste bichinho... Deu trabalho, mas graças a pessoas poderosas, consegui um pouco... Só estou dizendo por que sei que você detestaria morrer sem saber a causa... É um anestésico de efeito retardado, paralisante... Em algumas horas... Umas doze talvez... Seus músculos pararão por completo... Até atingir seu pulmão... Ninguém suspeitará de nada... Afinal, é um dos efeitos previstos em sua doença... Só vou dar uma mãozinha à mãe natureza... Essa é a última vez que nos vimos... Gui... – Deu mais um beijo – Você não deveria ter dito aquela frase... – Mais um beijo – Adeus.


02h46min34seg –  Como se nada tivesse acontecido, Geeda guardou a seringa e passou um lenço nas bordas da cama pra limpar as impressões digitais, levantou-se e dando um sorriso sutilmente sapeca falou:

- Podemos ir.



02h45min01seg – Adriano Kelsen, surpreso com a crueldade de Maria Geeda Petrúcia Leal, indagou:

- Por que fez isso?
- Por que o amava!

Continua...



 


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