segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Capítulo 102

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!

 

Capítulo 102 – Serpentes também amam...  Parte 02
Penúltima semana da novela on-line “Menina Veneno”

"É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso de uma mulher,
do que à ponta de uma espada.” – William Shakespeare
 
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ARREPIO – CAPITAL INICIALComposição: Flavio Lemos, Fê Lemos, Dinho, Loro Jones e Bozzo Baretti



Um arrepio me congela os ossos
Que vontade de poder dizer o que eu sinto
Que vontade de poder
Luzes da cidade ofuscam a minha vista
Luzes da cidade ofuscam a verdade
Por favor me diga o que será melhor
Eu não tenho mais nenhuma condição



31 de Março de 2008 – Segunda


Avenida Hermes Fontes, próximo ao Posto de Saúde.



21h29min10seg – Maria Geeda ficou com tanta raiva por ter que se submeter às ordens de Adriano e não poder fazer nada, que tirou os óculos do rosto, jogou no piso do ônibus e chorando, amassou com os pés.

Por um breve instante, talvez milésimos de segundos, ela se deu conta de que o desejo de vingança que tinha guardado desde a noite do dia 23 de janeiro de 1998 (ver 23h10min00seg do capítulo 04), durante dez anos, não estava lhe fazendo bem... E neste plano físico e espiritual só a levaria cada vez mais a ser envolvida pela presença de espíritos de vibrações negativas, como Edu (Obsessor de Geeda ver 00h49min00seg do capítulo 18) que ao pé do ouvido a influenciava: “Desça e seduza o palerma... Tente mais uma vez... Você consegue... Eu te ajudo!

21h32min05seg – Por sentir-se humilhada e de ego ferido, sinalizou e pediu ao motorista que parasse.

Maria Geeda Petrúcia Leal era uma típica menina mimada que cresceu acostumada a ter todas as suas vontades atendidas. Tanto no âmbito familiar quanto nos inúmeros relacionamentos amorosos. Ela nunca admitiu receber um não. Nunca admitiu ser rejeitada. Nunca cogitou a possibilidade de não conseguir êxito ao manipular pessoas... Mesmo que se tratasse de um indivíduo extremamente perigoso, chefe de uma Sociedade Secreta.




21h32min58seg – Geeda desembarcou na quadra seguinte. Ao ver que Basílio ainda estava ao alcance gritou:
 
- Basílio!

21h32min59seg – Assustado Basílio virou-se e ficou parado enquanto Geeda correu na sua direção.

- Você voltou!
- Meu lindo... – sorriu ofegante. – Claro que voltei.
- Ô... Desculpe pela pergunta idiota.
- Não é idiota... Não quis ofender. – Deu um beijo na testa.
- É sério... Desculpa... Como disse, não estou acostumado. Não tenho jeito com mulheres.

21h33min14seg – Geeda segurou as mãos do enxadrista e encarando-o de forma insinuante disse:

- Eu também não costumo agir assim... Mas... Falei sério quando disse que sou sua fã, que te acompanho faz algum tempo. (ver 20h59min28seg do capítulo 96)

21h33min31seg – Liberou uma lágrima estratégica.

- E estar contigo assim, frente a frente... É muito emocionante.


21h33min37seg – Pegou a mão direita de Basílio e colocou entre os seios.

- Veja como estou... Meu coração está acelerado.

21h33min49seg – O neto de Perseu ficou muito excitado, sem conseguir pronunciar nenhuma palavra.

 
- Está sentindo?
- Tô... Tô... Mas... E o seu ônibus?

21h34min01seg – Enquanto seduzia Basílio, Maria Geeda refletiu sobre o passo a seguinte.

“Vixe que homem lerdo... Se não fosse minha vingança... Tenho que pegar pesado, se ficar na conversa mole e não fará nada... Tenho que dar um jeito dele me beijar e me acompanhar até em casa... Já sei o que fazer.”

21h34min03seg – Geeda respondeu:

- Não importa, tenho dinheiro em casa. Vou pegar um táxi e quando chegar eu pago.

21h34min57seg – Seguindo o planejado Maria Geeda Petrúcia Leal simulou um desmaio:



- Meu Deus... – Berrou Basílio desesperado.

21h35min00seg – Nervoso, o enxadrista fez menção de levar Geeda para o Hospital São Lucas.

21h35min19seg – Fingindo despertar, Geeda pediu:

- Não precisa me levar ao hospital... Só foi um efeito da minha crise alérgica, costumo sofrer desmaio quando estou exposta ao sereno ou quando ingiro camarão. (ver 22h06min do capítulo 06)
- Tem certeza?
- Sim. Mas por favor, me acompanhe até em casa.

21h45min19seg – Antes que Basílio desse a resposta Geeda sinalizou para um táxi que passava.
 
O neto de Perseu sabia que atender aquele pedido poderia atrasar sua missão, porém não teve forças e não conseguiu  resistir aos encantos daquela menina meiga.


- Por favor. – Insistiu Geeda de forma dengosa.

21h46min25seg – Um táxi parou. Os dois entram, Ao fitar o motorista Maria Geeda reconheceu de imediato o motorista: Era “Três”, um dos capangas de Adriano...


“Hum... Adriano está acompanhando tudo... Bom.” – Pensou.

21h49min03seg – Geeda encostou a cabeça no colo de Basílio, e muito sutilmente, acariciando-o, perguntou:
 
- E então. Senhor Basílio... Cérbero...
- Pode me chamar de Basílio não estou em nenhum campeonato agora. – Sorriu.
- Obrigado... Diga-me, além de enxadrista, técnico em segurança, matemático, pintor e músico... Faz mais alguma coisa?
- Nada de mais... Só tenho um hobby... Uma espécie de tradição familiar.
- O que seria?
- Decifrar enigmas... Nada emocionante. Na verdade é um processo lento, solitário, cansativo e chato.
- Imagino.
- E você mocinha? O que faz?
- Sou uma garota como qualquer outra. Normal. Universitária, estou me formando em letras-português. Trabalho... Sou Romântica. Adoro anotar frases e letras de músicas em caderno...
- Mesmo? Alguma em especial?
- Gosto de muitas. Mas tenho predileção pelas letras de Leoni, Capital Inicial, Netinho, Jorge Vercilo, Ana Carolina, Paralalamas do Sucesso e em especial as do Padre Fábio de Melo.
- Hum... É uma moça religiosa?
- Sim... Pra mim Deus está acima de tudo! Amo-o de todo coração, de toda minha alma e todo meu pensamento.
- Hum... Matheus, capítulo 22, versículo 37.
- O que tem esse versículo?
- Foi o que você acabou de citar.
- Sério? Você lembra de todos?
- Apesar de ter uma boa memória não lembro de todos... Mas deste em especial, pois papai costumava dizer que era uma coisa que tinha aprendido com o pai dele e fazia questão que eu e meu irmão passássemos aos nossos filhos, se tivéssemos, e estes, aos filhos dos seus filhos: o versículo 39 do mesmo capítulo -  “Amarás ao próximo como a ti mesmo”... Papai dizia que Deus dotou algumas pessoas de privilégios e dons especiais para de alguma forma fazerem a diferença... Que devemos pensar primeiro nos outros e depois em nós mesmos... Gosto de pensar que o nosso mundo seria outro se as pessoas seguissem tal ensinamento.
- Que lindo...

Em virtude dos anos em que conviveu com os pais de Guilherme, Geeda já conhecia aquele lema da família. (ver 22h52min00seg do capítulo 17) E não foi à-toa que improvisou aquele tema religioso. Pretendia simular uma afinidade de convicções, sentimentos e valores morais. E como o esperado, conseguiu.


21h56min48seg – Maria Geeda verteu mais uma lágrima estratégica e num movimento calculado, roubou um beijo de Basílio deixando-o petrificado.

- Que foi isso?
- Desculpa... Me emocionei... Sou assim mesmo... Você é maravilhoso.
- Não me entenda mal... Não... Não achei ruim... E não se pede desculpa por se dar um beijo... Principalmente se tiver sido tão doce como foi.
- Desculpa... Mas é que sou assim... Sensível... Choro à toa... Sou uma romântica. Ainda acredito no valor moral... Na bondade... No amor.
- Falando em amor... Você tem namorado?
- Não...
- Por que não?
- Saí de um noivado há pouco mais de quatro meses... Resolvi dar um tempo... E olha – fingiu aborrecimento – Se eu estivesse namorando não teria dado esse beijo... Pois sou uma mulher fiel... Fique sabendo, viu? – Deu língua e sorriu.
- Defininitamente... Uma mulher pra casar.
- Exatamente.

21h58min11seg – Geeda sorriu satisfeita ao se dar conta de que Basílio já estava dominado. No máximo em três dias conseguiria fazer com ele a pedisse em namoro e confiar-lhe todos os seus segredos. Ou ela teria êxito ou não se chamaria Maria Geeda Petrúcia Leal.
 
22h04min35seg – Interrompendo o flerte e os devaneios de Geeda, o motorista entrou num posto de gasolina, olhou pra trás e falou:

- Moço, preciso abastecer... Não se preocupe que darei um desconto... Será rapidinho.

22h04min47seg – Basílio contraiu a testa e antes que pudesse reclamar, Geeda o impediu dando mais um beijo.

Ela sabia que os capangas de Adriano jamais fariam qualquer gesto de improviso tendo ciência de que “o Chefe” estava monitorando.

22h05min01seg – Ao olhar para o frentista, Geeda reconheceu mais um dos “Sumerianos”, era “Cinco” disfarçado.


Geeda puxou Basílio para dar um longo beijo... Um bem apaixonado. E enquanto o fazia leu uma mensagem do ”Cinco” através de leitura labial.

“Saia do carro... Deixe a pasta e enrole até copiarmos tudo... Ordens do Chefe.”

22h09min39seg – Assim que decodificou o recado de Adriano, Maria Geeda afastou Basílio com um empurrão, começou a tossir e simular que estava com falta de ar.
 
- Preciso de ar.
- Vamos pro hospital agora!
- Não... Não... É a minha crise alérgica... Não se preocupe... É só pegar um ar que passa.

22h10min57seg – Durante o “teatro” de Geeda, “Três” puxou discretamente a pasta de Basílio, e a escondeu sob o banco.

22h11min20seg – Enquanto Maria Geeda inspirava e expirava sucessivas vezes pra ganhar tempo, “Três” pôs a pasta sob a camisa e entrou numa loja de conveniência. No interior, Adriano o aguardava munido de uma câmera fotográfica que usou para copiar todas as pistas que o neto de Perseu tinha encontrado até aquele momento.

22h12min59seg – “Três” retornou ao táxi, recolocou a pasta no banco traseiro e gritou:

- Estou pronto.

22h13min03seg – Muito preocupado, Basílio insistiu:

- Geeda... Pense melhor... Vamos ao Hospital.
- Não meu lindo... O que mais preciso agora é do seu abraço, do seu carinho... E chegar em casa.
- Tem certeza?
- Sim... Tenho.

22h15min21seg – Retornaram ao veículo e prosseguiram com a viagem.

- Você é um anjo sabia... Um anjo lindo!

22h27min34seg – Maria Geeda pôs “inocentemente” a mão sob a virilha do enxadrista provocando uma forte excitação que o levou a puxá-la de encontro ao corpo e num abraço forte, beijá-la com muito mais intensidade.

Enquanto isso...

22h27min34seg – Ainda no posto de gasolina, no interior de um misterioso Corolla Preto, “Cinco” comentou com Adriano Kelsen que estava ao lado transferindo as imagens que tinha capturado.
 
- Chefe... Seja lá o que for que o senhor está planejando... Esta mocinha é perfeita para o serviço. Nunca vi uma garota mais fingida do que essa... Ainda tá pra nascer mulher mais 171.
- Concordo.
- O melhor é que ela tem essa carinha de anjo.

22h29min11seg – “Cinco” e o “Patési” sorriram satisfeito.

- Concordo... Ela está indo bem.
- Fez bem o grito que o Senhor deu nela.
- Verdade... Algumas pessoas precisam de estímulo... Mas ela retomou as rédeas... Inclusive, como eu provoquei a ira dela... Lembre-se de amanhã comprar um novo óculos pra mocinha.
- Algum em especial?
- Sim... Um “Vogue 2646” de cor preta.
- Como o Senhor desejar.
- Ela merece.
- Ô... E como!

22h29min11seg – Novamente sorriram.

Enquanto isso...

22h29min11seg – Há algumas quadras do mesmo posto de gasolina, no interior de um “Audi R8” de cor preta, o “Senhor X” perguntou ao seu fiel comparsa.

 
- E então Thiago? Dá pra capturar as imagens que o “Patesi” tirou da pasta?
- Vai dar trabalho... Mas é possível.
- “ Senhor X”... Não seria mais fácil matar o “Patési” e o enxadrista?
- Não... Os códigos somente um legítimo herdeiro é capaz de decifrar... Além do mais... Para ter sucesso em meus planos... Preciso dos dois bem vivos.
 

Alguns minutos depois, noutro ponto da cidade...

22h53min07seg – Geeda finalmente chegou em casa.

22h54min36seg – Retornou com dinheiro e pagou a viagem.

23h08min12seg – Despediu-se de Basílio com um beijo apaixonado e perguntou:

- Nos veremos novamente?


Continua...



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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Capítulo 101

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!

 

Capítulo 101 – Serpentes também amam...  Parte 01
Penúltima semana da novela on-line “Menina Veneno”

"Ou você tem uma estratégia própria,
 ou então é parte da estratégia de alguém.” – Alvin Toffer

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GAROTOS IIComposição: Leoni

Seus olhos e seus olhares
Milhares de tentações
Meninas são tão mulheres
Seus truques e confusões
Se espalham pelos pêlos
Boca e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem...

............................
..........................

Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos...
 



31 de Março de 2008 – Segunda – Sede da Federação Sergipana de Xadrez...


Entendendo a trágica história de amor entre Geeda e Basílio


21h01min37seg – Geeda afastou-se, encarou Basílio e disse: (ver capítulo 96)

 
- Você quer sair daqui, não é?
- Não gosto de multidões... Tem gente demais aqui.
- Então vamos sair.
- Vamos?
- Algum problema? Posso te acompanhar?

21h02min45seg – Mesmo com a mente focada na decodificação da mensagem do velho Perseu, Basílio não conseguiu resistir à sedução daquela menina veneno.

- Pode sim... Seria louco se não deixasse. – Sorriu.

21h03min01seg – Basílio e Geeda saíram da sede da FESEX.




Alguns minutos depois...


Avenida Hermes Fontes, próximo ao Posto de Saúde.


21h15min17seg – Basílio sinalizou para um táxi. Geeda tentou impedir dando um tapa na mão do enxadrista.
 
- Nãão!
- Que foi? Qual o problema?
- Não sei como dizer.
- Não se acanhe... O que aconteceu? Posso ajudar?
- Não queria incomodar.
- Não se preocupe com isso...  Qual o problema?
- É que... Que... Estou sem dinheiro.

21h16min32seg – O neto de Perseu puxou a parte interna do bolso pra fora. Estava completamente vazio.


Se alguém pudesse ler a mente de Maria Geeda Petrúcia Leal naquele instante, viria:

“Quebrado!... Pelo jeito esse não tem nada a me oferecer.”

Graças ao treinamento de anos de dissimulação verbalizando e agindo ao contrário dos seus reais pensamentos, Geeda caprichou na interpretação e conseguiu ocultar seu lado de mulher prática, interesseira e deslumbrada com a boa vida da “alta sociedade”, mesmo que à custa de aparências, ou à custa de vender a alma a demônios como Adriano Kelsen.

 - Não importa meu amor lindo... Mas você podia ao menos me fazer um favor?
- O que?
- É impressão minha ou você está nervoso?
- Sim... Tá na cara?

21h17min01seg – Geeda balançou a cabeça de forma dengosa e faceira.

- Tem medo de mulheres?
- Não é que eu tenha medo... Só não estou acostumado e conversar ou ser abordado por uma mulher bonita como você.
- Obrigado pelo bonita... Mas sou simples...  Como qualquer uma: Acredito no amor... Na fidelidade... Sou pra casar! – Falou com um jeito sapeca que lhe era peculiar.
- Onde você mora?
- No condomínio de casas – “Vivendas do Amanhecer Cinco”.
- Onde fica?
- Avenida Rio de Janeiro, próximo a “Escola Normal”.

21h17min20seg – Basílio sorriu.
 
- Qual é o favor?
- Sua namorada deve adorar esse teu jeito tímido, hein?
- Não tenho namorada... Nunca tive.
- Sério?
- Sério. Qual é o favor?
- Desculpa... Te deixei sem graça, não foi?... Tenho que parar de ser perguntadeira – Sorriu – Já me disseram que eu podia ganhar dinheiro entrevistando as pessoas... Que tenho jeito.
- É... Você tem jeito... Mas qual é o favor?
- Desculpa... Não vou tomar mais seu tempo. Pode me acompanhar até o ponto de ônibus?
- Só isso? Claro que sim.

21h20min59seg – De maneira muito sutil, Geeda pôs a mão esquerda na cintura de Basílio e deslizou-a carinhosamente, puxando-a, até segurar a mão direita do rapaz. Para qualquer pessoa que olhasse, não restaria dúvida que os dois eram namorados.

- Está indo pra onde?
- Barra dos Coqueiros... Tenho coisas a resolver por lá. – Disse num impulso.

21h21min24seg – Ao perceber que o enxadrista falou por distração, Geeda beijou o dorso da mão direita dele e falou:

 
- Eu e minha mania de entrevistar as pessoas, né? – sorriu – Desculpa.
- Tudo bem. Veja... Está chegando um ônibus... Bom... Ele vai ao terminal da “Rodoviária Velha”, lá você poderá pegar algum que passe na Rio de Janeiro.

21h21min46seg – Fez menção de seguir no sentido do Centro da cidade.

Basílio Daciano de Vaz Lemos pretendia, ainda naquela noite, encontrar a antiga casa da “Barra dos Coqueiros” em que o Engenheiro militar, Capitão Sebastião José Basílio Pirro costumava emprestar ao velho colega de Academia, seu avô, Perseu. (Ver 23h14min25seg do capítulo 95).

Ele acreditava que não foi à toa que o avô revisitou aquele local três meses antes de falecer misteriosamente.



21h25min55seg – Geeda tentou impedir os planos do enxadrista e o puxou.

 
Durante alguns segundos que pareceram horas para Basílio, os dois ficaram frente a frente, olhos interpenetrando-se, respiração ofegante, e lábios a poucos centímetros.

21h26min30seg – Vencido pela timidez, Basílio chamou a atenção de Geeda para o veículo que tinha parado:

- Seu ônibus chegou.

21h26min59seg – Basílio se afastou e a passos largos começou a andar no sentido pretendido.

21h27min07seg – Geeda soprou um beijo como um gesto de despedida, mas foi em vão, Basílio estava de costas, seguindo o seu penoso destino...

21h27min10seg – Contrariada subiu para o ônibus e pensou no que iria fazer em seguida.

21h27min15seg – O celular tocou. O visor mostrou um nome que fez a espinha dorsal gelar: ADRIANO.

21h27min20seg – Maria Geeda atendeu.

- Alô!
- Alô?! É assim que se fala?
- Alô chefe.
- Sua incompetente! Você o deixou partir! Uma tarefa simples... Nada que uma pilantra como você nunca tenha feito... E fracassa?!
- Chefe...

- Eu não admito fracassos! Mocinha... Você não tem noção do que está em jogo! Eu vou acabar com a sua raça!
- Eu sei o que estou fazendo, chefinho.
- Pro seu bem espero que sim... Senão o acordo estará cancelado! E sabe o que vai acontecer se eu desistir?... Pergunte!
- O que vai acontecer?
- Vou te apresentar meu bichinho de estimação... Ele adora dar mordidinhas em meus desafetos... Principalmente no pescocinho... E sabe o que ele faz? Mastiga... Mastiga e mastiga até que a pessoa seja morta... Pense nisso!


21h29min03seg – Adriano Kelsen, muito irritado, desligou o telefone na cara de Maria Geeda Petrúcia Leal.



Continua...

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Capítulo 100

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!

 

Capítulo 100 – Maldita Lei de Murphy...  Última Parte
Última quinzena da novela on-line “Menina Veneno”

"Todo erro contém um núcleo de verdade
e toda verdade pode ser somente um erro.” – Friedrich Rückert
 
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29 de Janeiro de 2009 – Quinta – Residência Dona Stéphanie...



10h31min05seg – Em meio às reflexões diante do dilema que estava vivenciando, Lucas Andrei foi dominado por um sono irresistível... Não era pra menos, afinal estava há mais de setenta e duas horas trabalhando integralmente na resolução daquele mistério.

10h31min11seg – O famoso detetive adormeceu.

16h20min23seg – Um sonho repetido...

Quando uma situação não é assimilada, ela retornará em outro sonho. Ou no mesmo. Em ambas as hipóteses, sempre haverá a mesma mensagem.

Costuma-se dizer que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Há muitas discussões a respeito, algumas acompanhadas de experimentos científicos.

Naquela semana conturbada, Lucas Andrei experimentou um fenômeno um tanto quanto comum: Sonhar o mesmo sonho. Normal... A improbabilidade estaria no fato de acontecer numa mesma semana. O que era compreensível, se levarmos em conta o nível de estresse que o detetive provou desde as 10h03min00seg do dia 26 de janeiro quando assumiu oficialmente a investigação do suposto suicídio no Edifício Maria Feliciana.

Andrei reviu partes de um sonho que teve há três dias: (Ver 13h55min00seg do capítulo 07)


No instante em que o detetive pula uma imensa corrente de ar, um pequeno ciclone, o sustenta fazendo-o descer de forma bastante lenta. Tanto que ele observa atentamente a face externa do prédio, andar por andar.

Ao fitar o décimo segundo andar, que era o ponto chave do seu raciocínio de como aconteceu o pulo do suposto suicida, fica totalmente cego diante de um imenso brilho que percorre todo aquele andar. Tal ofuscamento o faz perder o controle e aumentar a velocidade da queda.

À medida que ele cai, fica mais inquieto, e esta inquietação se deve muito mais ao fato dele ter perdido a visão minuciosa de cada andar.

Após alguns segundos, Andrei cai em cima de uma espécie de ferro velho, um amontoado de placas de ruas e avenidas que começam com a letra "SS": Avenida Sete de Setembro, Rua Siriri, Rua Simão Dias, Rua Silvio Silveira, Av. Simeão Sobral, Rua Socorro, Rua Stanley Silveira, etc.

Depois de girar para todos os lados tentando entender a lógica daqueles nomes e endereços, Lucas Andrei é acometido de uma forte dor. E ao tentar se levantar percebe que duas placas estão enfiadas nos seus dois pés... Ele grita!

16h45min39seg – Lucas Andrei despertou sentindo uma dolorosa pressão nos braços e nos calcanhares:

16h45min42seg – Olhou ao redor e viu que suas mãos estavam sendo seguradas por dois homens e os pés por um terceiro.

16h45min47seg – Ao voltar-se pra esquerda enxergou um homem alto, branco, de expressão séria e fria, que acariciando uma estranha criatura falou de forma macia e gentil... Que ainda assim, conseguia ser aterrorizante.

- Boa tarde detetive.
- Quem é você?!
- Desculpe-me pela falta de educação: Adriano Kelsen... Mas pode me chamar de “Patési”.
- Foi você que mandou a mensagem?
- Isso... Mas quando meus homens me informaram que você estava curtindo um soninho, confesso que me chateei... E isso normalmente não é bom... Não é pessoal?

16h46min01seg – Os três capangas que seguravam Andrei e os quatro que estavam um pouco atrás dando cobertura, falaram em uníssono.

- Sim... Não é bom contrariar o Chefe.
- Detetive... Como é que eu mando uma mensagem pra você... E você... O que faz? Tira um cochilinho? Não foi de bom tom... Tive a impressão de que não me levou a sério.

16h46min30seg – Àquela altura Lucas Andrei já havia reconhecido o espécime que aquele homem que se intitulava “Patési” carregava nas mãos, o que significava que mais uma vez, em menos de 24 horas, estava com a vida por um fio.

- Eu não planejei esse cochilo... O cansaço me dominou.

16h46min54seg – Adriano aproximou-se, ficou de joelhos, e pondo o animal que segurava a poucos centímetros do rosto de Andrei, advertiu:

- Detetive... Acho que não entendeu... Há muito em jogo. Algo mais importante do que a minha ou a sua vida... Algo secular.
- Epoche...  Sei disso!
- Então detetive?... O Senhor hei de concordar que tempo para um cochilinho é um luxo de que não dispomos... E só pra frisar a mensagem: “Vou lhe fazer uma oferta que não poderá recusar: Entregue o livro... E te deixarei vivo.”
- Epoche... Mas... Sinceramente... No momento, a minha vida é o que menos me preocupa.
- Está se referindo ao seu amigo Allan?
- Epoche! Foi você?|!
- Não... Não é meu estilo. Costumo agir diretamente no alvo e não em terceiros. Você vai perceber detetive, que sei de tudo... Tenho informantes espalhados em todos os lugares de Sergipe... Em todas as classes... Em todo ciclo do poder... E pelo que fui informado... Quem seqüestrou seu amigo, foi meu arquiinimigo.
- O “Senhor X”.
- Correto... Estou disposto a ajudá-lo a libertar o seu amigo... Se... Se... No fim, com sua ajuda, colocar as mãos no Livro.
- Terei alguma garantia?
- Sim... Minha palavra.

16h59min07seg – Andrei deu um quase que imperceptível sorriso, mas que foi suficiente para irritar Adriano que através de um sinal ordenou uma seqüência de agressões.

17h02min13seg – O detetive recebeu três tapas acompanhado de um soco na “boca” do estômago.

17h02min24seg – Adriano encarou “Dois” que estava ao seu lado e mandou:

- Faça.

17h02min26seg – “Dois” tirou do bolso uma ampola com uma seringa, aproximou-se de Andrei e injetou 0,1 mL do líquido que havia.

17h02min30seg – O “Patési” explicou.

- Para não se sentir tentado a querer me enganar ou fazer algum acordo com meu inimigo, você está recebendo 1/10 de veneno hemotóxico botrópico modificado geneticamente... Antes que a sua mente genial comece a fazer cogitações, porque esse veneno é especial... Vou responder: Você terá que receber um antídoto... Creio que sabe o porquê.
- Epoche... Uma vez absorvido os vasos sangüíneos perdem a capacidade de reter o sangue e a capacidade de coagulação, e o sistema imunológico é anulado. Ocorre hemorragia, a carne se enche de líquidos e é destruída por bactérias...
- Chegando ao “gran finale”: falência renal e morte.
- Epoche... E como isso vai me estimular a encontrar o que você quer e te ajudar? Se estarei morrendo aos poucos e sentindo dores insuportáveis?
- Aí é que vem a melhor parte: Como disse, esse veneno é modificado geneticamente. Se por um lado, um mL seria suficiente para causar o óbito de 18 homens adultos em 4 horas... Esse tem a mesma característica, mas com a mutação, 1/10 promove uma morte lenta, não dolorosa, que pode ser adiada ou nunca acontecer se você tomar antídotos a cada 24 horas.
- Vou ter que passar a vida toda tomando esses antídotos?
- Não. Existe o antídoto neutralizante dos efeitos por 24 horas que você pode passar a vida inteira tomando ao meu “bel prazer” e outro definitivo. Se você trabalhar direitinho... Te livrarei desse carma. Enquanto isso... A cada 24 horas entrarei em contato pra saber o que você descobriu e indicarei o local em que o antídoto será posto... Porém, lamento informar que minha paciência não é muito grande e só mandei preparar duas doses.
- Ou seja... Tenho 48 horas pra te entregar o que você quer?
- Que bom que entendeu, detetive.
- E o Senhor “Patési” acha que isso vai me estimular a procurar o livro?
- Sim... Afinal, não sou eu que tenho um veneno circulando em minhas veias.
- Epoche... E esse bichinho?

17h59min01seg – Adriano Kelsen sorriu e disse:

- Gila?
- Epoche... É um "Mostro de Gila", certo?
- Detetive... Esperava mais de você. É um Heloderma Suspectum.
- Pretende torturar alguém com esse bichinho?
- Por quê pergunta?
- Epoche... Brincar com esse “bichinho” seria bem pior do que o veneno que me deu... Em vez de picar e largar a vítima, esse “bichinho” continua agarrado a ela, mastigando a sua carne até que seja morta.
- Parabéns detetive! Exatamente isso.

18h00min19seg –  “Dois” e mais três capangas que estavam próximos ao “Patési” aplaudiram.

18h00min25seg – Pararam ao virem o sinal do “Chefe“.

- Como é bom lidar com pessoas inteligentes.
- Epoche... Por isso que você o trouxe... Sabia que eu conhecia o perigo e quis fazer essa tortura psicológica!
- Correto. Mas não se preocupe... Só uso em indivíduos que me causam muita ira... E o “Gil” está reservado pra uma mocinha que me enganou há alguns anos atrás... Entretanto, detetive, se por algum momento eu tiver a impressão de que você me enganou ou fez algum acordo com meu inimigo... Farei questão libertar seu amigo, e na sua frente, fazê-lo testemunhar “Gil” brincando com ele.
- Uma brincadeira que causará uma morte lenta.
- Sinceramente, detetive, não gostaria que isso acontecesse.
- Eu também não.

18h10min33seg – Adriano virou-se e em tom de despedida falou.
 


- Podem soltá-lo. Detetive... Acho que agora tenho o privilégio da sua atenção... E não ousará ignorar meus avisos com um cochilo... Meu desejo é, e sempre deve ser, a sua prioridade. Entendeu?
- Epoche.
- Às 2h30min entrarei em contato para que receba a primeira dose do antídoto. Estamos conversados?

18h10min41seg – Andrei sentou-se e massageado os pulsos para aliviar as dores causadas pela pressão que sofreu, balbuciou.

- Epoche... Estamos conversados.... Patési!

18h10min43seg – Adriano Kelsen entregou o lagarto para “Três” segurar.

18h10min45seg – Tirou a pistola de Lucas Andrei que guardava na cintura.

18h10min48seg – Deu o golpe e jogou-a sem nenhuma munição no colo do detetive.

18h10min55seg – Sorriu e perguntou:

 

- Alguma dúvida detetive?
- Epoche. Por que vai me ligar às duas e trinta? Tem relação com a “Perseídeas”?(Ver 21h38min51seg do capítulo 43)
- Ah!... Detetive... Tem sim. Se não fosse um homem ocupado até ficaria mais um pouco para que me explicasse como descobriu isso.... Parabéns! Estou impressionado... Muito, muito mesmo. E isso é raro, viu? É muito bom conversar com o Senhor Lucas Andrei... Adoraria conhecê-lo noutra circunstância... E mais que tudo, detestaria ter que matar uma pessoa tão inteligente.

18h10min12seg –   Adriano Kelsen e os irmãos “Sumerianos” foram embora.

18h15min49seg – Lucas Andrei terminou de vistoriar o compartimento da casa de Allan que faltava, e teve certeza que estava sozinho.





18h16min03seg – Tenso e com milhões de questionamentos na cabeça, o detetive olhou pro céu e implorou por ajuda divina.

18h20min51seg – Ficou observando as constelações de verão, como fazia durante a infância...

 

Era uma ótima terapia. Costumava fazê-lo esquecer dos problemas, aliviar o estresse, tranqüilizar os neurônios... E produzir oportunos insights.

- Definitivamente estou entre a cruz e a espada... A mercê de um destino que nunca pretendi pra mim... Quando algo tende a dar errado, com certeza dará errado. Maldita Lei de Murphy! Patési desgraçado!

18h20min57seg – Respirou fundo e pondo a mão na cabeça desabafou:

- O que está feito... Está feito. O que começou tem que ser terminado. Epoche... Não adianta nada lamentar. Epoche... E agora? Ainda tem esse veneno geneticamente modificado... Que porcaria! Ou poderia ser um blefe? Não... Não acho. Aquele tal de “Patési” é muito esperto... Engraçado... O rosto dele não me é estranho... É familiar... Mas não sei por que não consigo lembrar... Pense Andrei... Não parem! Trabalhem neurônios... Tem um veneno em nossas veias!

18h21min30seg – Deu um tapa na própria cabeça.

- Maldita Lei de Murphy!... Vamos aos fatos... Epoche. É o melhor a fazer.

18h21min35seg – Olhou para o céu estrelado e fixando o olhar entre a estrela de Hércules e Alphekka da Constelação da Coroa Boreal pensou em voz alta.

- Hércules... Você bem que podia me ajudar nessa tarefa!... Afinal, pra você, uma tarefa a mais ou a menos não faria diferença... – Sorriu - Perai... Sete estrelas reunidas formando a Coroa Boreal?... Epoche! Como não pensei nisso antes?!

18h21min44seg – Lucas Andrei sentou-se às pressas em frente ao computador e clicou na mesma pasta que há dois dias atrás tinha mostrado a Allan. Tratava-se de fotos das pistas que Basílio tinha deixado pra ele na Praça Fausto Cardoso. (Ver 18h00min13seg do capítulo 30)

- Epoche...

18h21min49seg – Pegou a primeira pintura e passeou os olhos procurando fixar-se nos mínimos detalhes.

- Árvore Sefirótica... Kether, Chokmah e Binah... Formando a “Coroa Sefirótica” e as três primeiras emanações do divino... A Santíssima Trindade... Epoche... E o número Sete simbolizando as “Sete Séfiras” que representa as forças do destino: Tudo que é e o que será... Sete mundos que regem o nosso destino... Epoche... Sete... Sete... Sete... O tempo todo na minha cara e não dei mais importância.

18h23min25seg – Clicou na foto dos Sete hexágonos e lembrou-se de uma conversa que teve com Allan:

 

18h25min01seg – Andrei repetiu para si mesmo a frase que tinha dito para o amigo perito. (ver 18h15min44seg do capítulo 30)

- Com esse “SS” o morto me disse: “detetive, existe realmente uma sociedade secreta... E a minha morte é a causa da luta do bem contra o mal... Há traição em jogo... Vingança... Há muito poder e dinheiro em jogo.”

18h26min09seg – O detetive releu as anotações que fez sobre a simbologia do número sete. (Ver 18h48min39seg do capítulo 31)


-  “Pitágoras, chamava o número sete de “cadeia do destino”. Afirmava que quem fosse virtuoso, alcançaria fortuna, veneração, teria poder sobre os outros e teria oportunidades brilhantes. O sete é um número muito especial pois marca o destino. Favorece as coincidências para que as coisas aconteçam.

De acordo com a numerologia, o número sete está ligado a três pontos muito importantes: O Mundo. O Destino. A força.

“... O Sete foi sempre, para todos os povos, muçulmanos, cristãos, judeus, Sumerianos, idólatras ou pagãos, um número sagrado, por ser a soma do número três (que é divino) com o número quatro (que simboliza o mundo material)...”

18h30min22seg – Mudou a foto pra frase: “O BRASIL ESPERA QUE CADA UM CUMPRA O SEU DEVER” e lembrou-se da conclusão que tivera na ocasião.

- Basílio espera que eu cumpra meu dever... Basílides... Epoche... Desde cedo me forneceu o nome e eu estava cego... Não foi à toa que foi batizado com esse nome... Os Basílides acreditavam na existência de sete cones emanados do Supremo... Sete mais uma vez... Sete cones que conduz a conhecimentos secretos.

18h31min15seg – Lucas Andrei levantou-se, foi à geladeira pegar água. No segundo gole teve mais um insight que mostrou o próximo passo que deveria dar.

- Peraí... A primeira pintura tem a Coroa Sefirótica formado pelas  três cruzes em círculos e retângulos inscritos num triângulo oculto... Ao meio, quase transparente, uma imagem da árvore sefirótica associada à “estrela de Davi” que me faz lembrar dos três “SS” Selo Salomão – Substância Suprema – Sacerdote Simão (Ver 18h23min49seg do capítulo 30)... Epoche... Tem alguma pista nesse lanchonete... É muita informação pra uma única imagem... Sete... Sete... Sete... Em várias pistas: Mundo. Destino e força... Epoche... Seja o que for... Está na lanchonete!

18h47min41seg – Andrei pegou o notebook, desligou, pôs numa pasta de couro. Em seguida pegou a pistola ponto 40 que Adriano tinha jogado no seu colo, entrou no Pajero TR4 que pegara emprestado e partiu rumo ao Mercado Central de Aracaju.

18h55min39seg – Durante o trajeto, vez por outra espiava a Constelação da Coroa Boreal que era composta por estrelas dispostas em um arco de círculo, sentido norte-sul. Numa das vezes em que lançou um olhar casual se deu conta de mais um fato relevante:

- Epoche! Como pude deixar passar batido? O “suicídio” aconteceu no dia 25. 2+5 = 7. Morte em nome de um conhecimento. Assim como os Basílides que acreditavam que sacrifícios com escoriações no corpo levavam ao conhecimento da verdade suprema... Por isso que ele fez a tatuagem dos “SS” no dorso da mão direita, no coração e nos dois pés. (Ver 10h30min00seg do capítulo 01) Basílio... Definitivamente, era um gênio... Epoche! Caramba... Justamente no dia em que a Coroa Boreal e a estrela Alphekka está mais brilhante. Por isso que ele pulou do alto do Maria Feliciana... Era como se estivesse num observatório... O observatório do "7". Do Mundo. Do Destino... Da Força... Epoche... 25... O dia de Alphekka... Justamente a Ninfa da mitologia grega que foi a grande paixão de um caçador que a chamava de rainha, tanto que confeccionou uma Coroa de louros... Epoche... Por isso que Basílio deixou a pista da Coroa de Louros da Praça Olímpio Campos... (Ver 18h07min13seg do capítulo 30)... Epoche... Coroa de Louros e o mito da proteção e mudança... Na ocasião só tinha conseguido associar ao roque do xadrez (Ver18h12min02seg do capítulo 30). Epoche... O caçador morreu pra proteger pessoas inocentes de um grande mal... Epoche... Mais uma vez aparece a figura de uma mulher misteriosa que deve ser a causa de tudo... Que Deus me ajude!

19h49min50seg – Lucas Andrei estacionou um pouco à frente da lanchonete da pintura e olhando em todas as direções indagou:

- Basílio... O que você deixou pra mim?

19h50min01seg – Antes de descer do veículo, o detetive resolveu dar mais uma olhada na primeira pintura das “Sete Séfiras” de Basílio... E, sem querer percebeu um detalhe que não tinha notado até aquele momento.

- Epoche... Basílio... A Coroa Sefirótica não é uma simples pintura... – Sorriu – É um mapa pra alguma pista.

19h50min01seg – Andrei pegou um lápis de marcar texto e circulou uns pontos luminosos que havia na obra de Basílio.

 

- Epoche... Maravilha... Basílio fez três marcas... Assim como no crucifixo de São Damião: A marca maior indicando Jesus em posição central. E logo abaixo duas outras marcas simbolizando as duas pessoas da Santíssima Trindade... Epoche... Três marcas... Marcas que sucedem de baixo pra cima... Epoche...  Só pode significar uma coisa... Como o alinhamento das três cruzes formam um triângulo cujo vértice forma uma seta de baixo pra cima... Seja o que for que Basílio deixou pra mim... Está no telhado da lanchonete.

20h03min24seg – O detetive conseguiu alcançar o telhado. No ponto central encontrou uma telha de coloração diferente (mais escura que as demais) na parte interna, colada à superfície côncava, achou um pedaço de papel envolto num plástico.

20h03min30seg – Afastou-se da borda, sentou-se com muito cuidado para não escorregar, e começou a ler em voz alta:

“Como é a biblioteca de Borges?”

- Epoche... Basílio não faria diferente... Uma charada. Muito bom.

20h14min16seg – Enquanto desceu, Andrei refletiu sobre a resposta daquela charada.

 

- “Como é a biblioteca de Borges?”... Epoche... Jorge Luis Borges, escritor argentino... Autor do famoso conto: “A Biblioteca de Babel” que teria a pretensão de reunir todos os livros existentes no universo... E o Livro da Infinitude... Um livro que reuniria todo conhecimento... E até, letra a letra, toda a história da vida de quem usufruisse da posse. Uma espécie de diário do passado, presente e o futuro... Será que Basílio deixou algum diário contando toda à sua história? Ou trata-se apenas do “Livro da Infinitude”... Epoche... Mais uma vez a idéia do livro... O lendário “Livro dos Sumerianos” também chamado por alguns historiadores de “Livro da Infinitude.”.... Como seria a biblioteca de Borges?... Epoche... Segundo Borges e estudiosos, essa biblioteca seria hexagonal... Epoche... E não foi à-toa que Basílio fez menção a essa charada.

 
20h19min43seg – Andrei sorriu e mirou a cúpula hexagonal que existia vizinho ao relógio do mercado... A mesma cúpula que Basílio pintou em seu segundo quadro das “Sete Séfiras”, a Hokmah – Sabedoria.

- Epoche... Vamos à cúpula... O que será que me aguarda lá em cima?

 

20h40min01seg – Tomando precauções para não ser visto, subiu até a cúpula e encontrou enfiado num dos vértices, que fora indicado pela pintura, mais um bilhete envolto num plástico. Era mais uma charada.

Trabalha tempo dobrado.
Sempre de noite e de dia
Se teima em ficar parado, só com uma corda andaria.


- Epoche!... Bela charada... E não poderia haver melhor resposta: Relógio... Só pode significar uma coisa: a quinta pintura de Basílio,  Gueburg (Juízo Divino) que foi representada pela figura do relógio do mercado central... Vamos em frente... Tomara que eu encontre algo palpável para salvar a minha e a vida de Allan... Deus é pai!

20h57min54seg – Depois de esgueirar-se sobre as bancas de artesanato com o máximo de cuidado pra não ser visto, pois apesar da prerrogativa de estar trabalhando numa investigação, agora com o aval do Dr. Uziel, seria trabalhoso perder tempo com explicações... Além do mais, em virtude dos últimos acontecimentos, não poderia confiar em ninguém.

21h00min33seg – Lucas Andrei tirou a lanterna do bolso e com dificuldade subiu as escadas que davam acesso ao interior do histórico relógio do Mercado Central.

21h08min07seg – Alcançou o topo e descansou apoiando as costas e olhando atentamente o mecanismo interno do relógio.

21h08min29seg – Com muito cuidado passou a luz ao redor e num relance enxergou um discreto buraco cavado na parede interna.

21h08min36seg – Pôs a lanterna na boca, e enfiou o braço para pegar um estranho objeto que havia no fundo.

21h09min12seg Puxou uma espécie de pasta de couro, que tinha na parte externa uma réplica da quarta pintura de Basílio: A Hesed, simbolizando a Séfira da graça (amor e misericórdia)... Era uma pasta dotada de uma fechadura com senha. Lucas Andrei deveria fazer a combinação de 08 números.

21h10min03seg – Certo de que tinha encontrado a pista que tanto procurou, Lucas Andrei desceu e ainda tomando cuidado pra não ser visto retornou ao veículo.

21h35min51seg – Assim que chegou no carro emprestado por Sócrates, o detetive certificou-se que as portas estavam trancadas e de que não havia ninguém por perto e começou a fazer combinações numéricas para tentar abrir a pasta.

21h49min24seg – Depois de fazer combinações com a representação e significado numérico do nome de Basílio e das suas alcunhas (Cérbero e Hipólito), com a data de nascimento dele e do irmão e não ter tido êxito. Lucas Andrei lembrou-se de que Basílio cometeu o suicídio na noite em que a estrela Alphekka mais brilhava... Mais uma vez pensou na figura enigmática de uma mulher maligna que estaria por traz de toda aquela conspiração, por isso girou os números na seqüência da data daquele evento: 25012009.



21h55min01seg – A pasta finalmente foi aberta, o que provocou um sentimento de euforia no detetive.

- Epoche! Encontrei o pote de ouro!

Um pote de ouro... Talvez não seja conveniente chamar um caderno de diário de “Pote de ouro”, lógico. Mas em se tratando daquele mistério, encontrar aquele objeto que era claramente o “Diário de Basílio” significava ter descoberto um inestimável tesouro... Um tesouro que explicaria finalmente se Basílio realmente tinha cometido suicídio. E se cometeu... O que aconteceu naquela noite... Se ele sabia ou detinha a posse do “Livro dos Sumerianos”... E principalmente, respostas de como ele iria se livrar do “Patési”, do “Senhor X”, salvar Allan e garantir a própria vida.

 

- Epoche! Graças a Deus... A investigação está no fim... Espero encontrar a resposta para todas as minhas perguntas.

22h03min04seg – Lucas Andrei guardou o livro, ligou o carro e saiu à procura de um lugar seguro para ler “O Diário de Basílio”.


 


Continua...