segunda-feira, 23 de maio de 2011

Capítulo 38

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 

Capítulo 38 – Coma... Parte 01
"O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte."  - Nietzsche

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Paz, bem-estar... Uma ausência de dor.
Desligamento do corpo... De si...
Um vôo alto no espaço como o Condor
Que viaja sob o Sol com frenesi.

Falar consigo mesmo sem o pavor
De reler fracassos no teu chassi.
É necessário... É bom... Libertador...
Porém, dilacera-o como bisturi.

Estar pra morrer muda todo ser...
 “Morrer”, se enterrar e continuar vivo
É pior que tudo... É existir, não é viver!

Lê: Viver é jamais ser repulsivo...
É cometer erros e amadurecer...
É saber que o amor nunca é excessivo!

SONETO E.Q.M.  de  Anderson Sant’ Anna

Um flash-back muito importante...

20 de Setembro de 1998 – Domingo (Ver capítulo 27)

7h36min12seg – Dr. Gilvan retornou com uma expressão facial muito séria.

- Dona Stéphanie... Guilherme teve um AVC... E entrou em coma.
- Meu Deus! – Geeda gritou pondo as mãos na cabeça.
- Não vamos desesperar... A esperança é a última que morre.
- Ele está em coma Dona Stéphanie! Coma! Coma!

7h36min15seg – Enquanto a alma de Guilherme se desprendeu do corpo, Maria Geeda Petrúcia Leal, inconformada por ter uma parte dos seus planos frustrado, desmaiou.

7h36min18seg – Dona Stéphanie abraçou Geeda e ao mesmo tempo a acariciou.

7h36min19seg – Dona Stéphanie fechou os olhos e descansando o queixo sobre o ombro esquerdo de Geeda, começou a orar:

Deus poderoso e misericordioso, amparai Guilherme nesse momento de agonia... Fazei com que ele, que é um pouco cético, não se aflija... E se for da vossa vontade que ele deixe a carne e volte ao Mundo dos Espíritos... Que o possa fazer em paz, sob o amparo da vossa misericórdia. Bons Espíritos que  acompanham Guilherme deste o seu nascimento, não os abandone neste momento! Dai-lhe força e a devida orientação para suportar os difíceis momentos porque deve passar... Iluminem seus pensamentos e façam com que todos que o amam possam agir de maneira a ajudá-lo...


7h39min07seg – Dona Stéphanie abriu os olhos e viu alguns feixes de luz que seguiram na direção da UTI cardíaca do Hospital João Alves Filho.

7h39min08seg – Guilherme parou de sentir o corpo... Parou de sentir dor...

Era uma sensação muito estranha, afinal há pouco mais de uma hora, ele lutou com todas as forças para sorver oxigênio mas não conseguiu.

A visão de Maria Geeda escondida atrás da parede à direita da UTI... E a frustração por não conseguir dizer a Dona Stéphanie o local em que tinha guardado o “Dossiê” sobre Geeda, foi demais pra ele... (6h41min02seg – capítulo 27)

Em poucos segundos houve um acúmulo de sangue nas veias e capilares... Ele começou a ter uma sensação iminente de morte: Sentiu um insuportável extravasamento de fluidos para os pulmões...

- O Dossiê... – Tentou dizer. – O Dossiê – Não conseguia falar! – Estava se afogando em sangue! – O... – Não conseguiu se fazer ouvir, e o instinto pela vida o fez para de pensar no local em que tinha escondido as informações sobre aquela criminosa... Tinha se dado conta que estava morrendo... Morrendo... Mas como? – Tentou abrir mais a boca... Sugar mais ar... – Mas sentiu borbulhas internas no pulmão – Estava borbulhando por dentro...

- O Dossiê... Fez uma última tentativa... Mas não conseguia falar... Não conseguia sequer pensar... Nunca sentiu tamanha dor... Estava morrendo... A respiração tornou-se cada vez mais curta... Cada vez mais difícil... Ele só queria mais um minuto de vida... Ele sabia que aquela garota precisava ser freada... Se ele morresse ela continuaria iludindo e fazendo mal a muitas outras pessoas... Ele só queria dizer o local em que tinha escondido o Dossiê... Ele sentia fome de justiça... Sentia fome de ar...

Guilherme fez um esforço sobre humano... Mas o ar não veio. A dor no peito aumentou. E outras dores começaram a se espalhar... Começou a sentir a veia jugular fazendo o possível para mantê-lo vivo... Mas em vão... Ela foi sobrecarregado com uma intensa e inapropriada pressão arterial... 
 
A pressão diastólica atingiu 120 mmHg... E Guilherme perdeu a consciência, a última coisa que conseguiu ouvir foi alguém dizer:

- Edema pulmonar... Crise hipertensiva... Administre oxigênio e nitroprussiato de sódio. (ver 6h41min17seg – capítulo 27)

7h39min15seg – Guilherme sentiu completa ausência de dor...

Depois de terríveis minutos de agonia, Guilherme começou a experimentar algo maravilhoso: Uma sensação de paz, de profundo bem-estar.

Aos poucos começou a perceber que a sua alma estava se desligando seu corpo. Olhou pra baixo e viu-se sendo entubado por uma enfermeira. Parecia que estava há uns cinco metros de altura... E subia cada vez mais.

Incomodado em olhar pra si mesmo. Guilherme virou-se para o teto e ficou atônito ao perceber que seguia na direção de um local escuro com um fraco ponto de luz ao longe.


Sem entender o porquê, como se tivesse vendo um filme, alguns momentos da sua vida começou a passar diante dos seus olhos. Reviu o momento em que recebeu a notícia da morte dos pais. Do choro do irmão. Da promessa que fez diante do túmulo da mãe que cuidaria do irmão mais novo e não deixaria nada de ruim acontecer com ele. Lembrou de quando conheceu Geeda, da morte de Hélio, do instante em que Geeda deixou escapar um sorriso enquanto observa o corpo do amigo (ver capítulo 11 – 22h49min), reviu o acidente e o desespero de tentar se comunicar com a madrinha uma última vez.

De repente... A alma de Guilherme parou de flutuar e começou a andar dentro de uma espécie de túnel. Ao fundo havia uma luz branca... Uma luz agradável... Que emanava uma energia acolhedora... Uma sensação boa.


À medida em que a luz se tornou forte, Guilherme foi perdendo pouco a pouco a noção do tempo. E depois de rever os principais momentos da sua vida, sentia apenas: Paz, alegria... Pela primeira vez sentiu que era parte de algo maior... Sentiu que era filho de Deus.

Ao chegar no fim do túnel, Guilherme viu-se cercado por luz. Era uma sensação boa.

Após mais alguns passos deparou-se com uma mulher de sorriso brando, que com certeza lhe era um pouco familiar e lhe passava segurança, proteção, conforto... Ela se aproximou e disse:

- Bem vindo Guilherme!
- Você não me é estranha... De onde eu te conheço?
- Nos vimos há pouco tempo, não lembra?
- Peraí... Eu te vi logo após o meu acidente... (00h43min03seg - Capítulo 18)... Também me lembro de pensar ter visto o Hélio...
- Você não pensou... Você viu.
- Então eu morri?
- Não... Ainda não.
- Cadê o Hélio?
- Assim como vai acontecer com você, ele está recebendo algumas orientações.
- O que eu estou fazendo aqui? Eu sou muito jovem! Ainda tenho muito o que fazer!
- Isso só Deus sabe...
- Quem é você?
- Meu nome é Elda... Sou uma amiga designada para te ajudar.
- Você é meu anjo da guarda?
- Se for confortável pra você... Pode me enxergar assim. De qualquer forma estou aqui pra te ajudar, te dar alguns esclarecimentos...
- Que tipo de esclarecimento?... Peraí... Eu vou ficar aqui muito tempo?
- Não sei.
- E quem sabe?
- A lei da vida... Você ficará o tempo que for necessário para a sua evolução.
- Olha Dona Elda eu não posso demorar... Tem uma louca lá embaixo que matou meu melhor amigo e me matou... Ou se ainda não morri... Tentou me matar... Eu tenho que voltar!
- Irmão... Entendo a sua preocupação, mas tenha calma... Ao seu tempo tudo será esclarecido.
- E ela ficará impune?... Ninguém vai impedi-la? Cadê a justiça?
- A lei da vida não falha irmão... Te garanto.
- Ela matou duas pessoas moça... Será que vocês não levam isso em conta?
- Irmão... Você está analisando tudo apenas sobre o ponto de vista da recente realidade em que viveu.
- E não aconteceu?
- Aconteceu... Mas chegou a hora de você conhecer a razão de tudo.
- Moça... Enquanto a senhora fica perdendo tempo falando... Alguém pode estar sendo vítima daquela louca!
- Se houver novas vítimas é por que é necessário...
- isso é loucura... Eu não deveria estar aqui! Eu não veria estar aqui!

Desesperado Guilherme começou a correr em várias direções, procurando uma saída. Após algum tempo... Parou.


- Irmão... Procure aceitar a sua nova condição... Quanto mais você resistir, mais sofrerá... Confie na Lei de Deus... Na Lei do amor...
- Eu não deveria estar aqui.
- Deveria sim, meu amigo. – Disse Hélio surgindo como num passe de mágica diante de Guilherme.
- Hélio?
- Sim... Sou eu.
- Meu Deus... Eu realmente morri.
- Não amigo... Você não morreu, pois ainda há laços que o prendem ao seu corpo...
- Então que estou fazendo aqui?
- Você veio conhecer “a verdade”. – Interrompeu Elda.
- Que verdade?
- Amigo... Chegou a hora de você conhecer como eu, você, Geeda, estamos ligados há fatos ocorridos noutras realidades...
- Como assim? Eu já convivi com Maria Geeda e você noutra encarnação?
- Isso mesmo meu amigo – Respondeu Hélio.
- Como? Por quê?
- Todas as suas perguntas serão respondidas, irmão... Mas por hora, procure descansar.


Guilherme seguiu Elda e Hélio muito atordoado. Em sua cabeça passavam milhares de perguntas, entre elas uma o incomodava: “Por que era tão importante que ele viesse a conhecer o que aconteceu com ele, Geeda e Hélio numa outra encarnação?”

Guilherme a seguiu caminhando e sumiu na luz.

  
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De que forma Maria Geeda Petrúcia Leal, Guilherme e Hélio estão ligados há fatos de outras vidas? Será que tais eventos misteriosos explicam o suposto suicídio do edifício Maria Feliciana? Será que Adriano está envolvido com esse mistério? Como será que terminou a noite romântica de Adriano e Geeda? E como anda o inquérito administrativo que investiga o sumiço da arcada dentária e das fotos da perícia? E Como será que o detetive Lucas Andrei enfrentou o problema do atentado à bomba na Praça Olímpio Campos? Para saber estas e outras respostas, não perca os próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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