quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Capítulo 95

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!

 


Capítulo 95 – Segredo de Perseu...  Parte 03
Últimos capítulos da novela on-line “Menina Veneno”

"O mais valoroso dentre nós raras vezes tem o valor de afirmar tudo o que sabe.” – Nietzshe 
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31 de Março de 2008 – Segunda

Aracaju – Av. João Ribeiro... Antigo casarão dos Lemos... Porão.


 

17h06min51seg – Em meio ao nervosismo e euforia diante dos súbitos acontecimentos, o neto de Perseu deparou-se com a forte sensação de já ter ouvido aquela frase...




UM NECESSÁRIO FLASH-BACK...

23 de Janeiro de 1998 – Sexta - 21h59min03seg

Contando nove anos de idade, o jovem Basílio dormiu profundamente depois de esperar por horas a chegada de Guilherme que até então não tinha dado notícias... Era assim desde a morte dos pais: por medo e preocupação fazia um esforço para segurar o sono. Aquele dia, não se sabe o porquê, entrou em inexplicável estado de sonolência que só foi quebrado depois de um terrível barulho de espelho quebrando.
 
21h59min14seg – Pulou do sofá assustado e ficou em estado de choque ao ver que uma das poucas fotos que tinha ao lado do irmão apresentava rachadura no espelho... O tipo de estrago provocado por uma pedrada ou dilatação térmica... E não era nenhuma das duas possibilidades já que estava sozinho e ninguém poderia entrar e atirar uma pedra sem ser visto e tampouco estava fazendo calor capaz de promover aquela reação...

22h00min04seg – Basílio lembrou-se que Dona Stéphanie dizia que sempre que estivesse sozinho e sentisse medo, o melhor a fazer era rezar. Foi o que fez:

- Pai nosso que estás no céu...


22h02min35seg – Depois da oração conseguiu relaxar e voltou a cochilar.

22h11min07seg – O espírito obsessor de Maria Geeda que também tinha laços com Guilherme e Basílio em virtude de problemas não resolvidos em outra encarnação, transferiu ódio e toda espécie de energia negativa para a foto dos dois irmãos com tamanha intensidade, que foi capaz de fazê-la cair mesmo estando pregada na parede.

22h11min20seg – Basílio despertou e ao ver a foto que já havia sido estilhaçada no chão, apavorou-se e decidiu pedir socorro ao irmão.

22h11min35seg – Ligou para Guilherme que estava no meio de uma discussão com Maria Geeda. (ver 22h11min35seg do capítulo 02 ou 22h11min35seg do capítulo 21)
 

- Alô!
- Oi
- Gui?...
- Sou eu.

22h11min51seg – Maria Geeda que tinha o dom de sempre tirar algum proveito das circunstâncias para reverter qualquer evento ao seu favor, começou a encarar Guilherme como se ele estivesse fazendo algo errado, apesar dela saber claramente que ele apenas conversava com o irmão mais novo que morria de medo de ficar sozinho em casa desde a morte dos pais.

- Gui... Você vai demorar? Está acontecendo muitas coisas estranhas aqui em casa... Não estou conseguindo dormir.
- Não está conseguindo dormir?
- Não Gui... Tô assustado... Um vidro de uma foto nossa quebrou sozinho e o quadro acabou de cair da parede... Estou com muito medo. – Basílio iniciou um choro.
- Faz o seguinte: pegue a bíblia, leia o salmo 91 com muita fé até eu chegar ta?
- Tá... Tudo bem. Gui... Estou com medo... Você vai demorar?
- Não vou demorar... Prometo.

22h18min09seg – Desligou o telefone.

- Quem era Guilherme? – Perguntou Geeda
- Como quem era? – Irritou-se.

MINUTOS DEPOIS...

22h57min43seg – Guilherme entrou na sua residência e viu o irmão caçula dormindo com todas as luzes internas acesas e deitado sobre o sofá da sala.

22h57min45seg – Balançou...

- Acorde... Acorde... Cheguei.

22h57min48seg – Gui viu encostado na parede a foto que o irmão afirmou ter  caído há alguns minutos.

22h57min48seg – Fez uma nova tentativa:

- Acorde Basílio... Acorde!
- Gui...
- Sim... Você não devia ter me esperado nem dormir na sala.
- Estava com medo.
- Você já tem nove anos rapaz... Não pode mais ter medo de certas coisas.
- Diz isso porque não era você que estava sozinho aqui quando o vidro quebrou sozinho e a foto caiu.

22h59min59seg – Guilherme sorriu:
 
- Tudo bem... O que importa é que eu cheguei, não cheguei?
- Sim.
- Então você vai dormir... Não é hora de ainda está acordado.
- Gui... Me conta uma história?

23h01min03seg – Respirou fundo e de forma paciente e carinhosa perguntou:

- Que história você quer que eu conte?
- Conta alguma história de Vô Perseu!

23h01min03seg – Sorriu e falou:

- Só conto com uma condição.
- Qual?
- Assim que terminar vai dormir, certo?
- Certo.
- Então tome um banho, vá pro seu quarto que chego já... Tive uma noite difícil.
­- Não vai me enrolar não, né?
- Não Basílio... Trato é trato... Eu conto a história e você dorme, certo?
- Certo.

23h14mi25seg – Basílio sentou-se na cama. Guilherme puxou um banco que havia à cabeceira e disse:

- Vamos lá... Já te contei como nossos avôs se conheceram?
- Não.
- Bem... Eles se conheceram quando ambos tinham quase a metade da sua idade.
- Quatro anos e meio?
- Quatro anos... E isso não é um problema de matemática!... Descanse seu raciocínio matemático... Só ouça.
- Certo.
- Onde parei?
- Na metade da minha idade.
- Hum... Então... Nossos avôs tinham cerca de quatro anos. Segundo nosso pai, o velho Perseu foi flagrado por nossa avó, em cima de um pé de carambola se lambuzando com os frutos...
- Eu também gosto de carambola.
- Basílio... Por favor... Só ouça.
- Certo.
- Então... Quando nosso avô comia a quinta carambola foi surpreendido por uma garota espevitada que gritou: “O que você está fazendo no meu pé de carambola?... Ladrão! Ou chamar a minha mãe!”... O velho Perseu disse que ela era uma chata por fazer questão por bobagem... E se ela quisesse podia jogar algumas pra ela comer também... Nossa avó aceitou e eles viraram amigos... Mantiveram contato por anos... E dessa amizade nasceu um amor platônico, em segredo, que nunca fora revelado...
- Mas um dia ela soube... Do contrário nunca teriam casado.
- Basílio... Se você me interromper mais uma vez vou parar de contar a história.
- Desculpa... Prometo que não vou interromper mais.
- Então... Ah! Sim... Apesar de amá-la, guardou o que sentia por muitos anos... E com muita tristeza afastou-se para fazer uma longa viagem para estudar no Rio de Janeiro... Por ser aprovado na Academia Militar das Agulhas Negras. Lá conheceu e dividiu o quarto com aquele que seria seu cupido e futuro compadre: O Engenheiro militar Capitão Sebastião José Basílio Pirro. Ele o encorajou a declarar o amor que sentia através de cartas.
- Já ouvi falar desse nome.
- Tenho certeza que sim.
- Então... No dia da formatura de Vô Perseu e Sebastião, nossa avó viajou. Na festa, o Pirro, falou em tom de brincadeira para vó Anilina: “Sabia que ele te ama?”
- E vó?
- Ela sorriu e perguntou: “Sério?”... Sebastião prosseguiu: Várias e várias vezes Perseu me atormentou dizendo: “Sebastião meu amigo... Anilina além de linda reune tudo que mais amo: A lógica e a matemática... Se eu pudesse construiria um mundo perfeito pra viver com ela... Não!... exagero... Mundo é muito grande... Uma cidade perfeita como o xadrez. -(Sebastião absorveu o devaneio do amigo e o usou no mais famoso projeto da sua vida) - Como se não bastasse, Anilina ainda tem um nome palíndromo, pois tem o mesmo significado se lido ao contrário... Ela é perfeita... Perfeita como um jogo de xadrez...”
- Verdade...
- Anilina sorriu e disse que por coincidência também amava nosso avô há anos... E que guardava com carinho todas as cartas que recebeu e que havia decorado muitos dos poemas que ele tinha feito pra ela... E o que mais adorava era a dedicatória que sempre finalizava as cartas: À DOCE ANILINA, SAUDADES... ETERNO AMOR! Segundo nossa avó foi essa frase que conquistou o coração dela.
- E aí?
- O amigo Sebastião falou orgulhoso: Agradeça a mim, pois do contrário Perseu não teria coragem de escrever as cartas de amor. – Todos sorriram. – Anos mais tarde Anilina e Perseu se casaram e Sebastião foi padrinho do casório... Eles sempre mantinham contato... Eram confidentes... Soube que uns três meses antes de morrer, o velho Perseu visitou o amigo e famoso engenheiro.
- Caramba... Que legal!
- O melhor vem agora: Sabe quem era esse Sebastião?
- O nome não me é estranho.
- Esse Sebastião é o mesmo Engenheiro militar Sebastião José Basílio Pirro que planejou a cidade de Aracaju... A cidade xadrez do delírio apaixonado de vô Perseu. (ver 3h54min do capítulo 20)... Inclusive em agradecimento à inspiração, Sebastião costumava ceder a casa que possuía na Barra dos Coqueiros para que nossos avôs passassem as férias... Dois anos depois da morte dos nossos avôs, nasceu Antônio Sebastião Basílio Pirro, o filho, que se tornou um famoso General que entre tantos feitos inventou um aparelho de tiro ao alvo, que foi adotado pelo exército com o nome de “Mesa de Pontaria de Pirro”... Papai disse que o General o presenteou com um exemplar em nome dos laços de amizade que nos uniam.
- Hum... Foi por isso que papai o homenageou quando escolheu meu nome?
- Exatamente... Sim... Em retribuição a tal mesa.
- Tem até uma foto de Perseu, Sebastião e Anilina juntos.
- Posso ver?
- Eu também gostaria de ver... Mas nunca vi. Nem eu nem papai. Só sei que existiu porque papai ouviu o Velho Perseu falar sobre ela... Se você tentar dormir... Ao acordar podemos procurar combinado?
- Poxa... Queria ver agora!
- Não. Só amanhã. Trato é trato.
- Certo.

Dez anos depois, sob a parte interna de um relógio de pêndulo, no antigo casarão dos Lemos... Basílio encontrou a foto que povoara sua mente por anos e anos.

FIM DO FLASH-BACK...

 
31 de Março de 2008 – Segunda

Aracaju – Antigo casarão dos Lemos... Porão.

 


17h06min51seg – Em meio ao nervosismo e euforia diante dos súbitos acontecimentos, o neto de Perseu deparou-se com a forte sensação de já ter ouvido aquela frase...

17h07min23seg – Basílio virou a foto e leu no verso algo que o deixou ainda mais intrigado:




Continua...


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