quarta-feira, 4 de maio de 2011

Capítulo 32

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 



Capítulo 32 – COMEÇANDO O FUTURO
"O futuro sempre está começando agora!” – Mark Strand
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A Menina Das Meninas – Netinho - CD – “Outra Versão” - 2005


A menina das meninas
Vem na contra mão
Cheia de razãoNinguém se mete com ela
A menina das meninas
É um avião
Ela é de leão
É dona do seu nariz

Se atira passa por cima e pede a conta
Superpoderosamente no lugar da gente
Há quem diga que ela seja demais diferente
Ela não precisa de ninguém
Ela não precisa ...
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Um breve passeio histórico:

23 de Outubro de 1906 – Santos Dumont fez um vôo histórico de 50 metros com o seu 14-Bis.

23 de Outubro de 1998 – Sexta

 
8h52min13seg - Maria Geeda Petrúcia Leal tinha certeza absoluta: Escolher o curso “Letras Português” foi a melhor coisa que fez na vida... Principalmente depois de assistir aula de interpretação de texto com a fantástica professora Oldemária. Ela saiu da sala 102 da Didática 1, virou a esquerda, passou pela livraria ao ar livre do “Galego” que tinha estantes dispostas ao longo do corredor, e caminhou cerca de 50 metros até desistir de ir embora...

Geeda tinha ouvido gritos típicos de torcedor, vindos do espaço do DCE da Universidade Federal de Sergipe...

23 de Outubro de 4004 a.C – Segundo o irlandês James Ussher, a Terra começou a ser criada às 9h00min00seg deste dia.

23 de Outubro de 1998 – Sexta
 
9h00min00seg - Ironicamente, o destino do morto do Maria Feliciana, começou a ser traçado às nove horas deste mesmo dia. Exatamente 6002 anos após a criação do mundo... Pelo menos segundo James Ussher.

23 de Outubro de 1998 - Os líderes Benjamin Netanyahu e Yasser Arafat se encontraram e assinaram o Memorandum de Wye River.

23 de Outubro de 1998 – Sexta

9h01min22seg – Adriano Kelsen e Maria Geeda se encontraram.

Maria Geeda, por ser muito curiosa, entrou no espaço do DCE, viu alguns estudantes em volta de dois indivíduos que estavam sentados numa mesa. Não conseguiu ver o que faziam ou quem eram. Mesmo tendo saído da aula da incomparável professora Oldemária com o objetivo de ir pra casa, ela desistiu da idéia, pelo menos por alguns minutos, para conseguir saber o que se passava com a vida alheia...

O sonho dela era um dia poder viver disso, ganhar dinheiro falando sobre a vida das pessoas, julgando-as conforme seu ponto de vista “moral” impecável. – Quem sabe um dia, Geeda? – Perguntou a si mesma em pensamento.

9h02min37seg – Geeda se aproximou da mesa que estava posicionada em frente ao local que costumava tirar Xerox, à direita do restaurante de comida à quilo. Em seguida, pediu licença para ver melhor o que estava acontecendo. Escolheu abordar a pessoa que mais parecia concentrada.

 
 - Que está acontecendo? – Perguntou Geeda
- Um novato está desafiando o bicampeão da UFS de Xadrez. – Disse um jovem careca.
- E qual o porquê de tanta gente?
- A notícia de que o bicampeão está perdendo se espalhou rápido...
- E quem é o desafiante?
- Ninguém sabe... É um nerd invisível... Ninguém nunca o viu por aqui... Ou prestou atenção nele.
- Como isso é possível?
- Não sei... Por isso achamos que ele é novato.

9h10min01seg – O desafiante olhou o bicampeão, e numa feição inexpressiva disse:

- Xeque-mate!

9h10min03seg – O presidente do DCE falou alguma coisa ao pé do ouvido do novo campeão, e teve como resposta uma muda negativa feita com o movimento da cabeça.

9h10min10seg – Como  se não tivesse feito nada, o novo campeão se levantou para ir embora. Muitos tentaram cumprimenta-lo, mas ele recusou e tentou sair como chegou: mudo.  Mas não conseguiu, pois à porta do DCE, Maria Geeda o segurou pela mão e perguntou:

- Pra onde vai moço?

9h10min45seg – O jovem campeão tentou desvencilhar-se, mas Geeda o puxou:
 

- Estou falando como você mocinho... Seja educado!

9h10min50seg – Impaciente o enxadrista perguntou:

- O que você quer mocinha?
- Só queria cumprimentá-lo... Afinal, acabei de saber que você acabou com a invencibilidade de dois anos daquele jogador.


9h10min59seg – Olhando aquele rapaz alto, franzino, vestindo-se totalmente de preto, Geeda conseguiu lembrar de quem se tratava e teve uma explosão de alegria, pois tinha lembrando que aquele jovem era peça fundamental para concluir a segunda etapa do seu plano de vingança... – Como pude esquecer desse homem, meu Deus? – pensou.

- Tive sorte. – Disse o campeão.
- Não foi o que pareceu... Ao contrário, tive a impressão que você sabia exatamente o que estava fazendo... E olhe que não entendo nada de xadrez, e cheguei praticamente no final.
- Foi sorte.

9h11min27seg – O novo campeão, desvencilhou-se de Geeda e seguiu caminhando na direção do CCET, ele pretendia pegar um atalho para ir até o ponto de ônibus. Enquanto caminhava Maria Geeda continuou fazendo perguntas:

- Você não acha que é muita sorte para um novato?

9h12min48seg – O campeão sorriu. E parou em frente ao Departamento de Engenharia civil.

- Não sou novato... Nem no xadrez, nem aqui. Pelo contrário... Já estou me formando.
- Como isso é possível? – Perguntou Geeda.
- Ser invisível é uma arte. – Sorriu.
- Você pode dizer seu nome?
- Posso, mas não quero.
- Você é um homem cheio de frescuras, né?
- E você uma mulher cheia de preconceitos, né?
- Você não me conhece!
- Não te conheço, mas apesar do seu traje preto pseudo-gótico... Seu nariz empinado e sua banca de patricinha que se acha dona do mundo, senhora da razão... Não engana.
- Seu grosso – Geeda ensaiou um choro.
- Não precisa chorar mocinha de sardas... Mesmo sendo um choro fajuto... Se eu disser o que faço e o meu nome, você me deixa em paz?

 
9h13min03seg – Num passe de mágica Geeda parou de chorar.

- Eu iria gostar.
- Meu nome é Adriano Kelsen... Sou formando em Matemática... Satisfeita? Posso ir.

9h13min05seg – Adriano virou-se e prossegui na direção do Departamento de Química.

- Adriano!

9h15min06seg – Adriano voltou muito sério e advertiu:

- Não grite nem pronuncie meu nome mocinha! Eu te dei um conhecimento: o meu nome. Mas não autorizei utilizá-lo. Não confunda as coisas!
- Só queria fazer uma pergunta.
- E o que te faz crer que vou te dar atenção?
- Pelo fato de eu ser bonita e gostosa.

9h15min14seg – Maria Geeda deu língua da forma que lhe era peculiar.

- Pelo que percebi você adora fazer marketing pessoal né?
- Não é marketing... É um fato! E contra fatos não há argumentos.
- Que fatos? Que argumentos? – Adriano sorriu.

9h15min19seg – Geeda, de uma forma sapeca típica de menina mimada, disse?

- Ah! Mocinho... Fatos como por exemplo: Eu sou romântica, sou fiel, sou uma mulher pra casar!
- É... Como disse... Você adora fazer marketing pessoal...
- Não tem graça... – Geeda deu língua.
- Faça logo sua pergunta, mocinha!
- Se você estuda aqui há tanto tempo... Já é formando... Por que só agora desafiou o bicampeão de Xadrez?
 
9h17min05seg – Adriano se aproximou a ponto de ficar a poucos centímetros da boca de Maria Geeda.

- Por uma simples razão, mocinha... O “bicampeão” caiu na armadilha da vaidade.
- Como assim?
- Há pessoas... Como, você, por exemplo, que acreditam que são mais sábias e espertas que todos... Grande erro: Máscaras caem.
- Se eu soubesse que o “Xadrez” ampliava assim a nossa percepção do mundo e das pessoas... Eu até faria um esforço para aprender.
- Você não sabe jogar Xadrez? – Adriano deu um sorriso desconfiado.

9h20min54seg – Ao dar um pequeno passo, Geeda ficou muito mais próxima de Adriano, com o rosto muito colado, com os lábios a centímetros de distância... E se oferecendo como sempre fazia diante de alguém que lhe despertasse interesse, disse de forma sedutora:

- Não tenho a mínima idéia, mas adoraria aprender... Se você me ensinasse.
- Como você não sabe? É um absurdo! Você mora numa “cidade tabuleiro”!
 
9h23min01seg – Em questão de milésimos de segundos Maria Geeda Petrúcia Leal relembrou os eventos que tinha passado nos últimos trinta dias. Tinha completado um mês desde que Guilherme entrou em coma. E até aquele dia o quadro de saúde do seu ex não tinha sido alterado.

Por ter muitos amigos no Hospital João Alves Filho, Dona Stéphanie conseguiu ampliar a manutenção do internamento de Guilherme, mas os aparelhos poderiam ser desligados a qualquer momento. Ela também tinha pedido a intervenção da mãe que conhecia muita gente por trabalhar como enfermeira. Porém, as amizades da mãe e de Dona Stéphanie não seriam suficientes para manter Guilherme vivo por muito tempo. Era lamentável, pois a sua vingança seria mais doce se Guilherme estivesse vivo quando ela a concluísse.

Toda aquela tragédia tinha atrasado o rumo dos seus planos. Mas o destino ironicamente a guiou até Adriano. Como ela poderia ter esquecido de uma peça tão importante em seus planos?
 
9h24min11seg – Maria Geeda Petrúcia Leal encostou o bico dos seus seios levemente sobre o tórax de Adriano, e deu um beijo que começou como um simples selinho, mas em seguida evoluiu para um beijo arfante de línguas entrelaçadas... Um beijo longo.

9h25min05seg – Geeda parou de beijar Adriano e o encarando de forma sedutora perguntou:

- Você me ensina a jogar xadrez?
- Se você quiser...
- Eu quero!

9h25min30seg – Maria Geeda deu um abraço forte em Adriano e seguiu de mãos dadas até o ponto de ônibus. Mentalmente ela vibrava por mais uma vez conseguir manipular pessoas e se perguntava:

Como pude te esquecer Adriano? Como pude esquecer?


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Será que Adriano é o morto do “Maria Feliciana”? De que forma Maria Geeda, Hélio e Guilherme estão relacionados com “mistério” do sumiço da arcada dentária e das fotos da perícia, e o “suposto suicídio”? Será que o detetive Lucas Andrei o seu amigo Allan conseguiram sobrevier ao atentando à bomba na Praça “Olímpio Campos”? Para saber estas e outras respostas, não perca os próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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