quinta-feira, 2 de junho de 2011

Capítulo 42

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!
 
Capítulo 42 – O Enigma do Espelho... Parte 01
"Pensamentos são admiráveis, mas sensações são igualmente maravilhosas." - Voltaire
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27 de Janeiro de 2009 – Terça

20h15min01seg – De frente pra Allan e encostado na viatura, o detetive Lucas Andrei pegou o celular e ligou para o amigo que era Dono do restaurante:


- Hugo...
- Quem é? – Quis saber o amigo do outro lado da linha.
- Sou eu rapaz... Andrei!
- Cadê você? Nunca mais aparaceu!
- Estou na porta do seu estabelecimento...
- Agora rapaz?... Já fechamos.
- Eu sei... Por isso mesmo que eu vim... Agora deixe de conversa e venha abrir o portão.
- To indo.

20h15min46seg – Allan deu uma última conferida pra ver se as portas da viatura estavam trancadas. E enquanto andava para recepção do restaurante, perguntou:

 


- Este seu amigo é confiável?
- Totalmente. – Respondeu Andrei sem pestanejar.

20h17min21seg – O amigo de Andrei apareceu na porta do estabelecimento trajando bermuda e sandália... E os cumprimentou.

- Vamos entrando!
- Hugo... Esse é um grande amigo... Allan.
- Satisfação. – Disse o perito balançando a cabeça.
- Eita...
- Que foi Andrei? – Perguntou Allan.
- Dê-me a chave... Vou voltar a Praça.
- Pra que?
- Acho que esqueci o notebook na mesa em que estávamos...
- Foi é?... – Allan estendeu a mão e segurou a chave entre os dedos, quando Andrei tentou pegar simplesmente tirou. – Não precisa voltar não agoniado... Enquanto você estava encostado no poste, com a perna esticada, divagando... Eu entreguei a escultura da Naja em madeira e depois peguei o notebook...
- Não lembro de ter visto.
- Claro que não... Você estava viajando em suas reflexões de tal forma que não viu que o carreguei o notebook embaixo no braço...
- E onde ele está?
- Deixe que vou buscar... Está no piso do banco do passageiro.

20h19min11seg – Ao sentir um vento frio que o deixou arrepiado, Hugo falou com seu típico sotaque paulista.

- Vocês vão entrar ou não? Eu já estou congelando!
- Vamos sim... Andrei... Vá entrando que vou pegar seu note... -  Disse Allan.

20h19min15seg – Lucas Andrei e Hugo entraram no restaurante. As mesas estavam ocupadas com cadeiras apoiadas de ponta-cabeça.

 

20h19min28seg – Lucas Andrei puxou duas cadeiras que estavam sobre a mesa mais distante, ao fundo da grande sala, próximo ao banheiro. E indagou:

- Hugo... Ainda tem alguma coisa pra comer?
- Tem sopa de feijão...
- Me veja dois pratos por favor.
- Tudo bem.
-Só mais uma coisa... Eu preciso discutir umas coisas com o Allan... E são confidenciais...
- Você e seus segredos... Hein Andrei?
- Epoche!
- Tudo bem... Estou baixando umas provas pra concursos mesmo... Eu estarei no meu quarto... Se precisar de mim é só me chamar.
- Valeu Hugo... Eu sabia que podia contar contigo.
- Sempre meu amigo... Sempre... – Deu um abraço em Andrei.

20h19min42seg – Ao ver que Allan tinha acabado de entrar carregando um notebook sob o braço direito, Hugo caminhou em direção à entrada dizendo:

- Pode deixar que eu fecho.
- Obrigado.

20h19min57seg – Allan caminhou até a mesa em que o amigo detetive se encontrava e sentou-se na cadeira indicada por ele.

20h20min03seg – Hugo passou por Andrei e Allan... E falou:

- Vou buscar a sopa.
- Obrigado amigo. – Disse Andrei.
- Obrigado. – Repetiu Allan.

20h20min39seg – Depois que o dono do restaurante saiu, Andrei ligou o notebook e falou.

 
- Allan...
- Fala...
- Pedi sopa pra nós... Enquanto ela não chega preciso te mostrar uma coisa.
- Tem que ser agora?... Hoje?
- Epoche!... Nosso tempo é curto... Você sabe disso!
- O pior é que você está certo... Se arrependimento matasse.
- Não se lamente Allan... Se não fosse a gente... Uma outra pessoa pegaria esse caso...
- Pois é... E certamente estariam em casa uma hora dessas.
- Epoche... E a morte no Feliciana teria sido em vão.
- Você ainda acredita que ele realmente foi assassinado, não é?
- Também.
- Como assim?
- Ou os dois... Você entenderá, no momento certo, o que quero dizer... A questão é: Pense no desperdício de um segredo como o que ele “morreu” para denunciar morrer... Com ele... Sendo assassinato ou suicídio... Você já não deve ter nenhuma dúvida de que ele “sabia de mais” e morreu por causa disso.
- É... O pior é que tem lógica.

20h23min08seg – Exatamente no instante em que Lucas Andrei tinha ligado o notebook. Hugo começou a servir a sopa. Assim que terminou, disse:



- Trouxe a panela pra vocês se servirem à vontade...
- Como sempre, meu amigo, não tenho como agradecer.
- Deixe de besteira Andrei... To indo.
- Hugo... Posso te pedir mais uma coisa?
- Fala pidão... – Disse Hugo sorrindo.
- Se alguém perguntar... Há muito tempo que você não me vê... Tampouco estive aqui hoje.
- Como sempre... Não se preocupe. – Hugo saiu e a reunião começou.


20h24min10seg – Enquanto saboreava a sopa de feijão que era especialidade da casa, o detetive Lucas Andrei abriu a pasta que continha as fotos tiradas na Praça Fausto Cardoso e mostrou para Allan.

- Andrei... Seu amigo falou: “Como sempre... Não se preocupe”... Você costuma vir?
- Não muito... Mas quando preciso de um asilo pra pensar... Dou uma passadinha por aqui.
- É? Você nunca disse.
- Como te disse... É um asilo... E você só está aqui porque você também corre risco... E precisamos deliberar algumas coisas antes do nosso próximo passo.
- Como você diz... Epoche.
- Epoche!

20h25min33seg – Allan olhou por alguns minutos a foto exibida na tela do notebook do amigo... Por mais que olhasse não conseguia chegar a nenhuma conclusão sobre aquela imagem.

 

- Andrei... Perdoe a minha ignorância... Mas eu não vejo nada além de uma janela do “Expresso Abelha” pichada com dois “ésses”.
- Tudo bem.
- Tem alguma misteriosa mensagem nessa pista?
- Epoche!... Algumas instruções na verdade.

20h26min04seg – Allan serviu-se com mais sopa e deu sinal para o amigo iniciar a explicação.

- Vamos às explicações.
- Sou todo ouvidos.
- Primeira coisa que eu quero saber... Allan...
- Diga...
- Qual é o animal que toda hora está diante de nós?
- Como assim?
- Que referência de animal mais uma vez apareceu pra nós?
- Ah! Sim... Entendi... Cobra... No caduceu... E agora com a escultura... A história do Moisés... E a serpente do pecado...
- Epoche... Perceba que todas se relacionam com conhecimento proibido, sedução, “bem” versos “mal”... E veneno.
- Claro... Lógico.
- E lembre-se que a primeira coisa que percebi é que o nosso morto possivelmente também tinha sofrido a ingestão de algum veneno...
- Lembro sim... Por sinal tenho que pegar o resultado da análise... Já deve ter chegado.
- Será apenas uma formalidade... Mas tenho noventa por cento de certeza de que houve envenenamento... Mas enfim... Não é disso que quero falar.
- Tem mais alguma coisa nesta pista?
- Epoche!

20h30min14seg – Andrei ampliou a imagem e virou na direção de Allan.

- Era para eu ver algo especial?
- O que você vê?
- Um “ss” no espelho... (ver 16h37min40seg – Capítulo 28) É algum enigma? Diga logo Andrei!
- Esta pista foi feita com a colagem de um material bastante peculiar.
- Que material?
- Fios de cabelo meticulosamente colados no espelho formando o “SS”.
- É... Realmente é um enigma.
- Epoche!

20h30min51seg – Lucas Andrei fez uma rápida consulta no google e mostrou o resultado pra Allan que abismado falou:

- O que?! Não é possível!
- É possível... Mas que isso... É uma mensagem clara!
- Meu amigo Lucas Andrei... Eu não entendo como esse mistério pode estar relacionado com essa figura.

20h30min59seg – Lucas Andrei clicou na imagem fornecida com a consulta. Era uma foto da mitológica Medusa.

- Allan... O “ss” está relacionado às cobras, certo?
- Duas... Pelo menos na imagem do caduceu.
- Não... É muito mais que isso! Até agora tivemos 1- Caduceu; 2 – A serpente de Arão irmão de Moisés; 3 – A Naja de madeira; 4 – e a serpente do gênesis...
- Epoche... E talvez... Muitas outras que ainda não sabemos.
- Será? Por que você diz isso?
- Lembra do que te falei há pouco?
- Que fios de cabelo foram colados meticulosamente no espelho formando o “ss”?
- Epoche!
- Você recolheu uma amostra desta pista? Pode conter o DNA do morto... Pensou nisso?
- Claro que sim... – Andrei pegou a bolsa lacrada em que tinha armazenado o material que tinha recolhido e entregou a Allan – Pode mandar fazer análise.

20h37min11seg – Allan pegou a amostra com o amigo e guardou no bolso.

- Andrei... Ainda não entendi que relação o mito da Medusa pode ter com nosso caso.
- Epoche!...  “SS” está relacionado a serpentes, certo?
- Certo... É o que parece.
- Em nossa investigação há várias “serpentes”, certo?
- Certo... Que mais?
- Então... Pense: Várias serpentes + Cabelo + espelho... O que te lembra?
- Nada.
- Você não conhece o mito da Medusa, né?
- Bem... Eu só sei que ela tinha o cabelo de “cobras”... E que, segundo o mito... Quem olhava pra ela se transformava em pedra.
- Epoche!... Ela foi morta por “Perseu” que usou um espelho para não correr o risco de encará-la de frente.

20h39min30seg – Allan avistou um pequeno caderno sobre o balcão na extremidade direita e foi buscar.

 

20h39min32seg – Lucas Andrei fez mais algumas consultas.

20h39min35seg – Allan voltou munido do caderno e uma caneta.

- Pode falar Andrei... Vou fazer umas anotações pra tentar entender o que você tanto está querendo me dizer.
- Eu não meu amigo... O morto.
- Que seja!

20h40min07seg – Andrei virou o notebook e mostrou a pesquisa que fez sobre Perseu.

- Então... Está claro pra você a relação: Várias serpentes + Cabelo + espelho = Medusa?
- Sim... Perseu foi o herói grego que matou a “Medusa”... E ele utilizou um espelho pra isso.
- Na verdade além do “espelho” ele usou alguns objetos mágicos como: uma bolsa grande (alforje), um par de sandálias aladas que o permitia alcançar grandes alturas e se mover com extrema velocidade e um capacete que o tornava invisível... Mas por enquanto isso não é o mais importante... O que eu quero que você entenda é o recado deixado pelo morto através da relação “Perseu” X “Medusa” indicada pelo “SS” no espelho.
- Como já disse... Sou todo ouvidos.
-Allan... Medusa era uma ninfa arrogante e soberba...
- Uma mulher venenosa... Uma menina veneno...
- Epoche... E por trás do nome “Medusa” temos outro “SS”... Sabia?
- Sério?
- Epoche!
- Qual?
- Medusa significa: SSSabedoria Soberana feminina.
- É assustador...
- E não para por aí... Segundo o mito, a Deusa Medusa representa a Sabedoria Soberana feminina e todo o seu poder está ligado ao ciclo do tempo: passado, presente e futuro.
- Hum... Será que o suposto suicídio do Feliciana está ligado a eventos do passado? Ao passado de alguém?
- Epoche... O mito também se refere ao ciclo da natureza como: vida, morte e renascimento. A Medusa destrói pra recriar o equilíbrio... Está relacionada à sabedoria proibida, porém libertadora... Segundo estudiosos... Quem olha a medusa se petrifica por que vê o reflexo de conhecimentos proibidos... De culpa...
- Mais uma vez conhecimento proibido... A mensagem que o morto do “Feliciana” quer nos passar.
- Epoche! Medusa também é o símbolo da mulher rejeitada e, por sua rejeição, tornou-se incapaz de amar e ser amada, odiando os homens, pelo fato de ter deixado de ser mulher bela para se transformar em monstro.
- Hum... Lembro que uma das suas suspeitas é que por trás deste caso há questões sentimentais... (ver 20h29min capítulo 10)
- Epoche... o “SS” Septo de Sabatier.
- Lembro disso... E assim como Himmler, o nosso morto traiu ou foi traído. (ver 13h21min capítulo 05)... Inclusive você tinha dito que o morto travou uma luta psicológica com uma pessoa muito manipuladora, que goza de respeito e admiração da sociedade, que guarda “um grande segredo” certamente uma personalidade maquiavélica como “Medusa” que tal qual os nazistas se achava melhor que os outros... E que há algum tempo vem fazendo o mal sem ser descoberta.

 

20h53min04seg – Allan começou a escrever no caderno que tinha encontrado: Espelho + Medusa + Traição + conhecimento perigoso + veneno + mulher soberba e arrogante.

- Assim como o morto do “Feliciana”... Perseu ficou frente a frente com a morte por causa de uma competição que simboliza a necessidade de se enfrentar o medo, com habilidade e inteligência... Sem ser “petrificado” com o conhecimento proibido.
- Impressionante...
- Tem mais!... Perseu é um herói que mesmo contra a sua vontade cumpriu uma profecia durante uma competição... Ou seja... Assim como Perseu, estamos cumprindo uma profecia... 
- Entendo... O morto sabia que alguém se livraria da arcada dentária, das fotos da perícia... E que você investigaria o caso... Por isso espalhou tantas pistas...
- Epoche... Para no final revelar um grande segredo...
- Que tipo de segredo?
- Perseu significa Persona, ou seja, máscara... Aparências... Falsidade... Como certamente é a pessoa que estamos procurando...
- Tipo uma pessoa que finge que é romântica e não é... Que finge ser fiel e não é... Totalmente fingida?
- Epoche! Perseu usou um espelho que não era espelho... Na verdade tinha o escudo de Atena que de tão polido se transformou em espelho. E Medusa tinha um cabelo que não era cabelo... E o morto deixou a pista do “ss” no espelho num vagão que não era vagão... Um trem que não era trem.
- Entendo... Mentiras... Aparências. Uma pessoa falsa... Perigosa... Ele usou a morte para que possamos impedir que essa pessoa e a sociedade secreta a qual pertence não possam prejudicar outras pessoas... Mentiras... Nem tudo é o que parece ser: Um suicídio que parece ser suicídio... Tem provas de ser suicídio... Mas não é suicídio!
- Epoche Allan! Epoche! Epoche!
- O pior é que tem lógica... Caramba Andrei! Você se supera a cada dia!  

21h05min46seg – Allan escreveu no caderno: Perseu - Espelho que não é espelho. Medusa - Cabelo que não é cabelo... Morto - Suicídio que não é suicídio.

 

- Agora você finalmente está pronto para entender o recado do morto.
- Tem mais?! Pensei que o grande recado era: SS - “Suicídio que não é Suicídio”.
- Epoche que não!... Isso é apenas um fragmento da mensagem que ele deixou com o enigma do espelho.
- O que está faltando? Que diacho de recado é esse?




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Será que o detetive Lucas Andrei encontrou a pista definitiva para a resolução do mistério? Será que o cabelo encontrado na pista do espelho era do morto? Será que os dois amigos estão realmente livres de perigos e não sofrerão mais atentados? E o dono do restaurante, será que se juntará na busca da solução deste mistério? Será que Adriano descobriu a tempo o que Maria Geeda Petrúcia Leal pretendia fazer com ele no passeio de canoa no Rio Sergipe? Para saber estas e outras respostas nos próximos capítulos da sua novela on-line “MENINA VENENO”!

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