segunda-feira, 30 de maio de 2011

Capítulo 40

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 

Capítulo 40 – VIDEO ET TACEO... Parte 05
"Todos os erros humanos são frutos da impaciência,
uma interrupção prematura de um trabalho metódico." – Franz Kafka
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27 de Janeiro de 2009 – Terça

18h52min23seg – Apavorado com a chegada de vários policiais e a figura raivosa do Dr. Uziel, o garçom, por instinto, largou a caixa.

18h52min24seg – Por sorte o detetive Lucas Andrei já tinha se aproximado o bastante para segurá-la. 
 


18h52min26seg – Em pânico, o garçom correu desesperado na direção da Catedral Metropolitana de Aracaju. Certamente queria proteção de Deus e de quebra das paredes grossas, caso houvesse alguma explosão.

18h52min28seg – Allan seguiu aquele homem que a horas tremia com o corpo e a alma por segurar uma bomba.

18h52min29seg – O detetive Lucas Andrei, que agarrava a caixa de papelão de maneira firme e cuidadosa, conseguiu ver algo escrito na parte externa daquele objeto e disse:

- Epoche...



18h52min30seg – O detetive Lucas Andrei encostou o ouvido na caixa de papelão e pensou em voz alta:

- Epoche... Que interessante!


18h52min30seg – Possesso de raiva o Dr. Uziel bradou:

- Seu boçal... Quer dar uma de herói agora?




18h52min31seg – Sócrates, assessor de comunicação da SSP puxou o Dr. Uziel para um canto e advertiu:


- Dr. Uziel... Não é melhor avisar o comandante do COE, agora?
- Não!
- Dr., consegui desvia-los dizendo que foi um alarme falso, que foi uma situação boba que já estava no controle, mas daqui a pouco a imprensa vai estar aqui e nós teremos que responder muitas perguntas.
- Não se preocupe com isso Sócrates... Há muito em jogo aqui... Não se preocupe que se eu precisar de ajuda serei o primeiro a pedir... Continue fazendo o seu trabalho!
- Dr...
- Faça o que eu disse!... Te garanto que os meus superiores sabem e aprovam o que estou fazendo.
- Certo... Doutor... Mas lembre-se: Pelo que soube já houve uma atropelamento por causa da notícia da bomba.
- Acidentes acontecem... Agora... Faça o que eu disse!
- Certo Dr. Uziel.

18h55min24seg – Dr. Uziel ficou a menos de um metro de distância de Lucas Andrei e bradou:

- Então seu boçal... Vai querer dar um de herói?... Ou vai passar por cima do trabalho dos outros como de costume?

18h55min27seg – Lucas Andrei sorriu e em tom debochado falou:

- O Senhor... Doutor Uziel... Quer que eu largue a bomba no chão?... Além do mais, Dr. Uziel... Não sei se o Senhor sabe, mas somente duas pessoas aqui em Sergipe fizeram o curso de Operações Químicas e ações anti-terroristas há dois anos atrás em Brasília: O técnico do COE... E... Advinha quem é o outro?
- Mentiroso!
- Não é não Dr. Uziel... É a mais pura verdade... O Senhor não tem essa informação porque ele foi com recursos próprios. – Ponderou Sócrates.

18h56min30seg – Allan que tinha deixado o garçom sob a proteção de um policial, voltou e falou dirigindo-se ao chefe e ao amigo:

- Muita calma! Muita calma.

18h56min34seg – O detetive Lucas Andrei deu um assovio e sinalizou para Allan se aproximar.
 
- Ô Andrei... Você quer morrer e quer me levar junto, é?
- Venha ver uma coisa Allan!
- Não vá Allan! – Gritou Dr. Uziel.
- Venha ver isso Allan... Rápido!
- Desculpa Dr. Uziel... De repente posso ajudar.

18h56min35seg – Allan se aproximou e ficou ao lado esquerdo do amigo.

- Veja isso! – Apontou Andrei.
- Vídeo Et Taceo... – Sussurrou Allan enquanto lia.
- Isso... Vídeo Et Taceo.
- Você tem razão Andrei... É um aviso.
- Epoche!... Um aviso...
- “Vejo, mas nada digo”. (ver 19h23min29seg capítulo 29)
- Epoche Allan...Se quisessem nos matar, já teriam feito!



18h57min22seg – Dr. Uziel, ainda mais irritado falou:

- Eu quero uma explicação!

18h57min25seg – O detetive Lucas Andrei jogou o caixote na direção do Dr. Uziel.

18h57min26seg – Tentando manter a calma, Allan explicou:

­- Nos deram um aviso, Dr. Uziel... Uma pequena amostra do que as pessoas que estão por trás do suposto suicídio no “Maria Feliciana” são capazes de fazer.

18h57min29seg – O caixote de papelão se abriu e uma cobra naja esculpida em madeira surgiu.

 

18h57min36seg – Andrei puxou Allan e cochichou:

- Allan... Estamos no caminho certo!
- Você é maluco Andrei?! Por que você jogou a caixa no chão? Que brincadeira foi essa? Você poderia ter se explodido... A mim... E a todo mundo! E qual o significado desta escultura? Por que em madeira? Por que uma cobra? Por que Naja?
- Vamos por partes... E não seja dramático Allan...
- Então você já sabia que não havia bomba?
- Eu já suspeitava... Mas só tive certeza quando vi a inscrição...
- O “Vídeo Et Taceo”.
- Epoche.
- E o que te fez suspeitar? O que te deu tanta certeza?
- Epoche... Se a caixa de papelão realmente tivesse uma bomba, muito provavelmente explodiria no instante em que o garçom a suspendeu e correu com ela na direção do rapaz do “Gurgel”...
- Entendo... Mas isso não é motivo suficiente.
- Epoche que não... Primeiro, se quisessem nos matar poderiam ter atirado em nós à distância... Ou próximo... Enfim... Quem mandou deixar a caixa sabia que nós estávamos aqui há algum tempo, pois nos seguiu e depois mandou que trouxessem a caixa... Com o único intuito de nos assustar...
- Hum...
- A intenção era nos dar um recado: “Vídeo Et Taceo”... E se houvesse uma explosão, a nossa morte chamaria a atenção da imprensa... Coisa que “eles” estão tentando evitar... Por isso que ainda não nos mataram...
- Tem lógica.
- Epoche! Outro ponto importante, é que se a caixa explodisse não poderíamos ler o que estava escrito.
- Compreendo... Mas isso ainda não poderia te dar certeza de que não havia uma bomba... O que te deu garantia suficiente a ponto de ousar tirar onda com a cara do Dr. Uziel?
- Primeiro... Se a houvesse uma bomba relógio, existiria um barulho de tic-tac... E quando pus o ouvido na caixa não ouvi nada.
- Mas ela não poderia ser acionada por um detonador?
- Epoche que não... Quando encostei não senti o cheiro de trinitrotolueno nem de nenhum alcalóide.
- Que substâncias são essas?
- São substâncias usadas em explosivos com detonadores... Como não percebi nenhum vestígio delas, deduzi que não era um explosivo por detonação. E se tivesse nitroglicerina a caixa teria explodido assim que o garçom a pegou... Compreendeu?
- Sim... Agora sim.
- Epoche! Allan... E eu vou precisar mais do que nunca da sua ajuda!
- Por que você diz isso?
- Esse recado foi de alguém que sabe que estamos no caminho certo. Concorda?
- Sim... Pra mim tem lógica.
- Epoche!
- Então por que você disse que vai precisar mais do que nunca da minha ajuda?
- Por causa da última pista que o morto deixou...
- Como assim?
- O “ss” no espelho do Expresso do mel...
- O vagão da praça? O que tem o “ss” no espelho?
- O “ss” no espelho significa que vou precisar fazer umas coisas... E muito provavelmente não poderei ir sozinho, pelo menos até um certo ponto.
- Por que vai precisar de ajuda? Por que até certo ponto? E qual o significado da cobra Naja, você sabe?
- Epoche que sei...

18h59min03seg – Lucas Andrei interrompeu a conversa quando percebeu a aproximação de Sócrates e Dr. Uziel que estava extremamente nervoso e repetia sem parar:

- Eu exijo uma explicação!

18h59min04seg – O detetive sussurrou para Allan:

- Depois responderei todas as suas perguntas... Mas quando estivermos a sós.

18h59min05seg – Percebendo que a investigação tinha atingido o clímax, pela primeira vez Andrei tentou uma conversa amistosa com o Dr. Uziel.
 
- Dr. Uziel... Estou disposto a dar toda explicação que o Senhor quiser, mas...
- Mas?!... Você provoca um atentado fajuto e ainda tem a cara de pau de falar em mas? – Berrou Dr. Uziel.
- Dr. Uziel... O Senhor me desculpe, mas apesar de Lucas Andrei às vezes se intrometer em nossos trabalhos, dessa vez ele veio ao meu pedido como já falei pro Senhor. E afirmo categoricamente que esse atentado não foi provocado... Não foi planejado por ele ou por mim... Todos viram o suspeito que deixou o caixote... – Argumentou Allan.
- O garçom pode confirmar isso. – Completou Andrei.
- O garçom está se urinando todo de medo... Vai confirmar qualquer coisa! – Respondeu Dr. Uziel.
- Então o Senhor conversa com ele e todos que estavam presentes quando a situação ficar mais calma.
- Ele tem razão Dr. Uziel. – Falou Sócrates para o chefe e em seguida virou para o detetive e perguntou – Andrei, você disse que nos daria toda a explicação, entretanto havia um mas...

19h01min43seg – Lucas Andrei sorriu e disse:
 
- Epoche! Explicarei tudo, mas...
- Que mas?! – Interrompeu Dr. Uziel.
- Calma Dr. Uziel... Vamos ouvi-lo. – Interrompeu Sócrates.
- Dr. Uziel, por um momento tente esquecer os eventos do passado. Estou disposto a desvendar todo este mistério que pra mim já está quase resolvido... E mais! Deixarei todos os créditos da solução do crime com o Senhor e a sua equipe...
- Mas?... – Perguntou Dr. Uziel em tom de desconfiança.

19h02min50seg – Lucas Andrei estendeu a mão e olhou nos olhos do Dr. Uziel.

- Quero uma viatura descaracterizada e que Allan continue me ajudando... Mas sem interferências. Em troca, como disse, terei uma reunião com o Senhor e explicarei tudo, darei todos os créditos... Dê-me 15 dias apenas que resolverei este caso por completo.

19h03min04seg – Sócrates puxou o Dr. Uziel pra frente do restaurante “Papa-léguas” e falou:

- É razoável Dr. Uziel... Pense: Esse caso já está começando a chamar a atenção... É uma arcada dentária que some... Fotos que somem... Um atropelamento e pânico por causa de um falso atentado à bomba... Pense: E se houver um próximo atentado?... E se o próximo for real?
- Talvez você tenha razão.
- Dr. Se realmente houver pessoas poderosas por trás da morte no “Maria Feliciana”... Temos que resolver logo, por que não sei até quando vou conseguir driblar a imprensa.
- É... Você está certo.
- O Senhor não tem opção... Andrei sabe de alguma coisa, e nós precisamos saber o que é.


19h07min25seg – Sócrates estendeu a mão e o Dr. Uziel entregou a chave. Enquanto o assessor caminhou para fazer a entrega, ouviu o chefe dizer:

- Vou querer um relatório completo!
- Epoche Dr. Uziel. Epoche! - Respondeu Lucas Andrei.

19h07min29seg – Sócrates entregou a chave para Allan e falou:



- Pegue a viatura que está bloqueando a Travessa José do Faro com Rua Pacatuba, é descaracterizada... Já pode ir se quiser... Avisarei pra eles.
- Obrigado Sócrates! – Agradeceu Allan.
 

19h07min32seg – O detetive Lucas Andrei tirou fotos da escultura de madeira e da inscrição na caixa.

19h07min35seg – Dr. Uziel entrou na viatura em que tinha vindo e advertiu:

- Quinze dias Lucas Andrei! Quinze dias!
- Em quinze dias resolverei o caso.

19h07min41seg – Allan, utilizando-se de uma flanela para não deixar impressões digitais, pegou a escultura e pela janela da viatura, entregou ao Dr. Uziel.

19h09min46seg – Sócrates, os dois policiais armados de fuzil e Dr. Uziel subiram a Rua Propriá em contramão com o intuito de dobrar à esquerda da Rua Capela.



19h09min48seg – Enquanto a viatura se movimentou com o giroflex ligado... Dr. Uziel gritou:

- Quinze dias Lucas Andrei! Quinze dias!


 



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Por que Dr. Uziel reuniu um pequeno grupo para resolver o problema do atentado à bomba? Por que ele tem tanto medo daqueles eventos misteriosos se tornarem públicos? Que eventos do passado ligam o detetive Lucas Andrei ao Dr. Uziel? Que coisas o detetive precisará fazer para descobrir o segredo do morto do “Maria Feliciana” E por que ele precisará da ajuda do amigo somente até um certo ponto? Qual o siginificado da cobra Naja esculpida em madeira? E qual o significado da última pista que o suposto suicida deixou na Praça Olímpio Campos? E Adriano, o que será que aconteceu com ele na aventura de canoa no Rio Sergipe? Para saber estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Capítulo 39

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 

Capítulo 39 – VIDEO ET TACEO... Parte 04
"Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia após dia e esperar resultados diferentes." – Albert Einstein
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27 de Janeiro de 2009 – Terça

18h51min08seg – Antes que Allan pudesse olhar a nova figura exibida no notebook de Lucas Andrei, o homem com cara de “nerd” passou pelos dois amigos enquanto dirigiu-se para o carro. Atrás do mesmo, um pouco mais lento, seguiu o garçom da lanchonete.

- Moço!

18h51min10seg – O homem acelerou os passos para chegar mais rápido até o ‘Gurgel” que estava com a porta aberta. O garçom insistiu:

- Moço... O senhor esqueceu este caixote!

18h51min36seg – O Homem correu para o “Gurgel”, deu a partida e saiu queimando pneu.

 

18h51min49seg – Allan que tinha visto toda a cena com atenção, comentou:

- Cara maluco!

18h51min55seg – O garçom fez menção de abrir o caixote.

- Não é coisa de maluco Andrei? – Perguntou Allan sorrindo.

18h52min03seg – O detetive Lucas Andrei levantou, e numa frieza calculada, disse:

- Ele não era maluco... Ele deixou uma bomba!

18h52min23seg – Allan engasgou com a própria saliva.

O ar que foi expulso pelos pulmões através do diafragma, passando em seguida pelas cordas vocais e modificado pela boca, lábios e língua, repetidas vezes em intervalos, do detetive Lucas Andrei para produzir a frase: “Ele deixou uma bomba!” não foi entendida imediatamente por Allan.

- Como?
- O rapaz do Gurgel...
- O maluco?
- Sim... Ele deixou uma bomba!
- Uma bomba?
- Isso.
- Uma Bom-ba?
- Exatamente, Allan!

 
18h52min41seg – Motivado pela curiosidade, o garçom fez menção de abrir o caixote. Porém, assim que digeriu a informação dada pelo amigo detetive, Allan correu na direção dele, posicionou-se à frente e gritou:

- Não abra!
 


18h52min54seg – Uma jovem mulata que vendia acarajé entre a banca de revista e a lanchonete em que Lucas Andrei e Allan estavam conversando, tinha acabado de fritar mais duas quando ouviu de relance a palavra “Bom-ba”... Apavorada, ela fez alarde e derrubou o óleo quente da frigideira nos próprios pés... E num misto de dor causado pela queimadura e da informação dramática que acabara de ouvir, vomitou seu pavor:

- Uma bomba! Uma bomba!





18h53min01seg – Assustado com o grito da vendedora de acarajé, o garçom olhou para todos os lados. E ao perceber que os dois rapazes que há pouco conversam observando fotos que um deles mostrava pelo notebook, agora caminhavam com certa cautela em sua direção... Pensou: aquele gesto só podia ter um terrível significado... Havia sim uma bomba ali... E estava com ele.

Assim que entendeu a situação de perigo, o cérebro do garçom ativou uma série de respostas fisiológicas e comportamentais: Mãos frias e suadas, olhos arregalados, sobrancelhas contraídas, respiração ofegante e coração saltando pela boca... O fluxo sanguíneo também foi alterado em seu curso, sendo redistribuído da pele e das vísceras para os músculos e cérebro. A palidez da face foi um reflexo claro do que ele estava sentido... Ele “amarelou de medo”.

18h53min40seg – Allan, muito tenso falou:

­- Não abra! Não abra!

18h53min44seg – Allan abriu a carteira, e dando um giro de 360º disse a todas as pessoas que estavam próximas:

- Meu nome é Lucas Andrei... Sou detetive... E esse ao meu lado é o perito Allan... Todos... Por segurança se afastem...

18h54min02seg – No interior da padaria que ficava ao lado oposto à banca de acarajé, uma jovem estagiária da Infraero, que tinha aproveitado que seu noivo tinha viajado para fazer a prova de um concurso em Brasília, estava aguardando a chegada do seu amante que estava atrasado... E no instante que pensou em se levantar para ir embora, foi interrompida...

- Desculpa pelo atraso xuxuzinha...
- Tem alguma coisa errada?
- Foi um simples atraso meu amor...
- Não é disso que estou falando!
- Do que é então?
- Olhe ali!
- Que é que tem?
- Tem alguma coisa errada acontecendo... Vai lá ver o que é!

18h55min17seg – Antes que o jovem amante se levantasse, o garçom começou a berrar:

- Eu vou morrer! Eu vou morrer! Uma bom-ba! Eu vou morrer! Eu vou explodir...

18h55min26seg – O garçom ficou paralisado e urinou devido ao imenso medo.

18h55min27seg – Um homem que tinha acabado de sair da banca de revista, assim que ouviu que havia uma bomba prestes a explodir correu disparado, na direção da Rua Santo Amaro gritando:

- Uma bomba! Uma bomba!

18h55min37seg – Um pouco antes da esquina, do lado oposto da padaria, o homem que correu foi atropelado por um condutor que dirigia um Fiat Siena.

 
18h55min39seg – O condutor desceu com a esposa para prestar socorro e viu o homem tendo uma convulsão e falando sem parar:

- Uma bomba! Uma bomba!

 
18h55min41seg – A jovem estagiária da Infraero pegou o amante pelo braço e disse:

- Vamos embora!
- Por quê?
- A polícia vai chegar!
- E daí...
- Muitos policiais são amigos do meu noivo...
- Hum... Você quer conservar sua fama de mulher respeitável, né?
- Seu besta... To indo... Venha se quiser!...

18h56min42seg – Os jovens amantes foram embora, cabisbaixos, para não serem reconhecidos.

18h56min43seg – A passageira do Fiat Siena, olhou pra direita e ao perceber o garçom estático, visivelmente em pânico, e dois homens se aproximando devagar... Gritou de forma histérica:

- Umaaaaaaaaaaa Booooooooombaaaaaaaaaaaaa!

18h57min45seg – Com o alarde da mulher, começou uma correria.

18h57min49seg – Allan, sinalizou para Andrei conversar com o garçom, e sacou a arma para lhe dar cobertura.

 

18h58min07seg – Na avenida Hermes Fontes um homem com cara de “nerd” tinha acabado de desembarcar de um veículo Gurgel que tinha estacionado a duas esquinas atrás, bateu na porta de uma residência que costumava sediar reuniões misteriosas. Quem atendeu foi o “Número Um”.

- E então?
- O pacote foi entregue.
- Bom. Muito bom. Gosto assim.
- Também consegui a outra encomenda.

18h58min27seg – O “nerd” entregou um envelope contendo o “Dossiê” sobre o detetive Lucas Andrei e completou:

- Missão cumprida!

18h58min29seg – O Centro da cidade viveu momentos dramáticos que não se via desde o assassinato de Fausto Cardoso naquelas adjacências.  Várias pessoas saíram às pressas do padaria. Dois clientes da lan-house que tinha percebido os acontecimentos externos correram sem pagar a conta. O restaurante “Papa-léguas” fechou as portas para impedir qualquer tentativa de saque devido a desordem geral que crescia minuto a minuto. Pessoas começaram a correr, vindas de todas direções.



18h58min31seg – Apesar de estar muito nervoso, Allan manteve-se firme dando cobertura para Andrei.

18h58min33seg – O detetive Lucas Andrei conseguiu ficar cerca de meio metro de distância do garçom, por isso, com a voz calma, encarando-o disse:

-­ Fique calmo amigo... Fique calmo... Vai dar tudo certo!

 
19h13min52seg – Uma viatura policial parou na esquina da Rua Lagarto com Rua Propriá.

19h13min56seg – A segunda bloqueou a Rua Laranjeiras com Capela.

19h14min10seg – A terceira bloqueou a Travessa José do Faro com Rua Pacatuba.

19h14min38seg – A quarta bloqueou a Rua Itabaiana com Maruim.


 





O objetivo de tais ações era um só: Isolar a Praça Olimpio Campos para se providenciar o controle daquele atentado à bomba.

18h16min33seg – Dois policiais armados de Fuzil desceram de cada viatura que estava fazendo bloqueio para impedir a aproximação de curiosos.



19h17min49seg – Uma viatura em alta velocidade desceu a Rua Itabaiana e ao passar pelo antigo restaurante “Cacique”, entrou bruscamente em contra-mão na Rua Própria, parando em frente à Padaria que fica na esquina da Rua Santo Amaro. Do veículo desceram além dos dois policiais armados de fuzil, o Dr. Uziel que estava espumando de raiva e o assessor de comunicação da SSP. 
 
19h17min50min – Sem deixar de dar cobertura ao amigo, Allan falou:

- Andrei... Advinha quem chegou...



19h17min51seg – Andrei que naquele momento estendia a mão para pegar o caixote com o garçom, falou de forma muito tranqüila:

- Pelo espetáculo já sei quem é.

19h18min03seg – Dr. Uziel caminhou na direção de Allan e Andrei e começou a gritar:

- Tinha que ter um dedo de Lucas Andrei!


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Será que o detetive Lucas Andrei e seu amigo Allan vão conseguir desativar a bomba? Qual será o significado da última pista encontrada pelo detetive: o “SS” inscrito no espelho do antigo vagão da Praça Olímpio Campos. Que eventos marcaram a última encarnação de Maria Geeda, Hélio e Guilherme? Será que Maria Geeda Petrúcia Leal continuou praticando mais crimes e mais torturas psicológicas ao longo de 11 anos? E Adriano, o que será que aconteceu com em sua aventura de canoa no Rio Sergipe? Para saber estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Capítulo 38

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 

Capítulo 38 – Coma... Parte 01
"O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte."  - Nietzsche

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Paz, bem-estar... Uma ausência de dor.
Desligamento do corpo... De si...
Um vôo alto no espaço como o Condor
Que viaja sob o Sol com frenesi.

Falar consigo mesmo sem o pavor
De reler fracassos no teu chassi.
É necessário... É bom... Libertador...
Porém, dilacera-o como bisturi.

Estar pra morrer muda todo ser...
 “Morrer”, se enterrar e continuar vivo
É pior que tudo... É existir, não é viver!

Lê: Viver é jamais ser repulsivo...
É cometer erros e amadurecer...
É saber que o amor nunca é excessivo!

SONETO E.Q.M.  de  Anderson Sant’ Anna

Um flash-back muito importante...

20 de Setembro de 1998 – Domingo (Ver capítulo 27)

7h36min12seg – Dr. Gilvan retornou com uma expressão facial muito séria.

- Dona Stéphanie... Guilherme teve um AVC... E entrou em coma.
- Meu Deus! – Geeda gritou pondo as mãos na cabeça.
- Não vamos desesperar... A esperança é a última que morre.
- Ele está em coma Dona Stéphanie! Coma! Coma!

7h36min15seg – Enquanto a alma de Guilherme se desprendeu do corpo, Maria Geeda Petrúcia Leal, inconformada por ter uma parte dos seus planos frustrado, desmaiou.

7h36min18seg – Dona Stéphanie abraçou Geeda e ao mesmo tempo a acariciou.

7h36min19seg – Dona Stéphanie fechou os olhos e descansando o queixo sobre o ombro esquerdo de Geeda, começou a orar:

Deus poderoso e misericordioso, amparai Guilherme nesse momento de agonia... Fazei com que ele, que é um pouco cético, não se aflija... E se for da vossa vontade que ele deixe a carne e volte ao Mundo dos Espíritos... Que o possa fazer em paz, sob o amparo da vossa misericórdia. Bons Espíritos que  acompanham Guilherme deste o seu nascimento, não os abandone neste momento! Dai-lhe força e a devida orientação para suportar os difíceis momentos porque deve passar... Iluminem seus pensamentos e façam com que todos que o amam possam agir de maneira a ajudá-lo...


7h39min07seg – Dona Stéphanie abriu os olhos e viu alguns feixes de luz que seguiram na direção da UTI cardíaca do Hospital João Alves Filho.

7h39min08seg – Guilherme parou de sentir o corpo... Parou de sentir dor...

Era uma sensação muito estranha, afinal há pouco mais de uma hora, ele lutou com todas as forças para sorver oxigênio mas não conseguiu.

A visão de Maria Geeda escondida atrás da parede à direita da UTI... E a frustração por não conseguir dizer a Dona Stéphanie o local em que tinha guardado o “Dossiê” sobre Geeda, foi demais pra ele... (6h41min02seg – capítulo 27)

Em poucos segundos houve um acúmulo de sangue nas veias e capilares... Ele começou a ter uma sensação iminente de morte: Sentiu um insuportável extravasamento de fluidos para os pulmões...

- O Dossiê... – Tentou dizer. – O Dossiê – Não conseguia falar! – Estava se afogando em sangue! – O... – Não conseguiu se fazer ouvir, e o instinto pela vida o fez para de pensar no local em que tinha escondido as informações sobre aquela criminosa... Tinha se dado conta que estava morrendo... Morrendo... Mas como? – Tentou abrir mais a boca... Sugar mais ar... – Mas sentiu borbulhas internas no pulmão – Estava borbulhando por dentro...

- O Dossiê... Fez uma última tentativa... Mas não conseguia falar... Não conseguia sequer pensar... Nunca sentiu tamanha dor... Estava morrendo... A respiração tornou-se cada vez mais curta... Cada vez mais difícil... Ele só queria mais um minuto de vida... Ele sabia que aquela garota precisava ser freada... Se ele morresse ela continuaria iludindo e fazendo mal a muitas outras pessoas... Ele só queria dizer o local em que tinha escondido o Dossiê... Ele sentia fome de justiça... Sentia fome de ar...

Guilherme fez um esforço sobre humano... Mas o ar não veio. A dor no peito aumentou. E outras dores começaram a se espalhar... Começou a sentir a veia jugular fazendo o possível para mantê-lo vivo... Mas em vão... Ela foi sobrecarregado com uma intensa e inapropriada pressão arterial... 
 
A pressão diastólica atingiu 120 mmHg... E Guilherme perdeu a consciência, a última coisa que conseguiu ouvir foi alguém dizer:

- Edema pulmonar... Crise hipertensiva... Administre oxigênio e nitroprussiato de sódio. (ver 6h41min17seg – capítulo 27)

7h39min15seg – Guilherme sentiu completa ausência de dor...

Depois de terríveis minutos de agonia, Guilherme começou a experimentar algo maravilhoso: Uma sensação de paz, de profundo bem-estar.

Aos poucos começou a perceber que a sua alma estava se desligando seu corpo. Olhou pra baixo e viu-se sendo entubado por uma enfermeira. Parecia que estava há uns cinco metros de altura... E subia cada vez mais.

Incomodado em olhar pra si mesmo. Guilherme virou-se para o teto e ficou atônito ao perceber que seguia na direção de um local escuro com um fraco ponto de luz ao longe.


Sem entender o porquê, como se tivesse vendo um filme, alguns momentos da sua vida começou a passar diante dos seus olhos. Reviu o momento em que recebeu a notícia da morte dos pais. Do choro do irmão. Da promessa que fez diante do túmulo da mãe que cuidaria do irmão mais novo e não deixaria nada de ruim acontecer com ele. Lembrou de quando conheceu Geeda, da morte de Hélio, do instante em que Geeda deixou escapar um sorriso enquanto observa o corpo do amigo (ver capítulo 11 – 22h49min), reviu o acidente e o desespero de tentar se comunicar com a madrinha uma última vez.

De repente... A alma de Guilherme parou de flutuar e começou a andar dentro de uma espécie de túnel. Ao fundo havia uma luz branca... Uma luz agradável... Que emanava uma energia acolhedora... Uma sensação boa.


À medida em que a luz se tornou forte, Guilherme foi perdendo pouco a pouco a noção do tempo. E depois de rever os principais momentos da sua vida, sentia apenas: Paz, alegria... Pela primeira vez sentiu que era parte de algo maior... Sentiu que era filho de Deus.

Ao chegar no fim do túnel, Guilherme viu-se cercado por luz. Era uma sensação boa.

Após mais alguns passos deparou-se com uma mulher de sorriso brando, que com certeza lhe era um pouco familiar e lhe passava segurança, proteção, conforto... Ela se aproximou e disse:

- Bem vindo Guilherme!
- Você não me é estranha... De onde eu te conheço?
- Nos vimos há pouco tempo, não lembra?
- Peraí... Eu te vi logo após o meu acidente... (00h43min03seg - Capítulo 18)... Também me lembro de pensar ter visto o Hélio...
- Você não pensou... Você viu.
- Então eu morri?
- Não... Ainda não.
- Cadê o Hélio?
- Assim como vai acontecer com você, ele está recebendo algumas orientações.
- O que eu estou fazendo aqui? Eu sou muito jovem! Ainda tenho muito o que fazer!
- Isso só Deus sabe...
- Quem é você?
- Meu nome é Elda... Sou uma amiga designada para te ajudar.
- Você é meu anjo da guarda?
- Se for confortável pra você... Pode me enxergar assim. De qualquer forma estou aqui pra te ajudar, te dar alguns esclarecimentos...
- Que tipo de esclarecimento?... Peraí... Eu vou ficar aqui muito tempo?
- Não sei.
- E quem sabe?
- A lei da vida... Você ficará o tempo que for necessário para a sua evolução.
- Olha Dona Elda eu não posso demorar... Tem uma louca lá embaixo que matou meu melhor amigo e me matou... Ou se ainda não morri... Tentou me matar... Eu tenho que voltar!
- Irmão... Entendo a sua preocupação, mas tenha calma... Ao seu tempo tudo será esclarecido.
- E ela ficará impune?... Ninguém vai impedi-la? Cadê a justiça?
- A lei da vida não falha irmão... Te garanto.
- Ela matou duas pessoas moça... Será que vocês não levam isso em conta?
- Irmão... Você está analisando tudo apenas sobre o ponto de vista da recente realidade em que viveu.
- E não aconteceu?
- Aconteceu... Mas chegou a hora de você conhecer a razão de tudo.
- Moça... Enquanto a senhora fica perdendo tempo falando... Alguém pode estar sendo vítima daquela louca!
- Se houver novas vítimas é por que é necessário...
- isso é loucura... Eu não deveria estar aqui! Eu não veria estar aqui!

Desesperado Guilherme começou a correr em várias direções, procurando uma saída. Após algum tempo... Parou.


- Irmão... Procure aceitar a sua nova condição... Quanto mais você resistir, mais sofrerá... Confie na Lei de Deus... Na Lei do amor...
- Eu não deveria estar aqui.
- Deveria sim, meu amigo. – Disse Hélio surgindo como num passe de mágica diante de Guilherme.
- Hélio?
- Sim... Sou eu.
- Meu Deus... Eu realmente morri.
- Não amigo... Você não morreu, pois ainda há laços que o prendem ao seu corpo...
- Então que estou fazendo aqui?
- Você veio conhecer “a verdade”. – Interrompeu Elda.
- Que verdade?
- Amigo... Chegou a hora de você conhecer como eu, você, Geeda, estamos ligados há fatos ocorridos noutras realidades...
- Como assim? Eu já convivi com Maria Geeda e você noutra encarnação?
- Isso mesmo meu amigo – Respondeu Hélio.
- Como? Por quê?
- Todas as suas perguntas serão respondidas, irmão... Mas por hora, procure descansar.


Guilherme seguiu Elda e Hélio muito atordoado. Em sua cabeça passavam milhares de perguntas, entre elas uma o incomodava: “Por que era tão importante que ele viesse a conhecer o que aconteceu com ele, Geeda e Hélio numa outra encarnação?”

Guilherme a seguiu caminhando e sumiu na luz.

  
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De que forma Maria Geeda Petrúcia Leal, Guilherme e Hélio estão ligados há fatos de outras vidas? Será que tais eventos misteriosos explicam o suposto suicídio do edifício Maria Feliciana? Será que Adriano está envolvido com esse mistério? Como será que terminou a noite romântica de Adriano e Geeda? E como anda o inquérito administrativo que investiga o sumiço da arcada dentária e das fotos da perícia? E Como será que o detetive Lucas Andrei enfrentou o problema do atentado à bomba na Praça Olímpio Campos? Para saber estas e outras respostas, não perca os próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!