Capítulo 99

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!

 

Capítulo 99 – Maldita Lei de Murphy...  Parte 02
Última quinzena da novela on-line “Menina Veneno”

"Se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira possível,
no pior momento possível.” – Edward Murphy 
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 29 de Janeiro de 2009 – Quinta – Residência Dona Stéphanie...

 

09h34min51seg – A ligação foi encerrada.

09h35min03seg – Lucas Andrei entrou e sentou-se novamente no sofá da sala.

 

- Algum problema, meu filho? Posso ajudar? – Perguntou Dona Stéphanie.

- Basílio disse pra senhora que se “eu” aparecesse... Significaria que pra sua segurança e de Guilherme, ele se afastaria, certo?

- Isso.

- Então... Que posso dizer? Bem... A senhora ajudou muito... Não imagina o quanto... A questão é: Para segurança de vocês, o melhor que tenho a fazer é não falar nada, entende?

09h39min11seg – Dona Stéphanie permitiu-se verter uma lágrima e falou:

- "Possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa esfera corpórea."

- Epoche!... Sábias palavras de Kardec... Se é o meu fardo... Irei até o fim.

- Que assim seja, meu filho.

09h40min23seg – Contrariado por ser o emissor de notícias ruins, o detetive saiu com a horrível sensação de estar de mãos atadas... Sem poder fazer muita coisa... E ele detestava quando isso acontecia.

09h40min35seg – Dona Stéphanie deu um abraço fraternal, encarou Andrei e disse:

 - Você vai conseguir, meu filho. Os Anjos de luz e as forças do bem estão do seu lado. Nunca esmoreça... Não perca a fé... Confie em Deus. Ele confia em você!

- Obrigado.

09h40min56seg – Os dois se despediram.

09h41min03seg – Cabisbaixo e carregando as pinturas de Basílio, Lucas Andrei caminhou até o veículo Pajero TR4 de cor preta que tinha pego emprestado com Sócrates.

09h41min27seg – Dentro do veículo, pôs em ordem numérica as ilustrações... E depois de alguns minutos fixando o olhar na primeira imagem concluiu:

 

“Essa imagem não me é estranha... Sei que fica no mercado central... Já vi várias vezes... Epoche... Mas... Por que Basílio começou as “Sete Séfiras” com ela? E por que usando a técnica neon?... Epoche... Seja o que for... Com certeza está ligado as estes três símbolos.

09h42min02seg – Olhou o contorno de uma cruz de metal sobre um círculos e outras duas dispostas lado a lado sobrescritas num retângulo.

“Epoche...  Eis o ponto de partida... Mas qual era o significado mesmo? Sempre gostei dessas imagens... Sobretudo por estar num ambiente tão popular e passar uma mensagem que é ignorada por todos... Epoche... Tenho que lembrar... Sei que anotei em algum lugar... Onde?”

09h42min18seg – Num rápido flash-back mental Lucas Andrei reviveu o instante em que enxergou a penumbra de um homem apontando uma pistola na direção de Allan levando-o a dar um pulo na direção do amigo e ser impedido por uma forte pancada que recebera na nuca que provocou o seu desmaio. (ver 05h20min18seg do capítulo 71)

“Epoche... Meu notebook... Esqueci na casa de Allan...  Com certeza tem a explicação pra esses símbolos. Não queria... Mas o jeito é dar uma passadinha por lá.”

09h43min35seg – Lucas Andrei acomodou as pinturas no banco ao lado, e sem querer deu uma piscada... Sinal de que o cansaço físico estava vencendo a necessidade da mente de encontrar respostas para aquele mistério.

- É... Preciso descansar um pouco... E depois desse mistério... Vou tirar umas longas férias.

09h43min59seg – Deu a partida, engatou a primeira e saiu.

 

09h44min01seg – “Dois” que acompanhava tudo a poucos metros ligou para Adriano Kelsen.

- Chefe... “Dois” falando.

- Diga.

- O detetive saiu...

- Pra que me ligou? Siga-o e só depois me passe o relatório.

- É que pensei...

- Você não é pago pra pensar! Ou tem mais alguma coisa?

- Tem... Ele recebeu uma misteriosa ligação... E pela expressão no rosto não foi coisa boa.

- Conseguiu ouvir a conversa?

- Não... Ele foi pra fora... E os microfones pegaram muita interferência... Mas fiz leitura labial, não tenho dúvida de que ele conversou com o “Senhor  X”.

- FDP!... FDP!

- Chefe?!

- Siga o detetive... Veja o que ele vai fazer e depois me ligue... Ligue para o quatro e mande descobrir o que  “Senhor X” queria com o detetive.

- Certo Chefe!

10h07min28seg – Lucas Andrei chegou à casa de Allan no Residencial “Carpe Diem” ma Zona de expansão.

29 de Janeiro de 2009 – Quinta – Residência de Allan...

10h07min55seg – Abriu o porta luvas e pegou uma Pistola ponto 40 que Sócrates sempre levava consigo.

 

10h08min03seg – Com muita cautela, e usando o método swat de incursão tática em edificações, entrou na casa do seu grande amigo.

10h10min25seg – Andrei terminou de vasculhar o último compartimento da residência e concluiu que estava seguro, não havia ninguém.

10h10min29seg – Retornou ao veículo, pegou as pinturas e voltou.

10h10min37seg – Ao constatar que o notebook estava no mesmo lugar em que vira pela últimas vez(sobre a mesa), colocou as imagens em ordem. A primeira mostrava a figura da cruz sobre o círculo seguida de mais duas sobre um retângulo.

  

10h12min44seg – Depois de fuçar os principais arquivos do seu notebook, Lucas Andrei lembrou-se de uma pasta especial que mantinha oculta.

10h12min50seg – O detetive encontrou um arquivo que continha fotos de construções de Aracaju que possuíam símbolos que transmitiam mensagens subliminares... Entre várias localizou as três cruzes que havia sobre uma simples lanchonete popular localizada no Mercado Central de Aracaju.

 

10h12min53seg – Clicou no arquivo e leu:

- Epoche!... Normalmente a cruz representa a divisão do mundo (pontos cardeais ou quatros elementos), ou a união de conceitos: divino representado pela linha vertical e o mundano pela horizontal... Epoche... Eu sabia que esse mistério tinha relação da eterna luta do bem contra o mal... e um mapa... Cruz num círculo também faz referência à orientação dos pontos cardeais que mostram o caminho a pessoas perdidas... Pessoas perdidas como eu – Sorriu - Epoche... Sofrimento, dor e angústia... Sim, afinal é o significado difundido pelos góticos... Basílio, por algum motivo que desconheço, passou por isso... Epoche! Lembro de ter catalogado isso...  Vejamos, a primeira figura da lanchonete do mercado:

Cruz e Círculo: Menção ao diagrama tengriista da retratação do mundo, mostrando a árvore do mundo crescendo ao centro e conectando-se com outros três mundos. O submundo simbolizado pelo círculo pequeno e o mundo superior pelo círculo maior. Epoche... O Tengriismo foi uma antiga religião dos povos turcos, mongóis e Sumérios... Passa a mensagem de que o Ser humano deve viver em harmonia com o universo em que está e sempre restaurar o equilíbrio quando afetado por algum infortúnio ou interferência espiritual.

- Epoche... Estou começando a acreditar que o SS – Sindicato dos Sumerianos realmente existe... E tem fortes representantes aqui em Sergipe... Deus do céu!

10h12min53seg – Lucas Andrei fez algumas anotações e clicou noutro arquivo que falava da cruz e retângulo que havia na fachada da mesma lanchonete.

Cruz e Retângulo: Referência ao crucifixo de São Damião. Trata-se de uma representação à Teologia da Luz ou Teologia da Beleza que defende que toda comunicação com o divino se dá por meio da luz... Epoche... Também trata de forma sintética e simbólica todo o Evangelho de São João dando ênfase ao jogo, a trama entre a luta das trevas com a luz... Hum...

- Epoche... Por isso que Basílio fez as pinturas usando a técnica “neon” num jogo de sombra de luzes... Epoche... Um aviso claro de que eu estaria enfrentando forças poderosas... E que se vencesse, conseguiria restabelecer um equilíbrio... Que responsabilidade meu Deus... Epoche!... Que interessante! A cruz de São Damião fala da trindade e o retângulo simboliza o Livro da vida Eterna... Epoche!... O Livro... Será que São Damião também teve acesso ao Livros dos Sumerianos?... E fez uma mistura com o Evangelho pra desacreditar os Sumerianos?... Deus do céu... Onde estou me metendo?

 - Peraí... Epoche!... Não é à-toa que entre as Sete Séfiras Basílio escolheu essa imagem para ser a primeira. Três cruzes... Trindade... Três forças distintas... Três lados... Três caminhos... Epoche... Terei que fazer uma difícil escolha entre três... Epoche!... Com certeza Basílio quis chamar minha atenção para as três primeiras Séfiras: Kether que se refere a realidade única, o mistério absoluto, essência pura do qual emana todo conhecimento. Hokmah simbolizando a sabedoria divina pelo qual o indivíduo obtém o autoconhecimento e a Binah que é a inteligência (Mãe universal que gera todos os mundos e seres).

- Epoche... Três séfiras que na realidade se resumem numa só: 

  

Kether + Hokmah + Binah = Conhecimento, mensageiro e leitor.

 

- Epoche  leitor da mensagem oculta... Três forças que movem o universo.

 

10h26min01seg – O detetive leu uma última anotação relacionada às imagens da lanchonete, uma frase atribuída a São Damião:

“As palavras à mente convencem. As palavras ao coração movem.”

10h26min09seg – Levantou-se e caminhando de um lado para outro repassou em voz alto a mensagem que assimilou da primeira pintura de Basílio.

 

- Há um conhecimento... Que envolve a luta de forças do mal contra o bem... Este saber pode instituir o equilíbrio universal... Há um mensageiro... Que se utiliza de símbolos e um leitor... Epoche... Tudo ligado ao Livro dos Sumerianos... Será que esse livro realmente existe?

10h26min09seg – As reflexões foram interrompidas por um alerta sonoro de que uma mensagem de texto acabara de chegar ao aparelho celular do filófoso-investigador.

10h26min12seg – Lucas Andrei acessou a caixa de entrada do celular e sentiu um profundo arrepio ao ler uma mensagem de alguém que se auto-intitulava “Patési”:

“Vou lhe fazer uma oferta que não poderá recusar:
Me entregue o livro... E te deixarei vivo.” - Patési

10h26min20seg – Visivelmente abalado, pensou:

- Ou quem mandou essa mensagem é maluco... Ou... O Sindicato dos Sumerianos existe... E o que é pior... Eles estão entre nós.

10h26min49seg – Sentindo o peso da responsabilidade que lhe fora confiada por Basílio, Andrei sentou-se no sofá e sentiu algo que sempre temeu: Não saber o que fazer... Era assim que estava se sentindo... Lucas Andrei, famoso detetive que solucionara diversos casos misteriosos sentia-se pressionado como nunca fora... Sentia a terrível sensação de estar “entre a cruz e a espada”.

- Onde fui meter? Se não entregar o livro ao tal “Senhor X” Allan morre... Se não entregar ao “Patési” quem morre sou eu... Epoche... Tô ferrado. Onde fui me meter?

Continua...