sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Capítulo 79

AVISO: Esta é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com pessoas ou fatos da realidade é mera coincidência!


Capítulo 79 – Caminhos Cruzados...  Parte 04 
Últimos capítulos da novela on-line “Menina Veneno”

"A vida se contrai e se expande proporcionalmente à coragem do indivíduo." – Anaïs Nin
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09 de Novembro de 1998 – Segunda – 10h10min55seg



Guilherme esfregou os olhos... E ao abri-los viu-se noutro cenário. Pra sua surpresa não estava mais na colônia... Mas no leito de outro hospital. (Ver capítulo 38 e 72)

Ao sentir o rosto coçando concluiu que deveria estar barbudo... Meses tinham passado...


10h13min02seg - Sentiu uma forte luz nos olhos... Dr. Gilvan que o acompanhou desde o início fez uma rápida avaliação dos reflexos e falou:

- Definitivamente ele está de volta.
- Ele saiu do coma?
- Sim... Chame Dona Stéphanie!

10h55min39seg – A simpática senhora chegou até o apartamento em que Guilherme estava alojado e abraçou Dr. Gilvan dizendo:



- É verdade o que me disseram doutor?
- Sim Dona Stéphanie.
- Mas se ele saiu do coma... Por que o Senhor está com esse ar tão pesado?
- Vamos à minha sala.
- Por quê? Gostaria de ver meu afilhado.
- Ainda não é possível... Estamos fazendo alguns exames, pra confirmar o diagnóstico.
- Que diagnóstico? O Senhor está me deixando nervosa doutor.
- Dona Stéphanie... Queira me acompanhar, por favor... Não se preocupe, Guilherme está sendo assistido.

11h01min04seg – Dr. Gilvan serviu um chá de Erva Cidreira e explicou:

 
- Guilherme despertou.
- Porém?
- Porém... Pelos testes iniciais que fiz, percebi indícios de “Esclerose Lateral Amiotrófica”.
- O que é isso Doutor?
- É uma doença rara... Que ataca o sistema nervoso. Não se sabe ao certo o que causa, mas com certeza o acidente que ele sofreu e o longo período do coma colaborou.
- Tem cura?
- Não. É irreversível.
- Meu Deus.
- Se for confirmado, Dona Stéphanie... Guilherme, mais do que nunca precisará da senhora, pois terá uma vida vegetativa, pois “E.L.A.” é uma doença neurodegenerativa progressiva.
- Como assim Doutor?
- Os doentes sentem dificuldades de se locomover, comer, falar... Perdem habilidades dos movimentos, inclusive das próprias mãos e não conseguem ficar em pé por muito tempo, pois toda a musculatura é afetada.
- Tem tratamento?
- Bem... Ele vai precisar de uma pessoa que sempre esteja por perto para que possa executar suas tarefas básicas.
- Dr. Ele não vai poder falar, nem se mover nunca mais?
- Provavelmente não... Podemos considerar que a conexão entre os músculos e o cérebro dele morreu.
- Ao menos ele vai ouvir?
- Sim. E suas capacidades intelectuais não serão afetadas. Perceberá tudo o que acontece a sua volta... Talvez, com o tempo, a senhora desenvolva uma forma de comunicação.
- Tenho certeza que os anjos de luz me darão toda a força e discernimento necessário para cuidar do meu afilhado da melhor forma possível.
- Amém Dona Stéphanie... Amém.


12 de Novembro de 1998 – Quinta – 19h30min22seg




Dona Stéphanie sentou-se ao lado de um garoto-prodígio de nove anos de idade, introspectivo, que jogava xadrez sozinho sobre o tapete da sala da sua residência.

 
- Boa noite meu amor! Como está o jogo?
- Previsível.
- Isso é ruim? – Sorriu Dona Stéphanie.
- Não.
- Basílio...
- Pode falar madrinha.
- Você poderia parar um pouco o jogo?
- Por que madrinha?
- Preciso falar contigo.
- É sobre Gui?
- Por que você diz isso?
- Por que, nos últimos tempos, a Senhora sempre fala assim quando vem me falar alguma coisa sobre ele.

19h35min01seg – Basílio deu um sorriso tímido.

19h35min05seg – Dona Stéphanie deu um beijo na testa.

- Madrinha te ama muito, sabia?
- Sabia. – Falou sorrindo.

19h35min08seg – Após dar mais um beijo na testa do afilhado, prosseguiu:

- Meu filho... Você vai precisar ser forte.
- Como assim madrinha?
- Seu irmão acordou.
- Que bom! Vamos lá agora.

19h36min09seg – Basílio que era muito apegado ao irmão despertou da atenção que estava dispensando ao xadrez e fez menção de se levantar, mas foi impedido.

- Calma, menino... Não terminei.
- Tem algum problema, não é madrinha?
- Tem sim... Basílio.
- Fala logo madrinha!

19h37min11seg – Dona Stéphanie verteu lágrimas e sorriu timidamente ao lembrar-se do filho Hélio quando era criança e brincava com Guilherme, e da promessa que fizera diante do túmulo dos pais daqueles meninos de que zelaria pelo bem estar deles.

 
- Meu filho... Guilherme está muito doente. Uma doença que não vai deixá-lo falar, nem se mover... Vai precisar muito da nossa ajuda.
- Isso não é problema não é madrinha... Pois os anjos vão curar ele, não é?
- Não meu filho... Talvez não.
- Mas a Senhora não vive dizendo que se a gente pedir com muita a vontade, papai do céu nos atende?
- Sim meu filho...
- Então?



19h42min58seg – Os dois se abraçaram.

- Meu filho... Estou pensando em pedir na justiça pra cuidar de você e seu irmão... O que acha?
- Vou morar com a Senhora pra sempre?
- Você gostaria?
- Sim.

19h43min12seg – A companhia tocou.

19h43min15seg – Basílio levantou-se falou:

- Eu atendo madrinha... Será que é o Gui?
- Não meu lindo... Ele só poderá vir depois que adaptarmos o quarto pra ele.
- Então quem será?

19h43min17seg – Basílio abriu a porta e viu uma bela baixinha de sardas, ruiva e usando óculos de armação vermelha.
 
- Dona Stéphanie está?
- Da parte de quem?
- Diga que é Geeda.

19h44min19seg – Geeda deu um sorriso de satisfação, pois pela primeira vez conseguiu ficar frente a frente com o querido irmãozinho de Guilherme... E com isso, concluiu, antes do previsto... A segunda etapa do seu plano de vingança.

19h45min20seg – Dona Stéphanie levou um susto. Pela primeira vez sentiu a energia negativa que vinha daquela moça. E num determinado instante pôde enxergar o espírito obsessor daquela diabólica baixinha de sardas... Um espírito maléfico que anos mais tarde ela descobriria que se autodenominava “Edu.”...



19h45min25seg – Sentindo calafrios gaguejou:

- Geeda... Vo-vo-você por aqui?



Continua...

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