sábado, 16 de abril de 2011

Capítulo 23

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 



Capítulo 23 – Começando o jogo: Aparência e Realidade... Parte 01

"Há um olho da alma que é mais preciso do que dez mil olhos do corpo,
porque somente por ele a verdade pode ser vista" - PLATÃO
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27 de Janeiro de 2009 – Terça

4h27min – O celular de Allan tocou. Ele olhou o visor e viu que era o diretor do COGERP, Dr. Uziel.


4h27min05seg – Afastou-se para um ponto em que não ventava muito para tentar ouvir melhor.

4h28min – O detetive Lucas Andrei tinha acabado de fazer a montagem baseada na partida de “Lasker” e viu o local em que caiu o primeiro lance. Emocionado pensou em voz alta.

- O jogo vai começar!
4h28min03seg – Andrei olhou para os lados e não viu o amigo.

- Allan! Venha ver!

4h28min03seg – Encostado na escada que dava acesso ao teto, Allan finalizou a conversa com Dr. Uziel.

- Tem que ser agora mesmo? Não dá pra ser outra hora não? Passei a noite em claro... Tive um dia de cão.

4h28min04seg – Do outro lado da linha o Coordenador de Perícia do Estado de Sergipe, respondeu:

- Não, não dá Allan. Preciso de você aqui... Agora... Imediatamente!
- Tudo bem.  To indo. – Disse Allan muito contrariado.

4h28min07seg – Andrei chamou o amigo mais uma vez.

- Allan, venha ver!
- To indo Andrei.

4h28min11seg – Allan aproximou-se de Andrei e ficou atrás do mesmo, observando a nova montagem que estava no monitor do notebook.

 
- É a nossa próxima parada? – Allan apontou com o dedo indicador direito, a ilustração do mapa de Aracaju sobreposto num tabuleiro de xadrez. - Será que a solução dos nossos problemas está lá?
- Epoche que não.
- Não?
- Sim e não, melhor dizendo.
- Como assim?
- O jogo está começando... O morto deixou alguns recados, certo? Alguma dúvida?
- É... Se não forem “recados” são muitas coincidências.
- Então... Algo me diz que esta partida Lasker no tabuleiro Aracaju é o nosso mapa do tesouro.
- E qual seria o prêmio?
- A verdade dos fatos. A explicação para tudo.
- Será que encontraremos de primeira?
- Epoche que não. Nossa busca está apenas começando...
- Falta muito?
- Só a partida Lasker tem 25 lances... E se não resolver o problema por ela, vou tentar pela Rossipal que tem mais 27 lances.
- Com as duas teríamos 52 pistas para seguir...
- Epoche. Como disse... O jogo está apenas começando.
- Pelo que vejo o primeiro lance cai na Praça Olímpio Campos.
- Epoche! Que mais?
- Que mais o que?
- Não vê mais nada?
- Você quer dizer... Uma pista, além disso?
- Epoche.
- O que, por exemplo?
- Outro SS...
- E tem?
- Tem.
- Na Praça Olímpio Campos? Andrei... Estou muito cansado pra isso... Você está viajando! O máximo que vejo é um P.O.C. – Praça Olímpio Campos.
- Te garanto que há mais um SS: Senador Sergipano, monsenhor Olímpio Campos.
- É... Tem lógica.
- E tem mais...
- O quê?
- Ele também foi assassinado.
- Lá na Praça Olímpio Campos?
Antigo lago do Paço, atual Praça XV no Rio de janeiro.
- Não. Ele foi assassinado pelos filhos de Fausto Cardoso: Humberto e Armando no dia 09 de novembro de 1916 na praça XV (antigo lago do Paço) no Rio de Janeiro.
- É... Coincidências...
- Coincidências Allan? Epoche que não! E olhe que se pegarmos a origem da palavra Olímpio nos remeteremos ao “Monte Olimpo”, o ponto mais alto da Grécia, berço da cultura ocidental... E segundo a mitologia grega, o Monte Olimpo é a morada dos  Deuses.
- Sim... E o que é que tem?
- Do alto do Olimpo o destino dos seres humanos eram traçados...
- Quer dizer que do alto do “Maria Feliciana” surgirá uma verdade que mudará nossas vidas? – Allan disse em tom de brincadeira.
- “Bebo a alma de Sergipe. Morro, mas a vitória é nossa, sergipanos” – Disse também em tom de brincadeira.
- Suponho pelo seu tom que essa frase não é sua.
- Não, não é. É de Fausto Cardoso... Que é o nome da praça que fica em frente à Praça Olímpio Campos.
- Sei já li sobre isso... A Praça Fausto Cardoso com a Assembléia Legislativa e a Praça Olímpio Campos com o Palácio do Governo... Mas ainda não entendi onde Fausto Cardoso entra nesta história.
- Talvez não tenha relação... Estou apenas fazendo deduções a respeito dos locais em que o peão quatro rei ou e-4 caiu. E foi naquelas proximidades! – Andrei falou empolgado.
- Acho que estou começando a entender... Olímpio Campos morreu por causa da vingança de parentes de Fausto Cardoso.
- Isso. Precisamente no dia 28 de agosto de 1906, atingido por uma bala de fuzil, o advogado, poeta e pensador Fausto Cardoso, muito ferido e cabaleante... Sentiu sede e antes de morrer disse a frase que falei.
- E qual a relação com o nosso morto?
- Epoche. O “SS”: Senador Sergipano, morreu pela ação de vingança.
- Ah! É o tal “SS” – Septo Sabatier que denota questões sentimentais neste caso? (ver capítulo 10,20h29min)
- Epoche! Também não se esqueça que o primeiro lance do tabuleiro Aracaju, de acordo com a partida Lasker, cai num ponto de extrema importância para a história política de Sergipe... Repleta de questões ideológicas.
- Você está insinuando que há questões políticas em nosso caso?
- Epoche! E ideológica também. O morto tem uma mensagem muito séria a passar... De tão séria, morreu por ela... E por ser tão séria, a escondeu muito bem guardada.
- Que verdade é essa?
- Não sei... Só sei que o primeiro passo é o Peão quatro rei.
- Praça Olímpio Campos.
- Epoche!

4h37min21seg – O telefone de Allan tocou, e novamente era o Dr. Uziel. Ele olhou, mas não atendeu.

- Andrei gostaria muito de te acompanhar, mas não posso.
- Por que não? O que aconteceu?
- Recebi uma ligação para comparecer imediatamente à SSP.
- O que será que aconteceu?
- Não sei. Mas deve ter sido muito sério. Dr. Uziel está muito irritado.
- Quer que eu vá contigo?
- Melhor não.
- Por quê?
- Comentei com ele suas teorias e ele não simpatizou muito.
- É desfeita... Ele ainda não superou a repercussão do caso dos Náufragos.
- É... Eu lembro.

4h41min35seg – Allan tirou algumas chaves do bolso e entregou ao amigo.

- Tome Andrei – Jogou as chaves. – Quero que você fique na minha casa por uns dias.
- Não precisa Allan.
- Precisa sim... Minha vida já está complicada demais por causa deste caso. E preciso de você bem vivo para resolvermos logo.
- Epoche, Allan! Te garanto que resolverei... Apesar de ser o mais difícil da minha vida.
- Mas tem solução?
- Epoche!

4h48min03seg – Andrei e Allan desceram até o elevador do 27º andar do edifício Maria Feliciana.

4h48min23seg – Entraram no elevador. O celular tocou e mais uma vez Allan ao constatar que era o diretor do COGERP não atendeu.

- Allan...
- Fala Andrei.
- Você suspeita de alguma razão para este nervosismo do Dr. Uziel?
- Talvez ele esteja sabendo do estrago na viatura.
- Com certeza ele já sabe... Mas não deve ser só isso.

4h53min12seg – No térreo, na recepção do edifício Maria Feliciana, Allan cumprimentou o amigo e perguntou:

- Você tem dinheiro para o táxi?
- Epoche – Sorriu – Por sorte tenho a mania de tirar a carteira do bolso e colocar na sacola do notebook sempre que vou dirigir... Mania... E graças a isso, apesar de todo o contratempo, estou com todos os meus documentos e dinheiro, aqui.
- Menos Mal. Tô indo. Qualquer problema me liga. E Andrei...
- Que foi?
- Evite se meter em mais problemas.
- Combinado. – Sorriu.

4h58min22seg – Quando o detetive Lucas Andrei se preparava para sair da frente da entrada do edifício Maria Feliciana, à esquerda, encostado na banca de revista da Travessa Baltazar Góis, um travesti negro, um pouco gordo, e alto, o chamou.

- Psiu!
- É comigo?
- Sim gatinho...
- Desculpa... Mas não curto.
- Relaxe gatinho. Lady Dayana só quer te fazer uma perguntinha.

4h59min17seg – Muito desconfiado Lucas Andrei se aproximou.

- Pergunte.
- É rapidinho gatinho... Você também conhecia o cara que pulou do Maria Feliciana?
- Por que você perguntou “eu também”... Apareceu mais alguém perguntando por ele?
- Sim...
- Você lembra dessa pessoa?
- Lembro.
- Como era?

5h00min01seg – Lady Dayana estendeu a mão dando a entender que só falaria se recebesse algum pagamento.

5h00min03seg – Lucas Andrei entregou R$ 30,00.

- Fale.
- Foi um moreno magro, feio, que usava óculos “fundo de garrafa”... Tinha um sorriso fácil e uma cara de Mané... Ele chegou aqui como quem não queria nada e começou a fazer perguntas.
- Ele demorou?
- Não muito, logo depois um Corolla preto apareceu e o levou... Devia ser o bofe dele.
- Corolla preto?...
- Isso mesmo, Corolla Preto.
- E você viu mais alguma coisa? Conseguiu visualizar o interior do carro?
- Sim.

5h00min07seg – O travesti estendeu a mão novamente.

5h01min09seg – Na sala do COGERP, acompanhando de Sócrates, assessor de comunicação da SSP, Dr. Uziel cumprimentou Allan e o mandou sentar.

5h01min10seg – Tentando controlar o nervosismo, Dr. Uziel indagou:

- Allan, o que foi que eu te disse na última vez que nos falamos?
- Não lembro.
- Não lembra?
- Não... Foram tantas coisas. – Sorriu um pouco sem graça.
- O que eu disse Sócrates?... Você lembra o que eu disse a Allan ontem?
- Lembro: “Não piore o que já está péssimo...” (ver capítulo 13,22h27min)
- E o que você fez, Allan? – Perguntou Dr. Uziel dando um soco na mesa.
- O que eu fiz?
- Poucas horas depois da sua saída, houve um Black-out no Hospital João Alves filho e como se não bastasse, quando eu estava terminando a reunião com Sócrates, por volta de uma hora da madrugada sobre a coletiva que será dada para encobrir suas besteiras... Qual a notícia que me chega?
- Qual?
- Um paciente do HJF foi assassinado com um tiro de pistola... Na cabeça!... Allan!

5h02min33seg – Sócrates abriu a porta e deixou entrar uma moça trêmula. Era a médica que desmaiou quando a luz voltou no hospital e que viu Allan armado com a pistola. (ver capítulo 16, 1h01min04seg)

- Moça... Foi esse homem que a senhora viu armado no hospital?


5h02min35seg – A moça, tremendo muito, olhou Allan.

- Pode falar... Não tenha medo. – Encorajou o doutor Uziel.
- Sim.
- Certeza. – Perguntou Sócrates.
- Eu estava lá... Fui procurar Andrei... Não fui eu... Eu não matei ninguém!

5h03min38seg – O Dr. Uziel mandou a médica sair. E ao mesmo tempo sinalizou para dois policiais entrarem.

- Allan... Entregue sua arma... Você está preso.

   
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Quer saber se Allan vai conseguir se livrar da suspeita de ser o assassino do paciente morto no Hospital João Alves Filho? Quer saber qual a pista que o detetive Lucas Andrei encontrou na Praça Olímpio Campos? Quer saber quem era o rapaz que interrogou o travesti sobre o morto? Quer saber se Lady Dayana conseguiu enxergar o motorista do Corolla? Quer saber qual a mensagem ou grande segredo que o suposto suicida guardou em algum ponto da nossa cidade? Quer saber a relação de todos estes fatos com o plano de vingança de Maria Geeda? Quer saber que outros “SS” estão relacionados ao caso? Quer saber que tramóias, dissimulações e crueldades Maria Geeda Petrúcia Leal aprontou ao longo de 11 anos?... Então confira estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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