quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Capítulo 90

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!

 

Capítulo 90 – Caminho sem volta...  Parte 01
Últimos capítulos da novela on-line “Menina Veneno”

"Em geral vence a partida quem comete o penúltimo erro.
Já que o último causa o xeque-mate.” – Anatoly Karpov
 
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29 de Janeiro de 2009 – Quinta - Rodovia José Sarney... Sergipe.

 
03h59min58seg – Em completa escuridão, Lucas Andrei acordou deitado e amarrado. (Ver capítulo 77)

04h00min20seg – Com esforço, encolheu as pernas e conseguiu por as mãos amarradas na frente e levantou-se.

04h00min29seg – Ao visualizar a barreira metálica que impedia o acesso de veículos ao farol, aproximou-se e esfregou a corda na extremidade do metal fosforescente. Depois de alguns minutos conseguiu libertar as mãos.

 

04h01min33seg – Lucas Andrei, com o nariz sangrando e sentido fortes dores nas costas, no rosto e nos joelhos... Coberto por um breu perturbador, cambaleante... Seguiu à pé.

 

04h37min15seg – Quase dominado pelas dores musculares e tremidas em virtude do frio, o famoso detetive deu graças a Deus quando avistou um orelhão na beira da estrada.
 
- Deus do céu... Será efeito da metilenodioximetanfetamina? Será que estou delirando? Vendo miragens?

04h40min28seg – Rastejando e à custa de muitos tropeços, conseguiu aproximar-se do “orelhão”.

- Epoche... É real!!!

04h40min29seg – Procurou na carteira algum cartão telefônico, mas não achou.

- Por que justamente hoje não tenho um cartão pra ligar? Aonde fui me meter?

04h40min35seg – Após alguns segundos de reflexão, digitou alguns números.

- Allan... Allan... Como você faz falta nessa investigação... Maldito tiro!(Ver 05h20min21seg do capítulo 71) Tomara que Sócrates atenda.

04h40min42seg – Do outro lado da linha, Sócrates Contento da Silva (Assessor de Comunicação da SSP) que estava em regime de plantão na sede da Secretaria, ouviu as últimas palavras de uma voz eletrônica de uma típica ligação a cobrar:

- Diga seu nome... E a cidade de onde está falando...
- Andrei... Lucas Andrei.

04h40min42seg – Apesar de ter oferecido ajuda na última conversa que tivera com o detetive, Sócrates não pensou que realmente receberia uma ligação... Muito menos àquela hora. Por isso, quase num susto, perguntou:

 
- Lucas Andrei?... O detetive?
- Epoche!
- Desculpa Andrei... É que jamais eu poderia cogitar que você ligaria.
- Você falou sério quando disse que poderia contar contigo? (Ver 07h52min13seg do capítulo 73)
- Sim! Claro que sim.
- De fato eu não ligaria... Como te disse, o destino se encarregou de tirar do meu caminho a única pessoa que confio...
- Está se referindo a Allan, correto?
- Epoche!
- Entendo... Inclusive, ele está bem... Fora de perigo, está no hospital apenas de resguardo.
- Epoche... Eu não iria ligar... Se faço o inverso, é porque se trata de uma questão muito séria.
- Não tenho dúvida... Repito: Pode contar comigo... Confiando em mim ou não.
- Sofri um acidente, fui seqüestrado, espancado, interrogado... Enfim... E sinto que não estou bem... Sinto que vou perder a consciência a qualquer momento... Fui drogado e ainda há resquícios... Traga algum neutralizante de metilenodioximetanfetamina... O mais rápido possível...
- Onde você está Andrei?
- Na Rodovia José Sarney... Exatamente a um ou dois quilômetros do farol... Venha rápido!
- Não se preocupe... Mandarei uma viatura te buscar.
- Não... Só venha você... Não posso me dar ao luxo de confiar em ninguém... Ninguém... Entende? Sócrates... É a terceira vez que tentam me matar desde que aceitei trabalhar neste casso... Estamos no meio de uma gigantesca conspiração de pessoas muito poderosas... Já me arrisquei muito... E mais do que nunca, não estou afim de correr riscos desnecessários.
- Tudo bem... Então vou eu mesmo... Está bom pra você?
- Epoche! Estarei no interior de um casebre abandonado em frente ao único orelhão nas adjacências do farol.
- Ótimo... Estou indo.

04h46min53seg – Lucas Andrei desligou o telefone...

04h47min01seg – Contemplou o mar que estava à sua direita e percebeu que não conseguia avistar o horizonte... Sua visão estava turva.

 

04h47min03seg – Mesmo sentindo os efeitos da droga que lhe fora injetada, o detetive manteve o raciocínio lógico que lhe era peculiar.

04h47min03seg – Sentindo de uma dor de cabeça que crescia pouco a pouco, pensou em voz alta:
 
- Epoche! Os efeitos secundários começaram antes da hora... Talvez as sessões de choque tenham funcionado como catalisador... Epoche... Eles eram profissionais... Tenho menos de três horas de vida se não for atendido... Preciso chegar ao casebre.

04h48min09seg – O famoso detetive fez menção de atravessar a pista, mas devido a uma reação muscular inesperada, bateu a perna esquerda no calcanhar da direita e tombou sobre uma vegetação rasteira que havia ao lado e rolou várias vezes até parar deitado de costas na areia da praia.


O metabolismo do investigador estava reagindo inesperadamente de forma acelerada. A metilenodioximetanfetamina costuma fazer efeito entre 4 e 8 horas. Lucas Andrei fora drogado por volta das 3h00min05seg (ver capítulo 77), portanto por já terem se passado metade do tempo costumeiro, e ter sofrido algumas descargas elétricas que acrescentou muita adrenalina... A estimativa mais otimista era de pouco menos de duas horas de vida se não recebesse os devidos cuidados.

Nas próximos minutos o detetive Lucas Andrei sentiria coceiras, reações musculares como espasmos involuntários, espasmos do maxilar, dor de cabeça intensa, visão turva, movimentos descontrolados de vários membros (principalmente braços e pernas), erupções cutâneas, náuseas... E se não fosse socorrido... Morte.


04h50min15seg – Lucas Andrei virou o rosto e teve a impressão de ter visto os primeiros raios solares...

 

04h50min44seg – Sentindo o corpo tremer, como se estivesse no limiar de algum ataque epilético, repetiu em tom de profunda lamentação:

- Lamento Basílio... Acabou... Acho que me pegaram... Morri.




Continua...


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