terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Capítulo 93

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!

 




Capítulo 93 – Caminho sem volta...  Parte 04
Últimos capítulos da novela on-line “Menina Veneno”

"Talvez seja a própria simplicidade do assunto que nos conduz ao erro.” – Edgar Allan Poe 
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29 de Janeiro de 2009 – Quinta – Residência Dona Stéphanie...



07h59min15seg – Lucas Andrei estacionou um veículo Pajero TR4 de cor preta em frente a casa de número 555, situada na Rua Sergipe do Bairro Siqueira Campos...

 

07h59min40seg – Ao olhar pra janela lembrou-se do susto que levou da última vez que a observou. (ver 21h50min17seg do capítulo 75)
 
- Será que foi uma alucinação? Será que realmente vi alguém espionando na janela? Epoche que não... O Guilherme tem E.L.A... Preciso resolver logo este caso... Se não vou enlouquecer.

08h13min02seg – Dona Stéphanie, seguindo uma rotina diária, surgiu próximo ao portão aguando algumas folhas de Dieffenbachia seguine  conhecida popularmente pelo nome de “Comigo ninguém pode” e  outras poucas de Ruta graveolens também chamada  “Arruda”.



08h13min52seg – Ao constatar que madrinha de Basílio já havia acordado, o detetive decidiu abordá-la.


08h14min10seg – Com receoso de assustá-la, Andrei desceu do carro e caminhou devagar até o portão.
 
- Bom dia... Lembra de mim?

08h14min17seg – D. Stéphanie colocou o regador no chão e em seguida, pondo as mãos em pala para proteger os olhos dos raios solares que vinham em sua direção, perguntou:

- Quem é?
- Lucas Andrei... Estive aqui ontem. (ver 18h40min29seg do capítulo 74)
- O moço que esteve aqui perguntando sobre Basílio?
- Epoche! Vejo que a Senhora tem boa memória.
- Meu filho... Estou velha na carne... Não na mente.
- Em minha opinião nem na carne.
- Gentileza sua. Dona Stéphanie sorriu – Em que posso ajudar?

08h15min33seg – Abriu o portão...

08h15min38seg – Lucas Andrei entrou e falou...

- Desculpa chegar tão cedo... Não é do meu feitio fazer visitas inesperadas... Mas não podia esperar.
- Tudo bem, meu filho... De certa forma, já estou me acostumando.

Dona Stéphanie analisou a postura do detetive, o jeito educado, o olhar perspicaz, do tipo que não deixava escapar nenhum fato relevante, a forma distinta e educada de falar... Sobretudo, a energia boa, positiva, de uma áurea bem clara... Que evidenciava aos seus olhos de médium que se encontrava diante de uma boa pessoa... Uma pessoa decente. Alguém que fazia bem ter por perto... Justamente o oposto de uma estranha lembrança sensitiva: A ocasião no qual, assim como naquele dia, também recebera uma visita surpresa...


BREVE FLASH-BACK... 12 de Novembro de 1998 – Quinta feira


19h45min20seg – Dona Stéphanie levou um susto. Pela primeira vez sentiu a energia negativa que vinha daquela moça. E num determinado instante pôde enxergar o espírito obsessor daquela diabólica baixinha de sardas... Um espírito maléfico que anos mais tarde ela descobriria que se autodenominava “Edu.”... (ver capítulo 79)

19h45min25seg – Sentindo calafrios gaguejou:

- Geeda... Vo-vo-você por aqui?

19h45min28seg – Maria Geeda Petrúcia Leal transparecendo uma enigmática alegria, encarou Basílio e comentou:

 - Que rapazinho lindo... É o irmão de Gui?
- Sim.
- É a cópia.

19h45min49seg – Sentindo mal estar diante da figura de um espírito sombrio que se mantinha o tempo inteiro ao lado de Geeda, Dona Stéphanie abriu a porta e falou:

- Não quer entrar minha filha?... Está muito escuro aí fora... Entre.
- Prometo que não vou demorar.
- Sente-se... Quer um copo d’ água?
- Claro.

19h46min03seg – Dona Stéphanie olhou para Basílio e pediu:

- Meu filho... Faça sala pra nossa visita enquanto vou buscar um copo d’ água.



19h46min30seg – Ao invés de ir pra cozinha, a simpática senhora dirigiu-se para um agradável espaço de orações que mantinha em seu quarto...

 Uma pequena mesa com incenso, vela, uma Bíblia, alguns livros espíritas, entre estes “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

19h46min70seg – Ajoelhou-se, juntou as mãos, e com a intenção de renovar as energias e fortalecer-se diante de Maria Geeda que estava muito carregada negativamente, começou a orar.

- Deus Todo-Poderoso, permita que os Bons Espíritos livrem Maria Geeda do Espírito malfazejo que se ligou a ela. Se é uma vingança que ele pretende exercer motivado por questões além da nossa compreensão turvada pela veste terrena, em conseqüência dos males que ela tenha feito noutra vida... Deus, infinitamente bom... É certo que ela atraiu por sua própria culpa, mas fazei que ela se redima de qualquer pecado e possa merecer o perdão do irmão que agora vive nas sombras... Que esse perdão seja a liberdade para ambos... Dai-lhe a luz necessária para se afastar do mal, e se depurar à prática do bem, da caridade e da humildade, a fim de que possa opor-se hoje, amanhã e sempre ao ataque de más influências... Que assim seja.

19h49min23seg – Na sala, Geeda improvisou uma conversa com Basílio.

- Como Gui está?
- Você o conhece?
- Sim... Gosto muito dele... Na verdade o amo.
- Engraçado... Nunca te vi.
- Verdade... Mas gosto de acreditar que tudo acontece no tempo certo.
- Madrinha pensa assim também... Ela sempre diz isso.
- E Gui? Como está?
- Madrinha disse que ele está muito doente... Uma doença que não vai deixá-lo falar, nem se mover... E que vai precisar de muita ajuda.
- Que pena...
- Tudo bem... Madrinha disse que depois de arrumar o quarto ele voltará pra casa...  Tenho fé de que os anjos vão curar ele...
- Fé em Deus...
- Vai sim... Madrinha disse que se a gente pedir qualquer coisa com muita vontade, papai do céu nos atende.

19h50min42seg – Dona Stéphanie retornou à sala segurando uma bandeja que continha um copo d água, mas um suco de laranja e uma fatia de bolo de leite.

- Desculpe a demora, minha filha... Mas não podia deixar de lhe oferecer alguma coisa.
- Não precisava Dona Stéphanie.

19h50min54seg – Apesar de muito jovem, Basílio era suficientemente esperto pra entender que as duas queriam conversar com privacidade, por isso se despediu.

- Madrinha... Vou terminar o jogo, tudo bem?
- Que jogo? – Perguntou Geeda.
- Xadrez. – Disse Basílio afastando-se.
- Ele ama esse jogo... Tem uma obsessão. – Falou Dona Stéphanie dando um sorriso maternal.

19h51min30seg – Geeda pegou um pedaço e ao dar uma terceira mordida, tomou um gole do suco e falou expressando tristeza:
  

- Vou sentir muita saudade...
- Saudade? Como assim minha filha?
- Dona Stéphanie... Sei que não deve ser agradável pra senhora receber minha visita depois de tudo que aconteceu... Pra mim também é... Primeiro a morte de Hélio (ver 4h05min15seg do capítulo 12), depois o acidente de Gui (ver 0h32min12seg do capítulo 17)... E as acusações no hospital (5h35min13seg do capítulo 26)...
- Não se puna minha filha.



19h52min01seg – Fazendo um grande esforço pra não transparecer o ódio que sentia ao ser chamada de “minha filha”, Maria Geeda respirou fundo e falou aos prantos:

- Dona Stéphanie... Lembra do que falei no velório de Hélio? (ver 23h15min do capítulo 12) A Senhora... Pra mim... Não é apenas minha ex-sogra... Independente de tudo que aconteceu... Sempre a terei como minha segunda mãe... Como uma grande amiga.

19h53min22seg – Geeda deu abraço e continuou...

- Dona Stéphanie... Vou fazer uma longa viagem e devo ficar fora por muito tempo.
- Pra onde vai minha filha?
- Brasília... Primeiro vou a um Congresso de Literatura Brasileira... E devo continuar por lá prestando serviços para um importante Sindicato... Devo ficar muito tempo... O bom é que vou concluir meus estudos pela Universidade de Brasília.
- Que bom minha filha.

19h53min22seg – Dona Stéphanie beijou a testa de Maria Geeda, olhou-a fixamente e disse em tom conselheiro.
 
- Minha filha... Posso te dar um conselho?
- Claro Dona Stéphanie... É uma honra.
- Minha filha... Sei que você é de família católica e não acredita muito em espíritos... Mas... Mesmo assim, gostaria de te dar um conselho nesse sentido.
- Pode falar.
- Geeda... Quando estávamos na porta... Assim que chegou... Pude ver um espírito te acompanhando... Do tipo obsessor... Também senti uma carga negativa em sua volta.
- Mas como Dona Stéphanie? Eu sou uma pessoa temente a Deus, nunca fiz mal a ninguém... A Senhora me conhece.



19h58min03seg – Emocionada, a madrinha de Guilherme e Basílio, prosseguiu.


- Minha filha... Sei que é uma boa menina... Mas você pode ter feito algum mal noutra encarnação... E há espíritos que são vingativos e nunca esquecem.

19h59min51seg – Geeda respirou fundo, por mais que ela fosse fingida e dissimulada, não estava suportando aquela conversa, por isso concluiu que era hora de partir e levantou-se simulando pressa.

- Poxa... É tão bom conversar com a Senhora... Por mim ficaria a noite inteira... Mas é chegada minha hora e preciso ir.
- Tudo bem minha filha... – Deu um abraço – Pense com carinho no que te falei... Mesmo que não tenha acreditado... Reze de vez em quando, crendo ou não, te fará bem.

20h01min44seg – Geeda verteu uma lágrima e depois de dar um beijo de despedida e lançado um olhar penetrante no jovem Basílio, foi embora... Na direção do Corolla preto estacionado na esquina, no qual “Dois” a esperava sob ordens de Adriano Kelsen para conduzi-la ao aeroporto.

20h03min09seg – Maria Geeda Petrúcia Leal deu uma última olhada para a casa da sua primeira vítima em seu plano e pensou: “Vingança... Ainda que tardia... Será o meu consolo.”

20h03min13seg – Ao lado de Geeda, uma criatura alta, de rosto fino... Que por décadas acompanha aquele jovem baixinha de sardas como seu espírito obsessor, que se autodenominava Edu, estreitando dia-a-dia a ligação e envolvendo-a numa nuvem de energias negativas, vibrou pelo sentimento de vingança ter se sobreposto à interferência de Dona Stéphanie. Mais um vez, desfrutou de uma alegria mórbida.

20h03min21seg – Por precaução, Elda que era mentora espiritual de Hélio, não se materializou, apenas emitiu pensamentos para Edu... Afinal ele estava mais forte do que a primeira vez em que se encontraram. (ver 0h43min03seg do capítulo 18)


  
“Irmão... Esqueça tudo o que lhe aconteceu... Nem Hélio, nem Guilherme ou Geeda lembram... Não alimente o ódio... O maior prejudicado é você mesmo. Essa vida não lhe diz mais respeito... Esqueça... Pro seu próprio bem...”
- Não... Vou até o fim!

“Irmão, um dia você entenderá... Em nome de Deus Todo-Poderoso... Da Lei do amor... Esqueça!”

- Não! Não! Não!





20h06min35seg – Sentindo-se fraco diante da irradiação dos pensamentos bondosos de Elda, Edu foi embora.


20h08min11seg – Dona Stéphanie fechou a porta, entrou e sentou-se ao lado de Basílio.
 

- Ela já foi?
- Já... Por quê?
- Não gostei dela.
- Por quê?
- Não sei... Me olhou de uma forma estranha, como se quisesse fazer algum mal... Sei lá... Uma sensação ruim.



FIM DO FLASH-BACK


29 de Janeiro de 2009 – Quinta...

08h40min05seg – Dona Stéphanie despertou do transe...

08h40min07seg – Ao perceber a distração da mãe de Hélio, Lucas Andrei argüiu:





- A Senhora está bem?
- Sim... Mas o que você disse mesmo? – sorriu – Sabe como é... Com a minha idade, me distraio facilmente.
- Epoche... – Sorriu – Não é privilégio da senhora não. Comigo acontece a mesma coisa.







08h41min24seg – Ambos deram uma gostosa gargalhada.


- Dona Stéphanie... Como ia dizendo, não é do meu feitio fazer visitas inesperadas... Mas não podia esperar.
- Em que posso ajudar meu filho?
- A Senhora já ouviu falar de “Árvore Sefirótica”?




Continua...

 

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