terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Capítulo 105


AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!

 



Capítulo 105 – Serpentes também amam...  Última Parte

"Entre namorar e amar, está o refletir.” – Camilo Castelo Branco
------------------------------------------------------------------------------

O AMOR É AGORA  

Composição: Pe. Fábio de Melo

O grande segredo da vida é viver o dia
Amanhã não sei o que vai ser, melhor viver agora
A vida passa tão depressa, semelhante ao vento
Não espere para amar depois
Talvez não dê mais tempo
Amor foi feito para amar

---------------------------


Não semeie pra colher depois, o tal ressentimento
Portanto é melhor viver
Pensando ser a despedida
Olhando tudo ao seu redor
Como quem vai embora

---------------------------


Um salto no futuro...


Aracaju-SE, Centro Histórico, Edifício “Maria Feliciana”.




 
Depois do Bloco “Caranguejo Elétrico”, o “Cerveja & Coco”, com Ivete Sangalo, agitava a noite Aracajuana na altura da Avenida Francisco Porto. Enquanto os foliões da pipoca e do bloco se despediam da maior prévia carnavalesca do Brasil, há poucos quilômetros dali, no coração do centro da cidade, no Edifício Estado de Sergipe, conhecido popularmente como “Maria Feliciana”, um desconhecido se despedia da vida...


23h12min37seg – 09 meses, 24 dias, 3h e 12min depois de ter pulado o muro do casarão dos “Pirro” (ver 08h10min40seg do capítulo 104), Basílio refletiu sobre todos os eventos da sua vida que o conduziram até aquele instante: a conversa com Guilherme sobre a história de amor do velho Perseu (ver 23h14min25seg do capítulo 95), o diálogo que tivera com Lucas Andrei  após a partida de xadrez (ver 20h54min48seg do capítulo 96),  o abraço sedutor de Maria Geeda Petrúcia (ver 21h01min05seg do capítulo 96) que somente àquela altura, compreendia se tratar de uma ardilosa armadilha, preparada por dez anos por aquela diabólica baixinha de sardas...

00h00min01seg26 de Janeiro de 2009 - Segunda
  
00h00min03seg – Basílio ainda sentia os efeitos da intensa tortura psicológica que sofrera nos últimos meses e o choque da descoberta que fizera nas últimas horas.



00h00min09seg – Ante a vibração do celular, olhou o visor e ao ver de quem se tratava não quis atender.
 
00h00min14seg – Guardou o aparelho no bolso e à beira do edifício “Maria Feliciana” cruzou o olhar com um motoboy que bebia um copo de cerveja no “Bar do Meio”...

00h00min19seg – O celular tocou mais uma vez...

00h00min22seg – Nervoso, observou o indivíduo que o encarava e pensou:

“Poxa... Que droga! Não deveria ser visto por um bêbedo... Mas é melhor que nada. Só espero que possa testemunhar que viu uma pessoa aqui do alto... Peraí...

00h00min39seg – O neto do velho Perseu teve um insight:

- É a pessoa certa... É o motociclista que sempre observava quando eu parava em frente as “Americanas” e fazia anotações... Será uma ótima isca! Com certeza Lucas Andrei vai entender!!! Nem tudo está perdido.

00h00min44seg – Basílio resolveu sinalizar para que o motoboy, mesmo aparentemente embriagado, pudesse fixar a lembrança de tê-lo visto. Por isso acenou com um adeus e se afastou. (ver 18h10min00seg do capítulo 07)

00h00min56seg – O celular tocou mais uma vez...

00h01min03seg – Basílio sentou-se próximo ao “X” que tinha escrito com o próprio sangue (ver 03h51min18seg do capítulo 20)há alguns minutos e atendeu. Era Maria Geeda.

 
- E então? Qual a resposta?
- Sim. – Respondeu Basílio.
- Sim?
- Sim.
- Quando?
- Em poucos minutos.
- Ótimo.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Claro meu amor lindo...
- Algum dia você me amou?

00h01min49seg – Geeda sorriu ao se recordar de uma inusitada visita que recebera às 01h24min29seg no dia 02 de Abril do ano anterior e de forma debochada falou:

- Sim... Serpentes também amam.

Voltando ao passado:  09 meses, 24 dias, 3h e 12min atrás...

01 de Abril de 2008 – Terça

Barra dos Coqueiros – “Praça do Sol” – Casarão dos Pirro


18h25min33seg – Depois de passar o dia interpretando o “Código de Perseu” associado a enigmas talhados ao longo do piso de madeira do casarão dos Pirro, Basílio encontrou um solto que se destacava de todos os outros... Tinha a marca de dois pés e a inscrição do último número do enigma do cadeado.

 

18h26min11seg – Retirou o piso e encontrou no verso uma réplica do mapa do projeto inicial de Aracaju com o mesmo código sobreposto.  

“Hum... Muito provavelmente deve ser o esconderijo do Livro dos Sumerianos”

18h30min40seg – Basílio escondeu sob a camisa o “mapa secreto” e decidiu sair do casarão.

18h34min55seg – Ansioso para voltar pra casa, descansar e iniciar a busca o quanto antes, pulou o muro e sem ser visto dirigiu-se a um ponto de táxi que havia ao lado da  “Praça do Sol”.

18h35min02seg – Ao ver uma jovem bastante familiar, indagou:

- Geeda?
- Cérbero.
- Basílio!
- Desculpa.
- O que você está fazendo aqui?
- Uma amiga que mora aqui pediu para eu ser madrinha do filho dela... Confesso que não queria... Mas tenho o coração mole e não sei dizer não as pessoas.
- Hum...
- E você? Que faz aqui?
- Nada de mais. Passeando.
- Está indo pra Aracaju também?
- Sim.
- Se incomoda de dividir o táxi?
- Não.
- Posso te pedir mais uma coisa?
- Sim.
- Se incomoda se eu ficar em casa primeiro?
- Não... Até iria sugerir isso.
- Mas... Se quiser... Podemos desviar o caminho.
- Hum... Terá que ficar pra outro dia... Tive um dia cheio e tenho sérios problemas a resolver.

18h37min10seg – Sentindo muito ódio por ser ignorada, Geeda usou toda a sua arte de mentira e dissimulação para não transparecer.

 
- Você deve estar me achando oferecida, não é? Desculpa... Não quis dar essa impressão... Mas como te disse (ver 20h59min28seg do capítulo 96), tenho um sentimento especial por você, gosto de estar contigo, sou sua fã...
- Nãããããoooo... Jamais pensaria isso.
- Então... Podemos ir?
- Sim... Claro.

18h37min45seg – Maria Geeda piscou para o taxista, que mais uma vez (ver 21h46in25seg do capítulo 102) era o “Três” (membro Sumeriano e homem de confiança de Adriano Kelsen), e entrou.

Durante a viagem Geeda fez apaixonados carinhos em seu pretendente... Era a impressão que dava... Contudo, em se tratando de Maria Geeda Petrúcia Leal, nunca “algo é o que parece ser”... O que parecia carinho era na verdade, uma revista... Ela apalpava com leveza as partes do corpo de Basílio procurando algum vestígio de alguma pista que ele tivesse achado... E encontrou, quando investiu um abraço que gerou um beijo típico de novela. Um golpe de mestre: Através daquele beijo Geeda sentiu que rente ao músculo oblíquo interno do abdome de Basílio havia um estranho objeto, com certeza uma importante pista... Ao mesmo tempo, teve o êxito de arrancar do jovem enxadrista uma impulsiva declaração de amor...

19h01min11seg – Basílio acariciou os cabelos de Geeda e mesmo tímido falou:

- Geeda... Quando se percebe que encontramos uma pessoa única, principalmente por obra do destino, como é o caso, inevitavelmente, ficamos enamorados... Eu estou assim.
- Eu também.
- Geeda... Poderia conceder a honra de ser minha namorada?

19h02min34seg – Num gesto perspicaz e rápido, Geeda soltou a camisa de Basílio, retirou o piso de madeira com as inscrições codificadas, e para distrair ainda mais improvisou algumas lágrimas apaixonadas.
 
- Ô Basílio... Meu amor lindo... Eu é que fico honrada! Meu amor lindo...
- Geeda... Minha namorada.
- Lindo! Lindo...
- Estou feliz... Te conhecer é no mínimo providencial.
- Concordo... O amor é agora.
- Concordo... Agora, e se depender de mim... Sempre.
- “O grande segredo da vida é viver o dia amanhã não sei o que vai ser, melhor viver agora ... A vida passa tão depressa, semelhante ao vento... Não espere para amar depois... Talvez não dê mais tempo... Amor foi feito para amar...”
- Que lindo... Foi você que fez?
- Não... É de Padre Fábio de Melo... Também sou fã dele... Adoro estes versos... Adoro mesmo... Até pus no meu Orkut.

19h05min27seg – Por estar muito centrado nas palavras e gestos sedutores de Maria Geeda, Basílio não percebeu que pegaram um congestionamento na “Avenida Coelho e Campos” com a interseção da “Avenida Gentil Tavares”, sentido leste-oeste.

Não era um congestionamento real... Tratava-se de mais uma artimanha de Adriano Kelsen... Enquanto Basílio empolgava-se cada vez mais com os carinhos e juras de amor de Maria Geeda, o corolla preto ficou ao lado do táxi e o “Três” entregou a pista do piso de Madeira.

Em gestos rápidos, o próprio Patési, tirou fotos da pista e munido de um papel vegetal e um giz de cera de cor anil, esfregou para fazer a impressão da “mensagem oculta” do velho Perseu.

19h09min41seg – Basílio estava tão empolgado com a possibilidade de ter pela primeira vez na vida uma namorada, que enquanto trocava beijos com Geeda não percebeu o congestionamento, nem que por alguns instantes a pista do avô estivera fora do seu alcance.

19h10min01seg – Adriano entregou a “Três” o piso de madeira que Basílio tinha encontrado no casarão dos Pirro e sinalizou para que o congestionamento fosse desfeito e que mantivessem vigilância à distância.

19h10min09seg – “Dois”, que dirigia o corolla preto, indagou:

- Chefe... Posso fazer uma pergunta?
- Pode.
- Por que o Senhor se deu ao trabalho de fotografar e fazer a impressão com a cera? Por que simplesmente não ficou?
- O neto de Perseu precisa ter a pista em mãos... Muito provavelmente somente ele poderá decodificar a mensagem.
- Ah... Entendi.

19h22min54seg – O táxi parou em frente ao condomínio de casas “Vivendas do Amanhecer V”.
 
- Chegamos... – Informou o taxista.

19h23min43seg – Geeda abriu a porta e antes de descer deu mais um beijo caliente e disse:

- Basílio... Talvez você ache precipitado... Mais o que sinto por você é muito forte... Acho que não seria exagero dizer que estou apaixonada por você.
- Acho que posso dizer o mesmo Geeda... Você não imagina o quanto estou feliz... O quanto meu coração pula de felicidade!

Os dois renovaram juras de amor e a muito custo se despediram. Apesar de deslumbrado com a nova experiência, Basílio não tinha esquecido a missão que lhe fora confiada, tampouco da necessidade de decifrar o enigma... Assim, seguiu pra casa da sua madrinha e mãe por obra do destino, “Dona Stéphanie”.

19h25min16seg – Geeda entrou...

Ela não precisou dar explicações. Por algum motivo, que ela sabia ter sido motivado por interferência do poderoso “Patési”, o primo e a mãe não se encontravam. Aquilo a deixou ainda mais assustada diante do imenso poder concentrado nas mãos de Adriano Kelsen. Por isso, mais uma vez, ela concluiu que tinha que pensar em como iria se livrar daquele fardo depois que obtivesse sucesso em seu plano de vingança.


02 de Abril de 2008 – Terça

Condomínio de casas – “Vivendas do Amanhecer V” – Quarto de Geeda

01h24min29seg – Geeda sentiu um forte puxão na perna direita... Fez menção de gritar, mas foi impedida por uma mão firme que lhe calou a boca.

- Não grite!... Sou eu.

01h24min32seg – Um grande temor apoderou-se dos nervos da “Menina Veneno” ao constatar que Adriano Kelsen, sorridente, em seu quarto, munido de uma caixa de madeira... Aquele homem era incrível – pensou – conseguia se infiltrar em qualquer ambiente e satisfazer todo e qualquer desejo.  Aquilo a apavorou de uma forma aterrorizante, mas como muito esforço conseguiu disfarçar.

 
- O que aconteceu? Fiz alguma coisa errada?
- Nããão... Pelo contrário.

01h24min40seg – Adriano tirou do bolso uma réplica da gravura que tinha imprimido em cera há algumas horas e perguntou:

- Sabe o que é isso? Um tesouro perdido há décadas... E está em minhas mãos graças a você... Vim te dar meus parabéns... E te conceder um desejo.

01h24min41seg – Geeda encarou a estranha caixa que o Patési segurava e indagou:

- Que caixa é essa?
- Surpresa!

01h24min43seg – Adriano abriu a caixa. Havia na parte interna duas taças e uma garrafa de vinho. Ele serviu sua pupila.

- E então? Qual será o seu desejo?

01h24min58seg – Geeda estendeu a mão, pegou a taça de vinho que lhe fora ofertada, deu um gole e brincou:

- Não sabia que o chefinho era o gênio da lâmpada.
- Sim... Sou um gênio. Mas não da lâmpada.
- Até por que... Se fosse da lâmpada concederia três desejos.
- Não abuse menina...
- Desculpa chefinho.
- Então... O que vai pedir?
- Posso dizer noutra hora?
- Sim... Como quiser.
- Obrigado.
- Estou muito feliz com seu desempenho... Confesso que por um breve momento cheguei a duvidar, mas você, indiscutivelmente, nasceu pra isso... Parabéns! Vamos brindar?

01h25min32seg – As taças vibraram e Adriano Kelsen disse:

- À Geeda e ao êxito do seu sacrifício!
- Não é sacrifício chefinho... Acho que até sou capaz de me apaixonar por ele.
- Sério?
- Sério.

01h26min03seg – O jovem Patési sorriu de forma irônica e falou:

- Será? – sorriu – Vivendo e aprendendo...
- Como assim? O que quer dizer?
- Não sabia que serpentes também amam.


Continua...



Não perca os últimos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!


------------------------------------------------------------------------


Nenhum comentário:

Postar um comentário